Editoria: Helio Fernandes. Subeditoria: Roberto Monteiro Pinho
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Na madrugada, o Supremo considerou legitimo o
impeachment, que será votado amanhã, num clima de corrupção e conspiração
HELIO FERNANDES
O brilhante
Advogado Geral da União, cometeu erro tremendo. Não deu importância ao tempo e
á oportunidade do recurso. Ha 16 dias, quando foi pela primeira vez á Comissão
Especial, afirmou: "Entrarei no Supremo contra a validade do processo do
impeachment". Naquela hora, talvez tivesse ganhado.
Mas só
confirmando sua palavra na quinta feira bem tarde, provocando uma reunião
extraordinária do Supremo, que roubou mais de duas horas da nascente (pelo
menos no relógio) madrugada de sexta, não tinha a menor chance. Ainda obteve
dois votos, acredito que não esperava.
Dois
Ministros influentes já disseram varias vezes: "Quando voto, não penso no
povo. Nem o que ele espera". Na véspera da votação, dificílima ou
inexistente a esperança de um voto inteiramente desvinculado da realidade.
Principalmente num momento inacreditável de crise como o que vivemos.
Por mais
que erre ou vote mal, não se pode desprezar o povo. O extraordinário
articulista e polemista que foi J.E. de Macedo Soares, inesquecível: "A
ultima palavra é sempre da patuléia vil e ignara das ruas". E isso numa época
em que só existia o jornal impresso.
Imaginem
hoje, com a revolução da tecnologia, tão importante quanto à revolução
industrial da Inglaterra em 1780. As duas mudando o mundo.Internet, celular,
sessões do Supremo televisadas por 5 ,6, 8 horas, sem interrupção, que
maravilha viver.A perda de tempo de sexta, ontem, de sábado, hoje, inócua, inútil,
inexpressiva.
Ninguém
vai ganhar ou perder voto por causa desses discursos vagos e vazios, principalmente
de convicções. Os votos são obtidos nas reuniões arquitetadas por Temer,
concretizadas ou engenhadas por Romero Jucá. Fotos de gente do PSDB entrando ou
saindo, tanto faz, no gabinete deles, não podem ser desmentidas.
Dilma
também não para. Só que usa cargos diversos. Anteontem e ontem, nomeação do
superintendente da Conab, do presidente da EMBRATUR, conselheiro da Itaipu. E a
desnomeação de 4 ministros, para poderem votar amanhã. Significa que tem
esperanças, admite que possa chegar aos 172 votos, os adversários não
acumularão os 342 indispensáveis.
Jornalões
fazem o jogo de um dos lados. Basta verificar nas primeiras paginas de ontem,
repetição dos sites. 342 a favor do impeachment. 118 contra. 53 indecisos, o
que daria 171, se todos esses "indecisos", decidissem exatamente
igual. Existe também o voto CONSPIRAÇÃO e o voto CORRUPÇÃO.
A
primeira palavra, preenchida com cargos do que acreditam ser o futuro governo
Temer. Como o vice garante que montará um governo de "notáveis", os
que estão praticamente convidados, duas alegrias. A certeza de ser Ministro, e
a possibilidade de ser considerado, notável (sem aspas) coisa que ele ou alguém
do seu grupo jamais imaginou.
A segunda palavra vem sendo utilizada desde o
momento em que resolveram assumir o desejo de promoção, de vice para
presidente. Na mudança de posição de 5 importantes partidos, foi empregado o
mesmo método financeiro da campanha da reeleição de FHC,quando gastaram perto
de 1 bilhão, os personagens quase os mesmos. Até agora usaram 400 milhões. Sem
contar a operação da ultima quarta feira. 14 deputados, em bloco, trocaram suas
"convicções" por 50 milhões. Que viajaram de São Paulo até o destino
final, sem o menor risco ou perigo de desvio.
O
efeito Eduardo Cunha desgasta partidos
Os mais atingidos: PSDB, PSB, DEM. O PMDB já nasceu
desacreditado, não soube ser herdeiro do bravo e resistente MDB. Não é por
acaso que os políticos que estão em queda desabalada nas pesquisas, sejam Aécio
Neves, Temer, Serra,Alckmin. Até o ex-presidente que não consegue ser Ministro,
aparece numa situação de liderança para 2018. Apesar de ser publico e notório, que
para chegar a 2018 é necessário enfrentar uma maratona de obstáculos. Eduardo
Campos realmente faz falta.
Banco
Central, Ministério da Fazenda
Nomes surpreendentemente cogitados para esses cargos:
Henrique Meirelles e Delfin Netto. O primeiro é falado para os dois lugares.
Delfin apenas para a Fazenda, que ocupou durante 7 anos, na ditadura, a que
serviu de forma subserviente. Meirelles veio depois. O ex-ministro da Fazenda
foi citado negativamente na investigação de Bello Monte. Delfin respondeu: "Recebi
realmente, mas prestei o serviço". O que fazia ele na construção dessa
hidrelétrica? De qualquer maneira, os dois são vetados pelo presidente da FIESP.
Paga, mas veta.
Este
repórter não quer errar por ultimo
PS - Isso é privilegio do Supremo. Conversei mais
uma vez com deputados de um lado e do outro. Todos confiantes. Contra o
impeachment: "Temos pelo menos 185 votos". A favor, felizes: "Já
passamos bem longe dos 342 votos". O Supremo não tem mais nada a ver com o
impeachment.
PS2 - Ganhe quem ganhar, perca quem perder, amanhã,
não cabe recurso. O mais alto tribunal do país só voltará a ser protagonista,
depois do TSE.
PS3 - Este terá que decidir, existem muitos recursos
esperando. Cassando ou arquivando, aí sim, o Supremo dará a ultima palavra. Muitos
Ministros, ansiosos.
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