Dilma e Lula,
desastradamente, favorecem a apresentação do segundo impeachment, depois de
"resolvido" e "decidido" o primeiro
HELIO FERNANDES
José Eduardo Cardoso foi
competente, convincente, até comovente, na tentativa de destroçar e até
derrotar o impeachment. Sucesso total no primeiro objetivo, incerteza no segundo,
que depende de muitos outros fatores. Intercalou a fala improvisada, (magistral)
com a leitura do texto preparado por 4 juristas e 2 economistas. (Irrefutável).
Poderia ter acabado em 20 minutos. (O Jornal Nacional falou em mais de 2 horas.
Ora, a contagem do tempo não pode ser medida por estimativa e sim por
cronometragem. Liguei o relógio quando começou, ás 17,16, desliguei quando acabaram,
18,56. Se o tempo é importante, importantíssimo, sobrou amadorismo geral).
O
Advogado Geral quis mostrar que conhecia o assunto. E demonstrar impressionante
capacidade de comunicação. Conseguiu as duas coisas. No final foi cumprimentado
e abraçado pelos principais lideres e defensores do impeachment. Isso não
vale objetivamente, provavelmente não ganhou 1 voto sequer. Mas direcionando
fogo aberto e violento contra Eduardo Cunha, preocupou todos os adversários.
Pois deixou bem clara a estratégia que seguiria e confirmou. No discurso e mais
tarde em entrevistas: defenderá a nulidade, desde o inicio, de todo o processo
contra a presidente.
José
Cardoso sabe de ciência certa que não pode contestar o resultado nem refutá-lo
depois da votação. Não teria a menor chance. Mas tem enormes possibilidades de
vitoria no Supremo, não só argumentando de forma jurídica, econômica,
financeira e até política. Mas juntando a esses elementos técnicos
impressionantes, a demonstração da falta de ética, de dignidade, credibilidade,
de respeito publico, popular e parlamentar para que Eduardo Cunha seja o
autor,principal coordenador e articulador do impeachment.
O
Advogado Geral reconheceu que a Constituição determina que caiba ao Presidente
da Câmara abrir ou arquivar esses processos. Mas não um presidente acusado dos
maiores atos de corrupção da nossa historia. Contestará então a qualificação de
Eduardo Cunha, e a impossibilidade dele iniciar e comandar um processo de
impeachment. Ele não está apenas sendo investigado ou indiciado num processo
sem maior importância.
E quem
tomou essa decisão, foi o próprio Supremo. E como o Supremo pode negar
essa alegação e evidencia, se foi o próprio Supremo, por UNANIMIDADE, que
transformou o presidente da Câmara nessa condição humilhante e criminosa, que
resultará fatalmente em condenação?
E mais, que
será alegado pelo Advogado Geral da União, mas tem que ser imediatamente: o
Presidente da Câmara está com o dedo no gatilho de outra denuncia contra a
presidente Dilma. Ou seja, decisão de novo processo de impeachment, se o atual
for derrotado ou mandado arquivar pelo Supremo.
Trata-se
do pedido de impeachment protocolado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e
que Eduardo Cunha guarda para uma eventualidade. Enquanto isso, conversa com os
advogados, que são contestados internamente e chamados pejorativamente de
"parceiros de Eduardo Cunha”. O Supremo recompõe a situação,ou
Eduardo Cunha permanece explorando um principio constitucional,tendo perdido a
credibilidade, a respeitabilidade, a dignidade para ocupar o cargo que
exerce, e é ao mesmo tempo o senhor da permanência de qualquer presidente
no poder.
Petrobras, petróleo e combustível
È lógico,
não está havendo mais aquela roubalheira assombrosa, sobre a qual ninguém sabia
ou desconfiava. Essas empresas viciadas e contaminadas em corrupção,estão negociando
o tal acordo de "leniência".Um perigo, apesar de defendido por
Lula.Todo cuidado é pouco.Mas a atual administração não está merecendo elogios.
Lenta e despreparada, só agora parece querer agir. Custou a equilibrar o numero
de funcionários. E teve que demitir muito, o que prova que alem da corrupção,
havia flagrante má gestão. E está vendendo ativos, num momento que não é
o de vender.
