O povo
vota sem interesse, com desprezo, até com raiva. O futuro de Crivella
HELIO FERNANDES
O segundo
turno foi pior do que o primeiro. Em todos os sentidos. No Rio, 48,7 por cento
nem saíram de casa. Ou premidos pelo voto "obrigatório", saíram,
votaram em branco, ou sua opção foi anular o voto. Dessa forma, de cada 2
eleitores, apenas 1 identificou sua vontade ou marcou seu voto.
Impossível,
assim, fazer a definição arriscada que muitos comentaristas fizeram. Dando a
vitoria a representantes do centro, esquerda ou direita. Os pouco mais de 50
por centro que sobraram, tendências esparsas, dificilmente identificáveis. Como
avaliá-los ideologicamente?
Em Belo
Horizonte, o outro município-capital cujo donatário se decidia ontem, importante
geograficamente, mas não política ou eleitoralmente. Kalil não tem objetivo nem
futuro, ou qualquer possibilidade de ir alem de prefeito. Exatamente o
contrario de Marcelo Crivella, que representa um projeto de Poder, definido, articulado,
que pretende chegar bem longe.
Esse PRB,
que abriga Crivella, não é um partido qualquer. Fundado ou criado pelo Bispo
Macedo, com o objetivo de fundir religião, política, comunicação, Poder, o
Bispo Macedo, que fez tudo, pretendia ser o candidato a transformar isso em
realidade, pessoalmente.
Tendo compreendido, que teria que ficar de fora para não escancarar as intenções, colocou em primeiro plano, o sobrinho Crivella. Só que este precisava de uma ratificação majoritária nas urnas. Eleito senador, e Ministro da Pesca, não bastava.
Consideraram
então, que o mais fácil e rápido, seria se eleger prefeito. Fixado no Rio se
candidatou. Saiu na frente, o projeto parecia um sucesso. Derrotado, perdeu 4 anos.
Teve que repetir era a única opção. Nova decepção, mais 4 anos desperdiçados.
Ganhou
ontem, na terceira candidatura. O bispo Macedo, que comanda tudo, já tem um
problema praticamente insolúvel. O projeto inicial, que só se consolida com uma
vitoria presidencial, continua em 2018, ou espera 2022? Essa é a grande duvida.
Que só ele pode decidir.
Já vinham
estudando essa questão ha meses, desde que Crivella disparou na campanha.
Mas era apenas discussão episódica. Transformada em realidade ontem. Alguns
sensatos, consideram que para ser presidenciável em 2018, teria que ficar
prefeito apenas 15 meses. Se desincompatibilizar em abril de 2017. Muito pouco
tempo para realizar alguma coisa.
Mas os
que decidem, defendem que se transforme em presidenciável imediatamente,
apresentam como exemplo as campanhas para prefeito. Como têm legenda, estrutura
e recursos, justificam de varias maneiras.
A
sucessão de 2018 será a mais fraca de todas. E Crivella pode se apresentar com
outro argumento solido: ficar na Prefeitura não era e não é objetivo final. Assim,
tanto faz ficar 15 ou 48 meses.
Dentro do
objetivo que levou a fundar o PRB, ratifica a hipótese da candidatura imediata.
Como tudo isto é contado com exclusividade, surpresa e inconveniência, para os
candidatos de sempre, já lançados.
Lula jogou a toalha?
Desde o
massacre do primeiro turno, o ex-presidente não tem saído de casa, nem recebido
ninguém. Tinha certeza da derrota, mas não da forma como aconteceu.
Principalmente a derrubada de todo o cinturão vermelho, domínio do PT,
inatingido
e inatingível ha muito tempo.
Mas o que
atingiu profundamente Lula, foi o fato do juiz Sergio Moro ter marcado para o
dia 21, o depoimento das testemunhas contra ele. Essas testemunhas, Cerveró,
Paulo Roberto Costa, Paulo Pinheiro e outros, nada tranqüilizantes.
Alguns da
intimidade, sabiam que não iria votar. Quando tentavam mostrar, que
repercutiria contra ele, respondia: "Para que votar se não poderei mais
ser votado?". Antecipação nada otimista, até mesmo dramática.
Principalmente feita por ele mesmo.
A Síria é aqui
Noticia
que não gostaria de publicar, comentário que faço de forma lancinante. E que me
faz sofrer desde o momento em que coloquei o titulo. Rigorosamente verdadeiro.
A guerra civil que destrói esse país, completa 4 anos. Dados fornecidos pela
ONU, comprovam: já morreram 415 mil pessoas. Fora centenas de milhares de
feridos ou desabrigados. Alem de 11 milhões de refugiados.
Já nas ruas
ou até dentro de casa, o Brasil, que "vive na mais completa tranqüilidade",
(royalties para o presidente indireto), nos mesmos 4 anos, teve 479 mil pessoas
ASSASSINADAS. De forma covarde, cruel, indefensável. È uma comparação inexplicavel.
Pior ainda: pelo menos metade dessas mortes, foram praticadas friamente pela própria
policia. Sem nenhuma punição.
O feriado protege Renan
A pauta
do Supremo de amanhã, quarta feira, foi transferida para quinta. È que amanhã é
feriado universal, pelo Dia dos Mortos. O ainda presidente do Senado continuará
hierarquicamente vivo. Se Renan Calheiros for salvo apenas por causa do feriado,
nada de mais grave.
O pior é
que ele continua se movimentando, para que a sucessão "suja", só seja
limpa a partir de fevereiro de 2017. Não acredito. Mas já vi tanta coisa
estranha e extravagante, que mais essa, nenhuma surpresa.
Petróleo,
PIB, Taxa Selic
Durante 5 dias seguidos,
o barril de petróleo em Nova Iorque, ficou em 50 dólares. E em Londres, 51.
Ontem em Nova Iorque caiu para 47 e em Londres para 48. Lá se vai o otimismo. O
PIB que era previsto fechar 2016 em menos 3,1, tem previsão mais pessimista: 3,2.
O superávit
primário (amortização e não pagamento de juros, como dizem alguns tolos), em
setembro, acumulou 26 bilhões. A expectativa e a necessidade, muito maiores. O
"mercado", decepcionado, reclama. Quanto á queda dos juros, o BC insiste
numa cautela suicida. E retrocesso visível.
Anistia para o Caixa 2
Deputados,
senadores, ministros, e o próprio presidente indireto, preocupadíssimos com a
Lava-Jato. Com o conhecimento e apoio de Temer e Rodrigo Maia, o presidente
Renan Calheiros procurou aprovar um projeto sem autoria. Por causa da hora da
tramitação e da tentativa de silencio, foi rotulado de "projeto da
madrugada". Foi descoberto, naufragou.
Agora,
querem ressuscitar o "projeto da madrugada", em emenda
constitucional. Motivo: na iminência da terminação da delação de Marcelo
Odebrecht, entraram em desespero. Consideram que a delação não surgirá ainda
neste 2016. E a PEC, apesar de precisar de duas votações na Câmara e duas no
Senado, será aprovada até por unanimidade. E não pode ser revogada, nem ser
atingida por recurso ao Supremo.
As
conversas estão caminhando com pleno sucesso. Quase todos os partidos serão
atingidos. E o governo, chefiado pelo presidente indireto, tem todos os motivos
para se manter inseguro. O pessimismo da semana passada, se transformou em
otimismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário