Temer prestigia Jucá, Renan, Eduardo
Cunha. Fala em "estabilidade", impulsiona leniência de
empreiteiras-roubalheiras
HELIO FERNANDES
O presidente
provisório-contraditório, mantém o mesmo comportamento dúbio dos tempos do
impeachment. Publicada a queda menor do PIB, logo veio a publico retumbar a
"estabilidade". A queda era prevista para 0,8, caiu 0,3. Isso no
primeiro trimestre, lógico, janeiro, fevereiro e março. Portanto ainda com
a presidente Dilma.
A desgovernança
do golpe só começou em maio. (Ele mesmo gosta de dizer nas entrevistas
coletivas: "Só estou no governo ha 19 dias, conto dia por dia"). E
vai pavoneando sua desadministração, como se a tão apregoada por ele,
"salvação nacional" fosse uma realidade.
Ontem em
mais uma "fala do trono", fez questão de ressaltar: "Existe um
perfeito relacionamento entre Executivo e Legislativo, daí a explicação para a
aprovação das medidas que enviamos". Que falta de constrangimento e de
seriedade. Não quero nem de longe defender Dona Dilma. Nem atropelar Temer.
Pretendo
apenas informar e deixar bem claro, que o impeachment foi uma ação conspiratória
planejada e comandada pelo vice, que não suportava mais continuar "decorativo".
O que acontece, é que a união que levou ao impeachment, permanece impávida,
altiva e altaneira. Não preciso colocar aspas, o leitor é significativamente
inteligente.
Orgulhoso,
Temer enaltece a aprovação, "imediata e comprometida com o país", da
importante e altamente necessária medida que é a DRU. Com esse cheque em
branco, o presidente pode remanejar 30 por cento do orçamento, aplicar como bem
entender. Dona Dilma tentou, não conseguiu.
Temer
obteve facilmente, apenas num dia. A conclusão é obvia: o Legislativo do golpe
não apoiava a presidente eleita e reeleita. O mesmo Legislativo do golpe, é sócio
e participante, tem que referendar tudo. Se recusar, o impeachment é
caracterizado como golpe, os membros do Legislativo, com as raras exceções
habituais, voltam á insignificância de sempre.
O provisório
utiliza seguidamente a mistificação, engana miseravelmente. Obrigado a demitir
a "pedido", dois ministros altamente comprometidos, continua intimissimo
de um deles, Romero Jucá. Presidente do PMDB e senador, passa os dias entre o
Senado e o Jaburu. Serve subservientemente a quem o demitiu. E cumpre suas
missões indignas mas continuistas.
Ontem,
utilizando um áulico, foi apresentada proposta, reduzindo o prazo de discussão
e debate da chamada Comissão do Impeachment. Esse prazo é constitucional, vai
até180 dias. Houve protestos gerais, recuaram, resolveram consultar o Ministro
Lewandowski. E o senador Raimundo Lira, acusadissimo, se presta, deliciado
e se julgando prestigiado, a garantir o tempo da Comissão.
.
A
Constituição não deixa duvida: "Afastado o presidente, a Comissão tem até
180 dias, para decidir se o afastamento será definitivo. Se não o fizer nesse
prazo, o presidente é reconduzido ao cargo, embora o processo continue".
Como o provisório
e seu enorme grupo de áulicos e apaniguados, percebeu que o tempo está passando
quer encurtá-lo. Não existe comparação na Historia do Brasil. Mas o legislador constituinte,
não estipulou o prazo em 180 dias por acaso. De qualquer maneira,Temer se apavora
com a possibilidade do mandato não ir até 2018.
Mesmo com
todas as duvidas, incertezas e desconfianças, Temer finge que governa. Ontem deu
posse ao Ministro da Transparência, que deveria ser da Incoerência e da Imprudência.
Quem assumiu foi um transitório e rápido Ministro do TSE. Teve a audácia de
afirmar: "Não estou contra a Lava-Jato, mas minha prioridade é resolver a
questão da leniência, para que as empreiteiras possam voltar a criar empregos".
O provisório, que na véspera garantira, "o Executivo não vai interferir
com a Lava-Jato, riu discretamente".
A
"leniência" anunciada pelo novo Ministro é uma cumplicidade e
descabida doação. Pelo entendimento do Ministro, funcionaria assim. As
empreiteiras investigadas, confessadas e condenadas pela lava-Jato, voltariam a
disputar e executar obras para o governo. Incluindo a tão assaltada, roubada e
destruída Petrobras. Essa "leniência" apagaria toda e qualquer incidência
criminal.
Também
não haveria nenhum tipo de multa, a não ser as que já tivessem sido aplicadas e
pagas. Isso na presença do provisório. Só não considero um desafio a ele, deve
ter havido concordância. Mas é um desafio aberto e frontal a toda população
brasileira. Que já "Tombou" e não admite demolição da Lava-jato.
