JT terá
3 milhões de novas ações em 2016 (...) “Na base dessa pirâmide
padecem milhões de trabalhadores, enganados, surrupiados e lesados por maus
empregadores, a maioria empresas terceirizadas e o próprio estado e empresas públicas,
que ao lado de bancos e estatais representam 65% da demanda trabalhista.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
O Tribunal Superior do
Trabalho (TST) estima que a Justiça do Trabalho, deverá receber este ano cerca
de 3 milhões de novos processos, o que representará um aumento de quase 13% em
relação a 2015. De acordo com o TST, entre 2014 e 2015, o número de novas ações
trabalhistas cresceu 5,1%. No trimestre deste ano, as 1570 varas trabalhistas
receberam um lote de 660.837 de novos processos, o que significa um percentual
de 6% em relação ao primeiro trimestre de 2015.
Segundo estimativas
extra-oficiais, tramitam hoje no judiciário laboral cerca de 25 milhões de
ações. São iniciais sem primeira audiência, processos com sentença, recursos,
Mandado de Segurança (MS), pedido de liminares, correcionais, tutelas, e no
segmento da execução milhões de processos aguardam solução, perfazendo um
encalhe de mais de 60%. ·A morosidade é constante. Um prócer advogado divulgou
que em um processo, o cartório levou exatos um ano e um dia para juntar um
documento e fazer a conclusão ao juiz.
O panorama real da justiça
trabalhista é desalentador. O corte no orçamento obriga uma redução de 90% dos
investimentos e de 29,4% das despesas de custeio. A folha de pessoal dessa
justiça abocanha 93,5%. Por sua vez, na
oportunidade que foi anunciada a medida, houve a reação da entidade classista
Anamatra, que fez severas criticas ao governo (leia-se da presidente afastada
Dilma Rousseff), tendo como subsídio o artigo 99 da Constituição Federal da
República - colidido, em razão de que a proposta orçamentária do Tribunal
Superior do Trabalho - TST teve o parecer do Conselho Nacional de Justiça –
CNJ.
Em nota, a entidade
classificou a medida como “chantagem institucional” e de caráter retaliatório
do parlamento em relação à atuação do Judiciário Trabalhista, em detrimento dos
demais ramos do Judiciário que tiveram cortes menos drásticos. Vale lembrar:
corte de um lado e do outro a demanda de ações aumentando. Uma catástrofe!
Segundo nota da Anamatra
(...) o STF declare a nulidade, por inconstitucionalidade, dos valores do
orçamento da Justiça do Trabalho constantes da LOA de 2016. Cautelarmente,
pretende que se determine à União que promova em 2016 a execução de 100% de sua
proposta orçamentária encaminhada originariamente pela Justiça do Trabalho, ou
aplique à Justiça do Trabalho o corte linear de 15% para custeio e 40% para
investimento, assim como os demais órgãos do Poder Judiciário.
Examinando com exatidão a extensão da discussão sobre o
tema reforma trabalhista, podemos dizer que, entra governo, sai governo, o tema
continua na gaveta. Não foram poucas as medidas propostas, aprovadas e
colocadas em pratica pelos atores da especializada, tendo como argumento a
solução da morosidade processual. Da mesma forma que o governo não trouxe
nenhum resultado positivo quanto à reforma, os juízes do trabalho, também não
conseguiram cumprir com o prometido. È o “roto falando do esfarrapado”.
Na base dessa pirâmide padecem milhões de trabalhadores,
enganados, surrupiados e lesados por maus empregadores, a maioria empresas
terceirizadas e o próprio estado e empresas públicas, que ao lado de bancos e
estatais representam 65% da demanda trabalhista. Existe de fato um biombo, que
esconde os verdadeiros criminosos, eis que segundo preconizam os ditames
legais, tomar o trabalho e não remunerar é pratica de trabalho escravo.
A síndrome do insolúvel está latente neste contexto de
justiça, que fustiga e frauda flagrante o trabalhador, ávido pela proteção e a
solução de sua demanda, tal qual insere o texto que consta em sua CTPs,
consignados e da Carta Maior, que deixo de citar, por ser de conhecimento
público e notório.
Ninguém tem mais paciência para ficar ouvindo reclamações
e pleitos de atores da especializada, que só reagem quando o “sapato lhes
aperta”. Nunca em tempo algum foi dito ou está escrito, que os juízes e
serventuários dessa “Ilha da Fantasia”, têm procuração para falar pelo
trabalhador. Que eu saiba tão somente os sindicatos possui essa legitimidade. O
juiz fala pela lei.
Mas essa é outra história. Imagina-se que uma demanda de
3 milhões de novas ações venha estraçalhar de vez com os serviços da JT. Eu
faria o seguinte: devolveria a execução fiscal, essa “erva daninha”, exportada
para a especializada com a EC 45, para onde ela saiu.
Convocaria milhares de advogados, indicados pela Ordem
(eles são essenciais para a efetivação da justiça), e com eles um mutirão
nacional, principalmente para solucionar as pequenas demandas. (É o que faz o
TSE em época de eleição). Vamos deixar de lado a hipocrisia, e trabalhar de
verdade, com comprometimento, e abandonar essa conversa de chantagem
orçamentária. Quem aqui escreve, conhece essa gente.
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