Amanhã, numa sessão que deve ser
quilométrica, rasgarão a Constituição, entregarão o poder a quem nunca foi
eleito
HELIO FERNANDES
Quarta feira,
amanhã, termina a primeira fase do
processo-movimento, que chamo apropriadamente de
conspiração-traição-desapropriação. Com a retirada de um presidente eleito e
reeleito, por outro que jamais disputou cargos majoritários. Nada deu errado no
que Temer planejara, a não ser ele mesmo e seus compromissos inviáveis.
O prometido Ministério de notáveis,
se transformou em ministério de invisíveis. Ou até visíveis de mais.Pois varias
pastas acumulam 2 ou 3 indicados, com a redução praticamente impossível.Se um
estrangeiro chegar ao Brasil na quinta feira, depois da posse de Temer,
poderá perguntar naturalmente: "Por que o Temer está governando com os
Ministros da Dilma?".
No
roteiro de amanhã, apenas uma duvida: quantos senadores estarão presentes.
Bastam 41, quem obtiver 21 será vitorioso, para manter ou afastar Dona Dilma.
Mas o problema não é esse, a maioria a favor do impeachment, garantidissima. Só
que eles não se contentam ou se conformam com isso.
Ganharão
na certa, mas querem exibir a força que precisarão no julgamento final e irrecorrível,
"em até 180 dias". Aí serão necessários 54 votos. Querem colocar no
plenário, no mínimo esse numero para sufocar os governistas. Ter a partir de
quinta feira, mais tranquilidade e mostrar a todos, que o que acontecerá, apenas
rotina. E acreditam que com essa vantagem, será mais fácil montar o ministério.
O ministério da usurpação
È o nome
apropriado, mas poderia, sem exagero, ser identificado como Ministério da
decepção ou da indecisão. Comparem o prometido com "notáveis" e constatem
o que está surgindo,assim mesmo com dificuldade e restrições.O PSDB que perdeu
as ultimas 4 eleições presidenciais, terá 5 ou 6 ministérios. Isso depois de afirmar,
"apoiaremos o governo Temer, sem pretender cargos, apenas em nome da
recuperação do país". Não estão satisfeitos, querem "desenterrar"
um correligionário do Ceará.
O PMDB,
que nunca teve preferência por eleição, tinha medo de ganhar (se ganhasse) ter
que dividir o espolio com outros partidos. Não disputou, mas garantiu 10
capitanias hereditárias. 8 sem nenhuma importância, mas com verbas substanciais.
Ha dias antecipei que siglas de aluguel, que vivem do fundo partidário e do
horário de radio e televisão, ocupariam 8 ministérios. Calculei com equivoco. Já
garantiram 12 e podem chegar a 13.
Pretendem
organizar ou montar um governo de coalizão, que está mais para colisão. Os
candidatos se acumulam para as mesmas pastas, nenhuma conciliação. Serra,
praticamente indicado ou que se indicou, surgiu na Fazenda, foi mudando, até
que se fixou nas relações Exteriores, com um apêndice: o comercio externo e as exportações.
Só que o
seu partido, o PSDB, reivindicou e receberá o Desenvolvimento e Comercio
Exterior. O acumulo acontece em quase todos os ministérios. A Agricultura tem 3 candidatos do mesmo
partido. Mas pode ir para um outro, inteiramente diferente.
Educação e Saúde são jogados para o alto, como
flores de noiva, é de quem pegar. Cultura vai para um suplente, que é dono,
perdão, presidente de partido. Presidência do Banco Central, ninguém quer,
apesar do Ministro Henrique Meirelles ter feito vários
convites. Não tenho a menor confiança
nesse carreirista, mas tenho que reconhecer; tratou de um
assunto grave e fundamental: a divida publica, que fechará 2016 em 3 trilhões.
Mas isso não é para ser resolvido com a urgência necessária. E indispensável
.
Como o
próprio vice reconhece que pode tomar posse com o ministério incompleto, deixo
isso para amanhã, já que mesmo que haja a posse prevista, será tumultuada,
complicada e incerta. Preciso também dar uma explicação a respeito da
interrupção que aconteceu ontem, a partir das 16 horas, até quase meia noite.
PS- Fiquei
noticiando desde que o presidente provisório da Câmara, tomou a decisão
antecipada por mim antes 48 horas. Só que escrevi: isso deveria ter sido feito
pelo Supremo. Agora, provavelmente, o Supremo terá que resolver, PT e a base
governista, recorrerão.
PS2- Os
que se identificam como oposição, mostraram toda a falta de caráter e de
convicção. Mantiveram e garantiram Eduardo Cunha no cargo por mais de 6 meses,
assistindo passivamente todo o malabarismo para se salvar da cassação. Mesmo
como réu,decisão unânime do Supremo.
PS3-Pois
ontem, assim que o vice em exercício, decidiu o que podia decidir,
logo
pediram a sua “cassação", por falta de decoro. Quantas vezes Cunha deveria ter sido cassado?
PS4-Durante
toda à tarde de ontem, senadores íntegros
e possivelmente inatingíveis, condenaram o presidente de outro ramo do mesmo
poder. Foi chamado de tudo. Mas se comprometeram leviana e de forma irrecuperável,
insustentável, inacreditável.
PS5- Basta
apenas um ponto, utilizado por
todos os senadores defensores do impeachment: "O relatório saiu da
Câmara, chegou ao Senado, a Câmara não tinha mais nada a
fazer". Quanta incompetência. O impeachment foi "aprovado" daquela forma degradante, humilhante,
aviltante, no dia 17. No dia 25, o Advogado Geral da União, pediu a anulação do
processo e da votação.
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