Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 10 de maio de 2016

Amanhã, numa sessão que deve ser quilométrica, rasgarão a Constituição, entregarão o poder a quem nunca foi eleito

HELIO FERNANDES

Quarta feira, amanhã, termina a primeira fase do processo-movimento, que chamo apropriadamente de conspiração-traição-desapropriação. Com a retirada de um presidente eleito e reeleito, por outro que jamais disputou cargos majoritários. Nada deu errado no que Temer planejara, a não ser ele mesmo e seus compromissos inviáveis.

O prometido Ministério de notáveis, se transformou em ministério de invisíveis. Ou até visíveis de mais.Pois varias pastas acumulam 2 ou 3 indicados, com a redução praticamente impossível.Se um estrangeiro chegar ao Brasil na quinta feira, depois  da posse de Temer, poderá perguntar naturalmente: "Por que o Temer está governando com os Ministros da  Dilma?".

No roteiro de amanhã, apenas uma duvida: quantos senadores estarão presentes. Bastam 41, quem obtiver 21 será vitorioso, para manter ou afastar Dona Dilma. Mas o problema não é esse, a maioria a favor do impeachment, garantidissima. Só que eles não se contentam ou se conformam com isso.

Ganharão na certa, mas querem exibir a força que precisarão no julgamento final e irrecorrível, "em até 180 dias". Aí serão necessários 54 votos. Querem colocar no plenário, no mínimo esse numero para sufocar os governistas. Ter a partir de quinta feira, mais tranquilidade e mostrar a todos, que o que acontecerá, apenas rotina. E acreditam que com essa vantagem, será mais fácil montar o ministério.

O ministério da usurpação

È o nome apropriado, mas poderia, sem exagero, ser identificado como Ministério da decepção ou da indecisão. Comparem o prometido com "notáveis" e constatem o que está surgindo,assim mesmo com dificuldade e restrições.O PSDB que perdeu as ultimas 4 eleições presidenciais, terá 5 ou 6 ministérios. Isso depois de afirmar, "apoiaremos o governo Temer, sem pretender cargos, apenas em nome da recuperação do país". Não estão satisfeitos, querem "desenterrar" um correligionário do Ceará.

O PMDB, que nunca teve preferência por eleição, tinha medo de ganhar (se ganhasse) ter que dividir o espolio com outros partidos. Não disputou, mas garantiu 10 capitanias hereditárias. 8 sem nenhuma importância, mas com verbas substanciais. Ha dias antecipei que siglas de aluguel, que vivem do fundo partidário e do horário de radio e televisão, ocupariam 8 ministérios. Calculei com equivoco. Já garantiram 12 e podem chegar a 13.

Pretendem organizar ou montar um governo de coalizão, que está mais para colisão. Os candidatos se acumulam para as mesmas pastas, nenhuma conciliação. Serra, praticamente indicado ou que se indicou, surgiu na Fazenda, foi mudando, até que se fixou nas relações Exteriores, com um apêndice: o comercio externo e as exportações.

Só que o seu partido, o PSDB, reivindicou e receberá o Desenvolvimento e Comercio Exterior. O acumulo acontece em quase todos os ministérios. A Agricultura tem 3 candidatos do mesmo partido. Mas pode ir para um outro, inteiramente diferente.

Educação e Saúde são jogados para o alto, como flores de noiva, é de quem pegar. Cultura vai para um suplente, que é dono, perdão, presidente de partido. Presidência do Banco Central, ninguém quer, apesar do Ministro Henrique Meirelles ter feito vários convites. Não tenho a menor confiança nesse carreirista, mas tenho que reconhecer; tratou de um assunto grave e fundamental: a divida publica, que fechará 2016 em 3 trilhões. Mas isso não é para ser resolvido com a urgência necessária. E indispensável
.
Como o próprio vice reconhece que pode tomar posse com o ministério incompleto, deixo isso para amanhã, já que mesmo que haja a posse prevista, será tumultuada, complicada e incerta. Preciso também dar uma explicação a respeito da interrupção que aconteceu ontem, a partir das 16 horas, até quase meia noite.

PS- Fiquei noticiando desde que o presidente provisório da Câmara, tomou a decisão antecipada por mim antes 48 horas. Só que escrevi: isso deveria ter sido feito pelo Supremo. Agora, provavelmente, o Supremo terá que resolver, PT e a base governista, recorrerão.

PS2- Os que se identificam como oposição, mostraram toda a falta de caráter e de convicção. Mantiveram e garantiram Eduardo Cunha no cargo por mais de 6 meses, assistindo passivamente todo o malabarismo para se salvar da cassação. Mesmo como réu,decisão unânime do Supremo.

PS3-Pois ontem, assim que o vice em exercício, decidiu o que podia decidir, 
logo pediram a sua “cassação", por falta de decoro. Quantas vezes Cunha deveria ter sido cassado?

PS4-Durante toda à tarde de ontem, senadores íntegros e possivelmente inatingíveis, condenaram o presidente de outro ramo do mesmo poder. Foi chamado de tudo. Mas se comprometeram leviana e de forma irrecuperável, insustentável, inacreditável.


PS5- Basta apenas um ponto, utilizado por  todos os senadores defensores do impeachment: "O relatório saiu da Câmara, chegou ao Senado, a Câmara não tinha mais nada a fazer". Quanta incompetência. O impeachment foi "aprovado" daquela  forma degradante, humilhante, aviltante, no dia 17. No dia 25, o Advogado Geral da União, pediu a anulação do processo e da votação.

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