Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 DI STÉFANO UM DOS MAIORES JOGADORES DO MUNDO, QUE VI JOGAR A PARTIR DE 1948, QUANDO ERA “LA SAETA RUBIA”

HELIO FERNANDES 

*Publicações históricas no Centenário do jornalista 

PARTE I

A morte de Di Stéfano, entristeceu e empobreceu o futebol. Não gosto nem queria fazer comparações, mas foi dos maiores do mundo. Pouquíssimos podem se equiparar a ele. E raros, como este repórter podem escrever sobre ele. Em 1948 no Chile, durante 46 dias seguidos, vi Di Stéfano em campo, admirável, assombroso, impressionante todas as vezes. 

O Torneio dos Campeões 

Nesse 1948, audaciosamente, o Chile organizou o campeonato que está no título desta nota. Convidou 10 campeões dos 10 países da América do Sul. Todos jogando contra todos, por isso precisou de 46 dias para terminar.

Os quatro primeiros colocados, (por pontos corridos) eram os semifinalistas, daí saíam os finalistas. O representante do Brasil era o poderoso time do Vasco, tão invencível que era chamado de “Expresso da Vitória”. Eu era secretário Adjunto da revista “O Cruzeiro”. Já me preparara para viajar, naquela época, no “Cruzeiro”, qualquer coisa era motivo para viagem.

O Presidente do Vasco, meu amigo Ciro Aranha me telefonou convidando para acompanhar o time. Nessa época não havia a cobertura de milhares de jornalistas, os órgãos eram apenas jornais e revistas. 

Apenas três jornalistas 

Este repórter, o grande Oduvaldo Cozzi pela Rádio Nacional, e Ricardo Serran, editor de esportes de “O Globo”. Mandávamos matéria pelo telex, picotávamos aquela fita, que era o que existia em forma de comunicação. 

“La saeta rubia” 

Descoberto pelo River Plate em 1946, com 20 anos, logo se destacou. E esse apelido foi um presente imediato do torcedor, ainda na Argentina. Tinha os cabelos vermelhos, e velocidade de Fórmula 1.  

Esse Torneio, a ideia inicial da Libertadores 

Foi espetacular, cada jogo era uma sensação. Vasco e River Plate iam se destacando e impondo goleadas, o jogo inicial entre eles terminou zero a zero. Apesar dos dois ataques serem fulminantes. E se admitia francamente que a final seria Vasco-River, o que aconteceu. 

O Vasco Campeão 

Como o Vasco tinha chegado com vantagem, jogava pelo empate. Mas não acreditávamos num novo jogo sem vencedores. Eu e Serran assistimos o jogo onde fica o técnico, quase dentro do campo.

Precisamente ao lado do treinador do Vasco, o mais do que competente Flávio Costa. (Que menos de 2 anos depois seria o técnico da seleção brasileira na Copa de 50. O que já é outra história. Mas não custa lembrar, que além da competência esportiva, Flávio Costa tinha curso superior). 

Acompanhando Di Stéfano até hoje 

Surpreendentemente novo zero a zero. O Vasco merecidamente campeão. Estou citando de memória, mas nos anais do Vasco e na Biblioteca Nacional, é fácil encontrar tudo, apesar dos anos decorridos.

AMANHÃ: PARTE (II)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

 BRETTON WOODS: A CONSPIRAÇÃO DE 1944, A COMEMORAÇÃO E A CONSOLIDAÇÃO DE 2014

HELIO FERNANDES           

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE II

Roosevelt-Churchill

Conversaram dias em Londres mesmo, Roosevelt “explorou” o lado mais vulnerável do Primeiro Ministro: o horror por Stalin e pela União Soviética. Quando Roosevelt se convenceu de que não ganharia a guerra sem os dois, teve que “dobrar” Churchill, que afinal aceitou.

E nas Conferências de Yalta e Teerã, Roosevelt, Stalin e Churchill apareceram juntos e cordialmente (?) por causa da argumentação do presidente dos EUA. John Maynard Keynes, como grande economista oficial, não resistiu, jogou no lixo o BANCOR, fez tudo o que o Primeiro Ministro pediu, usemos a palavra correta, MANDOU. 

O DÓLAR papel pintado 

O general Marshall que comandou a guerra e cuidou também da parte econômica e financeira, teve a percepção ou a intuição correta: terminada a Segunda Guerra, viria o confronto com a União Soviética. Era a chamada “Guerra Fria”, o fim da União Soviética.

Se os EUA não tivessem inundado a Europa com esse DÓLAR que não custava nada para eles, em vez de Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, haveria uma Europa totalmente dependente da União Soviética.

Os EUA montaram estados do “Meio Oeste”, fabricas que durante 24 horas trabalhavam imprimindo esse dólar que era desejado no mundo. Saiam das máquinas, iam direto para o Forte Knox, de lá eram transferidos para a Europa. O primeiro pacote de dólar falso que chegou à Europa, era de 150 BILHÕES. Faziam questão de não economizar, afinal era baratíssimo, só ligar as máquinas e imprimir. 

