O
ministro Luiz Roberto Barroso desalentado,
revela seu estarrecimento, diante do espetáculo político deprimente montado pela
cúpula do PMDB.
HELIO FERNANDES
"Meu
Deus do Céu, essa é a nossa alternativa". Está aí o resumo da fala do
Ministro do Supremo, numa conferencia com alunos, professores e espectadores
eventuais. O Ministro sabia que a conferencia estava sendo gravada, o que não o
compromete de maneira alguma. Pelo contrario, exalta sua coragem e desprendimento.
Nem ele nem ninguém imaginava a repercussão que obteria, manchetes de jornais,
noticias e comentários elogiosos nas televisões.
Suas
palavras ganharam destaque, pela razão muito simples de que representam o
sentimento de revolta geral, disse o que todos querem dizer, principalmente o
povo "das ruas", praticamente de diversos setores. Luiz Barroso
passou a ser exaltado e até reverenciado, falou a mesma linguagem dos
manifestantes, que diante do Congresso, protestavam e retumbavam: "Vocês
não nos representam".
Agora,
esses mesmos que não representam o povo, se reúnem na convenção da falta de
vergonha, e comunicam: "Desembarcamos do governo". “Nem isso
conseguiram". Depois de 5 anos de subserviência e servidão ao governo,
usufruindo de numerosos e importantes cargos, vislumbraram maiores lucros e
oportunidades, se declarando independentes. E começaram a grande marcha da
conspiração para derrubar a presidente.
Mas como
são apenas profissionais do oportunismo bem sucedido e não estrategistas de
objetivos positivos se complicaram de forma irreversível. E onde tentaram
colocar a palavra DESEMBARCARAM, todos leram imediatamente, NAUFRAGARAM. E esse
PMDB da subserviência habitual, teve que voltar ao "mercado" para
acumular votos a favor do impeachment e da sobrevivência momentânea. No
desembarque do PMDB, eram comandados por Michel Temer, o decorativo do nada.
Agora
nessa disputa no mercado por votos cada vez mais caros, pois são disputados pelos
dois lados, Michel Temer continua aparecendo como sempre, só que é o
estrategista da derrota. E aqueles que considerava derrotados, têm acesso
direto ao Planalto, onde a presidente passa dias e noites, quase não vai ao
Alvorada.
Enquanto isso,
Temer se refugia em São Paulo, têm encontros, almoços e jantares com grandes
empresários, submete (que palavra) a eles, seu ministério de "notáveis".
Exibindo um "projeto de recuperação". Faz a mesma coisa que o amigo
FHC, quando precisava de apoio e dinheiro, (muito dinheiro), para comprar a
reeleição.
Exibindo um "projeto de
recuperação". Faz a empresários comprometidos.
Surgiu um
complicador para o vice: teve que vir a publico com a declaração falada e
assinada: "Não farei intervenções em questões judiciais, nem na
Lava-Jato". Exatamente o contrario do que vem diariamente tratando e
prometendo, a empresários comprometidos.
Temer e seus
acólitos e apaniguados, já na têm mais certeza de que serão herdeiros do
impeachment. Do ponto de vista interno, o presidente Renan, foi conciso,
preciso e definitivo: "O PMDB foi precipitado". E se mandou para o
Planalto, tinha reunião com a presidente. Na analise sobre a posição dos outros
partidos, que chamaram de "efeito manada", nova interpretação
equivocada. Esses partidos que segundo Temer, seguiriam o PMDB, desgarraram
dele, só pararam na fila da adesão que se formou no Planalto.
Não quero
defender a presidente, admito a sua saída, mas pela cassação da chapa, ela e
Temer, como tenho comentado. Ela não compra votos, cumpre a disposição desse estapafúrdio
sistema pluripartidário. Se não formar uma base partidária, não governa. Para
formar essa indispensável base, precisa "conversar". O lado dito
oposicionista, que não consegue fazer oposição legitima e democrática, tenta se
colocar como "salvação da Pátria", o que seria uma nova traição, se
conseguisse ser ouvida e seguida.
De
qualquer maneira, segunda feira haverá a ultima sessão da Comissão Especial.
Começará então a defesa da presidente, o pronunciamento do relator, a votação. Os
partidários de Temer, preocupadíssimos, trocaram o celular pela maquininha de
somar, não conseguem disfarçar a inquietação e ansiedade.O time governista mais
tranqüilo, nenhum dos lados pode explicar os motivos.
