Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Temer prestigia Jucá, Renan, Eduardo Cunha. Fala em "estabilidade", impulsiona leniência de empreiteiras-roubalheiras

HELIO FERNANDES

O presidente provisório-contraditório, mantém o mesmo comportamento dúbio dos tempos do impeachment. Publicada a queda menor do PIB, logo veio a publico retumbar a "estabilidade". A queda era prevista para 0,8, caiu 0,3. Isso no primeiro trimestre, lógico, janeiro, fevereiro e março. Portanto ainda com a presidente Dilma.

A desgovernança do golpe só começou em maio. (Ele mesmo gosta de dizer nas entrevistas coletivas: "Só estou no governo ha 19 dias, conto dia por dia"). E vai pavoneando sua desadministração, como se a tão apregoada por ele, "salvação nacional" fosse uma realidade.

Ontem em mais uma "fala do trono", fez questão de ressaltar: "Existe um perfeito relacionamento entre Executivo e Legislativo, daí a explicação para a aprovação das medidas que enviamos". Que falta de constrangimento e de seriedade. Não quero nem de longe defender Dona Dilma. Nem atropelar Temer.

Pretendo apenas informar e deixar bem claro, que o impeachment foi uma ação conspiratória planejada e comandada pelo vice, que não suportava mais continuar "decorativo". O que acontece, é que a união que levou ao impeachment, permanece impávida, altiva e altaneira. Não preciso colocar aspas, o leitor é significativamente inteligente.

Orgulhoso, Temer enaltece a aprovação, "imediata e comprometida com o país", da importante e altamente necessária medida que é a DRU. Com esse cheque em branco, o presidente pode remanejar 30 por cento do orçamento, aplicar como bem entender. Dona Dilma tentou, não conseguiu.

Temer obteve facilmente, apenas num dia. A conclusão é obvia: o Legislativo do golpe não apoiava a presidente eleita e reeleita. O mesmo Legislativo do golpe, é sócio e participante, tem que referendar tudo. Se recusar, o impeachment é caracterizado como golpe, os membros do Legislativo, com as raras exceções habituais, voltam á insignificância de sempre.

O provisório utiliza seguidamente a mistificação, engana miseravelmente. Obrigado a demitir a "pedido", dois ministros altamente comprometidos, continua intimissimo de um deles, Romero Jucá. Presidente do PMDB e senador, passa os dias entre o Senado e o Jaburu. Serve subservientemente a quem o demitiu. E cumpre suas missões indignas mas continuistas.

Ontem, utilizando um áulico, foi apresentada proposta, reduzindo o prazo de discussão e debate da chamada Comissão do Impeachment. Esse prazo é constitucional, vai até180 dias. Houve protestos gerais, recuaram, resolveram consultar o Ministro Lewandowski. E o senador Raimundo Lira, acusadissimo, se presta, deliciado e se julgando prestigiado, a garantir o tempo da Comissão.
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A Constituição não deixa duvida: "Afastado o presidente, a Comissão tem até 180 dias, para decidir se o afastamento será definitivo. Se não o fizer nesse prazo, o presidente é reconduzido ao cargo, embora o processo continue".

Como o provisório e seu enorme grupo de áulicos e apaniguados, percebeu que o tempo está passando quer encurtá-lo. Não existe comparação na Historia do Brasil. Mas o legislador constituinte, não estipulou o prazo em 180 dias por acaso. De qualquer maneira,Temer se apavora com a possibilidade do mandato não ir até 2018.

Mesmo com todas as duvidas, incertezas e desconfianças, Temer finge que governa. Ontem deu posse ao Ministro da Transparência, que deveria ser da Incoerência e da Imprudência. Quem assumiu foi um transitório e rápido Ministro do TSE. Teve a audácia de afirmar: "Não estou contra a Lava-Jato, mas minha prioridade é resolver a questão da leniência, para que as empreiteiras possam voltar a criar empregos". O provisório, que na véspera garantira, "o Executivo não vai interferir com a Lava-Jato, riu discretamente".

A "leniência" anunciada pelo novo Ministro é uma cumplicidade e descabida doação. Pelo entendimento do Ministro, funcionaria assim. As empreiteiras investigadas, confessadas e condenadas pela lava-Jato, voltariam a disputar e executar obras para o governo. Incluindo a tão assaltada, roubada e destruída Petrobras. Essa "leniência" apagaria toda e qualquer incidência criminal.

Também não haveria nenhum tipo de multa, a não ser as que já tivessem sido aplicadas e pagas. Isso na presença do provisório. Só não considero um desafio a ele, deve ter havido concordância. Mas é um desafio aberto e frontal a toda população brasileira. Que já "Tombou" e não admite demolição da Lava-jato.

Supremo recusa Eduardo Cunha

Alem de corrupto indefensável, é de audácia inacreditável. Réu por unanimidade, decisão do Supremo. Com pedido de cassação na Comissão de Ética com um voto retumbante do relator Marcos Rogério, entrou no próprio tribunal, recorrendo e pedindo anulação do processo. O Supremo destruiu o pedido em alguns minutos.

Não se abateu. E tem dito a íntimos: "No máximo no final de junho, reassumirei a presidência da Câmara". Ele pode dizer o que disser, pode ter conversado com Temer, antes de entrar com o recurso (como ele mesmo apregoa), mas é mais fácil a Torre de Piza ficar na vertical perfeita, do que ele voltar a presidir a Câmara. Humilha. Envergonha. Domina a Câmara. Mas perderá o mandato muito antes do que imagina.

O lancinante desemprego

Dilma deixou com 11 milhões sem trabalho. Em 21 dias, já são 11 milhões e 800 mil. Enquanto isso, Temer pessoalmente cuidou do aumento para funcionários do Executivo Legislativo e Judiciário. Media do aumento: 41 por cento. Custo: 53 bilhões anuais. Aumento de salário é sempre bom. Mas nada é tão destrutivo, individual ou coletivamente, quanto o desemprego. Com esse total, vários membros da mesma família ficam desempregados e desesperados. E não existe noticia de melhora.

Petróleo e Petrobras

As ações da empresa subiram 2 por cento. Os apaniguados afoitos logo escreveram: "È a confiança no governo Temer". Servos, submissos, subservientes. O que aconteceu: o barril em Nova Iorque bateu em 50 dólares. Em Londres, ultrapassou. Notícias recolhidas na Arábia Saudita, Irã e Rússia, deixam entrever que 2016 pode fechar com o barril na casa de 80 dólares. O que não acontece ha muito tempo.

Pedro Parente assumiu a Petrobras com capital positivo. Mas devia parar de falar e se concentrar em fazer. Ou pelo menos tentar. Declaração de ontem: "A Petrobras será independente". A empresa teve independência de mais e competência de menos. A independência era tanta, que as empreiteiras praticaram roubalheira de 88 bilhões (royalties para a ex-presidente Graça), e ninguém percebeu. Se não fosse a Lava-Jato, o país também não teria sabido.

A vizinhança de SP, contra Temer

Estão contrariados, desgastados não suportam mais. Saem de casa para alguma coisa rápida, voltam, são submetidos a contratempo, mostrar identidade. Se saírem várias vezes, o fato se repete. As casas estão cercadas, quase 100 policiai. Uma praça agradável, freqüentada por moradores, o bairro é tranqüilo, está interditada para todos. Uma violência, alem de despesa extra para o cidadão-contribuinte-eleitor.

Um vizinho, jurista de primeiro time, ensinou a eles: "Os direitos de todos estão sendo feridos. O Presidente da Republica, pela Constituição não pode parar numa rua". Todos atentos, ele concluiu: "O presidente tem um endereço para trabalhar, e outro para residir. Eu não quero protestar publicamente, vocês podem". Ficaram interessadíssimos. Estão conversando.

 PS- Ontem á noite, manifestação na Cinelândia, do Rio. Contra Temer, o impeachment, a favor da volta de Dilma. Inesperadamente, quem aparece? A própria Dilma.

PS2- Saltou de um carro, sozinha, sem nenhum segurança. Se misturou com o grupo, não queria ir embora. Perto de 10 da noite, convidada para tomar um café no famoso "Amarelinho", ali pegado, aceitou, satisfeitíssima.

PS3 – Modernissima, globalizada, com importantes postagens sobre os direitos dos jornalistas e a comunicação, a ativissima Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, é presidida pelo sindicalista, jornalista e escritor Roberto Monteiro Pinho. Em pouco tempo de atividade, acompanhou com Nota Técnica a ADIN da OAB na Lei do Direito de Resposta que está na pauta do STF, implantou o inédito Plantão das Prerrogativas dos Jornalistas, com atendimento 24 horas e recente publicou uma Nota de Repúdio ao estupro coletivo, cometido contra uma menor da periferia do Rio de Janeiro. 

PS4- Este repórter foi indicado e eleito presidente do Instituto Barbosa Lima Sobrinho, cujo trabalho histórico e cultural, está reunindo publicações de importantes autores nacionais. O site da ANI é: anicomunicacao.wix.com/brasil


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