Aprovada a deplorável meta
fiscal, nova gravação de Sergio Machado com Renan, desvendando o golpe que
levou Temer ao poder
HELIO FERNANDES
Ontem eu
terminava: as medidas provisórias, 34, "limpariam" a pauta por volta
da meia noite, sobrava à madrugada para examinar a meta fiscal. Rigorosamente
exato. Depois de 16 horas, uma prodigalidade de Renan Calheiros. Ninguém, nem o
presidente do Senado imaginava, que poucas horas depois seria o personagem do
dia. Como foi o também senador Jucá na segunda feira.
Só que
Renan não se transformou em manchete escandalosa desta quinta feira e do fim de
semana, pela generosidade com Temer e sua melancólica e lastimável forma de
governar. A Folha estaria nas ruas a seguir e Renan na rua da amargura. Pela
precedência no tempo, comecemos com Temer e sua meta derrubadora. Passaremos
depois para a gravação Sergio Machado-Renan Calheiros, Sergio-Sarney.
Para
aprovação na própria terça, foram quebrados todos os ritos, protocolos, exigências
regimentais. Era obrigatório o exame pelo menos por 3 Comissões, principalmente
a de Orçamento. Renan comandou pessoalmente a violação, rompeu tudo, determinou:
"A matéria será votada diretamente pelo plenário, o país exige isso".
A oposição gritou, protestou, combateu, não adiantou. Lembrei de Nereu Ramos em
1945, como relator, na constituinte.
Era a
Comissão dos 37, muita oposição. Mas o PSD tinha numero, ele batia na mesa, gritava:
"Maioria é maioria, e estamos conversados". (Mocissimo, cobria a
constituinte para a revista O Cruzeiro, meu primeiro trabalho importante,
lembro perfeitamente).
Antes de
mandar a meta-mensagem, Temer teve um rompante, estava nascendo na época de
Nereu, mas repetiu seu gesto. Com a mesma batida dura na mesa, duas afirmações.
1-"Não tenho medo de bandido, fui Secretario de Segurança". (Não
lembrou dos 111 mortos). 2-"Sei governar". A primeira indireta, pode
atingir muita gente. A segunda desmente a ele mesmo.
Cortar
desabaladamente verbas de educação e saúde, não é governar. Insensivelmente
atinge milhões de pessoas. Que não poderão estudar, ou morrerão sem assistência
medica. São desprezados hoje, abandonados para sempre.
Indiretamente
na meta fiscal, e varias vezes afirmadas pelo Ministro da Fazenda, o aumento de
imposto fica sobrevoando os pais. Não como viabilidade ou possibilidade e sim
como realidade. Criar imposto,entra e cabe muito bem na afirmação ameaça de
Temer: "Eu sei governar". A reforma da Previdência, tida e havida como
solução pelos que assaltaram o poder, foi jogada para "mais tarde". È
curioso mas também desastroso.
A
cobrança de 100 bilhões do BNDES, é farsa dupla, tentativa de enganação da
opinião publica. Mesmo que fosse recurso verdadeiro, seria devolvido ao Tesouro
em 3 partes. 40 bi, no fim deste 2016, 30 bi em 2017, outros 30 em 2018.
Se Temer
não sabe o que acontecerá com ele agora,quando poderá inesperadamente deixar de
ser provisório, o que dizer ou planejar para 2 anos e meio adiante. Não quero
nem examinar a posição dele e de Meirelles em relação á DIVIDA PUBLICA,
calamitosa, desastrosa, criminosa. È muita coisa apenas para um dia.
A
oposição teve que votar apressada e tumultuadamente, praticamente sem conhecer
o projeto. Os que tomaram o poder sem voto e longe do povo, foram os mesmos que
aprovaram o que chamaram de medidas "excepcionais mas indispensáveis".
Nenhum senador mudou de lado. Apesar do escândalo e da demissão Jucá, foi ele o
coordenador do que chamaram de "belíssima vitoria". Foi assim que
rotularam o resultado da mistificação. Precisarão de outras.
Sem
demora e antes que o povo descubra que está sendo enganado. Esperamos que o TSE
cumpra o seu dever, vote a cassação da chapa Dilma -Temer e convoque eleição
direta.Seria devolver á comunidade o poder de escolher o dirigente máximo do
país.