È
atingida também por crise no setor de comodites. O preço do barril despencou,
as aparências de recuperação se esvaíram. Eu mesmo venho revelando conversas de
grandes produtores, que admitiam o barril a 60 ou até 80 dólares no final do
ano. Contestei. Mas na quinzena passada, chegou a 45 em Nova Iorque. Só que
ontem já estava a 35, decepção. E novamente o problema dos combustíveis. Dona Dilma
afirmou publicamente: "Se a empresa achar que é necessário, pode
reduzir". A palavra não é necessário,
e sim indispensável. Para o cidadão, seria ótimo. Para a empresa, será?
A reforma ministerial e a intimidação na votação
do impeachment
Estou falando
sobre a decisão no plenário, e não sobre o que acontecerá na Comissão, na próxima
semana. Antes, portanto do plenário. A presidente tem como trunfo a distribuição
de cargos, que se chama também de troca-troca. (Está embutido no esdrúxulo e extravagante
sistema pluripartidário) A presidente está conversando no Planalto, praticamente
não sai de lá.
Tomou uma
decisão, obrigatória. Divide os cargos,mas só entrega depois, se ganhar. “Pelos
acordos feitos", o Planalto acredita que ganha. E ela não pode deixar de
atender ou "desnomear". Precisa dos deputados para governar, o que
não fez até agora. Mudou o roteiro, e nomeou o presidente do DNOCS, tão
importante quanto um ministério.Não é parlamentar,mas deve ter influencia sobre
parlamentares.
Do lado
dos defensores do impeachment, duas preocupações. 1-Os deputados do PSDB, que
acreditam que a posse de Temer, prejudica o partido, no plano nacional, mas
também na eleição municipal de outubro. 2- A possível abstenção em outros
partidos menores. O PSDB não tem a menor confiança em Temer. Muita gente na
suposta oposição sabe disso, pode se sentir influenciada, pelo menos a não comparecer.
Tem havido encontros com empresários atuantes e generosos.Isso pode produzir
auxílios e contribuições. A abstenção preocupa. Precisam de 342 votos em 513.
Se votarem só 500, diferente. Já fiz esse calculo, é elucidativo.O resultado no
plenário em aberto, no momento incógnita total.
Lula errou uma, acertou outra
Falando
demasiado, afirmou: "Tomarei posse como ministro, quinta-feira", que
seria amanhã. Contestei, garantindo: Gilmar não estaria presente nem quarta nem
quinta. Portanto só na semana que vem, ele é o relator, não podem votar sem ele.
Quanto ao mérito: a questão tem sido muito discutida por causa do voto libelo
contra o ex-presidente. Gilmar não é adorado pelos colegas, mas respeitado pela
combatividade e fundamentação dos votos. Ontem me diziam: a posse de Lula no
momento está 4 a 4. Excelente informante, mas a questão, polemica, controversa,
complexa.
Nesta,
Lula acertou em cheio: não agrediu Temer, apenas disse publicamente,
"Temer você devia disputar eleição”. Era um recado e não uma agressão.
Como tem pânico de debate, o vice pediu licença, explicou: "È para evitar
debates desnecessários". Restabelecendo a verdade: o vice que luta
pela promoção, não por mérito e sim por antiguidade, considera que não é hora
de enfrentar o ex-presidente, que segundo ele, "não tem nada a perder.
PS-
depois que passou de falso conciliador a verdadeiro conspirador, os tempos,
politicamente, não estão magnânimos e generosos com o vice. Segunda feira,
Waldir Raup lançou publicamente a proposta de eleições diretas para presidente
da Republica e vice. Muita repercussão no PMDB, mostrando que o partido
"desembarcou" do vice, depois do fracasso da sua estratégia e do
"efeito manada”, que ele garantiu que aconteceria.
PS2- O
senador queria continuar vice, Temer não aceitou, dizendo , “o Romero Jucá é
mais combativo”. Temer não quer eleição de jeito algum, o que na verdade só
acontecerá se o TSE cassar a chapa com Dona Dilma . O pânico e decepção para
Temer: se o impeachment for aprovado, ele assume e pode ser cassado a partir de
maio, quando haverá mudança profunda no TSE.
PS 3-
Ontem, às 2 da tarde o Ministro Marco Aurélio Mello atendeu um pedido de
impeachment contra o vice presidente da Republica. Eduardo Cunha, intimissimo,
já mandara arquivar . O Ministro determinou a criação imediata de uma
Comissão para examinar e decidir a questão. Importantíssimo: essa decisão, que
terá que ir ao plenário, poderá influenciar o impeachment da presidente. No
recurso que será impetrado pelo Advogado Geral da União.
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