Supremo recusa Eduardo Cunha
Alem de
corrupto indefensável, é de audácia inacreditável. Réu por unanimidade, decisão
do Supremo. Com pedido de cassação na Comissão de Ética com um voto retumbante
do relator Marcos Rogério, entrou no próprio tribunal, recorrendo e pedindo
anulação do processo. O Supremo destruiu o pedido em alguns minutos.
Não se
abateu. E tem dito a íntimos: "No máximo no final de junho, reassumirei a
presidência da Câmara". Ele pode dizer o que disser, pode ter conversado
com Temer, antes de entrar com o recurso (como ele mesmo apregoa), mas é mais
fácil a Torre de Piza ficar na vertical perfeita, do que ele voltar a presidir
a Câmara. Humilha. Envergonha. Domina a Câmara. Mas perderá o mandato muito
antes do que imagina.
O lancinante desemprego
Dilma
deixou com 11 milhões sem trabalho. Em 21 dias, já são 11 milhões e 800 mil. Enquanto
isso, Temer pessoalmente cuidou do aumento para funcionários do Executivo
Legislativo e Judiciário. Media do aumento: 41 por cento. Custo: 53 bilhões
anuais. Aumento de salário é sempre bom. Mas nada é tão destrutivo, individual
ou coletivamente, quanto o desemprego. Com esse total, vários membros da mesma
família ficam desempregados e desesperados. E não existe noticia de melhora.
Petróleo e Petrobras
As ações
da empresa subiram 2 por cento. Os apaniguados afoitos logo escreveram: "È
a confiança no governo Temer". Servos, submissos, subservientes. O que
aconteceu: o barril em Nova Iorque bateu em 50 dólares. Em Londres,
ultrapassou. Notícias recolhidas na Arábia Saudita, Irã e Rússia, deixam
entrever que 2016 pode fechar com o barril na casa de 80 dólares. O que não
acontece ha muito tempo.
Pedro
Parente assumiu a Petrobras com capital positivo. Mas devia parar de falar e se
concentrar em fazer. Ou pelo menos tentar. Declaração de ontem: "A
Petrobras será independente". A empresa teve independência de mais e
competência de menos. A independência era tanta, que as empreiteiras praticaram
roubalheira de 88 bilhões (royalties para a ex-presidente Graça), e ninguém percebeu.
Se não fosse a Lava-Jato, o país também não teria sabido.
A vizinhança de SP, contra Temer
Estão
contrariados, desgastados não suportam mais. Saem de casa para alguma coisa rápida,
voltam, são submetidos a contratempo, mostrar identidade. Se saírem várias
vezes, o fato se repete. As casas estão cercadas, quase 100 policiai. Uma praça
agradável, freqüentada por moradores, o bairro é tranqüilo, está interditada
para todos. Uma violência, alem de despesa extra para o
cidadão-contribuinte-eleitor.
Um
vizinho, jurista de primeiro time, ensinou a eles: "Os direitos de todos
estão sendo feridos. O Presidente da Republica, pela Constituição não pode parar
numa rua". Todos atentos, ele concluiu: "O presidente tem um endereço
para trabalhar, e outro para residir. Eu não quero protestar publicamente, vocês
podem". Ficaram interessadíssimos. Estão conversando.
PS-
Ontem á noite, manifestação na Cinelândia, do Rio. Contra Temer, o impeachment,
a favor da volta de Dilma. Inesperadamente, quem aparece? A própria Dilma.
PS2- Saltou
de um carro, sozinha, sem nenhum segurança. Se misturou com o grupo, não queria
ir embora. Perto de 10 da noite, convidada para tomar um café no famoso "Amarelinho",
ali pegado, aceitou, satisfeitíssima.
PS3 –
Modernissima, globalizada, com importantes postagens sobre os direitos dos
jornalistas e a comunicação, a ativissima Associação Nacional e Internacional de
Imprensa – ANI, é presidida pelo sindicalista, jornalista e escritor Roberto
Monteiro Pinho. Em pouco tempo de atividade, acompanhou com Nota Técnica a ADIN da OAB na Lei do Direito de Resposta que está na pauta do STF, implantou o inédito Plantão das Prerrogativas dos Jornalistas, com atendimento 24 horas e recente publicou uma Nota de Repúdio ao estupro coletivo, cometido contra uma menor
da periferia do Rio de Janeiro.
PS4- Este repórter foi indicado e eleito presidente do Instituto
Barbosa Lima Sobrinho, cujo trabalho histórico e cultural, está reunindo
publicações de importantes autores nacionais. O site da ANI é:
anicomunicacao.wix.com/brasil
Um abraço fraterno pr'ocê, Mestre Hélio.
ResponderExcluir