Temer: presidente interino, sem
povo, sem convicção, sem eleição. Não é de esquerda, centro ou direita. Não tem
plano, projeto, roteiro, montou equipe de ultima categoria
HELIO
FERNANDES
Atendendo a
pedidos de todos os lados e não gostando de me omitir, vou examinar o ministério
que Temer apresentou ao país. Todo o espaço de hoje,servirá para esclarecimento
rigorosamente irrefutável, nome por nome, ministério por ministério. Como esse
é um ministério Titanic, começo pelo que naufragou antes de ser lançado ao mar.
Cultura-Historicamente
é confundido com Educação. Periodicamente é incorporado, o que equivale á
destruição. Opinião corajosa, competente irrefutável. Cacá Diegues, um dos mais
importantes cineastas "A educação prepara as pessoas para o mundo real. A
cultura as estimula a inventar mundos. Junta-las é um retrocesso". Protestos
de mais de 100 intelectuais respeitados.
Educação
- Desde Gustavo Capanema que teve como chefe de gabinete Carlos Drumond de
Andrade, e construiu aquele edifício maravilhoso, lançando jovens arquitetos
como Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Ready e tantos outros, desprezaram a
pátria educadora. Agora o titular é um deputado que chamam sempre de
governador. Jamais foi eleito. Vice de Jarbas Vasconcellos, ficou 6 meses
quando o titular se desincompatibilizou. Nominalmente disputou o cargo duas
vezes, derrotado.
O que
aconteceu também quando tentou ser prefeito do Recife. Foi secretario de
Agricultura de Pernambuco, deve ser a credencial. Relator e coordenador da
reeleição comprada por FHC e paga por empresários. Seu nome, Mendonça Filho, e
para piorar, é do DEM.
Meio
Ambiente- Dos raros a ter vôo próprio, apesar de ser filho de ex-presidente da
Republica. Sarney filho já foi Ministro da mesma pasta. Correto, discreto,
convicto, confiável na matéria.
Justiça -
Alexandre de Moraes. O mais nota zero entre os Ministros. Violento como
Secretario de Segurança de SP, adora holofotes. Em poucos dias já apareceu em
varias entrevistas. Todas falsas. Mistificador, fingiu e mentiu: "Serei o
grande defensor da Lava-Jato". A meta que não alcançará: "Quero ir
para o Supremo Tribunal".
Defesa-Raul
Jungmann-Suplente de deputado, não votou a favor do impeachment, o efetivo assumiu.
Ganhou o ministério por acaso. O escolhido por Temer foi vetado, lembraram
dele. Ministério fardado com um Ministro a paisano. Cargo inútil, vários já
derrubados.
Cidades-Bruno
Araujo. Ministro aritmético, ganhou o cargo por ter sido o numero 342 a votar a
favor do impeachment. Pode montar seu gabinete numa Casa Lotérica.
Ciência e
Tecnologia-Gilberto Kassab. Ia ser Ministro de qualquer maneira, mas recebeu
esse por causa do assombro das fotos de Temer, orando com o pastor que ia
ganhar esse cargo. Temer pretendia nomear Silas Malafaia, recebeu-o em Audiência
privada, ficou com receio de veto da TV - Bandeirantes e do jornalista Ricardo
Boechat. Recuou. Por causa de tudo isso, seu governo interino é identificado
como "desordem e retrocesso”.
Turismo-
Henrique Eduardo Alves. Esteve sempre para ser governador do RGN, perdia a vez
para o pai ou por acordos que ele precisava fazer para manter a força política
e eleitoral. Aluizio Alves morreu, houve a devastadora guerra familiar pela
herança, candidatissimo e favorito, perdeu de forma surpreendente. Foi Ministro
de Dilma a pedido de Temer. Começada a maratona da traição pela promoção, foi o
primeiro a deixar o ministério. Na confusão das escolhas, ia sendo preterido.
Integração
Nacional - Helder Barbalho. Perdeu a eleição para governador, passou do plano
estadual para o nacional. Começou pelos portos, foi usufruindo os cargos que o
pai tem prestigio para conseguir, mas não para ocupar. Teve que renunciar no
Senado para não ser cassado, voltou, o povo não tem memória. "Ficha suja"
por 5 a 5 no Supremo, "conquistou" o voto de numero 6, de madrugada. Num
gabinete escurecido, se transformou em "ficha limpa". Que Republica.
