Titular: Helio Fernandes

sábado, 2 de abril de 2016

O ministro Luiz Roberto Barroso desalentado, revela seu estarrecimento, diante do espetáculo político deprimente montado pela cúpula do PMDB.

HELIO FERNANDES

"Meu Deus do Céu, essa é a nossa alternativa". Está aí o resumo da fala do Ministro do Supremo, numa conferencia com alunos, professores e espectadores eventuais. O Ministro sabia que a conferencia estava sendo gravada, o que não o compromete de maneira alguma. Pelo contrario, exalta sua coragem e desprendimento. Nem ele nem ninguém imaginava a repercussão que obteria, manchetes de jornais, noticias e comentários elogiosos nas televisões.

Suas palavras ganharam destaque, pela razão muito simples de que representam o sentimento de revolta geral, disse o que todos querem dizer, principalmente o povo "das ruas", praticamente de diversos setores. Luiz Barroso passou a ser exaltado e até reverenciado, falou a mesma linguagem dos manifestantes, que diante do Congresso, protestavam e retumbavam: "Vocês não nos representam".

Agora, esses mesmos que não representam o povo, se reúnem na convenção da falta de vergonha, e comunicam: "Desembarcamos do governo". “Nem isso conseguiram". Depois de 5 anos de subserviência e servidão ao governo, usufruindo de numerosos e importantes cargos, vislumbraram maiores lucros e oportunidades, se declarando independentes. E começaram a grande marcha da conspiração para derrubar a presidente. 

Mas como são apenas profissionais do oportunismo bem sucedido e não estrategistas de objetivos positivos se complicaram de forma irreversível. E onde tentaram colocar a palavra DESEMBARCARAM, todos leram imediatamente, NAUFRAGARAM. E esse PMDB da subserviência habitual, teve que voltar ao "mercado" para acumular votos a favor do impeachment e da sobrevivência momentânea. No desembarque do PMDB, eram comandados por Michel Temer, o decorativo do nada.

Agora nessa disputa no mercado por votos cada vez mais caros, pois são disputados pelos dois lados, Michel Temer continua aparecendo como sempre, só que é o estrategista da derrota. E aqueles que considerava derrotados, têm acesso direto ao Planalto, onde a presidente passa dias e noites, quase não vai ao Alvorada.

Enquanto isso, Temer se refugia em São Paulo, têm encontros, almoços e jantares com grandes empresários, submete (que palavra) a eles, seu ministério de "notáveis". Exibindo um "projeto de recuperação". Faz a mesma coisa que o amigo FHC, quando precisava de apoio e dinheiro, (muito dinheiro), para comprar a reeleição.

Exibindo um "projeto de recuperação". Faz a empresários comprometidos.

Surgiu um complicador para o vice: teve que vir a publico com a declaração falada e assinada: "Não farei intervenções em questões judiciais, nem na Lava-Jato". Exatamente o contrario do que vem diariamente tratando e prometendo, a empresários comprometidos.

Temer e seus acólitos e apaniguados, já na têm mais certeza de que serão herdeiros do impeachment. Do ponto de vista interno, o presidente Renan, foi conciso, preciso e definitivo: "O PMDB foi precipitado". E se mandou para o Planalto, tinha reunião com a presidente. Na analise sobre a posição dos outros partidos, que chamaram de "efeito manada", nova interpretação equivocada. Esses partidos que segundo Temer, seguiriam o PMDB, desgarraram dele, só pararam na fila da adesão que se formou no Planalto.

Não quero defender a presidente, admito a sua saída, mas pela cassação da chapa, ela e Temer, como tenho comentado. Ela não compra votos, cumpre a disposição desse estapafúrdio sistema pluripartidário. Se não formar uma base partidária, não governa. Para formar essa indispensável base, precisa "conversar". O lado dito oposicionista, que não consegue fazer oposição legitima e democrática, tenta se colocar como "salvação da Pátria", o que seria uma nova traição, se conseguisse ser ouvida e seguida.

De qualquer maneira, segunda feira haverá a ultima sessão da Comissão Especial. Começará então a defesa da presidente, o pronunciamento do relator, a votação. Os partidários de Temer, preocupadíssimos, trocaram o celular pela maquininha de somar, não conseguem disfarçar a inquietação e ansiedade.O time governista mais tranqüilo, nenhum dos lados pode explicar os motivos.

