Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 17 de maio de 2016

O lulopetismo despejado, será despojado pelo meirellestemerismo?

HELIO FERNANDES

A Republica nasceu de madrugada, sem povo, sem eleição, afastando para  bem longe os civis lutadores,que em 1860 fundaram o jornal diário "A Republica". Implantaram a ditadura do partido único, o republicano, colocaram no poder dois marechais. Um como presidente, Deodoro, outro como vice, Floriano. 8 meses depois, cansado de  ser vice, Floriano derrubou Deodoro, governou sem prazo e sem autenticidade. A impressão é de que ficaria para sempre. Em 1894, os verdadeiros Republicanos reagiram, elegeram Prudente de Moraes.

Agora, outra mistificação,125 anos depois dessa farsa de Deodoro-Floriano. (Os 2 indiretos, não colocarei aspas, a primeira eleição direta só iria acontecer em 1945, 56 anos depois da usurpação da Republica. E  assim mesmo, elegeram o marechal Dutra, que como Ministro da Guerra, manteve a ditadura do Estado Novo.Num regime  ditatorial,com um civil chamado de presidente, o ministro da Guerra o garante, mas obrigatoriamente o sucede.

O roteiro que não falha, funcionou. E provocou a sedução, que 125  anos depois, agora, se consubstanciou mas não se conscientizou na farsa e na mistificação do vice no poder. Com a modificação surpreendente: o vice empossado mesmo interinamente, não tem passado. Jamais se elegeu para cargo majoritário. (E a presidente afastada, mesmo não definitivamente, foi eleita e reeleita).

Em 1930, depois de 41 anos da "republica velha", Vargas perdeu para o candidato do presidente Washington Luiz. Conformado, voltou para o RS. Aproveitando o assassinato de João Pessoa, governador da Paraíba, deu o golpe que chamaram de "revolução". Ficou 15 anos sem eleição. Matreiro e esperto, teve o cuidado de se manter sozinho, não teve vice. Derrubada a ditadura em 1945, voltou em 1950 com o vice, Café Filho, indicado por Ademar de Barros. Em 1930, mesmo como chefe do governo provisório, não só derrubou Washington Luiz, como asilou-o nos EUA. Junto com o vice Mello Vianna, e o chanceler Otavio Mangabeira.

Esse Chefe da Casa Civil do golpe de Temer, afirmou na posse: "Vivemos a maior crise da nossa Historia". É o que acontece deixando que desconhecidos pratiquem a leviandade de sentenciar sobre o que não conhecem. A crise brasileira é a mesma, prorrogada, camuflada, jamais renovada. Alguns personagens e circunstancias se modificam.

A vida não se prolonga por vontade de alguns conspiradores. E o tempo e o espaço, mais volúveis e violentáveis. De forma que a Republica tem quase tantos presidentes, quanto vices que assumiram. Alguns por imprevisão do incorruptível e indevassável destino. Outros por manipulação, mistificação e malabarismo da corruptível ambição, sem lastro, sem convicção  e sem constrangimento.

Michel Temer está no segundo e mais numeroso grupo: o dos vices por acaso ou por descuido. Com tempo de sobra para não fazerem nada, CONSPIRAM. Arriscam pouco. Sem sucesso, terminam o mandato "decorativo". (Royalties para o próprio Temer) Com a ambição favorecida, cumprem estágios. Passam a interinos, com sorte, são efetivados. E se conseguirem descumprir a palavra assumida com partidos e "lideres, tentam mais um período, aí de forma inédita e desconhecida. Vou lembrar trecho de uma entrevista de Temer na televisão, ainda como vice, mas já conspirando.

No dia 17 de setembro deu entrevista na televisão a um jornalista muito bem informado. Temer sabia que podia falar á vontade. Mesmo codificado ou não explicitado. O jornalista só queria a entrevista jornalisticamente elucidativa. Em determinado momento, perguntou: "O senhor admite chegar a presidente?". Estava querendo saber sobre 2018, era a eleição que deveria ser realizada.

Só que Temer, conhecendo bem o jornalista, não teve duvida: ele sabia do que estava acontecendo, resolveu falar cautelosamente,mas não fugindo da verdade.Textual, a gravação está na minha frente: "Vou arriscar, para mim não é tudo chegar a presidente. Mas se chegar,ótimo. De qualquer maneira não ficarei insatisfeito, tentei, não deu certo". O jornalista, assustado, percebeu tudo, publicou. Mas gostaria de ter esclarecido a confusão de datas. Não podia. Era entrevista e não debate.

O presidente interino, continua acreditando no futuro, e na certeza  de que rapidamente deixará de ser interino. E para os que resistem a se convencer da " sua" realidade, não fala, garante e deixa entrever que ganhará novas datas. Nenhuma  duvida que Meirelles não surgirá, nem Lula  ressurgirá. Em Dilma nem pensa mais. Em relação a ele mesmo, tem a certeza; passará "muito alem  da tapobrana".