Minas e
Energia- Fernando Filho. Aos 32 anos, é outro herdeiro das incompatibilidades
do pai, Ministro da Integração Nacional de Dilma. Fortemente envolvido na
Lava-Jato, não pôde ser nomeado. Continua como senador que não se reelege bem
2018, mas garantiu o ministério. È do PSD, a outra vaga já tinha dono.
Segurança
Institucional - Sergio Etchegoyen. Ninguém consegue explicar sua indicação, a
não ser por um fato: é considerado "linha dura". Valia muito durante
a ditadura. Mas um governo sem eleição, é diferente?
Infraestrutura
- Moreira Franco. Não recebeu o titulo de Ministro, mas é dos mais importantes.
Alem de redigir os textos "sintomáticos "de Temer, tem a missão de
tomar providencias para "reduzir o estado". Leia-se: privatizar.
Praticou esse exercício quando foi Assessor Especial de FHC. Depois de ser
governador eleito e antes de ser Ministro de Dilma. É competente mas sem
convicção. Nenhum constrangimento para tomar a forma do vazo que o contem.
Mesmo que seja o disforme Michel Temer.
Agricultura
- Blairo Maggi. Sofre resistência e oposição aberta, não só dos ambientalistas,
mas de todos que lutam contra a concentração exagerada de riqueza. Será
Ministro dele mesmo e de suas fazendas exploradoras. Lutou intensamente para
ser Ministro. Precisou mudar de partido, o próprio Temer sugeriu o PP, grande
favorecido pela corrupção da Lava-Jato. Não podia nem devia ter sido nomeado.
Planejamento
e Casa Civil, Romero Jucá e Eliseu Padilha. O senador não sai do centro dos
acontecimentos, nos mais diversos governos, de FHC a Dilma, e agora de Temer. Foi
Ministro, acusado de irregularidades. Assumiu envolvido com a Lava-Jato. Falastrão,
é especialista em nulidades e silencio sobre impropriedades. Eliseu Padilha deu
entrevista, blasonou: "Se não tivéssemos assumido, não haveria dinheiro
para o pagamento de salários". Ainda não fizeram nada, não perderei tempo
com isso e com esse.
Relações
Exteriores -José Serra. Num ministério de concessões e nulidades, não entra em
nenhuma das duas identificações. Está longe de ser uma inutilidade. E desde o
inicio fixou uma posição: "Serei Ministro, independente dos rumos do meu
partido, o PSDB". Inflexível, não concedeu, negociou lúcida e
politicamente. Deixou entrever que poderia ser Ministro da Fazenda. Mas não
exigiu, sabia que surgiriam resistências. Quando acenaram com a Educação e a
Saúde, que já ocupou não se pronunciou. Mas seu roteiro indicava o rumo do
Ministério do Exterior, que conquistou sem interferência ou conversas extras. Garante
sucesso no cargo e lutar pelo objetivo visível: a terceira candidatura
presidencial. Se chegarmos até 2018, estará com 76 anos.
Fazenda-Henrique
Meirelles. Gostando ou não gostando dele, manobrou de forma competente para
obter seus objetivos futuros. Ambicioso, sinuoso, carreirista, ficou no exterior
até o ano 2000, construindo uma solida e indestrutível posição financeira.
Resolveu então que estava na hora de vir para o Brasil. Começar uma carreira política,
que para ele não tinha e continua não tendo limite. Comprou um mandato de
deputado Federal pelo seu estado, 183 mil votos, razoável. Isso em 2002. Quando
ia tomar posse, Lula se elegeu presidente, convidou-o para presidente do Banco
Central. Não podia acumular, precisava renunciar, nenhum problema. Só que não
teve sucesso, deixou o governo, sobrou apenas à ambição.
