Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Sem orientação, sem autonomia, sem convicção, Temer enfrenta a falta de credibilidade da cúpula do PMDB

HELIO FERNADES

Aos 75 anos, transformado em presidente interino ou provisório, Temer se matricula no jardim de infância do Poder, num curso por correspondência. Durante 1 ano tem que se comunicar com uma porção de gente por telefone ou texto, gravado. Não imaginaria que tudo se voltaria contra ele.

Terminou esse curso sofridissimo, se graduou, ganhou o diploma. Mas teve que pagar preço exorbitante, pelo que parecia uma conquista, mas na verdade era apenas ilusão. Provisório no titulo que lhe deram, na realidade, menos do que nada.

Foi cometendo erros em cima de erros, uma parte por deficiência congênita. A outra parte por compromissos assumidos apressadamente e pela fatura apresentada na mais alta velocidade. Teve que terceirizar tudo. Entregou de "porteira fechada", o mais importante fator ou setor, o da economia.

O destinatário, donatário e "dignitário", exigiu sabia que obteria. Carreirista, experiente, ambicioso, não deixou parte mínima para o provisório, assumiu de forma permanente. Não saiu da televisão, exibindo seus planos, testando o que era pura teoria e o que poderia transformar em pratica.Na sexta feira apareceu em publico com números e mais números.

Só ele tinha as conclusões, acreditava que não pudesse ser contestado por ninguém. Deu entrevista coletiva, apresentando déficit calculado por ele e só por ele. Não gostou quando soube que hoje, segunda, o ex-ministro Nelson Barbosa, vai examinar ponto por ponto, esses 170 bilhões.

Nos cálculos montados e apresentados por Meirelles, ainda na fase de experiência, estava o aumento de impostos. E como sugestão prioritária, a recriação da CPMF. Que a então presidente Dilma tentou aprovar, não conseguiu nem conversar. Meirelles foi tão vaiado nessa questão, que silenciou sobre o assunto.

Terça e quarta, a Câmara terá que aprovar as medidas que Meirelles enviará. Será testada então a segunda terceirização montada no jardim da infância do Poder. È o "centrão", com 290 deputados. Temer já deu muito a esses arrivistas, mas terá que dar muito mais. Se não der, não obterá nenhuma aprovação. Acontece que Temer se aprisionou de tal maneira a esses grupos, que não existe possibilidade de resistência.

O espetáculo de baixaria do Congresso é deprimente, revoltante, lancinante. Pode ser até que o "centrão", numa concessão aos seus propósitos de interesses dilacerantes, aprove tudo, para manter o comando. Mas o clima na Câmara é indescritível, impossível qualquer  resumo.
A ligação Temer-Centrão é um ato de irresponsabilidade e de tal leviandade, que chega a ser rigorosamente intolerável. Nem sei qual medida pode ser proposta e executada. Mas tem que ser alguma coisa moralizadora, saneadora, renovadora. Aplicada em nome das instituições, da preservação da Pátria, da democracia, da liberdade, do tão falado e repetido IDEAL REPUBLICANO.

Todos os que lutaram,resistiram,se sacrificaram lutando contra a ditadura de 1964-1985, precisam se mobilizar para enfrentar esses grupos que se intitulam de defensores da DEMOCRACIA.São apenas seus coveiros.

A ultima terceirização, tão decrépita e vergonhosa quanto às outras. O presidente interino fez questão de aproveitar logo no governo, todos os mais envolvidos na Lava-Jato. Na sexta feira, Romero Jucá falava não como Ministro do Planejamento e sim como Primeiro Ministro. Meirelles descrevia, ele replicava.

Em determinado momento chegou a noticia: o Supremo indiciara mais uma vez toda a cúpula do PMDB, incluindo novamente Jucá. Um repórter perguntou se ele tinha alguma coisa a dizer. Disse. Em 2 minutos falou que daria explicações, usou 5 vezes estas duas palavras: "Estou tranquilo”.

Único aplauso a Meirelles

Tem se aproveitado como ninguém da oportunidade. Tentou ocupar o mesmo cargo no governo Dilma. Não conseguiu nada a ver com méritos ou deméritos. Queria a ampla liberdade que obteve agora. Não lhe deram antes. Principalmente porque seu objetivo era mais do que visível: suceder Dona Dilma. Isso era impossível, o candidato intransponível era Lula. Agora, Temer concordou. Prefere uma possível ou provável candidatura Meirelles a alguém do PSDB.

