A chapa Temer-Cunha, vergonha
nacional, desafio á opinião publica, confronto com a Câmara e o Supremo, a
posse deles, inútil, desnecessária, ultrajante
HELIO
FERNANDES
Com 77 por cento
de repulsa da opinião publica, vaiado, lembrado em cartazes de rua com
"fora Cunha", execrado por manifestantes contra e a favor do
impeachment, deveria estar fora de tudo. E mais grave do que qualquer acusação:
não poderia presidir a Câmara na importantíssima decisão sobre o impeachment.
(Constrangido, vou citar FHC, quando em 1988 deixou o PMDB e fundou o PSDB.
Perguntaram a ele a razão, respondeu: "Não posso pertencer ao mesmo
partido do LADRÃO Orestes Quércia".
Não usou
sinônimos ou antônimos, o que pode ser repetido agora com Eduardo Cunha. Este
não apenas presidiu a Câmara, foi reconhecido e agradecido pelo vice Michel
Temer, o grande beneficiário e beneficiado das manipulações. Aprovado o
impeachment, Cunha foi direto para o comitê da conspiração, recebido como herói
da Lava-Jato, perdão da vitoria. O fato do impeachment estar na Constituição,
não significa que tudo que é feito usando seu sagrado nome, seja legitimo,
correto, irrevogável, acima de qualquer exame ou contestação
A ligação
de Temer com Cunha e a cabala desenfreada de votos a favor do vice, é execrável,
inominável, indefensável. Agora, o vice por 48 horas (numa decisão espantosa da
ainda presidente Dilma) assume conspirando para deixar de ser vice,
passando a "interino" e quase que imediatamente a definitivo.
Dependendo dos acontecimentos. Tudo com o "aconselhamento", a
cumplicidade e a colaboração do presidente da Câmara. Não custa lembrar. Cunha
tem 77 por cento da repulsa geral, Temer tem a incerteza da carteira de
identidade.
Apenas
História, nada pessoal, nem pretendo que se repita. Em 1896, o presidente Prudente,
com 56 anos e excelente saúde, teve que se submeter a grave e inesperada
cirurgia. Nem pôde transferir o cargo ao vice, Manoel Vitorino, da Bahia. Este,
em 48 horas, demitiu e substituiu todos os Ministros. E mais insensato e até
inacreditável: mudou a sede do governo. Era no belíssimo Palácio do Itamaraty,
que passou a abrigar e identificar o Ministério das Relações Exteriores.
Comprou o
Palácio das Águias que logo, logo se chamou de Palácio do Catete, por causa da
localização. O Itamaraty ficava num parque verde maravilhoso. O Catete á beira
da rua, os pedestres transitavam pela calçada. Contrariando todas as expectativas
, Prudente se recuperou, ficou meses no hospital. (Isso aconteceu ha 122 anos,
a anestesia estava começando a ser aplicada, ainda precariamente). Saiu do
hospital, foi para Petrópolis de trem, o único meio de transporte.
Não demorou
muito veio para O Rio (também no mesmo trem coletivo), foi de taxi para o
Catete, na portaria falou para um continuo "Diga ao vice que o presidente
reassumiu". Constatem o perigo que um vice pode representar, principalmente
quando é um corrupto sem caráter, como Eduardo Cunha.
O Supremo tem culpa no fato de Eduardo Cunha ter
presidido a sessão histórica
Admitamos
que seja exagerado utilizar a palavra golpe. Mas como devemos identificar a
permanência de Cunha na presidência da Câmara, comandando um dos fatos mais
importantes da historia, que é o afastamento de um Presidente da Republica. No
mesmo dia, identifiquei o fato, usando as palavras que agora repito, lúcida e
conscientemente: REVOLTANTE, DEPRIMENTE, DEGRADANTE, HUMILHANTE.
Dois
Ministros parece que não concordam, vieram a publico defender a legalidade e a
lisura de tudo, "não foi golpe, está na Constituição". Esqueceram que
eles mesmos, junto com outros 8 Ministros, u n a n i m i d a d e, votaram e
consideraram Eduardo Cunha REU por vários crimes. Precisam preservar acima de
tudo a integridade e a inviolabilidade da Constituição. Esta fica intocada com
um corrupto se colocando na posição em que se colocou Eduardo Cunha? E com o
Supremo se omitindo completamente.
O maior
lugar comum jurídico: "O Supremo dá sempre a ultima palavra". Agora,
o próprio Supremo se satisfez com a penúltima, o povo brasileiro, contrariado e
ultrapassado. Mas não surpreendido.
