Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Editoria: Helio Fernandes. Subeditoria: Roberto Monteiro Pinho
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Temer, convencido que já é ou será "presidente", tenta influenciar e até intimidar o TSE: "Minhas contas são claras ao entrarem limpas, ao contrario da presidente"

HELIO FERNANDES

Ao entrar com recurso no mais alto tribunal, o vice afirmou: "È a primeira vez que trato do assunto, não tenho nenhuma preocupação".  Mistificação, vá lá, esquecimento. Ha dois meses convocou juristas, se reuniu com eles demoradamente no majestoso Jaburu. Os juristas fizeram restrições, colocaram o problema, no mínimo com reservas. 48 horas depois, revelei a conversa, assim, textualmente: "Temer convocou um caminhão de juristas, não ficou satisfeito com as conclusões.

O tempo passou, tentou a reunificação com ele, escreveu a carta, conspirou, rompeu com Dona Dilma, abocanhou alguns votos. Decidiu: era hora de tomar posição aberta. Veio então o "desembarque" do PMDB, a estratégia do "efeito manada", fracasso em cima de fracasso. Ficou desolado e isolado, não sabia o que fazer. Aí, inesperada e surpreendentemente, os erros, os equívocos, a incompetência e o desgaste de Lula, que não consegue ser Ministro, viraram rapidamente o placar. Com a fila enorme de carros na sua porta, terça e quarta, aumentou a sensação da vitoria não permanente, obrigou ao recurso no TSE, único obstáculo para o poder de verdade, embora transitório. 

Empossado, logo, logo, desgastado

Temer estará no Planalto, mais rapidamente do que imagina. O resultado na Câmara é quase irreversível, e a debandada a favor do impeachment, tende a ser maior. Hoje e amanhã, sexta e sábado, mas no próprio domingo. Por causa das artimanhas do corrupto Eduardo Cunha. Começando ás 2 da tarde, já com a sensação de derrota do governo, os votos nitidamente a favor do impeachment, nada improvável, aumentarão.

O ritmo de derrota mais do que visível

Ontem, o tom e o ritmo dos deputados com quem conversei, não precisavam de interpretação ou analise mais demorada. Governistas informantes do tempo do jornal impresso: "Não posso nem quero te enganar, não temos mais nenhuma chance". Pró impeachment, eufóricos e felizes: "Já ganhamos, podemos chegar ou passar dos 400 votos". Não era imaginação e sim realidade.

A avalanche e a felicidade no bunker de Temer, inimaginável. Só que ele não tem a menor condição de governar. O ministério de "notáveis”, quimera que irá se desfazer imediatamente. O melhor exemplo: Arminio Fraga para a Fazenda. Não admitiu nem conversar, só muitos levianos aceitariam participar de um governo que não tem prazo de validade. Pode começar e acabar, não irá se firmar. O economista Arminio Fraga, todas as condições pessoais para o cargo. Ideológica e circunstancialmente, nada a ver, tinha que recusar mesmo.

Temer: empossado, logo, logo desgastado

O frenético e esquizofrênico-presidencialismo-pluripartidarismo, sistema político partidário que combato ha 20 anos, impede qualquer governo. O presidente precisa do Congresso, o Congresso submete e subjuga o presidente. Temer sabe muito bem disso, fez carreira, aproveitando suas falhas e brechas, ou como me dizia Tancredo Neves, muito antes de chegar à presidente: "Não é um sistema, são buracos e igarapés, que precisam ser preenchidos de comum acordo”. Temer conhece muito bem o sistema, foi Presidente da Câmara, como segundo suplente em exercício.

Coordenado por Renan Calheiros.

Nada surpreendente que nos primeiros 2 ou 3 meses, haja euforia do "mercado", que apoiou a derrubada de Dilma, por interesses pessoais e financeiros. A Bovespa pode chegar a 65 mil pontos, (como vaticinou a Morgan Stanley), o dólar fique num patamar agradável para os empresários elitistas, que lançaram o "não pagaremos o pato". Mas a comunidade se manifestará logo contra. Não o governo dito  de "salvação nacional", mas que salvará apenas os que "ajudaram" a derrubar a presidente e entronizar o vice.

O país não precisará esperar muito. Nossa esperança é que o TSE cumpra integralmente seu dever e assuma as responsabilidades. Mas não precisa esperar meses. A questão é simples, de corrupção na campanha. A Andrade Gutierrez já aplainou o caminho.

