O desgoverno Temer não resiste a
manchete de jornal, o Primeiro Ministro (Jucá) é atingido irremediavelmente
HELIO FERNANDES
A segunda
feira tormentosa e rumorosa do presidente provisório começou no domingo. Por
volta de 3 da tarde. De roupa esporte, via televisão, a sua mais agradável e
até excitante atividade intelectual. Recebeu telefonema alarmante mudou todo o
roteiro do fim de semana.
Alguém
com informação de "cocheira" (como se diz no jargão jornalístico) lhe
deu conhecimento da matéria que sairia na Folha da segunda. Sem conhecê-lo,
minha admiração por esse informante, total. Ditou a manchete, leu os trechos
principais e arrasadores. Quando fica em SP, um jatinho da FAB está sempre á
disposição.
Mandou
comunicar que sairiam logo, chamou o chefe do policiamento perto de sua casa, que
tinha naquele momento, quase 5 mil pessoas. Depois que ele saiu, a manifestação
diminuiu muito. Enquanto se vestia falou rapidamente: "Acabe com a
manifestação, ninguém pode ficar aqui á noite, mesmo que precise destruir as
barracas". Não exibia mais o sorriso pretensioso e presunçoso, surgia o
verdadeiro Temer. Sentindo que a realidade se apresentava vingativa, se vingava
antecipadamente das ruas.
O
dialogo é ultrajante, e os interlocutores mais do que notórios. Sergio Machado,
presidente da poderosa Transpetro, era citadissimo como "o homem do PMDB
na Petrobras". Muito antes do estrondo do petrolão. Seu cargo, autônomo e
bastante mais importante do que qualquer diretoria. Descoberto logo no inicio,
protegido pelos beneficiários da cúpula do PMDB, pediu "licença por 90
dias", acabou permanente.
Sobrou
apenas a certeza da corrupção que praticara, o medo e o susto como
consequencia, Machado tem agravante. A desonestidade congênita e adquirida. O
pai, Ministro dos Transportes de Jango, foi cassado por corrupção.
No atual
Primeiro Ministro de Temer, o que espanta é a sua capacidade de sobrevivência e
de mistificação. Ministro foi demitido, deixando um rastro de irregularidades. Nada
lhe aconteceu, perdão, o que aconteceu foi à permanência e a promoção na vida
publica. Jucá foi líder no Senado de FHC, Lula e Dilma.
Quando
Temer abandonou as catacumbas, deixou de ser "decorativo" para
assumir a traição e o governo sem eleição, anunciou, "o PMDB está
desembarcando do governo". Escolheu então Jucá para "comandante"
desse desembarque. O senador Waldir Raupp, que era sempre o segundo de Temer na
presidência do partido, preterido, reclamou. A resposta publica e badalada: “O
Jucá é muito mais operacional".
Esse
"desembarque" coincidiu com a conversa calamitosa Jucá-Sergio
Machado. E a afinidade e a proclamada junção de objetivos deles. Jucá e Machado
deviam ser punidos pelos crimes e a burrice de ainda fazerem afirmações como as
que foram reveladas agora. Não ha mais sigilo, nem em dialogo a dois.
Basta um
celular no bolso ou até em cima da mesa, o que era provisório se prolonga. Até
ser descoberto. O secretario de Delcídio Amaral, chamado pelo Ministro
Mercadante, estranhou e desconfiou. Foi mas com um celular, gravou horas de
conversa dita, acreditada e imaginada sigilosa.
Na época,
eufórico, empolgado, Jucá contou ta Temer, ainda restrito ao Jaburu. Esse
"pacto” (Jucá enfatizou a palavra-chave para chegar ao poder) provocou entusiasmo
em Temer. Foi aí que decidiu entregar a Jucá a "operação desembarque”. Uma
única pergunta restritiva de Temer:"Por que Sergio Machado?Ele não é de
confiança, é pessoa de Renan Calheiros. Não é do nosso grupo e não fará
parte do governo que montaremos".
A segunda
feira começou terrível e desagradável para Temer. Chamou Jucá, decidido a
demiti-lo imediatamente, conforme contou a três intimissimos. Mas como sempre,
mudo de posição. Proposta: "Você me disse que dará entrevista coletiva,
explicando tudo. Se a repercussão da entrevista for positiva, fica tudo
esquecido".
PS- Isso
que está mostrado aqui é o que aconteceu de domingo á tarde até segunda ás 13
horas. A entrevista de Jucá, vergonhosa, mentirosa, é uma saudação, reverencia,
mistificação e subserviência diante da Lava-Jato.
PS2 Quase
tudo exclusivo. De agora, 1 da tarde, sem final previsto, tudo pode acontecer. Jucá
ser "prestigiado" ou demitido. Temer em matéria de caráter ou
credibilidade, é tão P REVISÍVEL quanto IMPREVISÍVEL. Ou IRRESPONSAVEL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário