Tentando se popularizar dá
entrevistas, não diz nada. Mas sonha com o futuro. Lacerda e JK, presidentes, mudariam
o país
HELIO FERNANDES
Faz o
possível e o impossível para se destacar, não consegue. Deu entrevista á Globo
News, normalmente é de 30 minutos, anunciaram fartamente, "será de uma
hora". Deviam ter reduzido para 15 minutos. Foi no dia 21, no dia 24 já
haviam repetido varias vezes, repercussão zero. Dois dias depois, outra "palestra"
ao impresso, o mesmo distanciamento do fato e do publico.
No áudio,
só o tom habitual do ex-vice, entre pretensioso e presunçoso, considerando que
sua palavra, escrita ou falada, está acima de tudo. A primeira pergunta, corretamente,
era sobre a razão da carta á presidente, se confessando "decorativo".
E a complementação obrigatória: "E por que a publicação imediata de um
documento que deveria ser particular e sigiloso?".
Com
inusitada veemência respondeu: "Foi à primeira traição da senhora
presidente. Não se passou muito tempo, e o planalto vazou o documento". O entrevistador
não sabia, foi o próprio ainda vice quem entregou a carta a um jornalista, que
como era do seu dever e obrigação jornalística, colocou no seu blog.
Era o que
Temer queria, esbravejou furiosamente contra o "vazamento" que ele
mesmo coordenou. A carta tinha um objetivo, não podia ficar em sigilo. Era o
primeiro item da traição conspiração, deu tudo certo, anunciou rompimento,
Começava o impeachment, que levaria Temer á tão sonhada presidência, sem voto e
sem eleição.
Era
lapso ou gafe, a pergunta: "O que o senhor fará quando ficar
legitimo?". Temer não gostou, respondeu, levemente irritado: "Eu sou
legitimo, está na Constituição". Como era entrevista vôlei, o entrevistador
levanta para o entrevistado cortar, a colocação amável para a resposta
encomendada: "O senhor admite ser candidato á reeleição?". Temer abre
um largo sorriso: "Em hipótese alguma. Presidência é destino" Ficou satisfeitíssimo
com a descoberta da frase, continuou, desfilando títulos e méritos, cada vez
mais falante, como se estivesse diante de um espelho.
"Já
servi muito ao país. Mais do que muita gente. Fui secretario varias vezes (duas
apenas, o resto exagero), três vezes presidente da Câmara". Com apoio
e
insistência
de Renan Calheiros. E um fenômeno: foi presidente, sendo suplente de deputado.
Raramente
se elegia, ficava primeiro ou segundo suplente, assumia logo. Podia escrever (se
soubesse escrever) um Tratado sobre o Carreirismo, sem disputar grandes cargos majoritários,
senador, governador. Vai em frente, glorificando o nada, que é a sua própria
vida publica.
Fala
sobre a relevância de ser vice e a sua participação, que considerou "importantíssima",
na eleição de Dona Dilma para presidente duas vezes. Textual: "Contribuí
com uma votação enorme para a vitoria da chapa. As pessoas viam meu nome na
chapa, queriam votar em mim, tinham que votar nela". A entrevista vôlei
chegou ao fim, nenhuma pergunta que exigisse resposta mais elucidativa ou
constrangedora.
Sobrou
tempo apenas para a satisfação da constatação: "Fico feliz e recompensado,
com o apoio da comunidade ao meu governo".
O Fundo Soberano, e a realidade
da Divida publica
Temer e
Meirelles conversaram, ficaram satisfeitos com a constatação: o Fundo Soberano
atingiu o total de 1 trilhão de reais. Levemente admitiram, que numa
eventualidade, poderiam utilizar esse dinheiro, na verdade reservas externas, para
dificuldades internas.
Se
fizerem isso, será uma traição criminosa ao país, mais exigindo punição do que
a traição pessoal de Temer a Dilma. Não deram uma palavra sobre o fato desse
Soberano ter sido criado por Lula e mantido por Dilma. E se ela tivesse usado
uma parte mínima, não teria sido acusada desvairada, insensata e mentirosamente
de "pedaladas".
Mas é
preciso comparar a reserva do Soberano com a Divida Publica. O Fundo rende de
juros, 5 bilhões anuais. A Divida exige esforço financeiro tão grande que é impossível
atingi-lo. Fica em media 10 por cento. 14,25 dos juros catastróficos. 9 por
cento da taxa contratual. 6 por cento da exigência dos chamados emprestadores.
Como a
Divida está em 2 trilhões e 900 bilhões, a amortização anual, tem que ter um
volume de 290 bilhões, não para pagamento. Como vimos à diferença entre o
rendimento do Fundo e a massa de juros, tragédia inominável.
Se
reduzissimos os juros de 14,25, (os maiores do mundo) para 10 por cento, a
media ficaria em 6 por cento. Ainda alta, a amortização baixaria para 170
bilhões. Os juros da Selic tão desprezados, precisam de operação especial.
Dizem que
os juros estão elevados para conter a inflação. A Selic foi para 14,25 com a
inflação em 12 por cento. Continuou com a inflação em 9 por cento. E o novo
presidente do Banco Central, "acena com inflação a 4,5 em 2017", mas
não dá uma palavra sobre redução dos juros. FHC elevou os juros, estratosfericamente
a 40 por cento, entregou a Lula em 25. Lula passou para Dilma a 12. Ela
conseguiu reduzir para 7, ninguém explica a razão, voltou a subir até esses
execrados 14,25, que parecem intocáveis.
