De hoje ao dia 20, 10 dias que
abalarão o Brasil. Com impeachment ou sem impeachment, nem segurança,
recuperação, crescimento
HELIO FERNANDES
Imprevisibilidade,
deve ser a palavra mais utilizada para tentar desvendar o que acontecerá nos
próximos dias. Os dois, personagens principais da catástrofe que desabou sobre
o país, têm características semelhantes, do ponto de vista político e
eleitoral. Falo naturalmente de Dilma Roussef e Michel Temer. Politicamente
nunca tiveram liderança. Eleitoralmente não significam nada. A primeira eleição
"disputada" por ela, surpreendentemente foi para presidente da
Republica. De cartas marcadas, indicada pelo presidente no cargo, e garantida
pela maquina do poder.
Ele
sempre disputou eleições unicamente para deputado federal, sem nenhuma importância
junto ao eleitor. Uma vez, o PMDB elegeu 28 deputados em São Paulo, foi o
primeiro suplente, na lista, o numero 29. Excelente manobrador de bastidores,
assumiu logo. Numa outra oportunidade, espantosamente foi "feito"
presidente da Câmara, apesar de todos saberem que era suplente em exercício.
Idéia, ação e realização de Renan Calheiros, hoje hostilizado por Temer. Com
esse passado medíocre, Dilma e Temer estão no centro dos acontecimentos no
presente, e querem se manter no futuro.
Ha 5 anos
vice sem voto, sem urna, sem povo, Temer pretende a promoção sem nenhuma
proximidade da eleição. Dilma apesar da incompetência, considera que seu
mandato vai até 2018, não admite de forma alguma interrupção. Qualquer que seja
a forma ou a formula. Considera,afirma, repete e reafirma: "Tive 54
milhões de votos dados pelo povo". Esquece que os eleitores inscritos, eram
137 milhões, portanto 83 milhões não votaram nela. Idem, idem para o
"jovem presidenciável" Aécio Neves, 87 milhões nem lembraram
dele.Quanto a Temer, não teve nenhum voto, é da essência do cargo de vice, por
isso a sua escolha.
Dilma
grita, retumba e repete: "Não renunciarei. "Se conhecesse historia,
lembraria do que aconteceu com Nixon, insistiu na palavra, foi para casa 2 anos
e meio antes. Temer, o vice conspirador, como quase todos no Brasil, (com
exceção de Marco Maciel, 8 anos em silencio, sem perturbar a ambição do
efetivo) diz abertamente: "Tenho todas as condições de ocupar o
cargo". Tinha ou teria, antes de começar a conspiração, com a carta pirotécnica
em que se revelava "vice decorativo". Essa carta marca o limite
divisório entre o vice que aguardava a substituição obrigatória, e o vice que
não respeita coisa alguma, quer forçar a própria ascensão.
A deteorização de Temer, e o desgaste de Aécio,
podem favorecer a presidente
O
impressionante fracasso do desembarque do PMDB do governo, e a incompetente analise
do "efeito manada", que não aconteceu, levaram Temer a mudar
completamente de estratégia. De silencioso ocupante do Jaburu, passou a
saltitante articulador, palavra muito próxima de conspirador. Acusava Dilma de
fazer "troca-troca" com cargos e ministérios, não sentiu
constrangimento de ir á casa de Waldemar Costa Netto, arrecadar votos,
oferecendo recompensas num governo que ainda não "conquistou". Cito
apenas o símbolo negativo de tudo, Waldemar Costa Netto, mas procurou muitos
outros.
A possível
e provável denuncia de Aécio Neves, por ter sido citado pelos executivos da
Andrade Gutierrez, outro desastre para seu aliado Temer. O procurador Geral da
Republica, disse publicamente: "Vou pedir ao Supremo a investigação das
contas de campanha do candidato do PSDB". Nada surpreendente. Ha meses
Dilma reconheceu: "minha campanha custou 400 milhões, tudo doação
legitima, declarada e aprovada pelo TSE". Ela também será denunciada pelo
Procurador Geral.
