A especializada
e a judicialização do conflito?
(...) O
dinheiro gasto até hoje, não serviu para acabar com a ineficiência e a morosidade dos tribunais,
mas para engordar contracheques desde sempre generosos.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Em
2012 um estudo realizado pela Escola Nacional
de Mediação e Conciliação - ENAN, apontou que o “Custo das empresas
para litigar judicialmente” demonstrou que o
comprometimento das finanças das empresas com processos judiciais chega a quase
2% do que faturam em um ano, percentual que, em 2012 (ano da realização do
estudo), representou R$ 110,96 bilhões. Neste mesmo estudo, foi levantado que existiam, em 2012, 74,38
milhões de ações na Justiça das quais as empresas faziam parte – como autoras
ou réus.
As
pequenas empresas participaram de 22,80% das ações e gastaram o equivalente a
1,43% do que ganharam naquele ano em decorrência destes processos. Decorridos
quatro anos, nada mudou, e o custo aumentou. Não se pode atribuir a JT a total
indiferença ao tema trabalhista. É caso das doenças ocupacionais, levadas ao
tribunal. Prevista na Lei nº 8.213/91 (art. 20, incisos I e
II), é um capítulo no direito que exige completa e profunda afinação do juiz.
Este porem, não pode ser considerado um tema judicializado.
A
discussão sobre o tema judicialização ainda permanece no subterrâneo dos
interessados na sua permanência. Neste grupo estão os próprios integrantes do
judiciário, que são beneficiados com altos salários e vantagens, sem paradigma
em outra parte do planeta. Do total do orçamento do judiciário em 2015, foram
87% destinados ao custeio da folha de pagamento salarial. Por outro cerca de
15,5 mil juízes recebem em média soma de R$ 50 mil/mês, salário infinitamente
superior aos juízes dos EUA, Alemanha, Japão, Inglaterra entre outras nações do
primeiro mundo.
A
farra “tupiniquim”, evidentemente só está sendo boa, para os atores da justiça.
No cardápio das regalias estão viagens patrocinadas por instituições
interessadas em atrair a simpatia do judiciário, cursos, e outros “mimos”. No
contraste a tudo isso, nem um sorriso estampa o rosto dessa gente, ao contrário
as serventias atuam como autênticos bunkers,
e o mau humor é uma constante, os juízes não falam com advogados.
Desde
2003, o salário dos ministros da corte é referência para a remuneração máxima
no setor público. Na prática, a teoria é outra com subterfúgios usados para
proporcionar à magistratura vencimentos acima do teto. Dados disponíveis na
internet mostram gente ilustre a estourar o limite.
O
juiz Sergio Moro, da Operação
Lava Jato, recebeu 82.370 reais em setembro. O presidente da Associação dos
Magistrados Brasileiros, José Ricardo dos Santos Costa, 41.262 reais. O da
associação dos juízes federais, Antonio César Boechenek, 34.787 reais. Detalhe:
Todos discursam o fim da morosidade, mas nada fazem neste sentido.
A folha de pessoal no judiciário é a principal causa do
altíssimo custo. Existem 434.932 funcionários, entre juízes e servidores, que
oneraram em 89,5% das despesas totais em 2014. O salário médio alcançou 10,8
mil mensais. Neste mesmo ano, servidores de tribunais cercaram o Congresso em
uma pressão pela derrubada do veto presidencial à lei que reajustava o holerite
da turma entre 53% e 78%.
Se a lei vigorasse, o Judiciário ficaria 5 bilhões de
reais mais caro a partir de 2016 e o custo dobraria de 2018 em diante. No mesmo
Legislativo, a metamorfose por dinheiro não para, avança um projeto do STF, que
reajusta em 16% o salário dos 11 ministros da Corte. As excelências passariam a
receber 39.293 reais mensais, mas vantagens.
O dinheiro gasto até hoje,
não serviu para acabar com a ineficiência e
a morosidade dos tribunais, mas para engordar contracheques desde sempre
generosos.
O recorde de gastos
está detalhado na pesquisa “Abrindo a caixa-preta: três décadas de reformas do
sistema judicial do Brasil”, uma parceria entre Luciano da Ros, professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Matthew Taylor, da Universidade
Americana, de Washington. O trabalho completo só ficará pronto em 2016, mas Ros
publicou uma prévia.
Em “O custo da
Justiça no Brasil: uma análise exploratória”, há uma comparação das despesas
entre países. O gasto é de 0,32% do PIB na Alemanha, de 0,28% em Portugal, de
0,19% na Itália, de 0,14% na Inglaterra e de 0,12% na Espanha. Nos Estados
Unidos, 0,14%. Na América do Sul, a Venezuela consome 0,34%, o Chile, 0,22%, a
Colômbia, 0,21%, e a Argentina, 0,13%.
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