Dilma não tem uma possibilidade
em um milhão de voltar ao poder. Apesar de Temer não ser a referencia positiva
ou a esperança de ninguém de ninguém
HELIO FERNANDES
Ha 800
anos, o Rei João sem medo, da Inglaterra, revolucionou o mundo, implantando o governo
de Três Poderes, harmônicos e independentes entre si. Executivo, Legislativo,
judiciário. A Grã-Bretanha se transformou na maior proprietária de terras e países
do mundo. E no plano interno, criou um estado de direito de tal
respeitabilidade e responsabilidade que vigoram até hoje. Mesmo não sendo escritas,
são aplicadas pelo que se chama de direito consuetudinário. A República do
Brasil jamais tomou conhecimento dessas modificações.
A
primeira e as diversas Constituições impostas no Brasil, adotaram os Três
Poderes que nunca cumpriram. A começar pela de 1891 até a de agora. Só que 127
anos depois da Republica, atingimos o máximo da desmoralização e da degradação.
O Executivo tem dois presidentes. O eleito, afastado. O empossado pelo golpe, transitório,
acreditando que tem competência para dirigir ou comandar uma espúria transição.
Mas é
apenas o imprudente e diletante ocupante do Planalto, demitindo, "a
pedido", ministros que não devia ter nomeado. Sobre outros, mais íntimos,
afirma vagamente: "Não haverá demissão, por enquanto". È esse
personagem que pretende ser transformado em efetivo, sem voto e sem eleição.
O
Legislativo, degradado, desmoralizado, desavergonhado, está tão sujo, que não
fica limpo, mesmo lavado a jato. A cada dia, os mais altos membros dessa cúpula
são responsabilizados e enquadrados na lei. Mas atingidos leve e suavemente, continuam
interferindo abertamente no prolongamento dos próprios processos a que
respondem. E que já completam 8 meses. Como acontece com o corrupto Eduardo
Cunha.
O
Judiciário se aproveita da ineficiência imoral e dupla do Executivo. Acumulada
com a omissão coletiva e acumpliciada do Legislativo, para agir dubiamente, quase sempre dizendo e se desdizendo. Em alguns
casos, explicam, "não temos poderes para interferir em outro
Poder". Assim, assistiram o desenvolvimento do golpe do impeachment.
Não
tomando nenhuma providencia para que os fatos transcorressem normal e
constitucionalmente. E defender e preservar a Constituição é a mais importante
obrigação do Judiciário, através do Supremo. Com a omissão inesperada, o
Judiciário se acumpliciou com o golpe do impeachment.
Foi longo
o tempo propicio para a ação do judiciário. Manteve Cunha na presidência da Câmara,
para sufocar a verdade e tumultuar a defesa. E mais, assistindo todos os
movimentos criminosos de Cunha, não fez coisa alguma.
Não é
segredo, que dos 367 votos "obtidos" pelo golpe do impeachment, 40 ou
50, votaram pressionados e intimidados pelo próprio Cunha. Sem ele, na primeira
hipótese, teriam contabilizado 327 votos. Na segunda, 317, derrota mais do que
prevista.
Depois
daquele domingo vergonhoso,quando o Legislativo praticou hara-kiri publico,o
Judiciário não quis se sentir ultrapassado, agiu contraditoriamente. Afastou
Cunha da presidência da Câmara, suspendeu seu mandato de deputado. Por que não
fez isso antes? "Não podemos intervir no legislativo". E continuaram na contradição e na dubiedade.
Eduardo
Cunha domina o Legislativo e até o Executivo, transitoriamente entregue ao intimissimo
Temer. O Supremo ha meses tendo considerado Cunha RÉU por unanimidade do próprio
Supremo esqueceu dele. Que é o mais importante personagem político.
Ontem,
falando sobre a preocupação de Lula, a respeito de uma possível prisão de
Sarney, comparei a situação dos dois: ex-presidentes e sem mandato. Sarney, Jucá
e Renan estavam denunciados pelo Procurador Geral. Não se dizia nada sobre
prisão. Apenas o que se sussurrava, e aventei, sem afirmar.