Revigorada
agora, com Temer atendendo todas as suas exigências. Meirelles sabe que é sua
oportunidade se conseguir a salvação nacional. Os dois, Temer e Meirelles,
lutam por datas que não os separa, até os reúne: 2018. Temer quer CHEGAR até
lá. Meireles quer COMEÇAR por esse calendário. Para o inicio dessa marcha para
o futuro, já domaram e dominaram o Congresso.
Meirelles
ainda não garantiu nada, "estou estudando a situação e o que precisamos
fazer inicialmente". Mas deixou bem claro: "Se for necessário
criaremos imposto, temporário". È a CPMF, satanizada, amaldiçoada e
escorraçada no governo Dilma. Por esse mesmo Congresso, que aprovará o que
Meirelles entregará a Temer, que enviará sem ler.
Secretaria
de Cultura-Preocupado com a Previdência, cuidou da cultura com imprevidência.
A repercussão foi tão grande, os protestos em tal quantidade e qualidade, que
não resistiu. Recuou, usando o slogan que define seu governo: "desordem e
retrocesso". Mas considerou que a Cultura como ministério e comandado por
uma mulher, exagero. Preferiu, como roteiro, seguir a frase famosa: "Quando
ouço falar em cultura, me dá vontade de puxar o revolver".
Respondendo
Marcio
Telles, obrigado pelos adjetivos. Umberto Eco gostava de dizer: "A falsa
modéstia é tão negativa quanto a arrogância e a presunção". Você mesmo
respondeu, dizendo que sou impiedoso mas sem partidarismo.
Cristiane
Borba, seu reconhecimento é importante, pelo estimulo e pela obrigatoriedade da
luta. Escrevi diariamente artigo e coluna, por mais de 50 anos. O Millor foi o
primeiro a dizer: "Escrever artigo e coluna diário, é maluquice, mas
imperdível". No jornal impresso que perdi para a ditadura, registrei:
"Meu ultimo artigo quase póstumo será escrito entre a rua do Lavradio e o
cemitério". Agora, aos 95 anos, continuo
com a mesma convicção, provavelmente com outro trajeto.
Manoel
Carvalho e Ribas, temos a mesma preocupação: o silencio dos militares. A
Republica, idealizada por uma geração de notáveis civis, nasceu militar, militarista
e militarizada. O general Góes Monteiro, que era um falador, deixou a frase: "O
Exercito é o grande mudo". Não sei o que é mais intranquilizante: o
general que cala ou o que fala. Prefiro o general no quartel.
Somos gratos pela sua generosa contribuição diária com lucidez, independência e experiência.
ResponderExcluirSeu trabalho é relevante e indispensável para o jornalismo brasileiro, principalmente diante do quadro atual.
Apesar de o organismo somático sucumbir naturalmente diante da programação evolucionária e funcionar como instrumento ao germinativo, tanto sob o ponto de vista genético, quanto sob o enfoque das ideias, dos incentivos e dos exemplos, recomendaria a preservação criogênica e criônica (tanto no sentido conotativo quanto no denotativo: cryonics e alcor institute, por exemplo) e sob as mais diversas formas para que seja conservado esse combatente ímpar em todas as dimensões (intelectual, espiritual, genotípica, fenotípica).
Quanto às construtoras corruptoras desse capitalismo de quadrilha que é uma das causas-consequências do nosso atraso, sugiro que a melhor das contribuições para o país, além das delações, seria que essas empreiteiras de reconhecida competência em obras diferenciadas que fizeram em países desenvolvidos, fossem condenadas a executar as obras indispensáveis à eliminação dos nossos gargalos de infraestrutura, transporte, logística, para nos retirar da inércia e do atraso na competitividade internacional.
Deixar todas as estradas em excelente condição. Reformar portos, aeroportos, devolver as centenas de bilhões que desviaram em forma de obras suficientes para acabar com o subdesenvolvimento que nos sufoca em estradas perigosas e infraestrutura dolosamente abandonada com o fim programado de nos manter em perene desvantagem.
Ao invés de apenas contar e devolver uma bolinha de gude de bilhão, das centenas de bilhas douradas surrupiadas, poderiam consertar a estrutura logística desse país quebrado por aqueles que causam sempre os mesmos problemas com o intuito de vender a solução.