A entrevista epitáfio que Dilma quis transformar em sobrevivência 

Não tinha nada que conversar com jornalistas. Eram 9, no final chegou mais 1, nenhuma importância. 5, profissionais competentes, neutros, queriam informação para permitir a interpretação e o comentário. Os outros 4, ligadíssimos a Temer, logo que acabou, o Jaburu sabia de tudo.Vibravam.

Dilma queria colocar a duvida sobre o que acontecerá na Câmara, ficou assim. "Se eu perder, serei carta fora do baralho". Precisava apelar para o lugar comum. Ou então o outro lado: "Se eu ganhar, como espero, farei um governo de união nacional, de crescimento, dialogo com todos". Como Temer falou em "salvação nacional", ela apelou para a "união nacional". Por que não fez antes? Desde a reeleição, 15 meses perdidos, agora não dá mais, nem para ela nem para Temer.

A Comissão da falta de ética

Reunida mais uma vez, o clima que dura quase 6 meses. Comando total de Eduardo Cunha que faz e desfaz. Agora esta manobra: o antigo relator, renunciou, o presidente da Câmara quer ficar com maioria, indicar um apaniguado. O presidente José Carlos Araujo resiste bravamente, com outros deputados. Ele não quer que testemunhas deponham contra ele. Entrou com recurso no Supremo, perdeu duas vezes. Não esconde, declarou: "Vou ficar no cargo até o fim, passarei a presidência ao sucessor". Com meses de antecedência, os candidatos dele á sucessão: Rogerio Rosso e Jovair Arantes. O Presidente e o relator da Comissão Especial, não eleitos e sim indicados por ele.

Dilma recupera a esperança

Ao meio dia, depois de uma reunião com Ministros (Lula não estava, não é Ministro), demitiu 4 Ministros. Todos são deputados, retomarão o mandato para votar contra o impeachment. Momentos depois, três afirmações de Leonardo Picciani, líder do PMDB. 1- 90 por cento dos deputados do PMDB, votarão a favor do impeachment.

Como são 69, o governo terá apenas 7 votos. E os Ministros que estão reassumindo?  2- O PMDB não punirá nenhum deputado que votar contra o impeachment. 3-Eu, pessoalmente, votarei contra o impeachment
O Supremo decide varias questões sobre o impeachment

Ontem mesmo entraram no mais alto tribunal do país, 6 ações a respeito do impeachment. Duas delas pediam a mudança da ordem dos votos, no domingo.O presidente determinou que a votação começasse pelo Rio Grande do Sul e fosse seguindo .

O Nordeste onde aparentemente o governo tem mais votos, ficaria para o fim. Diversos deputados, querem que seja por ordem alfabética, como aconteceu no processo Collor. E não prejudica nem favorece ninguém. O Supremo estava em sessão, o Ministro Marco Aurélio fez uma proposta, aceita por todos.

Como a questão é urgentíssima, pois a votação começa amanhã, levantariam a sessão, iriam para seus gabinetes estudar as matérias, voltariam para o plenário ás 5 e meia. Nesse meio tempo, o Advogado Geral da União entrou com recurso, pedindo a anulação do processo. Foi sorteado o Ministro Fachin. O Advogado falou sobre esse recurso, na primeira vez em que falou na Comissão. Registrei aqui, mas ressaltei: "Tem que ser feito com urgência, antes da votação”. Demorou, pode perder. 

Enquanto os Ministros estudam, o presidente da Câmara mudou de posição, contrariando o roteiro que ele mesmo escreveu. Ficou assim: a votação será alternada, um deputado do Norte outro do Sul. Às 6 quase em ponto, os Ministros voltaram, depois de um acordo para não falarem a noite toda, era muito tarde. Ressalvaram apenas o tempo do relator. Mas não resistem, levaram mais de 3 horas e meia. E ratificaram a decisão do presidente da Câmara.

Podiam ter usado apenas 40 minutos, vá lá, 1 hora. Seguindo o voto do relator, Marco Aurélio, que recomendou que a escolha fosse por ordem alfabética. Ou o voto do Ministro Teori Zavascki, rápido e fulminante. Estranhou que demorassem tanto, e quase todos falassem no possível "efeito cascata". Terminou magistralmente: esse possível efeito cascata, só se acaba, não havendo o "voto nominal", o que é inconstitucional. Levaram mais duas horas, desperdiçando o tempo.  Um deputado do Sul, outro do Norte, do Nordeste, do Sudeste, até o fim.
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