A Guerra Fria, mais cara do que a própria guerra 

O custo, em números, foi colossal. Existem livros com levantamentos espantosos sobre o desperdício de dinheiro. Para os EUA era só imprimir. A União Soviética foi a primeira a ir ao espaço, embora não tivesse chegado à Lua. Também construiu o primeiro submarino nuclear, bem antes dos EUA. Mas não conseguiam fazer um liquidificador. E o automóvel que construíram, o Lada, tinha autonomia de no máximo 10 quilômetros ou enguiçava. 

Tinha um estoque fantástico de armas as mais sofisticadas. Não resistiu, quando o gasto militar PASSOU DE 70 por cento do orçamento, não suportaram, a União Soviética desapareceu na véspera do Natal de 1991. Irã e Iraque travaram guerra durante 2 anos, todo o armamento usado pelos dois países, vinha do cambio negro com o que existia na União Soviética.

1 ano depois da União Soviética deixar de existir, a revista Forbes, fez levantamento sobre as 100 maiores fortunas do mundo, 11 eram da ex União Soviética.  (Hoje “exilados” na Europa, donos de clubes de futebol e até da NBA dos EUA. Sabiam de tudo, “fugiram”, com os bens, são amigos de Putin, lógico, ele era da KGB). 

Fogos de artifício pelos 70 anos 

Deturpam deslavadamente os fatos, afirmam o que não sabem e o que nem existiu. Textual, publicado agora nessa “glorificação” de Bretton Woods: “Em 1944, a diplomacia brasileira teve papel relevante nessa conferência, maior do que a sua economia”.

E insistem: “Sem a França, a Alemanha e Japão, e sem a participação da União Soviética, o Brasil se destacou. E os EUA se voltaram para a América Latina”. Tudo inverdade e desinformação. 

PS – Em Bretton Woods 1944, só estavam presentes dois brasileiros, apesar de moços, já mortos. Um jornalista, grande amigo do repórter, me contou histórias maravilhosas, que desenvolvi. 

PS1 – O outro, diplomata começando a carreira, (era Terceiro Secretário) saíra da turma inicial do Instituto Rio Branco, em 1941. Mais tarde, importante e poderoso, me processou pelo que escrevi, perdeu duas vezes. 

PS2 – A União Soviética não foi convidada, claro, era tudo contra ela. E os EUA não se voltaram para a América Latina, queriam “operar sozinhos”, dessa forma se transformaram na potência atual. 

PS3 – Se tivessem que pagar pelo Plano Marshall e pelo que foi gasto na “Guerra Fria”, já teriam ido à falência, como a União Soviética.

 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

BRETTON WOODS: A CONSPIRAÇÃO DE 1944, A COMEMORAÇÃO E A CONSOLIDAÇÃO DE 2014

HELIO FERNANDES           

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

Bretton Woods 70, Bretton Woods 44 

Inacreditável que supostas, presumidas ou assumidas sumidades do setor econômico, confundam as duas datas. E muitos desses personagens não apenas influenciam o setor econômico, mas são também economistas. Nenhum país, a não ser os Estados Unidos pode fazer festa para comemorar esses 70 anos.

Eu não estive em Bretton Woods em 1944, embora já fosse Secretário-Adjunto da revista “O Cruzeiro”. E a revista ainda caminhava discreta e lentamente para ser a mais importante e de maior tiragem de todos os tempos. Só em 1947 a revista chegou a espantosos 750 mil exemplares semanais, tiragem não alcançada nem mesmo por jornais e revistas de hoje.

Nessa época, o Brasil tinha a metade da população, e ainda não existiam as assinaturas. Quem quisesse ler a revista tinha que comprar nas bancas. Esses 750 mil exemplares de 1947, (há 67 anos), hoje corresponderiam a mais de 2 milhões e 500 mil exemplares semanais. Isso se a revista mantivesse a qualidade profissional, editorial e jornalística de 1947.

Em julho de 1944, (mês e ano do encontro de Bretton Woods), o Millôr com 22 anos, revolucionou a revista e o próprio jornalismo lançando, o que chamou de “Pif-Paf”. Eram duas páginas centrais, com texto e desenho inacreditáveis, maravilhosos, usem as palavras que quiserem, pois todos se entusiasmaram, o “Cruzeiro” foi atingido números elevadíssimos, cada vez maiores.

Logo vieram outros jornalistas praticamente desconhecidos, que se destacaram, obtiveram enorme sucesso. Só que o sucesso jornalístico é quase a véspera do fracasso, o contrário também é rigorosamente verdadeiro.

Isso durou 20 anos, o próprio Millôr foi demitido sumariamente. Escreveu matéria normal sobre religião, o Cardeal se revoltou, pediu a Assis Chateaubriand, dono da revista, para demiti-lo. Foi atendido imediatamente.

