Presidente do BC, promete muito, confirma
pouco. Presidente provisório comanda sobrevivência do corrupto Cunha
HELIO FERNANDES
Normalmente
é um dos cargos mais importantes. Nas atuais circunstancias, de relevância
incalculável. Convidado e nomeado sem restrições, e recebendo um dilúvio de
elogios, devia ter sido mais cauteloso. Apressado,
garantiu demais, transformou a própria duvida, rigorosamente incerta, numa
quase verdade só que com 1 ano de espera. Lembremos as promessas da posse:
"Envidaremos esforços para trazer a inflação ao centro da meta, 4,5 por
cento".
E
concluiu de forma decepcionante: "Em 2017". Comentei na mesma hora:
"A promessa da inflação é audaciosa, o tempo,1 ano, sinalizava para 12
meses de duvidas ou até de adivinhações.
Ainda não
completou 1 mês de existência, e já vem a publico no Brasil e na Suíça, onde
está, e é obrigado a esclarecimentos, não quero nem chamar de desmentidos. Não
vai atingir a meta na prometida chegada aos 4,5 tão almejados, "vamos
trabalhar para ser em 2017, ou então no inicio de 2018". Visivelmente
desistiu do vago 2017, que se fosse em novembro ou dezembro, quase o mesmo que
o "inicio de 2018". Que não pode ser prorrogado, a não ser com outra "solução"
como a de agora, sem povo e sem eleição.
Esse
senhor Ilan, como é chamado por causa do sobrenome complicado, precisa entender
a extensão ou o tamanho da sua responsabilidade. A melhoria ou até a definição
para o Brasil não vem da política e sim da economia. A política só complica,
principalmente por causa do comprometimento empavonado, do presidente provisório.
Que luta insensatamente para misturar o desarvorado com o desiquilibrado, as
duas palavras quase sinônimos, na verdade conflitantes.
Isso tudo
leva e eleva ao paroxismo, qualquer coisa que venha do Banco Central. Prazos
precisam ter credibilidade, não podem vir seguidos do desmentido. Afirmações
têm que ser confirmadas.
Lamento,
mas nem os especialistas interessados estão acreditando no presidente do BC. Tentam
preservá-lo, desmentindo apenas os números. Não adianta nada. A realidade tem
que ser enfrentada com medidas praticas e verdadeiras, não apelando apenas para
a boa vontade. Terminemos a analise economica-financeira, mostrando a
contradição do comportamento no combate á inflação e a manutenção dos juros,
vergonhosamente altos.
A
presidente efetiva errou elevando os juros na alta e na baixa da inflação. A
inflação estava em 8 por cento, os juros em 7. Tombini aumentou os juros até 14,25,
à inflação chegou a 11,30. A partir de novembro de 2015 até abril de 2016, a
inflação veio para 7,4. Era uma chance de reduzir os juros, eles se mantiveram
impávidos e altaneiros em 14,25.
Veio o "novo" governo, ficou
a mesma coisa. Ilan assumiu o BC, trata intensamente da inflação, nenhuma
palavra sobre juros.
Perdão, diz
que não é hora de cuidar do assunto.Mas não é unanimidade entre economistas e
especialistas, que se combate inflação com alta dos juros? E com a queda o
presidente do BC fica silencioso e aparentemente satisfeito. Os juros não são
importantes? 14,25 quando já deveria estar obrigatoriamente em 10 por cento,
não representam crime? E quando a inflação estiver nos sonhados 4,5 em que
patamar estarão os juros. Falta conhecimente, coragem e competencia.
(J.P.Morgan
aposta: "Corte da Selic. virá em outubro". O CitiBank. mais
eclético, divulga: "A Selic será reduzida entre agosto e
novembro".Total insegurança. O Itaú não informa nem desinforma:"Queda
de juros só em 2017". Como se vê, adivinhações
para todos os gostos. Nem o proprio presidente do BC pode ficar irritado. Os
especialistas tão inseguros quanto ele).
Alemanha e França não perdoam
Cameron
Anteontem,
a primeira vez que Merkel e Hollande se encontraram pessoalmente
com Cameron. Já vinham de longe, criticando duramente o Reino Unido. Injustiça,
pois o Primeiro Ministro era a favor da permanencia, foi derrotado. E precisa
de tempo, para consumar a saida. Alem dos problemas economicos e
administrativos. completa turbulencia politica.
È
impossivel desfazer uma aliança de 43 anos, em algumas semanas. Ninguem sabe até agora, quem será o futuro
Primeiro Ministro. Para complicar, pode ser Trabalhista ou Conservador. Muitos
nem querem saber. Mas existem 6 deputados, 3 em cada partido, que declaram: "Serei
o Primeiro Ministro". È o caos no país e no Parlamento.
O presidente provisório, se arrisca para salvar Cunha
Nos meios
politicos e setores jornalisticos, um assunto está presente diariamente: o
relacionamento entre Michel Temer e Eduardo Cunha. E não ha disc ordancia, ao
contrario, inesperada unanimidade: "Não pode ser apenas amizade,tem que
existir alguma coisa até agora não desvendada".
Tres
encontros em 10 dias, desgaste completo para o presidente provisorio, que não
tem tanto capital para desperdiçar. O primeiro e o segundo, condenavel pela
facilidade com que Cunha transita pelo Jaburu. Já ressaltei: ele jamais vai ao
Planalto, acha a residencia não tão visivel. Acontece que isso é Brasilia: assim
que ele chega, todos sabem.