Se a campanha
dela custou 400 milhões, (a empreiteira chega a falar em 700 milhões) por que a
de Aécio Neves seria diferente? Provavelmente custou bastante, e os
"financiadores", as mesmas empreiteiras. No petrolão foram 11, apenas
as duas maiores, estão abrindo a "caixa preta" da campanha eleitoral.
O Supremo já decidiu por 8 a 2, um presidente da Republica pode ser investigado
e julgado pelo mais alto tribunal do país. Sumula e resumo do voto do decano
Celso de Mello: "A presidente Dilma não está sendo investigada, espero que
não esteja. Mas se estiver, é aqui, neste tribunal, que será julgada". Se
um presidente pode ser investigado e julgado pelo Supremo, por que um senador
não pode?
Tudo isso
complica e tumultua o processo do impeachment. Ainda mais coordenado e
comandado pelo corrupto Eduardo Cunha. Réu por unanimidade no Supremo,
retardando ilimitadamente o próprio processo de cassação, ha seis meses no
Conselho de Ética, quando o prazo normal seria de 1 mês no máximo. A impunidade
do Presidente da Câmara, decorre da proteção dada a ele por Aécio e Temer, que
respondem pelo PSDB e PMDB. Nas manifestações contra e a favor do impeachment,
aparecem sempre às faixas pedindo a cassação de Cunha. Precisam pedir a Aécio e
Temer.
Hoje, a votação do primeiro tempo do impeachment
Não passa
desta segunda. Falta apenas decidir a seqüência dos 65 deputados, quem vota em
primeiro lugar e os que ficam por ultimo. Temem influencia dos que revelam sua
decisão antes. Tolice. Os 65 deputados sabem muito bem como votarão todos os
outros. E não apenas do próprio partido. Apesar disso, conversei com deputados
a favor do impeachment e contra. Os oposicionistas me falavam: "Temos 39
votos certos e 1 duvidoso". Os que estão contra o impeachment: "Garantimos
33 ou 34 votos". Somando, 72 ou 73, muito mais do que os 65. Não querem me
enganar, as conversas são em sigilo. Mas não acredito que estejam em duvida, à
incerteza é ate natural.
Como
tenho revelado, o resultado da Comissão, nada a ver com o do plenário. São
apenas 65, que não servirão de plataforma para 513. Aqui, a presidente fez
avanço, visível e conseqüência da perda de substancia da suposta oposição. Pesquisas
martelando a semana inteira de Institutos, manchetes de jornais, previsões de
comentaristas de televisão, não passam de 60 por cento dos votos a favor do
impeachment. Ora, 60 por cento de 513 dão 306. Ficam faltando 36. Fizeram também
levantamento dos que estão contra o impeachment. Encontraram 33 por cento. O
que dá um total de 171, faltaria apenas 1. Mas se o "a favor " não chegar a
342, o "contra" deixa de ter qualquer importância. Ou necessidade de
chegar a um numero determinado.
O domínio de Cunha
Anteontem,
determinou: "Os jornalistas não poderão entrar no plenário, nos dias de
votação". Absurdo completo, quem irá informar á opinião publica? Os
protestos, enormes, levaram a modificação. Liberou o plenário para 15
representantes de todos os veículos. Continuou a prepotência. Mas não
terminaram os protestos. Jornalista tem que estar onde está a notícia.
PS-
Haja o que houver, com ou sem impeachment, pode se aplicar a definição clássica
e histórica: v"Depois de tudo o dilúvio". Dilma continuando, Temer assumindo,
estaremos longe da solução.
PS2- O
TSE tem que admitir a enorme responsabilidade em tudo o que está acontecendo. E
compreender que cassando a chapa, assumirá o papel de personagem principal nos
acontecimentos.
PS3-
Marcará eleição direta dentro de 60 dias, muito melhor do que tudo o que estão
imaginando ou conspirando. Mas tem que ser agora, no máximo em 60 dias. O processo
já está com relator ha quase 3 meses, por que esperar até o fim do ano?
PS4- A
eleição será presidida pelo Presidente do Supremo. O presidente da Câmara e do
Senado, voluntariamente já se colocaram fora da hierarquia da sucessão.
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