Da mesma forma como subiu, a revista desceu, foi caindo, caindo, até chegar ao chão em matéria de tiragem, e logo desapareceu. Quase todos foram para outros lugares. Este repórter já estava no “Diário de Notícias”, comecei a fazer coluna e artigo diários, coisa que jamais alguém tentou em qualquer parte do mundo.

Isso durou 50 anos, o Millôr me identificava assim: “Não posso passar sem ler diariamente tuas colunas e artigos, mas só um jornalista maluco, faz sem interrupção, um trabalho como esse”.

E na revista, a “liberdade de imprensa”, era a “liberdade do proprietário” e não da coletividade. Mas li e estudei o assunto a fundo. 

Bretton Woods verdadeiro 

Em julho de 1944, com o fim da guerra se aproximando, (acabaria menos de 1 ano depois em 8 de maio de 1945) os EUA perceberam que era importante vencer a guerra, só que mais importante ainda era dominar a economia do mundo.

Esse Bretton Woods foi convocado por 44 países. Liderado pelo economista britânico, John Maynard Keynes, que fazia desfazia, já tinha até nome da nova moeda, que teria curso universal. Seu nome: BANCOR, com garantia do metal OURO. Mas os EUA estavam longe dessa ideia, convencidos e certíssimos, que acabada a guerra, viria o choque inevitável com a União Soviética.

A ideia e obsessão americana, era criar um sistema econômico e financeiro, com o DÓLAR como moeda única de troca para o mundo inteiro. Pela primeira vez a moeda de um país seria utilizada, OBRIGATORIAMENTE para toda e qualquer operação, fosse onde fosse. Keynes ficou surpreendidíssimo, não acreditou nem aceitou.

Os representantes dos EUA, na conferência-encontro, apelaram para Roosevelt, disseram textualmente: “Presidente, se deixarmos criar essa nova moeda, perderemos tudo o que ganhamos com a guerra”.

Roosevelt perguntou apenas: “Marcar encontro co Churchill e pedir a ele para demover Maynard e convencê-lo que a paz e a garantia do mundo, dependem do DÓLAR como moeda universal”. Não disseram a ele, mas o Chefe de Gabinete e o próprio General Marshall: “Pode garantir que aceitaremos o “LASTRO” do ouro, não vamos cumprir mesmo”. 

 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

 ESQUEÇAM A DEFINIÇÃO DE CHURCHILL SOBRE DEMOCRACIA, MAS PERGUNTEM, O QUE SE PASSA NO BRASIL É DEMOCRACIA?

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

A Teoria dos Três Poderes tem pelo menos mil anos, Executivo, Legislativo e Judiciário. Se o que foi chamado de regime do povo, pelo povo e para o povo, tivesse que ser reduzido para dois, através de um plebiscito, referendo popular e direto, qual seria eliminado?

O Executivo tem que ser mantido, ou não seria Democracia e sim anarquia e nihilismo (Paulo Solon). O Judiciário tem errado muito através dos tempos, principalmente tempos ditatoriais e “funcionando” ostensivamente.

Mas é indispensável. Como viver sem Justiça, mesmo eventualmente contestada ou desfigurada? O próprio Rui exaltava a Justiça como um todo, embora desprezasse individualmente juízes venais. Como escreveu neste libelo de 1899, no jornal “A Imprensa”, que infelizmente durou pouco tempo. 

“Todos os juízes tíbios, acreditam, como Poncio, salvar-se lavando as mãos do sangue que vão derramar, do atentado que vão cometer. Como quer que te chames, prevaricação Judiciária, não escaparás ao ferrête de Pilatos: O bom ladrão, salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde.” 

Sobre o Legislativo, que pelo menos no Brasil (e não apenas no Brasil) vai se degradando cada vez mais. E seria prazerosamente descartado, se o povo tivesse Poder.

Trabalham apenas um dia por semana, deixam acumular 3 mil vetos presidenciais, como se não tivessem importância. Recebem, votam (a favor) e aprovam as inconstitucionais Medidas Provisórias, como se fossem manifestações legais e irrefutáveis. Sem falar nos atos de corrupção. Não adianta repetir como tantos tolos, “é melhor um Congresso funcionando precariamente, do que um Congresso fechado”.

Esse Congresso, em 1934 transformou a eleição DIRETA em INDIRETA. Em 1964, sancionou o ditador Castelo Branco. Em 1997/98 aceitou o pagamento (bolso a bolsa, em dinheiro vivo) para reeleger FHC, a primeira vez que isso acontecia no Brasil.

Em algum desses casos, e em centenas de outros, serviram ao povo? São servos, submissos e subservientes, pensam (?) apenas nos seus interesses pelo Poder. 

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 EUA: PERSEGUIÇÃO VIL AOS NEGROS.