Machado grava o
"padrinho" Renan, tenta "puxar" o ex-presidente Sarney, mais
5 senadores conversaram com ele
O conluio
com Jucá foi tão retumbante que o Ministro não resistiu 24 horas. Encenaram a
farsa do "licenciamento", a mistificação da consulta á Procuradoria, Temer
precisou esquecer que está no Planalto por causa da atuação do amigo e notável
coordenador. Finge que sofre pelo descaso e desprezo que tem que impor a
Eduardo Cunha.
Mas
aceita e referenda todas as suas indicações. Sabe que o corrupto ex-presidente
da Câmara, está usufruindo mensalmente de 604 mil reais do dinheiro do
contribuinte, atua para que sua remuneração ilegítima e desonesta continue
sendo paga.
Todas as
conversas de Sergio Machado foram planejadas. Antes do impeachment, para
fortalecê-lo, consolidá-lo. E promover o vice, elevá-lo á condição de
presidente. Provisório, mas presidente. Esses eram os objetivos públicos. Mas
também prioritário, indispensável, "pensado” inicialmente para manter a liberdade.
O que
está fartamente demonstrado na gravação: a destruição da Lava-Jato. Dois
terços da conversa,apresenta lista de sugestões para "nos livrarmos desse
terror,que liquidará a todos". E ainda reforma o plano, acrescentando:
"Ninguém se salvará. Pertenci 10 anos ao PSDB, todos estarão incluídos".
Ao mesmo
tempo em que esgotava sua atividade para levar Temer ao poder (dizendo horrores
da presidente) trabalhava intensamente para se salvar individualmente. Deixa
claro nas gravações, o pânico da prisão (mesmo que fosse ou seja de 1 ano ou 2
como diz explicitamente), se movimenta arduamente para garantir a delação
premiada.Faz contatos proveitosos, inicia simultaneamente roteiro de visitas a
senadores.Tendo exercido o mandato por 8 anos, fez grandes amigos. Só tinha e
tem um inimigo declarado, Tasso Jereissati.
Vai
visitando os mais íntimos, sempre com o celular no bolso.
Alem de
Jucá, Renan e Sarney, me dizem que gravou mais 5 senadores, todos com mandato.
Foi juntando dados e elementos sobre todos. Isso antes da consumação do
impeachment. Só depois da posse de Temer, acertou a delação. Agora consumada e
homologada pelo Ministro Zavascki. E o ultimo ou penúltimo capitulo: a
publicação-revelação de tudo. Foi à parte mais fácil, jornalisticamente é
irrecusável.
.
Renan
ficou surpreendidissimo, telefonou cobrando e reprovando a deslealdade. Teve cuidado,
o telefonema foi curtíssimo. Leu "300 vezes” as gravações, não achou
comparação com a conversa de Machado - Jucá. Ficou em duvida com os trechos em
que fala sobre a Lava-Jato. Principalmente quando diz que apresentará projeto,
"proibindo que preso faça delação". Se convence que pode explicar como
"convicção". Lamenta que tenha dito, que isso é fundamental para as
investigações. Mas não entrou em desespero, nem está intranqüilo.
Sarney
não foi atingido, nem de longe é citado, investigado indiciado pela Lava-Jato.
O fato de ter dito, a "Odebrecht vem com metralhadora ponto 100",
apenas informação. Como ex -presidente da Republica e 60 anos de vida publica, sabe
muito. E um ponto nitidamente a favor dele: quando Sergio Machado sugere um
"encontro de nós dois com Jucá e Renan", o ex-presidente recusa imediatamente.
De qualquer maneira, o ex-presidente da Transpetro parece ter conseguido o
objetivo que comandou toda a sua atuação: não ir para a prisão.
O Ministro da Educação ainda não
foi demitido?
PS- Quando
o ex-"governador" Mendonça Filho, foi nomeado para a "pátria
salvadora", registrei a perplexidade do país inteiro. Ninguém entendeu. Ele
não tem ligação nem remota com o assunto.
PS1- Pois
ontem, ele foi permanente personagem das redes sociais. Motivo; recebeu
demoradamente no gabinete, o ator pornô, Alexandre Frota. Qual a razão da audiência?
Alem de pornô, ficou famoso por uma demorada e publica trilogia sexual, com uma
atriz famosa e um humorista supostamente notório. Excelentíssimo Ministro, estaria projetando
uma novela "educacional"?
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