O resultado dessa Comissão apenas constitucional, não pode servir de projeção para o que acontecerá no plenário. A votação na Comissão só seria decisiva e interpretativa, se o lado vencedor tivesse ,digamos, uma vantagem de 50 a 15, ou 45 a 20. Aí seria uma tendência. Mas não acontecerá.

Inflação, juros PIB, dólar

Nem só de lava - jato não vive ou não sobrevive o Brasil. Mas todos os quatro itens, são fatores fundamentais da crise monumental que se prolonga. A inflação não consegue vir abaixo de 9 por cento, embora o Ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, tenham definições diferentes. 4 e meio por cento para Tombini, 6 e meio pára Barbosa. Ficarão longe da realidade. 

Em matéria de juros, Barbosa não tem opinado, Tombini totalmente cauteloso, o que significa, inseguro e desinformado, textual: "A partir de julho, provavelmente teremos alteração na Selic". Como os juros já estão num patamar vergonhoso, não podem subir mais. Então a conclusão fica facílima. Quanto ao dólar, o governo, perplexo, não sabe o que fazer. Já bateu em 4,15, o BC fez tudo para derrubá-lo. Ontem fechou a 3,56, o mais baixo dos últimos tempos, Tombini se lamentava. Constatação: agiam por controle remoto, não tinham e continuam não tendo expectativa ou limite, para cima ou para baixo. Finalmente o PIB. Ontem, oficialmente reconheciam queda de 3,5 por cento. Mas banqueiros Fundos e outros especialistas, já se firmavam numa queda de pelo menos 4,5 por cento.

Cid Gomes, Temer, Eduardo Cunha

Ontem ás 16,15, o ex-governador eleito e reeleito do Ceará reaparecia. E apresentava na Câmara, pedido de impeachment do vice presidente da República. O pedido está com o presidente da Câmara, intimissimo do vice. Não custa lembrar: ainda Ministro, Ciro foi para a tribuna da Câmara, fez discurso violentíssimo contra Cunha, que presidia a sessão. Quando terminou, o próprio Cunha comunicou que o ainda Ministro seria demitido.

Cunha não estava mentindo: Ciro não precisou chegar ao Planalto, para conhecer a realidade. Naquela época, Dilma "namorava" politicamente o presidente da Câmara. Devia ter sofrido impeachment e ele ser cassado, pela dupla irresponsabilidade. Ontem mesmo, sabendo do fato, em São Paulo, Temer deu uma gargalhada. Cunha vai arquivar o pedido, e nada acontecerá a ninguém.

Segurança nuclear no mundo

Presidentes e Primeiros Ministros de 52 países estão reunidos em Washington, por causa da insensata e irresponsável Coréia do Norte e suas bombas de hidrogênio. Incluindo o presidente dos EUA e China, e excluindo o da Rússia, que só comparece quando sabe que será a principal atração dos holofotes. Preocupação geral e total:saber se essa "bomba"  da Coréia é  farsa e  mistificação, ou uma realidade que seria assustadora.O Brasil foi convidado, Dona Dilma confirmou.Mas cancelou. com toda razão. Não podia passar o cargo ao vice Temer, depois de tudo o que aconteceu

O vexame das televisões, quinta feira, repetido ontem, por jornais do Rio, SP e Brasília

Foi o maior "furo" negativo que conheci em minha vida jornalística. O advogado Geral da União, José Eduardo Cardoso, entrou no Supremo com liminar, pedindo que a presidente da República, só fosse investigada, indiciada ou julgada pelo Supremo. Fez defesa brilhantíssima, (elogiada por todos os Ministros), ganhou por 8 a 2. Só se tratava dessa questão.

Basta ver um trecho do voto do decano, Celso de Mello: "A presidente não está sendo investigada e espero que isso não aconteça. Mas se acontecer, terá que ser julgada aqui no Supremo". Essa sessão foi logo encerrada, não se tratou de mais nada. Existem, sim, varias ações sobre Lula, esperando a presença de Gilmar Mendes. Não existe nenhum Ministro "prevento". A decisão será do plenário.


Pois as poderosas televisões e os importantes jornais decidiram: o Supremo determinou que todos os processos com Lula como personagem terão que ser enviados para o Supremo. Lula não foi citado nem lembrado. Existem, sim, varias questões sobre o assunto, esperando exame do Supremo. Mas só serão decidias quando Gilmar podia passar o cargo ao Vice Temer, depois de tudo o que aconteceu.
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