Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 23 de maio de 2016

SEGUNDO GOVERNO:

O desgoverno Temer não resiste a manchete de jornal, o Primeiro Ministro (Jucá) é atingido irremediavelmente

HELIO FERNANDES

A segunda feira tormentosa e rumorosa do presidente provisório começou no domingo. Por volta de 3 da tarde. De roupa esporte, via televisão, a sua mais agradável e até excitante atividade intelectual. Recebeu telefonema alarmante mudou todo o roteiro do fim de semana.

Alguém com informação de "cocheira" (como se diz no jargão jornalístico) lhe deu conhecimento da matéria que sairia na Folha da segunda. Sem conhecê-lo, minha admiração por esse informante, total. Ditou a manchete, leu os trechos principais e arrasadores. Quando fica em SP, um jatinho da FAB está sempre á disposição.

Mandou comunicar que sairiam logo, chamou o chefe do policiamento perto de sua casa, que tinha naquele momento, quase 5 mil pessoas. Depois que ele saiu, a manifestação diminuiu muito. Enquanto se vestia falou rapidamente: "Acabe com a manifestação, ninguém pode ficar aqui á noite, mesmo que precise destruir as barracas". Não exibia mais o sorriso pretensioso e presunçoso, surgia o verdadeiro Temer. Sentindo que a realidade se apresentava vingativa, se vingava antecipadamente das ruas.

 O dialogo é ultrajante, e os interlocutores mais do que notórios. Sergio Machado, presidente da poderosa Transpetro, era citadissimo como "o homem do PMDB na Petrobras". Muito antes do estrondo do petrolão. Seu cargo, autônomo e bastante mais importante do que qualquer diretoria. Descoberto logo no inicio, protegido pelos beneficiários da cúpula do PMDB, pediu "licença por 90 dias", acabou permanente.

Sobrou apenas a certeza da corrupção que praticara, o medo e o susto como consequencia, Machado tem agravante. A desonestidade congênita e adquirida. O pai, Ministro dos Transportes de Jango, foi cassado por corrupção.

No atual Primeiro Ministro de Temer, o que espanta é a sua capacidade de sobrevivência e de mistificação. Ministro foi demitido, deixando um rastro de irregularidades. Nada lhe aconteceu, perdão, o que aconteceu foi à permanência e a promoção na vida publica. Jucá foi líder no Senado de FHC, Lula e Dilma.

Quando Temer abandonou as catacumbas, deixou de ser "decorativo" para assumir a traição e o governo sem eleição, anunciou, "o PMDB está desembarcando do governo". Escolheu então Jucá para "comandante" desse desembarque. O senador Waldir Raupp, que era sempre o segundo de Temer na presidência do partido, preterido, reclamou. A resposta publica e badalada: “O Jucá é muito mais operacional".

 Esse "desembarque" coincidiu com a conversa calamitosa Jucá-Sergio Machado. E a afinidade e a proclamada junção de objetivos deles. Jucá e Machado deviam ser punidos pelos crimes e a burrice de ainda fazerem afirmações como as que foram reveladas agora. Não ha mais sigilo, nem em dialogo a dois. 

Basta um celular no bolso ou até em cima da mesa, o que era provisório se prolonga. Até ser descoberto. O secretario de Delcídio Amaral, chamado pelo Ministro Mercadante, estranhou e desconfiou. Foi mas com um celular, gravou horas de conversa dita, acreditada e imaginada sigilosa.

Na época, eufórico, empolgado, Jucá contou ta Temer, ainda restrito ao Jaburu. Esse "pacto” (Jucá enfatizou a palavra-chave para chegar ao poder) provocou entusiasmo em Temer. Foi aí que decidiu entregar a Jucá a "operação desembarque”. Uma única pergunta restritiva de Temer:"Por que Sergio Machado?Ele não é de confiança, é pessoa de Renan Calheiros. Não é do nosso grupo e  não fará parte do governo que montaremos".

A segunda feira começou terrível e desagradável para Temer. Chamou Jucá, decidido a demiti-lo imediatamente, conforme contou a três intimissimos. Mas como sempre, mudo de posição. Proposta: "Você me disse que dará entrevista coletiva, explicando tudo. Se a repercussão da entrevista for positiva, fica tudo esquecido".

PS- Isso que está mostrado aqui é o que aconteceu de domingo á tarde até segunda ás 13 horas. A entrevista de Jucá, vergonhosa, mentirosa, é uma saudação, reverencia, mistificação e subserviência diante da Lava-Jato.


PS2 Quase tudo exclusivo. De agora, 1 da tarde, sem final previsto, tudo pode acontecer. Jucá ser "prestigiado" ou demitido. Temer em matéria de caráter ou credibilidade, é tão P REVISÍVEL quanto IMPREVISÍVEL. Ou IRRESPONSAVEL.

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