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

Em 1866, há mais de 100 anos a emenda constitucional número 13, acabou com a escravidão. A luta vinha de longe, milhões morreram na mais terrível guerra civil de 1860. Lincoln foi assassinado em 1865, quando terminava 1 mês do segundo mandato. EUA, Cuba e Brasil, os únicos países que ainda sustentavam a escravidão.

Agora, tanto tempo depois, a violência cruel e selvagem contra os negros, aumentou e se oficializou.  Negros são assassinados por policiais brancos, nem indiciados ou acusados, se chegassem aos tribunais, seriam absolvidos.

Sintoma da mesma situação de sempre: lojas comerciais lançam produtos, colocam restrições bem visíveis: “SÓ PARA BRANCOS”. Com a eleição, posse e seis anos de mandato do primeiro presidente negro, admitia-se ou esperava-se que tudo fosse melhorar.

Piorou, atingiu níveis nunca dantes imaginados. O presidente não pode fazer nada a não ser protestar. A Constituição é 70 por cento ESTADUALISTA, 30 por cento FEDERALISTA, os estados podem tudo.

Quero lembrar que hoje, um extraordinário jornalista e criador múltiplo e eclético, Haroldo Lobo, estaria completando 100 anos.

Em 1956 esteve nos EUA com Fernando lobo, (nenhum parentesco), também excelente compositor, notável, depois pai do Edu, grandes amigos do repórter contaram historias espantosas.

Haroldo era negro, ele e Fernando (que lancei em 1950 na revista Manchete, assumimos do zero, ia fechar, em dois anos pulou para mais de 150 mil exemplares, política e jornalisticamente, a mais importantes), conheceram o horror nos EUA. Escolheram um hotel, não puderam ficar, “não hospedava negros”.

Para transitar, almoçar, jantar, uma procura humilhante, bares e restaurantes ”separatistas”, que não aceitava negros. Lamentável. Degradante. Inaceitável. O Brasil mesmo escravagista jamais chegou a esses índices.

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

 HISTÓRIA DE PRISÕES E LIBERTAÇÕES, JULGAMENTOS NO SUPREMO, NÃO HÁ MAIS SIGILO, CONFIDÊNCIAS, TUDO É PÚBLICO

HELIO FERNANDES 

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

Meus advogados, que não conseguiam falar comigo, estava incomunicável, entraram com Habeas-Corpus no Supremo, na época presidido pelo bravo, combatente e resistente Ribeiro da Costa.

Os advogados que me representavam, eram quatro. Sobral Pinto, que defendeu presos políticos em duas ditaduras, a do “Estado Novo” de 1937 e a dos generais de 64. Hoje é nome de edifício onde a OAB Regional e a IAB Nacional, diante de multidão de advogados, homenagearam o bravo, competente, lúcido e resistente, George Tavares. Isso aconteceu na semana passada.

Prado Kelly, notável advogado e jurista, depois presidente da OAB Nacional, Ministro da Justiça e finalmente Ministro desse mesmo Supremo. Adauto Lucio Cardoso, advogado, deputado, fez um libelo contra a minha prisão. 

Mais tarde também ministro do Supremo, saindo de lá, não pela aposentadoria e sim com o ato, o gesto e a convicção de em plena sessão tirar a toga e com audácia e determinação, jogá-la no chão, exclamando: “Este não é o Tribunal que eu imaginava”. E foi embora. 

E finalmente Prudente de Moraes Neto, umas das mais invulgares figuras que conheci. Depois de me defender, foi presidente da SUUMCC, daí surgiria o Banco Central. Diretos do Diário Carioca (este repórter, mocíssimo era diretos da redação, ele era o diretor responsável).

Usou a presidência dessa notável ABI para liderar ou melhorar a situação de dezenas de jornalistas, presos políticos. Sua atuação épica, histórica, maravilhosa, foi em relação ao jornalista Maurício Azêdo, (um dos presos mais torturados) . 

Durante três meses, Prudente quase todo dia ia ao Ministério da Guerra, conversar com o Ministro-chefe-do-Doi-Codi, tentando a libertação de um dos mais torturados de todos os tempos.

Finalmente conseguiu a libertação do Maurício. O próprio general Geisel disse a ele: “Amanhã às 9 horas, o jornalista será solto, o senhor pode ir buscá-lo”. Prudente foi com um amigo e o motorista. Maurício Azêdo, quase morto, foi entregue a ele. 

Emocionante, lancinante, comovente são as palavras obrigatórias para lembrar o ato e o fato. Abraçados Prudente e Mauricio choravam sem para, não há como descrever.

Há um foto que circulou durante muito tempo na internet. Impossível transcrever a emoção provocada pelo episódio, dois homens públicos notáveis, realizados, generosos, desprendidos, chorando abraçados, não conheço nada tão admirável. Era o auge da rebeldia construtiva. Depois da resistência do sacrifício e da tortura, as lágrimas não pela libertação mas sim pela liberdade. 

