A estratégia rombuda dos
advogados de Lula
HELIO FERNANDES
E a cumplicidade
comprometida do próprio ex-presidente. Transformado em grande personagem,
atravessando até a fronteira e se projetando no mundo. A ponto de o presidente
Obama ter dito publica e consagradoramente: "Lula é o cara". A partir
daí, ainda presidente, considerou que podia tudo. Até mesmo destruindo os
fatos, se considerando e se colocando acima deles.
Não quero
escrever a biografia do Lula, isso será feito obrigatoriamente no futuro, e por
mais de um biografo. Pretendo apenas lembrar alguns episódios, durante seu
tempo de presidente. E a partir de 2010, quando deixou o Planalto e toda a sua
movimentação tinha um objetivo mais do que declarado: voltar a ser
presidente.
Mas
cometeu tais erros e equívocos, que acabou dominado por advogados de defesa,
que mais parecem de acusação contra ele. Como aconteceu na segunda feira,
quando 5 advogados, se atiraram leviana e irresponsavelmente contra o juiz
Moro.
No
primeiro ano da Faculdade de Direito, se aprende o trivial: "Não se
defende o réu ou acusado, atacando juiz". Esses advogados de Lula parece
que começaram pelo segundo ano, e saíram da Faculdade mais cedo. Desde o
mensalão, "eu não sabia de nada", até o petrolão, usando o mesmo
refrão, o já ex-presidente praticou tais leviandades, até chegar ao ponto lamentável
a que chegou. Tudo desnecessidade.
1-Recebeu
fortunas por conferencias que jamais fez. Acusado, desdenhou, afirmou
publicamente, rindo: "Todos querem me ouvir, apesar de eu cobrar mais caro
do que o Bill Clinton". 2- Foi sendo imprensado por vários lados,
respondia com insistência: "Duvido que exista no mundo, uma alma mais
honesta do que a minha".
3-
Foi se ligando a fatos e personagens, como Eike Batista, no mínimo, no mínimo,
leviandade, imprudência, irresponsabilidade. 4- Daí a ser envolvido no caso da
propriedade do triplex de Guarujá, e do sitio de Atibaia, apenas um passo que
deu, rigorosamente convencido que nada lhe aconteceria. 5- Mas aconteceu tudo,
pressões em cima de pressões, teve que reconhecer, era apenas um cidadão comum,
ex-presidente. 6- O que não lhe garantia imunidade ou foro privilegiado. Pensou
então numa solução genial.
A volta á condição de Ministro de Estado
Combinou
então com a ainda presidente Dilma: seria nomeado Chefe da Casa Civil, situação
ideal para fazer articulação política. Do alto de um cargo importante, com
credenciais, e logicamente, foro privilegiado. È claro e evidente, que a
presidente poderia escolher livremente seu Chefe da Casa Civil. Principalmente
sendo um ex-presidente da Republica. Só que ele colecionou tais inimigos, que
aconteceu o inesperado, mas não surpreendente: entraram no Supremo, argüindo a
IMPOSSIBILIDADE dele ser Ministro. Absurdo completo.
Para
complicar as coisas, o relator do recurso foi o Ministro Gilmar Mendes, que
como fez em outras oportunidades, "guardou" o processo, foi viajar,
nem se preocupou com as conseqüências. Não para ele, claro, tem imunidade
para toda e qualquer irresponsabilidade.
(Muito
antes, esse mesmo Gilmar Mendes votava um processo, que já chegou a ele,
vitorioso por 6 a 3. O maximo, perderia por 6 a 5. Se ele e outro
Ministro votassem contra. Inacreditavelmente pediu vista, como não tem prazo,
ficou 14 meses sem devolver o processo).
Gilmar
fez o mesmo com a nomeação de Lula. Os fatos ganharam velocidade própria, o
Ministro do Supremo dava a impressão de que não era com ele. E a volta ao ministério
ia perdendo a importância. Até que perdeu a oportunidade. Dona Dilma sofreu o
impeachment, não podia manter os Ministros que estavam no cargo, imaginem
nomear outros.
O
ex-presidente ficou isolado, abandonado, desarvorado. Não sabia o que fazer, os
fatos negativos iam se acumulando contra ele. Cada dia surgia um contratempo
novo, terrível e lamentavelmente desgastante.
