Lula fugiu do mensalão, não
escapou do petrolão. Dilma finalmente apanhada no petrolão da campanha
presidencial. Temer enquadrado na Lava - Jato, mesmo "presidente"
interino, responderá por corrupção e recebimento de propina, na campanha vice-presidencial
HELIO
FERNANDES
Ainda na Tribuna
impressa, não parei de chamar a atenção para a participação do presidente Lula,
na proteção do mensalão. Eu não descobria a pólvora. Seguia o dinheiro, como
ensinava um dos maiores informantes de todos os tempos o "garganta
profunda", que deu vida e repercussão ao escândalo de Watergate. (Que
levou ao impeachment de Nixon, não consumado pela renuncia.Nada é coincidência,
apenas o uso corrupto do dinheiro para chegar e se manter no Poder)
.
Na
verdade eu seguia a denuncia do deputado Roberto Jefferson, que numa
entrevista á Folha, afirmou textualmente: "Estive com o presidente Lula e
alertei-o: existe uma tremenda
distribuição de dinheiro, que começa e termina no Planalto. O senhor está sendo
vendido e enganado". Não ligou, sabia de tudo, nenhuma providencia sobre o
que ficou nacionalmente conhecido como mensalão. Houve o debate Jefferson - Dirceu
com audiência extraordinária para a época.
Os dois, atingidos mortal, pessoal e politicamente,
afastados de tudo. Acusados. presos, cassados, julgados, condenados. Sem volta
para toda a eternidade, qualquer que seja a duração da palavra. Lula ficou
impune e imune, terminou triunfalmente o mandato, conseguiu o segundo, pretendia
o terceiro, não teve sucesso, "inventou" essa mistificação que se
chama Dilma Rousseff. Lula, impávido, altivo e altaneiro, sobrevoou todas as
denuncias e acusações, pousou, deliciosamente impune, em terreno sem o menor
obstáculo.
Apareceu no Supremo, finalmente o julgamento,
que se transformou em inovação, pelo fato de personalidades serem condenadas a
altas penas. Lula ficou longe de tudo, não foi incomodado, arrolado, investigado.
Em 2006 e 2007, escrevi muitas vezes: "o presidente Lula tem que ser
incluído no julgamento, não pode se livrar com a declaração, "não sabia de
nada".
Agora, o Procurador Geral usa a mesma frase, só que
para denunciá-lo como participante, de notável importância, no chamado Petróleo.
O Procurador diz, conclusiva e irrevogavelmente: "Sem o presidente Lula,
não haveria possibilidade desse assalto e da formação da quadrilha que roubou a
Petrobras".O ex-presidente responderá também por outros crimes, como
o triplex, o sitio já famoso, as conferencias que não pronunciou, mas recebeu. E
ainda foi solerte, fingindo ou imaginando que era irônico: "Todos queriam
me ouvir, apesar de eu cobrar mais caro do que o ex-presidente Bill Clinton.
A situação de Lula é insustentável. Vejamos as acusações sobre os outros
dois personagens, incluídos e relacionados também pelo Procurador Geral.
O ainda vice,
Michel Temer
Na iminência
de assumir o governo, mesmo interinamente,
deveria ser afastado da sucessão. Em vez de responder á mesma acusação da
presidente eleita, forma estabanada, desajeitada e mistificadoramente, o que
chamou de Ministério de notáveis". Mas que é apenas a repetição dos
politiqueiros com quem "conviveu" como vice.Garantiu também que
reduziria substancialmente o numero de Ministros, nova farsa ou mistificação.
Com a presidentA, (palavra que Temer usava
subalternamente) tendo apenas pouco tempo no poder, o vice, sem qualquer
constrangimento, pelo o que foi denunciado, e pelo que não foi, mas é publico e
notório, o vice deveria estar respondendo a 2 crimes, por um deles a presidente será afastada. No crime de corrupção na
campanha presidencial, Dilma e Temer estão indissoluvelmente unificados, ha 4 meses com a Ministra-
relatora, Maria Tereza Moura. Ela acaba de pedir mais pericias. Deu 90 dias de
prazo. Impressionante.
O que já foi dito no próprio TSE: "Haverá julgamento,
mas não antes do fim do ano". Temer e Cunha total e indissoluvelmente
ligados, serão beneficiados. Cunha deveria estar cassado e perdido a liberdade.
Temer não deveria ser enquadrado nas "pedaladas", que também
praticou. Mas escapar do julgamento pela corrupção nas campanhas presidenciais,
financiadas com recursos de "propinas, ofensa e desafio
á opinião publica.
Dilma está sendo
julgada equivocadamente
Todos reconhecem: é a mais abrangente, tumultuada, incoerente,
intransigente e contraditória, de todas as crises do país E não é nenhum absurdo,
mesmo que as crises tremendas, tenham começado com a Republica. Até as analises
são contradito- rias,comprometidas, compromissadas E a própria presidentA,
confunde tudo. Está sendo acusada por um crime que não praticou. Mas ha mais de
1mês, tenta contestar o crime que é mais do que visível.
A cumplicidade é sua culpabilidade. Passou por
muitos cargos importantes, antes de ser presidente. Mas não conseguiu entender,
que não precisa ter conta no exterior, para ser responsabilizada por prejuízos colossais.
Tem que viver com a identificação deste repórter, ratificada pelo Procurador
Geral: "È impossível que não soubesse ou percebesse que uma quadrilha fabulosa
assaltava a Petrobras".
A farsa da Comissão do
impeachment
Apesar do relator do PSDB, ter utilizado quase 3
horas para ler o trabalho feito pela excelente equipe técnica, eu já venho
antecipando o fato, desde que o relatório da Câmara chegou. Nenhuma surpresa.
Advogados e economistas, contra ou a favor do impeachment, apresentaram
trabalhos admiráveis. Mas o julgamento era político e não jurídico E o 16 a 5,
que ha15 dias venho antecipando, não seria alterado nem mesmo por um discurso
de Rui Barbosa. Hoje o penúltimo debate, com resultado inalterável.
Naturalmente acalorado.
Hoje, quinta, pode ser o
Dia D, de Eduardo Cunha
A Comissão de Ética da Câmara, finalmente aprovou o
que chamam de admissibilidade da culpa de Cunha. O ministro Lewandowski,
garantiu a um grupo de deputados: "Amanhã, (hoje) colocarei em pauta, o
processo de Eduardo Cunha, para
ser examinado pelo plenário". Dos bastidores:
não ha certeza dele ser cassado. Mas estará fora da linha de sucessão, não será
vice de Temer. Não sei qual é a mágica. Mas acredito.
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