Julgamento assustador 

Todos diziam, até mesmo no círculo jurídico se comentava: “Com essa seleção de advogados, o Helio Fernandes será absolvido facilmente”. Exatamente o contrário. Fui enquadrado na Lei de Segurança, pediram 15 anos de condenação.

O julgamento terminou em quatro a quatro. Além dos extraordinários advogados, tive a sorte de ter na presidência do Supremo, Ribeiro da Costa. Pela Constituição e pelo Regimento Interno do Supremo, o plenário só poderia julgar com 8 ministros presentes, menos do que isso, nenhum julgamento.

Palavras do presidente Ribeiro da Costa: “Vou levantar a sessão por alguns minutos, voltaremos para cumprir a obrigação constitucional, desempatar a votação”. E esclareceu: “De acordo com o que está determinado na Constituição de 46 posso desempatar contra ou a favor do jornalista”.

Voltaram, num brilhante voto de improviso, me absolveu, com a afirmação – conclusão: “O jornalista não devia nem ter sido preso, acusado e julgado. Apenas publicou um documento assinado levianamente, o conhecimento do documento serviu a coletividade”. 

PS1- Em toda a história da República, fui e sou o único jornalista JULGADO pelo Supremo de corpo presente. Muitos, incluindo Rui Barbosa, foram PROCESSADOS, o que é inteiramente diferente. 

PS2- Hoje não há mais sigilo para coisa alguma. As novas tecnologias não vão matar o jornal impresso, longe disso. Só que agora a velocidade das notícias é a mesma que Einstein colocou na sua genial Teoria da Relatividade.

 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

 O 1º DE MAIO DO CRIMINOSO RIOCENTRO 1981, COMEÇOU COM A DESTRUIÇÃO DA TRIBUNA DA IMPRENSA NO MESMO 1981. O CORONEL JOB LORENA, NEGRO FOI PROMOVIDO A GENERAL, PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO, RACISMO.

HELIO FERNANDES 

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE - II

Otávio Medeiros chama o coronel Job Lorena 

Precisavam de alguém que modificasse todo o cenário, transformasse os autores criminosos em vítimas. Para isso era indispensável uma investigação-relatório que mudasse tudo, inocentasse os criminosos.

Por que a predileção pelo coronel Job Lorena? Era negro, não seria promovido de jeito algum a general. Otávio Medeiros disse a ele, textualmente, palavra por palavra: “Reservei para o senhor a missão honrosa de defender o Exército. Querem nos acusar do atentado do Riocentro, somos vítimas”.

Manuseou um falso almanaque, disse para Job: “Estou vendo aqui, você está “na bica” (palavreado da caserna) para ir a general. Como coronel, no máximo em 10 dias você terá o relatório pronto, sua promoção a general talvez saia até antes disso. E entregou ao coronel, 4 ou 5 laudas com tudo o que ele deveria escrever. 

O relatório e a promoção 

As duas coisas coincidiram. A investigação estava perfeita, dias depois Job era promovido a general. Usaram o preconceito, a discriminação, o racismo, Job Lorena não tem culpa alguma. Se recusasse, passaria para a reserva como coronel, “sem méritos e sem honra”.

Aceitou, 1 ano depois foi passado para a reserva, sem saber, mas na interpretação de Otávio Medeiros, “glorificado”. 

O PT quer desenterrar o poste chamado Padilha 

Ainda está no mesmo lugar, por falta de alicerce, quer dizer de profundidade. Como Lula lançou o ex-ministro apressadamente, os supostos ou previsíveis candidatos, ficaram inelegíveis. Mercadante, Dona Marta, não ganhariam mas poderiam concorrer. 

Eduardo Suplicy, cujo mandato termina agora, já se ofereceu como candidato. Concorreu contra Covas-Alckmin em 1994, perdeu feio. Agora queriam tirar dele até a possibilidade de reeleição no senado. Para governar, o PT tem feito pesquisas informais, que não ajudam Suplicy. 

Assad “conquistará” o terceiro mandato na Síria 

Depois de três anos de guerra civil, com quase 200 mil mortos e mais de um milhão que tiveram que sair do país, foi marcada eleição para três de junho, pouco mais de 1 mês.

É um dos raros ditadores que concorre a eleições. Esse “concorre” é uma farsa verbal ou lingüística. Como quase tudo o que vem acontecendo na Síria, nesses 14 anos de Assad. E que na certa não se modificará nos próximos 7 de domínio de Assad.  

O mundo não sabe o que se passa na Síria 

Logo que começou a luta dos “rebeldes”, a comunicação do mundo inteiro, “dava poucos meses de permanência de Assad no Poder”. Não aconteceu, ele resistiu sem sair do país, embora pelo noticiário, “já estava derrubado”. 

A guerra civil e o fortalecimento dele 

O mundo continuou sendo enganado com as “vitórias dos rebeldes”, que ganhavam manchetes mas perdiam a guerra. Obama entrou no cenário, deu a impressão de que ajudaria o afastamento de Assad, só fez fortalecê-lo.

