Primeira
grande contrariedade de Temer: o falatório e as entrevistas do "já"
Ministro da Fazenda
HELIO FERNANDES
Na quinta
feira, noticiei com exclusividade: Temer, contrariado com o exibicionismo de
Henrique Meirelles, queria conversar com ele. Verificou a agenda, pediu a
Moreira Franco para chamá-lo ao Jaburu na terça feira. Como tem poucas
certezas, Temer em poucas horas mudou de idéia, disse a Moreira: "È melhor
amanhã, terça é longe, vem sábado e domingo". Temer, que finge paciência, não
tem nenhuma. Houve o encontro, não hostil, mas também não desejavelmente agradável
ou excessivamente amistoso.
Sem
aparentar o tom de critica, mas visivelmente sendo, pediu: "Gostaria que
você não desse entrevistas como Ministro já convidado, seguisse a minha rotina
de só falar no condicional". Como bom carreirista na ultima oportunidade
da vida, concordou, pediu desculpas. Conversaram mais um pouco, Meirelles saiu.
Temer falou aparecendo na televisão que ele adora: "Vou cortar o
cabelo". Futilidade. Normal nele.
A poucos
metros do Jaburu, esquecendo tudo que Temer recomendara, Meirelles deu
entrevista coletiva. Profunda. Minuciosa. Elucidativa. Falou sobre "a
diferença entre macroeconomia e microeconomia", "ensinou" que a
primeira é importantíssima, depois é que "trataremos do resto" Continuou
por mais uns 20 minutos, tratou da relevância da infra-estrutura, sumarizou em
“rodovias, ferrovias, portos e aeroportos". Cansado,suando,esbaforido,
lembrou da recomendação de Temer, terminou: "Não sou Ministro nem fui
convidado".
O Ministério quem - quem
Na
formação do que seria o seu ultimo Ministério, Dom Pedro II, que era mais
Republicano do que Deodoro e Floriano, em 1886 pediu ao Visconde de Ouro Preto (Primeiro
Ministro) para convidar Rui Barbosa para Ministro da Justiça. Rui não aceitou,
estava envolvido com a Proclamação da Republica, da qual seria Ministro da
Fazenda.
Com essa
recusa, Dom Pedro teve que formar o Ministério com desconhecidos. Teve a
gentileza de mandar comunicar os nomes ao Marechal Duque de Caxias. Muito velho
e sem ouvir nada, a cada nome citado, perguntava, quem, quem, quem. O Ministério
foi publicado nos jornais assim. (Inclusive no "A Republica", fundado
e dirigido pelo notável Saldanha Marinho).
O
governo interino de Temer corre o risco de "ganhar" a mesma
denominação, por causa de nomes desconhecidos ou conhecidos demais. Muitos.
Inumes. Insaciáveis. E até da intimidade. O senador Jucá, ligadíssimo a
Renan, inesperadamente surge como amicíssimo do vice,quase presidente
interino. È indicado para tudo. Presidente do PMDB. Comandante em chefe do
desembarque do governo. Ministro do Planejamento. Não importa que esteja citado
na Lava-Jato. O próprio Temer também é. Alem de delatado pelo rumoroso
Delcídio. Na sexta feira, Romero Jucá recebeu mais uma comenda não encomendada:
outra investigação do Supremo. Com todo seu passado tem foro privilegiado.
O ministério que ia ser reduzido, vai aumentando,
apesar de capengando
Os nomes
vão surgindo, ninguém sabe de onde. O objetivo, claríssimo: tentar chegar
pelo
menos aos 367 deputados que votaram a favor do impeachment. Estão muito longe,
e não se aproximarão, transformando suplentes em Ministros. Dois desses, muito
citados, até mesmo com indicação das pastas. Roberto Freire, segundo suplente,
para assumir, operação complicada. Deve ir para a Educação a "Pátria educadora".
Está longe do remediável, mas para substituir, Mercadante, até um ex-comunista
serve.
Outro
suplente favorito: Raul Jungman, lembrado para o Ministério da Defesa. É suplente
de varias eleições. 48 horas antes da votação do impeachment, estava em exercício,
o efetivo assumiu. Lamentou publicamente: "Ia bater o pênalti da vitoria,
fui substituído". Agora pode entrar em campo pelo Ministério da Defesa. Como
foi de uma Comissão militar, dizem que tem bom transito. Não precisa. Até um
deputado do PC do B foi Ministro da Defesa. Para esse ministério que não encolhe,
podem somar de 6 a 8, dos partidos sem idéias ou convicções. PTB, PR, PSD, PP,
PRB.
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