De Curitiba aos Estados Unidos. Temer,
testemunha de Cunha
HELIO FERNANDES
O mundo inteiro
vive os últimos dias de uma batalha campal, que termina depois de 1 ano e 7
meses de confronto violentíssimo. Sem saber quando terminará a apuração, e
proclamado o novo presidente. Um pouco pela diferença múltipla do fuso horário.
Outra parte pela duplicidade da campanha: voto popular, direto. Voto no colégio
eleitoral, indireto.
Os
americanos não esquecerão a eleição presidencial de 2 mil. Não pela baixaria de agora, mas o choque, pela
primeira vez em mais de 100 anos, entre o voto direto, da rua. E o indireto, do
colégio eleitoral. Concorriam, Al Gore, Democrata, vice de Clinton. E George W.
Bush, Republicano, filho de ex-presidente.
Gore teve nas ruas 527 mil votos a mais do que Bush.
Mas este ganhou na Florida, onde seu irmão Ted era governador, e empenhou toda
a maquina para favorecê-lo. Alem disso, fraudou o resultado, o que levou a
questão para a Corte Suprema.
Depois de 36 dias incertos, duvidosos e inquietos,
Bush foi considerado vencedor e empossado. Foi um presidente trágico, que
declarou guerra e invadiu o Iraque. O que dura até hoje.
Para isso bastou afirmar e garantir que o Iraque tinha
arsenal nuclear, e estava pronto a usá-lo. Mais tarde a própria ONU provou que
tudo era invenção, não passava de mentira. Milhões de pessoas morreram por essa
"palavra presidencial", planejada e exacerbada como se fosse verdade.
Para retardar o conhecimento do resultado, e
proclamado o vencedor, outros fatores. Um exemplo: o fuso horário. Quando a
votação se encerrar em Nova Iorque serão 6 da tarde. No Brasil, já 9 da noite.
E existem fusos mais amplos com o Brasil. Nem preciso falar ou comparar com
outros países.
E existe a formação do complicado Colégio Eleitoral,
que é mais importante e fundamental do que o próprio voto popular. Vejamos o
que pode acontecer em apenas 1 estado. Mas são vários os casos de insignificância
de votos, e super importância na contagem final.
Vou dar como exemplo elucidativo, apenas um estado: New
Hampshire. Pequeno, um dos 3 menores, tem apenas 4 delegados. Hillary fechou a
pré-eleição, com 268 votos, precisando de 270. Ganhando nesse estado, leva os 4
votos, passa a 272. È considerada vitoriosa, nem precisa saber se ganhou
ou perdeu no voto popular.
Portanto, nesta sumula ou resumo do que acontece ou
pode acontecer numa eleição presidencial dos EUA, se preparem: nesta quarta
feira, o país já poderá conhecer o nome de quem ocupará a Casa Branca, e
governará o país a partir de 20 de janeiro de 2017.
A Lava-Jato, volta ás manchetes
Os órgãos de comunicação do Brasil, dão mais
"cobertura" á eleição dos EUA, até mesmo á sucessão no Brasil. Os programas
batem recordes de audiência. A preocupação é total. Mas enquanto esperam, se
interessam pelo que acontece em Curitiba.
Eduardo Cunha apresentou 22 testemunhas para sua
defesa. Sergio Moro aceitou todas, que estão sendo notificadas. Entre elas,
duas que chamam a atenção pelos cargos. Lula, que foi presidente por 8 anos.
Michel Temer, que foi vice por 5 anos, preferiu ser presidente provisório e
agora indireto, por 2 anos e meio, que não sabe se completará.
Um dos obstáculos para que ele tenha a garantia de
que ficará no poder até o ultimo dia de 2018, é precisamente a intimidade e a cumplicidade,
que eles dividem a longos e longos anos. Como é presidente, mesmo sem eleição,
pode dar o depoimento por escrito. Mas o grande problema, para Temer, não é a
forma e sim o conteúdo.