A entrada em cena de advogados incompetentes
Surgiram
não nos tribunais, mas nas televisões, em aparições medíocres. Agredindo
nominalmente o juiz Moro, que nem tomou conhecimento. Mas o mais fácil é
advogados como esses, entrarem em desespero. E desvairadamente praticaram o
suicídio jurídico: processaram o Juiz Moro, que novamente, ficou distante,
cuidando apenas dos autos.
E não
podendo mais chafurdar na incompetência, os 5 compareceram ao primeiro
depoimento de testemunhas de acusação contra Lula. E enquanto o ex-senador
Delcidio depunha, os 5 advogados, desperdiçavam tempo e atenção, agredindo
verbalmente o juiz Moro. È caso de intervenção da OAB. Não de censura. Mas de compostura.
A questão
vai longe. Mas o ex-presidente parece tão desequilibrado, que Delcidio, que
como senador, foi seu líder no Congresso. No depoimento, afirmou textualmente: "Lula
sabia tudo sobre o petrolão". Em 2005, na Tribuna impressa, escrevi: "Lula
sabe tudo sobre o mensalão".
Satisfação do "mercado”, nada a ver com Temer
As bolsas
do mundo todo estão em alta, influenciando a Bovespa. As commodities,
importantes para o Brasil, com elevações substanciais. O preço do barril do petróleo
vem subindo desde quinta passada.
Em Nova
Iorque, de 42 dólares para 48. Em Londres, de 43 para mais de 49. As ações da
Petrobras têm reagido bem. Principalmente para os profissionais.
O que tem
que ser colocado na atividade negativa e inoperante do presidente indireto e
seu Ministro da Fazenda. Também inoperante e pior ainda, falastrão. Em outubro
o quinto déficit seguido na conta corrente. Agora de 4 bilhões.
Geddel Vieira Lima
O escândalo
que envolve o Ministro, é próprio da situação brasileira. E da falta de credibilidade
dominante. A Comissão de ética do Planalto, acredita mesmo, que tem poderes
para decidir alguma coisa. Mas no próprio Planalto e entre os outros Ministros,
todos procuram se acomodar, convencidos que o Ministro da Integração, está
garantidissimo no cargo.
De
Paris, demonstrando sua intimidade com Temer, Moreira Franco manda o recado
definitivo: "È preciso respeitar a decisão do presidente. Ele resolveu
manter o Ministro, não ha mais o que fazer”. O chanceler José Serra, que está
com Moreira conversando com empresários, perguntou :" Haverá repercussão
negativa?". E Moreira, tranqüilo: "È lógico que não".
Os políticos
vão se habilitando para o futuro. Renan: "O caso Geddel, não afeta as
votações no Senado". Rodrigo Maia que aposta tudo na reeleição, não perdeu
a oportunidade: "A presença de Geddel é essencial e fundamental, para a aprovação
da Reforma Previdenciária". Da mesma forma que a reeleição é essencial e
fundamental para Maia.
Se os
membros da Comissão de ética, não pedirem demissão imediata, completa falta de
ética. O presidente indireto está envergonhadíssimo. O excelente fotografo
Jorge William, "flagrou" Temer, cobrindo o rosto com a mão. O Globo
colocou ontem no alto da primeira. O presidente não gostou.
PS- Ontem,
em Brasília, o dia inteiro foi consumido pela reunião dos governadores. Todos. A
declaração mais repetida: "Estamos em estado de calamidade". Até Alckmin,
do riquíssimo estado de São Paulo. Fizeram um acordo unânime, de gigantesca
contenção de gastos.
PS2-
Outro acordo: em bloco, pedirão ao presidente Temer, que distribua entre eles,
uma parte dos recursos da repatriação. Na verdade, não havia discordância, a
concordância vinha da miséria geral.
PS3- A
reunião foi presidida o tempo inteiro, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Que espera, em 2018, contar com o apoio de todos, para se transformar em
um deles. Lógico, pelo Estado do Rio.
PS4- No
fim da noite, mais apoio a Geddel. André Moura, líder do governo, afirmou:
"Geddel tem todas as condições para continuar Ministro". E revelou: "Vou
ao Planalto, levar um manifesto de apoio a ele, assinado pelos lideres dos
partidos da base".
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