O
terceiro encontro, execravel. Inadmissivel. Inacreditavel. Foi o proprio Temer
que chamou ao Jaburu o ex-presidente. Pediu isso mesmo, pediu a Cunha que
fizesse exame da situação politica do país, "e como deverei agir para
manter o controle da Camara". Já revelei com exclusividade os
"conselhos" de Cunha. Mas não terminou por aí. Cunha falou sobre a presidencia
da Camara, e disse textualmente: "Você pode me ajudar a voltar á
presidencia da Camara". Nem protesto ou discordancia de Temer, Cunha deu
toda a receita, cumprida á risca, até agora.
Como o
problema de Cunha está na Comissão de Constituição e Justiça, (CCJ) Temer
cumpriu todo o roteiro determinado por Cunha. Mandou um assessor convidar o
presidente da CCJ, Osmar Serraglio, para ir ao Planalto. Chegou logo, o
presidente provisorio recitou: "Quero que você trate pessoalmente da
questão do Eduardo Cunha. Indique como relator o deputado (disse um nome
desconhecido) se possivel ainda hoje". Não havia
mais nada a tratar, voltou para a Camara.
Chamou o deputado, disse, "você será o relator
do processo do Eduardo Cunha". Acreditou que ia surpreender o deputado, tipico
baixo clero. Surpreendido foi ele com a resposta: "Já estou trabalhando no
parecer". Falou pelo telefone com Cunha,voltou para o gabinete de
Osmar,"pediu prorrogação do prazo". Concedido na hora.
Um escandalo, Osmar foi criticadissimo pelos
colegas, mas procurado por reporteres de televisão. Falou: "A CCJ
tem 65 membros, o relator é só 1" Olhando para câmera de TV,apontou o
dedo na "cara do
telespectador", e rindo, gritou, "só 1". “Indecencia e
indignidade".
Mas a
coordenação presidencial não termina aí. Cunha diz que "não renuncia,
quero voltar á presidencia ". O apaniguado de Cunha na CCJ, pede mais
prazo para processo de Cunha. O acolito dele na liderança do governo, afirma
publicamente: "O processo de Cunha tem que terminar no maximo em 15
dias". Não é só indignidade. È preciso inventar outra palavra, mais
elucidativa.
O perdão e a prisão de Dirceu
Muita
gente no mundo politico e juridico ficou surpreendido e levou um susto. O
Procurador Geral pediu ao Supremo, perdão para o ex-Ministro Chefe da Casa
Civil.Ele estava condenado pelo processo do mensalão. Cumpriu uma parte preso,
estava em prisão domiciliar, quando foi novamente preso e enquadrado na
Lava-Jato. Continua na prisão, e não existe a menor duvida de que será
condenado novamente.
Existem
duas versões a respeito da questão. 1-Janot sabe ou soube que José Dirceu será
condenado, novamente, e não demora muito. Como seria a segunda condenação, teria
que ir para uma penitenciaria imediatamente. Considera que a reação seria
desfavoravel. E como falta pouco tempo, não seria absolvição e sim
perdão-anulação.
2- Voltaria
a não ter prisão. Se fosse condenado pela Lava-Jato, não iria para uma
penitenciaria. E caberia recurso para o STJ e STF. De qualquer maneira, o Supremo
daria a ultima palavra em tudo. Por enquanto, tem que decidir, contra ou
a favor do pedido de perdão. Enquanto escrevo, vem a noticia: Dirceu se torna réu pela segunda vez na Lava-Jato. As coisas se
complicaram.
A propósito de Supremo
o
Ministro Dias Toffoli, mandou libertar o ex-Ministro Paulo Bernardo.A
libertação de alguem, geralmente é uma boa noticia.No caso é preocupante, pois sozinho,Toffoli reformou a
Constituição.Até agora, só algumas pessoas tinham foro privilegiado.
A partir
de hoje,com a jurisprudencia Toffoli, até imoveis têm esse privilegio. E
pensar que Lula lutou e insistiu tanto para ser considerado Ministro o e não ir
para Curiiba. Bastava morar num apartamento"funcional", e estaria tudo
resolvido.
PS- Personagens
importantes do Brasil, já foram mais cautelosos e respeitosos, consigo mesmo e
com a opinião publica. Ontem, num jantar em homenagem ao
presidente
provisório ,estavam presentes Gilmar Mendes e Otavio Noronha.
PS2- Os
três não poderiam estar juntos. O presidente provisório, como homenageado, teria
que estar presente. Os outros dois não poderiam comparecer.
PS3-
Motivo: Gilmar Mendes é presidente do TSE. Otavio Noronha é Ministro desse TSE.
Ha meses estão com o processo para julgar e obviamente cassar a chapa
Dilma-Temer. Estão descumprindo o dever, algum dia terão que realizar o
julgamento. Votando contra, a favor, ou arquivando.
PS4- Otavio
Noronha é a favor da cassação da chapa. Gilmar é uma incógnita. Maria Tereza
Moura, a relatora, ha 5 meses com o processo, contra a cassação. Se tivessem
realizado o julgamento no tempo certo, não teria acontecido tudo o que
aconteceu.
PS5- No
momento o placar está 3 a 3. São 7 Ministros, existe tendência forte de
arquivamento. Um acordo. Dona Dilma não será mais atingida. Haveria a
possibilidade de eleição indireta.