Meirelles não podia dizer a muitos: "Não imaginava que a situação econômica do Brasil, fosse tão terrível". Ganhou o único aplauso do repórter por ter lembrado que a "questão da DIVIDA PUBLICA é catastrófica". Como trato do assunto ha mais de 50 anos, quando ainda era DIVIDA EXTERNA discutirei o que fazer. 

A presidência da Câmara, problema urgente e estarrecedor

A subserviência e a recompensa de Temer a Eduardo Cunha, representam o grande e aterrorizante escândalo da republica provisória. È bem verdade que vem de longe e de antes. Sem essa intimidade não haveria o impeachment e a entronização do corrupto com dupla "nacionalidade" financeira: brasileira-Suíça. Rouba e corrompe aqui, deposita lá. Com a generosidade exibida sem constrangimento: doou tudo para um trust. Proclama e confessa: "Não tenho mais nada, tudo pertence ao trust".

Durante um ano de trabalho incessante e incansável, se dedicou a garantir a vida e a sobrevida dele e de Temer. Ninguém conseguiu tira-lo da presidência da Câmara, apesar da atuação aberta, desabrida e criminosa. Muitos foram cúmplices por ação, Temer e seu grupo. Outra parte enorme, por omissão. E até o Supremo, depois de receber as denuncias do Procurador Geral, levou 4 meses para considerá-lo réu. Por unanimidade mas com atraso e constrangimento.Decisão sem efeito pratico, com Eduardo Cunha mais atuante e poderoso do que nunca.

O que se diz em Brasília sobre a "escolha", e a "nomeação" do líder do governo é tão vergonhosa, criminosa, serva, submissa e subserviente, que parece inacreditável. Mas é rigorosamente verdadeira. O presidente tinha um candidato oficializado publicamente, renunciou a tudo. Quem está nessa liderança: o amigo de Cunha.

Eleito por um partido que tem apenas 9 deputados. Respondendo a vários processos no Supremo. Mais 3 por irregularidades com dinheiro publico. E para estarrecimento geral, processado por tentativa de homicídio. Nenhuma surpresa, o fato de pertencer á bancada da bala.

Estarrecedor o episodio e o encontro Temer-Cunha no Jaburu. A nomeação de André Moura não foi uma conquista audaciosa de Cunha e sim o abandono medroso e temeroso do candidato do presidente provisório. Até gravações antigas foram ouvidas para reforçar a exigência-recompensa. Haja o que houver, Temer está obrigado impreterivelmente a se livrar de Cunha e do seu protegido. Cunha já deu sinais de medo.

Anunciou que hoje, segunda, voltaria á Câmara. Corrupto e sem caráter ou escrúpulos, recebeu a informação de que seria preso antes de chegar ao gabinete,assim que penetrasse em território da Câmara.Ordens do Supremo, que não suportou mais as criticas á sua complacência com  Eduardo Cunha.

Está sendo muito badalada, uma frase admirável do governador interino do Estado do Rio, Francisco Dornelles: "Até o vento muda de direção". Se usar a reflexão, Temer pode "recuperar" o prestigio que nunca teve. E já mudou de direção duas vezes em matéria de Ministério da Cultura.

Acabou com ele, ficou intransigente, recriou o Ministério sem falar com ninguém, nem mesmo com o inócuo e inútil Ministro da Educação. Motivo: recebeu o informe quase informação. O projeto de Renan Calheiros,restabelecendo o Ministério da Cultura, seria aprovado por consagração. Amanhã, o diplomata que já tomou posse como secretario da Cultura, será empossado como Ministro. Foi à promoção mais rápida da Historia.

PS- Temer tem conversado muito com o Ministro da Previdência, que pela primeira vez na Historia acumula com a Fazenda.Se ajustam nos números da aposentadoria. 70 anos para as mulheres, 75 para os homens. Como as resistências são enormes, admitem 65 para as mulheres, 70 para os homens.

PS2-  A coerencia-incoerencia de Temer não é só em relação à Cunha, é mais abrangente. Ele tem duas aposentadorias. Uma aos 55 anos, como Procurador do Estado de SP. A outra da Câmara. Os parlamentares se aposentam até com 8 anos de "serviço". Um mandato de senador ou dois de deputado. Vergonha. Indignidade. Assalto aos cofres públicos.

PS3- Perguntinha ingênua, inócua, inútil: Temer conseguirá a terceira aposentadoria? Como provisório? Ou mesmo que infinita e infelizmente chegue até 2018? Terá direito a segurança e todos os direitos e benefícios que a Constituição reserva e determina para os presidentes eleitos?



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