A grandeza dos estudantes brasileiros, a violência e virulência do Ministro da Justiça

Temer não percebeu que Alexandre de Moraes não poderia ir alem da Secretaria de Segurança, mesmo de SP. Sob seu comando, a PM deixou rastro de arbitrariedade e sangue. Os adolescentes começaram solidariedade ás professoras em greve. Daí criaram um movimento muito maior, intitulado: A ESCOLA QUE QUEREMOS. Ganhou o Brasil, perdeu para a PM, que invadia os colégios, batendo nos adolescentes. Nos tempos de Moraes e agora com o interino.

Fui o único a informar com exclusividade: Alexandre de Moraes adora holofotes. Chegou em Brasília, manteve o ritmo: deu entrevista exclusiva a Monica Bergamo. Textual: "O presidente Temer não respeitará a ordem tradicional para nomeação do Procurador Geral". Recebeu reprimenda publica do próprio Temer: "Não autorizei o Ministro a declarar nada. Vou respeitar o critério habitual ". Exclusivo: o mandato de Janot vai até setembro de 2017, Mais 16 meses e meio do que Temer.

Exclusivo: Cesar Maia ganhou o BNDES 

O ex-prefeito, não se elege mais nada. Perdeu para governador e senador. Queria fazer o filho líder do governo na Câmara. Não conseguiu. Por acaso o BNDES ficará sob sua influencia. Temer, quando souber, não irá gostar. Dissabores que Temer não esperava.

Paulo Skaf telefonou para ele, e num tom mais perto da hostilidade do que da amabilidade, disparou: "Aumento de impostos de jeito algum."E tripudiando: "CPML, nem imaginar". Pior foi o Paulinho da Força. Depois  de muita conversa, gritou: "Não admitimos  nenhuma reforma da  Previdência". E acrescentou sem constrangimento: "Principalmente essa, que estão tramando pelas nossas costas". Temer pode escolher: ser afrontado pela Força ou pela FIESP.
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Ao jornalista Helio Fernandes

Estimado Helio,

Sou leitor da Tribuna desde os anos 60, quando fervilhava a política no Brasil. Lembro aqui uma das maiores fraudes e decepções ocorridas antes mesmo do desfecho de 64, que foi a falência e o encerramento das atividades da saudosa e gloriosa Panair do Brasil. Era lindo ver esses aviões bimotor cruzando nossos céus. Acho, salvo engano que eram modelos Eletra.

Gostaria se fosse possível o querido amigo, (já que está focado no impeachment e conseqüências), caso não seja inoportuno, falasse um pouco a respeito deste episódio.


Samuel Victorino 

3 comentários:

  1. Até 1942, 100 porcento das ações da Panair estiveram em poder dos controladores norte-americanos. Como as demais empresas aéreas que possuíam sócios estrangeiros nos anos 1950 e 1960, a Panair do Brasil sofreu pressões do governo, iniciadas na gestão do Presidente João Goulart, para que suas ações ficassem totalmente em mãos brasileiras.

    A VARIG naturalmente se envolveria na aquisição de parte da Panair, segundo informações colhidas nos bastidores do poder à época. No entanto, ela acabou nas mãos dos grandes empresários Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen.

    Isso deixou descontentes elementos do governo e da própria VARIG, que contavam com mais essa aquisição no mercado aéreo nacional.

    Em decorrência desses fatores, a Panair do Brasil, em pleno auge, teve suas operações aéreas abruptamente encerradas em 10 de fevereiro de 1965, mediante um decreto do governo militar, que suspendeu suas linhas.

    A opção pela suspensão no lugar da cassação resultou de um artifício perverso para paralisar imediatamente as operações, sem a demanda pelos prazos legais inerentes a uma cassação.

    O fechamento integral da companhia ocorreu em 1968, de forma inédita e pitoresca, por meio da emissão de um "decreto de falência" governamental, baixado pelo Poder Executivo.

    Há diversos relatos fidedignos que apontam as conexões entre integrantes do governo militar e da companhia VARIG, significativamente favorecida em decorrência da extinção da Panair do Brasil

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  2. Hélio, em época de crise é que mais precisamos dos sábios, se coincidir que sejam longevos, melhor ainda. Minha gratidão por sua existência e pelo seu ofício de escrever e partilhar.
    Tenho tido dificuldade em acessar a tribunadaimprensaonline.com. Como atualmente resido na roça, entorno do DF, pensei tratar-se problemas com internet. Mas não é. Espero que melhore conexão.
    Um abraço fraterno.

    batista filho

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  3. Hélio, em época de crise é que mais precisamos dos sábios, se coincidir que sejam longevos, melhor ainda. Minha gratidão por sua existência e pelo seu ofício de escrever e partilhar.
    Tenho tido dificuldade em acessar a tribunadaimprensaonline.com. Como atualmente resido na roça, entorno do DF, pensei tratar-se problemas com internet. Mas não é. Espero que melhore conexão.
    Um abraço fraterno.

    batista filho

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