Miguel
Reale Jr.: não tão brilhante, muito incoerente. Quando pediram o impeachment de
FHC ficou contra, apesar do crime gravíssimo praticado por ele
HELIO FERNANDES
Na
Comissão especial, foi veemente mas não convincente. Desperdiçou os 30 minutos
que lhe cabiam, insistiu muito em replicar o que Dona Dilma tem utilizado
vastamente: "Esse impeachment é golpe, o que está na Constituição é outro,
completamente diferente". O jurista nem se lembrou de 1997/1998 quando
pediram o impeachment do então presidente FHC.
Miguel
Reale estava no apogeu, recusou qualquer apoio, nem se manifestou. O crime de
FHC foi gravíssimo, comprou a reeleição com altíssimos pagamentos (na casa de 1
bilhão), feitos por banqueiros e empresários poderosos, que depois foram
recompensados.
Na época,
FHC foi ajudado e salvo pelo Presidente da Câmara, o mesmo Michel Temer de
agora. Curiosidade ou coincidência: Reale ficou longe, favoreceu Temer. Agora
fica perto, do mesmo lado e "convicção" do conspirador em causa própria,
que ha 15 anos (e mais 2 da reeleição de agora) preside o PMDB. Logo que acabou
o depoimento, o primeiro telefonema recebido por Miguel Reale Jr, lógico, foi
justamente do possível beneficiado, Michel Temer.
A dramática,
fantástica e catastrófica crise de hoje, vem desse tempo de FHC. Se não
existisse reeleição, Dilma ficaria até o fim de 2014, viria outro presidente,
poderia até errar mais ou tomar providencias inteiramente diferentes. Mas de
qualquer maneira a não reeleição preservaria o principio que Rui Barbosa
colocou na Constituição de 1891, e garantiria a alternância do poder.
Meu
primeiro advogado, (em 1957) mestre Evandro Lins, nas nossas intermináveis
conversas, dizia: "Helio, se você chegar num país, e não conhecer o regime
político, pergunte se ha alternância no poder. Se houver, é uma
democracia".
Essa
Comissão não tem maior importância. São 65 deputados que estão se
desentendendo, brigando, numa hostilidade visível e constrangedora. Na verdade estão
passando tempo, até que se esgote o prazo de 10 sessões para a defesa de Dona
Dilma. Aí, depois de preliminares, haverá a importantíssima votação no plenário.
Serão então 513 deputados, cinco vezes mais do que nessa Comissão, digamos
preparatória.
Aí os
dois lados terão que cumprir o que está previsto. A favor do impeachment, 342. Contra,
172. Fora as abstenções ou os que não comparecerem, por vontade própria, ou
"cooptados" satisfatória e generosamente.
Na
quarta, predominância do voto "ideológico" do ex - Ministro da
Justiça de FHC. Ontem, quinta, aula de dois completos conhecedores da
profundidade da economia. Um deles, Ministro da Fazenda. O outro professor de
Direito Econômico. Não apelaram para a "ideologia", foram ouvidos atentamente,
admirados e aplaudidos. Como sempre a parte da "provocação" hostil
ficou a cargo do exibicionista Julio Lopes. Minha convicção e esperança
continua a mesma que defendo com intransigência.
O
impeachment é derrotado, Dona Dilma continua no cargo. Dentro de algum tempo, a
chapa Dilma -Temer é cassada, convocada eleição direta para dentro de 60 ou 90
dias. Temer não será candidato. Cunha e Renan, não assumirão, quem comanda: o
presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski. (Quem sabe não chega a vez de
Dona Marina, na terceira oportunidade?)
O Supremo garante a privacidade de Dilma, não
trata, nem de longe, do foro privilegiado de Lula
Ninguém
esqueceu. Ha 15 dias, com grande repercussão, foi gravada conversa Dilma-Lula.
Ela não tinha nada com isso, foi "apanhada" indiretamente. O Advogado
Geral da União entrou no Supremo com medida cautelar. Pedia que nada que
envolvesse a presidente, fosse julgado pela primeira instancia. Como era
Lava-Jato estava "prevento" ao Ministro Teori Zavascki. Ontem
decidiram, por 8 a 2, que presidente tem fora especial, só pode ser julgada
pelo Supremo.
Nada a
ver com Lula, não falaram o nome dele, e o Advogado Geral da União, não pode
defender um particular, como é o caso de Lula. Existem varias ações envolvendo
o ex-presidente, mas nenhuma "preventa" com o Ministro Zavascki. O
que o Supremo tem que decidir.
1--Lula pode ser Ministro?
2-Sem ser Ministro, tem direito a foro privilegiado?
O
Procurador Geral da Republica fez a proposta inovadora, mas sem muita
receptividade no plenário: o ex-presidente poderia ser Ministro, continuando a
ser julgado por Sergio Moro, tudo o que ele não quer. Como o Ministro Gilmar
Mendes deu um voto libelo contra Lula, querem esperá-lo.
Agora já
não tem muita importância, que Lula seja ou não seja Ministro. Inacreditável e
incompreensível: as televisões riquíssimas, com repórteres e comentaristas importantíssimos,
"naufragaram" no noticiário, desinformaram a opinião publica.
Passaram a tarde revelando: “que o Supremo determinara que todas as questões
envolvendo o ex-presidente, teriam que ir diretamente para o Supremo".
.................................................................................................................
Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com os colunistas,
através do: e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
ESTA MATÉRIA PODE SER REPUBLICADA DESDE QUE CITADO O NOME DO AUTOR
Prezado, permita um reparo: o telefone grampeado era o da Presidência da República. Não foi apanhada indiretamente.
ResponderExcluirhttps://m.facebook.com/story.php?story_fbid=671142243025630&id=280853248721200
Prezado, permita um reparo: o telefone grampeado era o da Presidência da República. Não foi apanhada indiretamente.
ResponderExcluirhttps://m.facebook.com/story.php?story_fbid=671142243025630&id=280853248721200