Aquela história de “ataque sem tropas, sem mortos, sem violência, o grande equívoco do presidente dos EUA”.

Eram tempos de bom relacionamento Rússia-EUA, Putin enganou deliberadamente Obama, fortaleceu Assad. O acordo de Genebra não saiu do papel, as armas químicas também não saíram da Síria. A não ser as que estavam com a validade vencida. 

Assad candidato único, como perder? 

Assad tem aparecido em fotos, não dentro do palácio, mas na rua, lógico, ruas bem perto dos fundos de suas moradias. Ficará mais sete anos, é muito tempo para análise, principalmente num país como “democracia de candidato único”. Por aqueles lados, “todas” (mas todas mesmo) as democracias, são ditatoriais. Ninguém discute, protesta, mostra indignação.

FINAL.

 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O 1º DE MAIO DO CRIMINOSO RIOCENTRO 1981, COMEÇOU COM A DESTRUIÇÃO DA TRIBUNA DA IMPRENSA NO MESMO 1981. O CORONEL JOB LORENA, NEGRO FOI PROMOVIDO A GENERAL, PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO, RACISMO.

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE - I

Comissão da Verdade “inventou a pólvora” ao revelar (?) “que generais sabiam do atentado do Riocentro, em 1981”. Não só sabiam como participaram de tudo, os generais Newton Cruz, Chefe da Agência Central do SNI em Brasília, e o Quatro Estrelas, Otávio Medeiros. 

Este, muito mais importante por ser o Diretor geral desse mesmo SNI, como também o único herdeiro da prorrogação da ditadura. Com mais um general, que seria ele.

E o atentado só tinha um objetivo: ataque monstruoso, (felizmente fracassado) eram torturadores mas não queriam abrir mão do Poder. 

A partir de 1981, escrevi muito sobre os atentados 

O primeiro movimento pela continuação da ditadura foi à destruição da Tribuna da Imprensa, em fevereiro de 1981. Era vingança e ao mesmo tempo teste para o que pretendiam desesperadamente: a continuação do regime de exceção, torturador, assassino, arbitrário, autoritário, atrabiliário. 

Meu depoimento no Senado: seis horas sem parar para beber água 

Contei minuciosamente como planejaram e executaram o atentado contra a Tribuna da Imprensa. Mostrei com nomes a participação total e absoluta, do general Otávio Medeiros. Foi o Chefe de tudo, pelo cargo que ocupava, e o que viria a ocupar se tudo desse certo. 

Meu depoimento 

Senadores e deputados, estarrecidos e perplexos com o que eu contava com a maior tranqüilidade. (Já disse há tempos, minha forma de expressão é a palavra escrita mas também a palavra falada. Tido e havido durante anos, como o jornalista mais bem informado, estava à vontade). 

Não sabia nada do Riocentro 

No final de fevereiro não tinha informação sobre o que planejavam para 1º de maio desse mesmo 1981. Embora, mais tarde, viesse a saber que quando fui ao Senado, (CPI do Terror, presidente senador Mendes Canale, Relator, senador depois governador, Franco Montoro) essa monstruosidade já estava sendo planejada. E reforçada com o sucesso da depredação da Tribuna, que a Comissão da Verdade ignora ou não considera. 

O depoimento desapareceu 

Foi um estrondo. O pessoal do SNI, “revoltado”, premeditou represália, que não conseguiram consumar. E continuaram com o planejamento do Riocentro. Ficaram satisfeitos com o fato de no meu depoimento não haver uma linha sobre o que planejavam.

Mas de qualquer maneira, decidiram “sumir” com meu depoimento. Não soube logo. Mais tarde, como tudo foi de improviso, tentei uma cópia do que falei, nenhum senador encontrou. Até hoje, permanece o sigilo. A Comissão, em vez de se “promover”, tem poderes para encontrar o depoimento, e se abastecer dos dados e revelações que estão ali. 

Os autores do Riocentro investigam eles mesmos 

Consumado o fracasso, ficaram apavorados. Ainda sobravam 4 anos para o “presidente” Figueiredo. Mas ele, consultado pelo general Otávio Medeiros, se negou terminantemente a dar “cobertura a criminosos como os que planejaram e executaram essa violência”. 

AMANHÃ – PARTE II

 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

 

A ENTREVISTA DE FHC, VERGONHOSA, PECAMINOSA, VEXAMINOSA E PRINCIPALMENTE, MENTIROSA. A COMISSÃO DA VERDADE “INDOLATRANDO” PINOCHIO.

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE I

A Comissão da Verdade, com todos os poderes, conseguiu obter algumas explicações, desvendar crimes e descobrir e desenterrar corpos, mais nada. Está trabalhando há anos, poderia conseguir muito mais, se não tivesse visível receio de se aproximar de alguns generais. Chegaram, perto dos quartéis, fizeram requerimentos, perguntas e indagações, foram completamente ignorados.