O Renan Calheiros de 1992 e o deste tenebroso
2016
O Brasil
já teve outras tentativas de impeachment. Em 1953 contra Vargas. Efetivada a
votação, precisavam de 294 votos, (a Câmara era menor) conseguiram apenas 122.
O impeachment para tirar FHC não chegou a ser votado, foi salvo pelo Presidente
da Câmara, era o suplente de deputado, Michel Temer. Mudou muito. Em proveito
próprio, pretende ser o herdeiro da conspiração que comanda. Naturalmente
apoiado em Eduardo Cunha.
Em 1992,
Collor foi traído e abandonado por todos. Incluindo seu grande amigo e líder
do governo, Renan Calheiros. Votaram, nem precisava 441 a favor do impeachment,
38 contra. No Senado decidiram em 48 horas. Collor nem teve tempo para
renunciar, e não perder os Direitos Políticos por 8 anos. Renan, altamente
eficiente, foi Ministro da Justiça de FHC, o grande beneficiário.
Agora,
Renan afirma, "revoltado" e aos gritos: "não quero ser chamado
de canalha, como o senador Auro Moura Andrade, quando em 1964, declarou
vago o cargo de presidente, apesar de Jango estar no Brasil". Dois casos
inteiramente diferentes, o de 1964 e o de 2016.Tão diferentes quanto o Renan de
antes e o Renan de hoje.
Desemprego, arrecadação, inflação, dólar
Um dos
porta-vozes de Temer, garantiu ontem: "A prioridade do governo Temer, será
o reajuste fiscal". Ora, tudo é prioridade, não tem que escolher uma. Na
verdade não tem capacidade para nada. As quatro palavras que coloquei no titulo
vão atormentá-lo, e dependem de outras, que nem quis relacionar: investimento, crescimento,
desenvolvimento sustentado. Sem essas, as outras irão infernizar seu governo e
sua felicidade completa. Que nos últimos 40 anos, não provocaram a menor
contrariedade.
No mês
passado revelei: o desemprego ultrapassou os dois dígitos, está em 10 milhões e
300 mil sem trabalho. Negaram. Agora confirmam, 10 milhões e 200 mil. Erraram
novamente, já são 10 milhões e 600 mil.Sem falar nos milhões de pessoas que
recebem salário mínimo.E os que ganham (?) 300 cruzeiros mensalmente precisam
viver com isso.
A
arrecadação caiu 7 por cento, cairá mais. O déficit que já era alto, ficará
insuportável. Romero Jucá um dos porta vozes de Temer, falou: "O povo não
suportará aumento de impostos". Quem falou nisso?
È
evidente que num país que já cobra 36 por cento de cada cidadão, falar em
aumento, só para ser desmentido pelo arraial da conspiração, de Temer, Cunha,
Jucá.
A
inflação subiu mais do que o esperado. 0,56, a estimativa, 0,45. O centro da
meta, 4,5 por cento, calculo de Tombei, bem longe. O de Nelson Barbosa, 6,5
também inaceitável.
Quanto ao
dólar, ninguém sabe o limite ou a cotação perseguida. Surpreendentemente, segunda,
terça, quarta e quinta, ficou parado entre 3,52 e 3,53. Perguntei no
Banco Central, não responderam, todos arrumavam as gavetas. Não precisa
tanta pressa.
Dona Dilma fala hoje na ONU
A
condenação á ida da Presidente á Organização Internacional teve sempre 50 por
cento de falsidade e outros 50 por cento de hipocrisia.
"Oposicionistas" se revezavam na tribuna, com o mesmo discurso vazio
ou esfarrapado: "Esses são problemas internos que ela quer transformar em
externos". Quanta tolice.
Deviam
condenar a presidente, pelo fato dela ser oradora medíocre, sem carisma, não
vai influenciar ninguém. Alem do mais, jornais e televisões do mundo inteiro,
tratam da situação do Brasil, com o maior destaque.
È possível
que a presidente nem conheça a ligação sempre honrosa do Brasil com a ONU. Quando
decidiram que funcionaria nos EUA, com liberdade total para os delegados,o
projeto belíssimo do prédio, foi de Oscar Niemeyer.Portinari fez os painéis fantásticos
e admirados, de grande repercussão.Em 1948, o estadista brasileiro Osvaldo
Aranha,foi eleito presidente da ONU. Destaque para o Brasil.