O
resultado dessa Comissão apenas constitucional, não pode servir de projeção
para o que acontecerá no plenário. A votação na Comissão só seria decisiva e
interpretativa, se o lado vencedor tivesse ,digamos, uma vantagem de 50 a 15,
ou 45 a 20. Aí seria uma tendência. Mas não acontecerá.
Inflação, juros PIB, dólar
Nem só de
lava - jato não vive ou não sobrevive o Brasil. Mas todos os quatro itens, são
fatores fundamentais da crise monumental que se prolonga. A inflação não
consegue vir abaixo de 9 por cento, embora o Ministro da Fazenda e o presidente
do Banco Central, tenham definições diferentes. 4 e meio por cento para
Tombini, 6 e meio pára Barbosa. Ficarão longe da realidade.
Em matéria
de juros, Barbosa não tem opinado, Tombini totalmente cauteloso, o que
significa, inseguro e desinformado, textual: "A partir de julho,
provavelmente teremos alteração na Selic". Como os juros já estão num
patamar vergonhoso, não podem subir mais. Então a conclusão fica facílima. Quanto
ao dólar, o governo, perplexo, não sabe o que fazer. Já bateu em 4,15, o BC fez
tudo para derrubá-lo. Ontem fechou a 3,56, o mais baixo dos últimos tempos,
Tombini se lamentava. Constatação: agiam por controle remoto, não tinham e
continuam não tendo expectativa ou limite, para cima ou para baixo. Finalmente
o PIB. Ontem, oficialmente reconheciam queda de 3,5 por cento. Mas banqueiros
Fundos e outros especialistas, já se firmavam numa queda de pelo menos 4,5 por
cento.
Cid Gomes, Temer, Eduardo Cunha
Ontem ás
16,15, o ex-governador eleito e reeleito do Ceará reaparecia. E apresentava na
Câmara, pedido de impeachment do vice presidente da República. O pedido está com
o presidente da Câmara, intimissimo do vice. Não custa lembrar: ainda Ministro,
Ciro foi para a tribuna da Câmara, fez discurso violentíssimo contra Cunha, que
presidia a sessão. Quando terminou, o próprio Cunha comunicou que o ainda
Ministro seria demitido.
Cunha não
estava mentindo: Ciro não precisou chegar ao Planalto, para conhecer a
realidade. Naquela época, Dilma "namorava" politicamente o presidente
da Câmara. Devia ter sofrido impeachment e ele ser cassado, pela dupla
irresponsabilidade. Ontem mesmo, sabendo do fato, em São Paulo, Temer deu uma
gargalhada. Cunha vai arquivar o pedido, e nada acontecerá a ninguém.
Segurança nuclear no mundo
Presidentes
e Primeiros Ministros de 52 países estão reunidos em Washington, por causa da
insensata e irresponsável Coréia do Norte e suas bombas de hidrogênio.
Incluindo o presidente dos EUA e China, e excluindo o da Rússia, que só
comparece quando sabe que será a principal atração dos holofotes. Preocupação
geral e total:saber se essa "bomba" da Coréia é farsa e
mistificação, ou uma realidade que seria assustadora.O Brasil foi
convidado, Dona Dilma confirmou.Mas cancelou. com toda razão. Não podia passar
o cargo ao vice Temer, depois de tudo o que aconteceu
O vexame das televisões, quinta feira, repetido
ontem, por jornais do Rio, SP e Brasília
Foi o
maior "furo" negativo que conheci em minha vida jornalística. O
advogado Geral da União, José Eduardo Cardoso, entrou no Supremo com
liminar, pedindo que a presidente da República, só fosse investigada, indiciada
ou julgada pelo Supremo. Fez defesa brilhantíssima, (elogiada por todos os
Ministros), ganhou por 8 a 2. Só se tratava dessa questão.
Basta ver
um trecho do voto do decano, Celso de Mello: "A presidente não está sendo
investigada e espero que isso não aconteça. Mas se acontecer, terá que ser
julgada aqui no Supremo". Essa sessão foi logo encerrada, não se tratou de
mais nada. Existem, sim, varias ações sobre Lula, esperando a presença de
Gilmar Mendes. Não existe nenhum Ministro "prevento". A decisão será
do plenário.
Pois as
poderosas televisões e os importantes jornais decidiram: o Supremo determinou
que todos os processos com Lula como personagem terão que ser enviados para o
Supremo. Lula não foi citado nem lembrado. Existem, sim, varias questões sobre
o assunto, esperando exame do Supremo. Mas só serão decidias quando
Gilmar podia passar o cargo ao Vice Temer, depois de tudo o que aconteceu.
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