É bem verdade (desculpem o uso da palavra), essa Comissão levou tanto tempo a ser concretizada, que todos os generais do “primeiro time”, transformados em “presidentes”, morreram muito antes de serem acusados.

Ao contrario do que aconteceu na Argentina, onde quase todos morreram em celas miseráveis. Ou no Chile, onde semana passada, generais criminosos foram condenados. Estavam, na cadeia, as condenações confirmadas, ficarão lá para sempre.

A Comissão perde tempo.

Conduziram mal a investigação, receberam respostas inteiramente desligadas da realidade. Como a confirmação dos militares, que não quiseram ou não puderam contestar ou desmentir: “Nos quartéis não ocorreram fatos que conflitavam com a rotina militar”.

Sem o menor constrangimento, desmentiam a realidade, desprezavam a própria Comissão. Esta devia ter começado por três providencias, indispensáveis.

1 – Responsabilizar os que atenderam “decisões” dos generais culpados, que agiam em beneficio próprio. 2 – Porque não investigaram a razão da transição da “ditadura para a democracia”, ter sido comandada totalmente pelos militares?

3 – Esses militares culpados, que se “inocentaram” com a anistia deles mesmos, comandaram a indireta de 1985, seis anos depois. Ainda acreditávamos na prorrogação do terror, com um novo general de plantão, o chefe do SNI, Otavio Medeiros.

Não tendo tomado essas três providencias, que reforçaria seus poderes não apenas de investigação mas também de punições, vão esgotar o tempo, sem nada de muito proveitoso. 

Ou até de contraproducente, com nítido caráter de desperdício, como essa inacreditável, inimaginável e totalmente dispensável entrevista de FHC. Por que ouvi-lo? Seu passado é mais do que conhecido, jamais combateu coisa alguma.

AMANHÃ – FHC NUNCA FOI CASSADO

 

O TERRORISMO DOS BANQUEIROS. SEM REFORMA AGRÁRIA NÃO HÁ DESENVOLVIMENTO. QUEM SÃO OS “DONOS” DA TERRA?

hELIO FERNANDES

parte i

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

Há anos o cidadão espera receber o roubo dos bancos

Em dezembro, antes das férias da justiça, começaram no Supremo, a examinar os prejuízos de centenas de milhares de pessoas. Dizimadas por cinco planos engendrados por economistas incompetentes: Verão, Bresser, Cruzado e o Collor I e Collor II. Disseram: “Os ministros vão se manifestando, depois é só votar”.

A fraude dos banqueiros

Muito tempo antes, ainda na Tribuna impressa, escrevi bastante sobre o assunto. Os banqueiros não perderam nada, tiveram lucros em todos esses planos.

E os economistas que planejaram e arruinaram os cidadãos, continuam cada vez mais prestigiados, donos de consultorias arrogantes, parece até que não participaram dessa fraude trilionária, que para eles se acumula como vitória profissional e aumento de contas bancárias.

O terrorismo dos banqueiros

Durante quase 30 anos, esses poderosos e intocáveis donos de bancos, não deixaram ninguém examinar a questão. Espalhavam as maiores fraudes, mantiveram engavetadas as devoluções do dinheiro do cidadão-contribuinte-eleitor.

Mas como é preciso uma satisfação à comunidade, o caso chegou ao plenário do Supremo, pelo menos para que os senhores ministros, data vênia, pelo menos discursassem.

“O país vai quebrar”

Esse foi o trovão espalhado pelos donos dessas “arapucas” chamadas de bancos. Começaram a se aproveitar da “Liberdade de Imprensa”, fizeram frases e divulgaram números assustadores. “Se tivermos que pagar, o Brasil vai à falência junto conosco”. Ou: ”Não devemos nada, já perdemos muito”.

Em matéria de números, iam avançando de forma assustadora para o país e o todo. Começaram falando “em prejuízos” de 150 BILHÕES, passaram para 450 BILHÕES.

E alguns, mais audaciosos chegaram a falar que o total que a comunidade devia e deve receber, é de “900 BILHÕES”. Poderiam ir mais longe, eles não precisam prestar contas a ninguém.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A FEB, O GENERAL AFONSO ALBUQUERQUE LIMA, O ENCONTRO VARGAS-ROOSEVELT

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE II

O DRAMA PESSOAL DE VARGAS

Comunicaram ao presidente Roosevelt, que telefonou pessoalmente para o presidente Vargas. Conversaram, marcaram um encontro, que se realizou 15 dias depois, em Natal.

O drama de Vargas: na véspera da viagem, morreu seu filho mais moço, Getulinho. Vargas ficou a noite toda no velório, quando o corpo foi para São Borja, viajou para Natal, chegou rigorosamente no tempo marcado.

A CONVERSA DOS PRESIDENTES

Cordialíssima, como se esperava de dois homens como Vargas e Roosevelt. O presidente americano agradeceu, falou: “O senhor ajudou muito os EUA, essa base é importantíssima. Gostaria de saber o que o Brasil mais precisa no momento. E Vargas, sem hesitação: “Uma siderúrgica, presidente”. E  Roosevelt: “O senhor terá, o mais rapidamente possível”.