Eduardo
Cunha não fazia parte da denuncia. Escrevi:"O ex-presidente da Câmara só
deixa de tumultuar seu próprio julgamento,se amanhã,terça,o Ministro Zavascki
mandar prendê-lo ás 7 da manhã, como fez da outra vez".
Não era
adivinhação, informe (a pré-informação) e sim analise sustentada. No caso de
Eduardo Cunha, confiança no Ministro, e muita esperança. Foi o assunto do dia, negativas
e defesas apressadas. Durante o dia, circulavam versões contraditórias a
respeito da resposta do Supremo ao pedido do Procurador Geral.
A maioria
achava que Zavascki consultará os outros Ministros. Pode ser. Mas esse pedido
completa hoje 10 dias, os Ministros já foram consultados ou simplesmente
ouvidos. Mas tudo será decidido no plenário. Depende de quando. O que não pode
é se eternizar.
Em
relação a Eduardo Cunha, diferente. Seus crimes são vários e repetidos. Alem do
mais, já é RÉU por unanimidade. E seu recurso foi recusado em 15 minutos. Se
for preso, satisfação nacional. E a certeza da sabedoria da Constituição, quando
estabelece, "que todos são iguais perante a Lei". No caso de Eduardo
Cunha, todo o tempo que ficou em liberdade, já é lucro.
Desinformaram
a opinião publica, sobre o fato de não ter havido votação ontem. O que não
disseram: os dois lados concordaram. E o motivo foi o mesmo: a deputada Tia
Eron, não compareceu. O que assustou os que querem e os que não querem a
cassação. Pois o voto dela dará a vitoria. Ela está pressionadissima por três
lados. A FAVOR da cassação, CONTRA a cassação. E os eleitores dela, lembrando
que a "Bahia está inteiramente a favor da cassação".
Em 48
horas recebeu mais de 30 mil mensagens. Acontece que o adiamento foi para hoje.
Como terão segurança sobre o voto dela? Torcem para que não compareça. Votaria
o suplente Marun, mais "eduardocunhista" do que o próprio
Pedido de prisão de senadores: hipocrisia
do Planalto e do Senado
O
primeiro a se manifestar: Romero Jucá. Textual: "Estou tranqüilo, nada
contra mim". O mesmo que disse no dia em que a gravação de Sergio Machado
retumbava: "Precisamos tirar Dilma do poder, colocar Temer, para acabar
com a Lava-Jato". No mesmo dia, tranqüilo, foi demitido “a pedido". Tranqüilo.
Logo que soube, Temer telefonou para Renan, "estou preocupadíssimo".
Conforme
disse a áulicos e apaniguados, "o risco é que essas decisões tenham
influencia sobre a votação na Comissão do impeachment do Senado”. Péssimo
executivo e analista,nada vai alterar o resultado.Fora do Poder,Dona Dilma tem
menos a oferecer do que Temer.
A falta
de sinceridade da maioria dos senadores. Protestaram, 2 deles sugeriram, "a
renuncia coletiva de todos". Muitos desses, votaram pela validade da
"prisão do senador Delcídio".
O líder
do PSDB, Cássio Cunha Lima, foi o principal orador, falou varias vezes. "Justificando
a prisão do senador", que precisa ser referendada pelo Senado. Ontem dizia
na televisão, com muita criatividade verbal: "Calma com o andor, que o
santo é de barro".
PS- A
possível prisão de Sarney, absurda. Como ele não tem mandato, não precisa de
referendo. Se for preso, ficará em domicilio. Mas com tornozeleira. Exagero. Ex-presidente
e com 85 anos, iria fazer o quê?
PS2- A
reação mais correta, foi a do senador Renan. Se ele tiver que deixar a presidência
do Senado assumirá Jorge Vianna. Do PT. Não poderá fazer nada. Custará mais
caro para o PMDB e o Planalto, manter os 58 ou 60 votos que tem agora.
PS3- Ontem, ás 21 horas e 6 minutos, o presidente da Comissão
de Ética, cancelou a sessão que estava marcada para hoje, quarta. Não explicou
o motivo. Ninguém protestou, o problema é o voto incerto da deputada Tia Eron.
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