O que ele dirá não terá maior importância para o
processo e o juiz e sim para Cunha, pessoalmente. No processo, quem julga, é
Sergio Moro. Mas sobre o depoimento, quem dará a ultima palavra, será o próprio
Eduardo Cunha. Sua reação estará condicionada ao que Temer disser.
Se o ex-presidente da Câmara considerar que o
depoimento foi correto, ficará em silencio. Mas se ao contrario, interpretar a
palavra de Temer como "defesa acusatória", poderá desencadear um
vendaval sobre o antigo amigo. A quem tanto protegeu, ajudou e favoreceu.
Mas é preciso esperar, impossível saber quanto
tempo. Em relação ao depoimento de Lula, nenhuma preocupação. Surpreendente foi
à inclusão do seu nome. Nunca tiveram relacionamento. Apenas atuaram na mesma época
política. Mas de longe.
Rodrigo
Maia, apóia o provisório Temer e Renan
Reconheço
que é difícil resistir à alavancagem que sua vida política, sofreu de uma hora
para outra. Deputado de atuação discreta, inesperadamente se tornou presidente
da Câmara, e substituto oficial na própria presidência da Republica. Passou até
mesmo a parceiro do presidente indireto. E até do ameaçado, mas ainda
importante presidente do Senado.
Com
problemas para a eleição do presidente da Câmara, em 1 de fevereiro de 2017,
Temer e Renan, decidiram: "A solução é a reeleição do Maia".
Começaram a trabalhar. Não conseguiram nada. Nunca houve reeleição de
Presidente da Câmara.
Mas para
Rodrigo Maia, só a lembrança do seu nome, uma honra. Está defendendo os dois,
na tentativa esdrúxula e extravagante, de colocar a "anistia para o caixa
2”, no mesmo projeto que combate a corrupção.
A
lembrança não foi apenas uma honra, mas um alicerce e ponto de apoio, para o
sonho que revelei aqui com exclusividade: a tentativa de ser candidato a
governador do Estado do Rio, numa coligação eleitoralmente forte. E com apoio
do próprio Temer. Se ele resistir até 2018.
No
momento só ele acredita. Maia tem conversado sobre o assunto, com varias pessoas.
Menos com o pai, que nos intervalos de Prefeito, foi derrotado para senador. E
4 anos depois, para governador. Vereador, tentaria novamente ser governador.
Mas enfrentando o próprio filho?
A hipocrisia de Temer, e os 45 mil empregos
Anteontem.
“Mais uma vez, fez o discurso da isenção e da relevância dos serviços que
pretende prestar.” A popularidade não me seduz. Não “me incomodo de ser
impopular, mas contribuindo para a salvação do país”. Logo depois apelava para
a demagogia,anunciando "a criação de 45 mil empregos que irão durar
até julho de 2017".
Mostrou o
plano. Vai liberar 2 bilhões para terminar "pequenas obras”, que estão
paradas há algum tempo. São 1.600 obras, que garantirão esses 45 mil empregos
durante 7 meses. È lógico e evidente que estou a favor da criação mesmo de
apenas 45 mil empregos, desde que não sejam apócrifos e imaginários. E na
verdade não passam disso e de mistificação.
2 bilhões
para 1.600 obras, mesmo pequenas, dá pouco mais de 1 milhão para cada uma
delas. E 1 milhão para uma obra publica, mesmo "pequena”, se esgota ou se
esvai, em 10 ou 15 dias. E os 7 meses que Temer garantiu pra esses 45 mil trabalhadores?
E quem irá paga-los?
Gilmar
Mendes nos Estados Unidos
Foi
"estudar” o tipo de eleição americana. Perda de tempo, desperdício, não
existe a menor relação entre as duas escolhas. Mas como é Presidente do
Tribunal Eleitoral, se deslocou para lá, viu muito pouca coisa.
Se
tivesse ficado no Brasil, teria acompanhado tudo, estado por estado. As TVs
daqui cobriram o que acontecia lá, desde as 6 da manhã. (Daqui). Mas com tudo
pago, avião, hotel, até diária de representação, que maravilha viver. Quando
voltar, fará discurso no TSE e no STF, cheio de "sabedoria e
conhecimento".
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