SURGE VOLTA REDONDA

Roosevelt imediatamente formou um grupo de técnicos respeitadíssimos, colocou um chefe de sua total confiança, mandou-os para o Brasil, montar as bases da siderúrgica. Ficaram aqui uma semana, não estiveram pessoalmente com Vargas. Mas compreenderam logo: “Tem que ser em Santa Catarina ou Paraná”. 

Havia até um porto, Paranaguá, modernizado por Vargas para atender a produção e os interesses do seu companheiro de golfe, Wolf Klabin. Mas Vargas assustou os técnicos, fechando a questão: “Tem que ser em Volta Redonda”.

ROOSEVELT  CUMPRE A PALAVRA

Os técnicos voltaram, foram recebidos logo por Roosevelt, disseram: “Presidente, é, impossível atender ao presidente do Brasil, ele quer a siderúrgica longe da matéria-prima, da mão de obra e de qualquer forma de exportação”.

Roosevelt, imperturbável: “Voltem lá e façam tudo o que o presidente determinar. Está em jogo a minha palavra”.

PS – Vargas se fixou definitivamente em Volta Redonda. Surgiu lá a primeira siderúrgica, não técnica, mas política. Volta Redonda, no Estado do Rio, cujo interventor era seu genro, Amaral Peixoto.

PS2 – Sem dúvida que os EUA mandaram (e dominaram) muito no Brasil. Mas nesse episódio, apenas circunstâncias importantes para os dois países. Na mesma guerra contra o que se chama de nazi-nipo-fascismo (Alemanha, Japão, Itália).

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

 A FEB, O GENERAL AFONSO ALBUQUERQUE LIMA, O ENCONTRO VARGAS-ROOSEVELT

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

Parte I

Incrível que alguns defendam Castelo Branco, com opinião, mas contrariando os fatos. Não leram nem os dois livros do general depois marechal Lima Brayner, que esteve sempre no centro dos acontecimentos. Podiam pelo menos ler os livros e fazer restrições aos fatos contados por ele.

O V Exército americano (muito citado aqui), uma piada, comandado pelo  general Mark Clark. Não era militar de carreira, quando foi convocado presidia a Sears Roebuck, uma espécie de mercado (ainda não havia shopping). Como levar a sério um “general” como esse?

O COMPETENTE E PRETERIDO AFONSO ALBUQUERQUE LIMA

Falando nos militares que não foram à Itália, queria me referir a generais. Mas como pessoas queridas me pedem, faço esclarecimento, não retificação. Como major ele foi para a Itália no primeiro escalão e voltou no último. Comandou o Batalhão de Operações. Fez carreira brilhante, nacionalista importantíssimo.

NÃO FOI “PRESIDENTE”, VINGANÇA DE ORLANDO GEISEL

A volta da FEB, acontecimento extraordinário. O Rio, então capital, foi todo para o centro da cidade. Não se podia andar da Praça Mauá à Cinelândia, engarrafando toda a Avenida Rio Branco e as transversais. Segundos cálculos, eram 2 milhões de brasileiros (não apenas cariocas) entusiasmados.

Albuquerque Lima foi logo a general de Brigada, em 1967 a Divisão. Em 1969, quando Costa e Silva teve o AVC e foi considerado “incapacitado”, assumiu a Junta Militar (os “Três Patetas”). Foi feita eleição indireta. Pela primeira vez colocaram urnas em diversos órgãos do Exército, Marinha e Aeronáutica. Orlando Geisel, candidato do governo, Afonso, da oposição, ganhou em todos os lugares.

Geisel, que chefiava o nascente Doi-Codi, ficou irritado (leia-se, revoltado): “Albuquerque Lima não pode ser ‘presidente’, é general de 3 estrelas, como é que eu, de 4 estrelas, vou fazer continência a ele?”. Isso foi em dezembro de 1969. Em março de 1970, duas vagas para general de Exército (quatro estrelas). Albuquerque Lima era o número um para promoção. Foi “caroneado”, teve que passar para a reserva. Era a vingança de Geisel.

O ENCONTRO VARGAS-ROOSEVELT EM NATAL

Não houve nenhuma intimação ou intimidação, e sim um encontro amigável entre dois chefes de Estado, que depois se transformou num acordo entre dois países. No início de 1942 (logo depois do massacre do Japão a Pearl Harbour, em 7 de dezembro de 1941), os americanos tiveram que entrar na guerra.

Precisavam então de uma base no Norte/Nordeste. Depois de contato com assessores de Vargas, oficiais americanos vieram conhecer os locais. Não quiseram Fernando de Noronha, muito exposto, estreito, sem aeroporto. Ficaram entusiasmados com Natal (Rio Grande do Norte), que, segundo eles, “preenchia todas as condições e requisitos”.