Lacerda ou JK, Presidentes em 1965,
viável e altamente favorável
Teu pai
tinha razão, Pawwlow, em Historia não existe SE. Principalmente no limiar dos
40 anos da morte dos dois. Juscelino, mais tarde confessou que conversou sobre
uma possível reeleição. Não encontrou receptividade. Abandonou a ideia. Ao
passar o cargo para o trêfego e bêbado Janio Quadros, lançou sua candidatura
para voltar em 1965. Infelizmente no calendário político não houve 1965.
Nos
primeiros dias de 1964, JK teve 2 encontros com Castelo Branco, na casa do
deputado Joaquim Ramos, irmão de Nereu. Castelo disse a JK: "Presidente, não
quero assumir como "Chefe do Governo Provisório", não terei força
para garantir a eleição de 15 de novembro de 1965, o senhor será o beneficiado,
já é candidato". (Todos sabem o que aconteceu).
Lacerda
tinha a obsessão da presidência. Principalmente depois do excelente trabalho
realizado como governador da Guanabara. Muitos acreditaram que apoiou o golpe
de 64, como forma de consolidar a candidatura. Engano completo. Ele era tão
ligado aos militares, que não existia possibilidade de ficar contra. Mas eles
começaram a abandoná-lo quando aderiu á Frente Ampla, que surgiu na minha casa.
Foram tão
cruéis com ele, que precisou escrever um artigo emocionante, com o titulo, "Carta
a ex-amigos fardados". Me deu para ler, eu ia ficando com ele, pediu de
volta, explicou: "Tenho que publicar no Globo, o Roberto Marinho vive
reclamando que só escrevo para a Tribuna".
Para
terminar, Pawwlow, um encontro impressionante, teria mudado as coisas. Em
janeiro de 1966,já não mais governador, telefona: "Helio, preciso conversar
com você, agora, mas não quero ir ao jornal". Chegou logo, estava morando
no Humaitá enquanto aprontava o famoso triplex.
Não
demorou, contou: "Estou vindo do Laranjeiras, o Presidente Castelo me
convidou para Embaixador na ONU". Nem deixei terminar, interrompi, aplaudi,
"e você aceitou na hora". Respondeu como se fosse o mais normal: "Recusei
imediatamente. O presidente ficou surpreendido, pediu para estudar a
questão".
Comentei
então: "Eles estão te mandando um recado, você não será presidente, mas
não ficará abandonado. Tem que aceitar, fala correta e correntemente 6 idiomas,
é extraordinário orador, tem paixão por política internacional. O que tiver que
acontecer, acontecerá. Se for positivo, é só pegar um avião. Negativo, já
estará exilado". Mal acabei de falar, disse apenas, "serei
presidente", foi embora. No final desse 1966, fui cassado. Em 1968 fomos presos juntos, perguntou:
"Você ainda considera que eu deveria estar na ONU?". Não era hora de
resposta.
Quem tem medo de gravação?
O
presidente do Senado, enviou oficio á Policia Federal. Motivo: “quer
investigação urgente para saber" quem vazou as gravações do presidente da
Transpetro. È possível que Renan Calheiros abandone o pedido. Imita o que
fez com o Procurador Geral da Republica. Anunciou que pediria seu
impeachment desistiu. Renan está farto de saber, que quem distribuiu as
gravações, foi Sergio Machado. Ia gravar para guardar em casa?
Temer e Cunha, íntimos para
sempre
Nos
ulimos10 dias, estiveram juntos, isolados, três vezes. No Jaburu, lógico, o
Planalto é muito transparente. Na véspera da votação do Conselho de Ética, o
presidente afastado foi comunicar ao presidente provisório: "Vim TE dizer,
que amanhã acaba essa farsa do Conselho de Ética. Sairei vitorioso por 11a
9". Temer: "Fico satisfeito, tuas analises são sempre certíssimas".
Derrotado pelos mesmos 11 a 9, Cunha voltou ao Jaburu para explicar, "o
que para muitos seria derrota, menos para mim".
Domingo,
anteontem, Cunha recebeu um comunicado da assessoria de Temer: "O
presidente espera o senhor amanhã, ás 9 horas da manhã". Chegou
pontualmente, conversaram até ás 10,15. Não foi muito, fizeram analise sobre o
momento político. E mais: examinaram o relacionamento do governo com a Câmara
dos deputados. E sensacional: com o presidente provisório em silencio,
Cunha
mostrou como o governo tem que agir, "para eleger o presidente da Câmara".
Já se despedindo, Cunha falou: "Estou á disposição". Temer foi levar
Cunha, ele entrou no carro na frente, com o motorista. No banco de trás, três
seguranças.
PS- Que
fase, da Inglaterra. Expulsa da União Européia
por metade dos Conservadores e metade dos Trabalhistas, a reação que não
esperava. Pedem pressa "na saída", não podem esperar.
PS2-Ontem, o inacreditável: derrotados pela Islândia,
foram eliminados da Europa. E o inaceitável: em todos os lugares da Europa onde
o jogo era transmitido, vaias para o futebol mais rico do mundo. E satisfação
geral.
PS3- Em 48 horas, a Inglaterra longe da União Européia
e fora da Euro Copa.
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