Em 1966,
Calos Lacerda, que deixara o governo da Guanabara ha 3 meses, me telefonou: "Quero
conversar com você, mas não no jornal". Chegou em meia hora, me disse
logo, tenho um grande furo para te dar. Ele era assim. Começou a falar, nem vou
usar aspas.
Contou
que fora chamado pelo general Castelo e convidado para ser embaixador na ONU.
Interrompi, e disse: você aceitou na hora. Resposta: recusei imediatamente, o
general ficou surpreendido. Continuei: mas Carlos, o general estava te dando o
recado dos que mandavam mais do que ele: você não será presidente, mas não será
abandonado.
Ele ficou
em silencio, aproveitei para argumentar. Esse é um cargo destinado praticamente
para você, ninguém está tão preparado. É um dos maiores oradores do mundo, fala
correntemente 6 idiomas, tem paixão por política internacional. Volta lá e diz
que aceita, embaixador pode se transformar em presidente, mas por acaso. Respondeu:
não saio do Brasil nem para ser Embaixador e serei presidente. E foi embora, recomendando:
publica como eu te contei. Publiquei claro.
Em
novembro desse mesmo 1966, fui cassado depois de através de amigos e familiares
ter recusado a proposta de Castelo por intermédio do general Golbery: se
desistir da candidatura não será cassado. A um compadre, Procurador da
Republica no Estado da Guanabara, pediu: insista com seu compadre, ele é moço,
isto não vai durar a vida toda.
Carlos Lacerda
não foi presidente. Cassado em 1968, morreu em 1977, com 63 anos. Faltando 2
anos para a anistia, e quem sabe, cumprir o sonho ou a obsessão de ser
presidente.
A ONU, que
perdeu a oportunidade de ouvir Carlos Lacerda, hoje estará obrigada a ouvir a chata
da Dona Dilma. Felizmente, para o Brasil e o mundo, ela só vai dispor de 5
minutos.
PS – A ABI
que já foi comandada pelo excepcional presidente o jornalista Barbosa Lima Sobrinho,
passa por uma das suas piores fases. No dia 28 tem eleição para renovação da
sua administração, e por conta disso, uma medida Liminar proferida nos autos do
processo 0126877-21.2016.8.19.0001 que tramita no Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, determina que uma Reunião do Conselho Deliberativo, realizada eivada
de irregularidades, entre as quais fora do prazo e das condições Estatutárias, fosse
anulada, e com isso a Comissão Eleitoral oficial e o seu diretor de
Administração, Orpheu Salles retomem o processo eletivo.
PS2 – Se não
respeitar, o atual presidente Domingos Meirelles, que protagonizou toda “confusão”, entre outras sanções, vai ter que pagar de inicio uma indenização fixada em R$ 10 mil reais. Com a
ordem restabelecida, hoje dia 22, a Comissão que nunca deveria ter sido
violada, deturpada e vilipendiada, recomeça rapidamente o processo de verificação
das condições de legitimidade da chapa da situação, que segundo denunciou um de
seus integrantes, foi negado vista, ao representante da chapa de oposição Barbosa
Lima Sobrinho, que teve seu registro efetivado no dia 20 último.
PS3- Com mais
este processo, Meirelles e seu grupo que obstinadamente insiste em ter a ABI ad
eterna, acumula uma dezena de ações. Com isso, também segundo fonte, uma nova ação
que deverá ser protocolada na justiça, vai pedir a nulidade de sua postulação a
reeleição, por absoluta falta de esmero, e por expor a instituição dos
jornalistas em risco de sofrer mais injunções. É que a ABI figura no pólo passivo,
subsidiariamente em todas as ações contra o presidente.
PS4- para se
ter uma ideia melhor do caos reinante na casa do jornalista, a oposição, vai
distribuir um Informativo enumerando todas as irregularidades, que tem como
objetivo denunciar e conquistar o voto dos poucos associados que ainda mantém a
instituição.
PS5- No Comunicado da Chapa Barbosa, em que aludem requerer a nulidade da inscrição, eles apontam entre outras praticas: o uso da máquina administrativa,e a propaganda extemporânea vedada pelo Regulamento
Eleitoral, feita pela chapa situacionista Herzog, veiculando na primeira página
do site da ABI a sua logomarca e um texto que fere as normas e princípios de
urbanidade entre os confrades. Justiça feita, com certeza, o saudoso presidente
Mauricio Azêdo, que a chapa de oposição
dedicará sua vitória, enfrentava os mesmos problemas com o grupo.
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