Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O povo vota sem interesse, com desprezo, até com raiva. O futuro de Crivella

HELIO FERNANDES

O segundo turno foi pior do que o primeiro. Em todos os sentidos. No Rio, 48,7 por cento nem saíram de casa. Ou premidos pelo voto "obrigatório", saíram, votaram em branco, ou sua opção foi anular o voto. Dessa forma, de cada 2 eleitores, apenas 1 identificou sua vontade ou marcou seu voto.

Impossível, assim, fazer a definição arriscada que muitos comentaristas fizeram. Dando a vitoria a representantes do centro, esquerda ou direita. Os pouco mais de 50 por centro que sobraram, tendências esparsas, dificilmente identificáveis. Como avaliá-los ideologicamente?

Em Belo Horizonte, o outro município-capital cujo donatário se decidia ontem, importante geograficamente, mas não política ou eleitoralmente. Kalil não tem objetivo nem futuro, ou qualquer possibilidade de ir alem de prefeito. Exatamente o contrario de Marcelo Crivella, que representa um projeto de Poder, definido, articulado, que pretende chegar bem longe.

Esse PRB, que abriga Crivella, não é um partido qualquer. Fundado ou criado pelo Bispo Macedo, com o objetivo de fundir religião, política, comunicação, Poder, o Bispo Macedo, que fez tudo, pretendia ser o candidato a transformar isso em realidade, pessoalmente.

Tendo compreendido, que teria que ficar de fora para não escancarar as intenções, colocou em primeiro plano, o sobrinho Crivella. Só que este precisava de uma ratificação majoritária nas urnas. Eleito senador, e Ministro da Pesca, não bastava.
Consideraram então, que o mais fácil e rápido, seria se eleger prefeito. Fixado no Rio se candidatou. Saiu na frente, o projeto parecia um sucesso. Derrotado, perdeu 4 anos. Teve que repetir era a única opção. Nova decepção, mais 4 anos desperdiçados.

Ganhou ontem, na terceira candidatura. O bispo Macedo, que comanda tudo, já tem um problema praticamente insolúvel. O projeto inicial, que só se consolida com uma vitoria presidencial, continua em 2018, ou espera 2022? Essa é a grande duvida. Que só ele pode decidir.

Já vinham estudando essa questão ha meses, desde que Crivella disparou na   campanha. Mas era apenas discussão episódica. Transformada em realidade ontem. Alguns sensatos, consideram que para ser presidenciável em 2018, teria que ficar prefeito apenas 15 meses. Se desincompatibilizar em abril de 2017. Muito pouco tempo para realizar alguma coisa.

Mas os que decidem, defendem que se transforme em presidenciável imediatamente, apresentam como exemplo as campanhas para prefeito. Como têm legenda, estrutura e recursos, justificam de varias maneiras.

A sucessão de 2018 será a mais fraca de todas. E Crivella pode se apresentar com outro argumento solido: ficar na Prefeitura não era e não é objetivo final. Assim, tanto faz ficar 15 ou 48 meses. 

Dentro do objetivo que levou a fundar o PRB, ratifica a hipótese da candidatura imediata. Como tudo isto é contado com exclusividade, surpresa e inconveniência, para os candidatos de sempre, já lançados.

Lula jogou a toalha?

Desde o massacre do primeiro turno, o ex-presidente não tem saído de casa, nem recebido ninguém. Tinha certeza da derrota, mas não da forma como aconteceu. Principalmente a derrubada de todo o cinturão vermelho, domínio do PT, 
inatingido e inatingível ha muito tempo.

Mas o que atingiu profundamente Lula, foi o fato do juiz Sergio Moro ter marcado para o dia 21, o depoimento das testemunhas contra ele. Essas testemunhas, Cerveró, Paulo Roberto Costa, Paulo Pinheiro e outros, nada tranqüilizantes. 

Alguns da intimidade, sabiam que não iria votar. Quando tentavam mostrar, que repercutiria contra ele, respondia: "Para que votar se não poderei mais ser votado?". Antecipação nada otimista, até mesmo dramática. Principalmente feita por ele mesmo.

A Síria é aqui

Noticia que não gostaria de publicar, comentário que faço de forma lancinante. E que me faz sofrer desde o momento em que coloquei o titulo. Rigorosamente verdadeiro. A guerra civil que destrói esse país, completa 4 anos. Dados fornecidos pela ONU, comprovam: já morreram 415 mil pessoas. Fora centenas de milhares de feridos ou desabrigados. Alem de 11 milhões de refugiados.

Já nas ruas ou até dentro de casa, o Brasil, que "vive na mais completa tranqüilidade", (royalties para o presidente indireto), nos mesmos 4 anos, teve 479 mil pessoas ASSASSINADAS. De forma covarde, cruel, indefensável. È uma comparação inexplicavel. Pior ainda: pelo menos metade dessas mortes, foram praticadas friamente pela própria policia. Sem nenhuma punição.

O feriado protege Renan

A pauta do Supremo de amanhã, quarta feira, foi transferida para quinta. È que amanhã é feriado universal, pelo Dia dos Mortos. O ainda presidente do Senado continuará hierarquicamente vivo. Se Renan Calheiros for salvo apenas por causa do feriado, nada de mais grave. 
O pior é que ele continua se movimentando, para que a sucessão "suja", só seja limpa a partir de fevereiro de 2017. Não acredito. Mas já vi tanta coisa estranha e extravagante, que mais essa, nenhuma surpresa. 

Petróleo, PIB, Taxa Selic

Durante 5 dias seguidos, o barril de petróleo em Nova Iorque, ficou em 50 dólares. E em Londres, 51. Ontem em Nova Iorque caiu para 47 e em Londres para 48. Lá se vai o otimismo. O PIB que era previsto fechar 2016 em menos 3,1, tem previsão mais pessimista: 3,2.

O superávit primário (amortização e não pagamento de juros, como dizem alguns tolos), em setembro, acumulou 26 bilhões. A expectativa e a necessidade, muito maiores. O "mercado", decepcionado, reclama. Quanto á queda dos juros, o BC insiste numa cautela suicida. E retrocesso visível.

Anistia para o Caixa 2

Deputados, senadores, ministros, e o próprio presidente indireto, preocupadíssimos com a Lava-Jato. Com o conhecimento e apoio de Temer e Rodrigo Maia, o presidente Renan Calheiros procurou aprovar um projeto sem autoria. Por causa da hora da tramitação e da tentativa de silencio, foi rotulado de "projeto da madrugada". Foi descoberto, naufragou.

Agora, querem ressuscitar o "projeto da madrugada", em emenda constitucional. Motivo: na iminência da terminação da delação de Marcelo Odebrecht, entraram em desespero. Consideram que a delação não surgirá ainda neste 2016. E a PEC, apesar de precisar de duas votações na Câmara e duas no Senado, será aprovada até por unanimidade. E não pode ser revogada, nem ser atingida por recurso ao Supremo.


As conversas estão caminhando com pleno sucesso. Quase todos os partidos serão atingidos. E o governo, chefiado pelo presidente indireto, tem todos os motivos para se manter inseguro. O pessimismo da semana passada, se transformou em otimismo.

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