Eduardo Cunha, os últimos dias de Pompéia. Eduardo
Paes, sem charme e liderança, aproveitou bem a Olimpíada, pensou que seriam
presidentes, atropelados pela Lava Jato
HELIO FERNANDES
Depois de pouco mais de 2 anos, a Lava-Jato atinge o apogeu que mobiliza
praticamente todo o pais.Iniciada em março de 2014,parecia um prolongamento do
retardado,espetacular mas inócuo e inútil mensalão. Este dominou as manchetes, popularizou
discussões, ganhou notoriedade. Não pela decisão e sim pela inovação.
Condenações elevadas, réus praticamente desconhecidos. Personagens
poderosos e sempre intocáveis, denunciados publicamente e de forma retumbante, foram
"esquecidos". Inocentados sem serem julgados, atravessavam, incólumes,
a larga abertura da frase repetida por todos: "Jamais ouvi falar
nisso".
Em
março de 2014, surgia a Lava-Jato, em Curitiba. União da Policia Federal, da
Procuradoria Federal, do juiz Sergio Moro, também Federal. Todos de primeira
instancia e rigorosamente desconhecidos. Mas foram conquistando espaços pela
competência, dignidade, credibilidade. Se afirmando, se consolidando, ganhando
a
confiança
da comunidade.
Assustando
e transformando em alvos e inimigos, políticos do primeiro time da baixaria e
da politicalha. E famosas e enriquecidissimas empreiteiras. Unidas pela
corrupção. Pela roubalheira dos dinheiros públicos. Pela divisão, "irmãmente",
de fortunas entre as até então intocadas superfaturadoras de obras. E políticos
"líderes" dos maiores e mais relevantes partidos, transformadas em
ocupantes dos cargos reluzentes, poderosos e intocados.
Foi
atingindo personagens jamais ameaçados. Descobriu,identificou, indiciou, prendeu
e condenou membros proeminentes de uma quadrilha 5 estrelas, que só da Petrobras,
ROUBOU 88 bilhões. Dona Dilma manteve como presidente da empresa, Graça Foster,
amiga e companheira do "vicio" das novelas, ela "não sabia de
nada".
Mas
quando Dona Graça revelou esse numero num "relatório" oficial, foi
impiedosamente demitida. (Não no estilo Temer, que ainda era vice e nem
conspirava, mas na sua forma usual e especial. De quem também "não sabia
de nada", desde a confissão inquestionável de Pasadena).
Lava-Jato agora, consagração ou
destruição
O
cidadão-contribuinte-eleitor, sabe quase tudo do que aconteceu publicamente
nesses 26 meses da Lava-Jato. Mas não sabe nada ou muito pouco dos bastidores. Importantíssimo
para o que pode ser o desfecho a partir de hoje. Antes de surgir a Lava-Jato,
um dos personagens mais turbulentos, tumultuados, quase desconhecido, tinha um
plano ambicioso para cumprir: presidente da Câmara - Governador do Estado
Rio-Presidente da Republica. Seu nome, Eduardo Cunha. 2015 -16, Presidente da Câmara,
consumou no prazo previsto. 2018, governador. 2022, Presidente da Republica.
Hoje se sabe
que poderia ter realizado o projeto ambicioso, não fosse à desonestidade, maior
do que a sua ambição. Eleito presidente da Câmara,com maioria estrondosa,se
transformou num personagem poderoso.No meio de 2015, ainda não descoberto por
Curitiba,mostrou como estava atento.
Sabia que
não ganharia de Eduardo Paes, a disputa para Governador. Lançou então,com
espalhafato,o nome do prefeito como presidenciável pelo PMDB.O partido,que
ainda não abandonara a posição de coadjuvante,nem pensava na
conspiração-traição,encampou a ideia.
Mas o inacreditável,
imponderável e inimaginável, aconteceu. O prefeito publicamente aceitou a
"indicação",não percebeu o que estava por trás.Já havia anunciado
seus planos.Confessou em varias entrevistas:"Deixo a prefeitura em janeiro
de 2017,vou passar mais de1 ano estudando no exterior,volto para ser candidato
a governador em 2018".
Bastante razoável
e perfeitamente realizável. Só que não sendo muito brilhante,praticamente
desconhecido,sem charme ou liderança,desistiu"de
governador,"assumiu" a presidência.
Desapareceu.
Ganhara repercussão municipal ,aproveitando muito bem a Olimpíada.Fez obras
vistosas,como o Museu do Amanhã,a transformação e a utilização de um bairro
abandonado.( A Saúde,entre o túnel João Ricardo,o primeiro construído no Rio,para
ligar a Central e o Campo de Santana á Praça Mauá.
E a
audaciosa e aplaudida decisão de demolir a Perimetral. Quem teve a ideia foi o
prefeito arquiteto Conde,não teve tempo. Paes conseguiu e consumou).
"Assumindo”,
a condição de presidenciável, cometeu erros clamorosos. Encampou a candidatura á sua sucessão do amigo acusado de agredir a mulher.desprezou municípios,Manteve
aqueles diálogos vergonhosos com Lula,criticadissimos aqui na época.Seu
"patrono" Eduardo Cunha, só cumpriu a primeira parte da ambição,continua
nas manchetes,inteiramente negativas
Está
cassado pela Comissão de Ética, se chegar ao plenário, perde esmagadoramente. Seus
bens moveis e imóveis bloqueados.Tem que pagar mais de 1 milhão
determinado pelo Banco Central.Falam que pode diminuir o tempo de condenação e
prisão,fazendo delação.Nega.Mas é a Justiça de Curitiba que não se
interessa.Talvez aceite a delação da mulher,Claudia Cruz.
Pressão no Supremo, contra a
Lava-Jato
Julgamento
sensação está marcado para amanhã. Em fevereiro o mais alto tribunal decidiu: "Condenado
em segunda instancia, o cidadão deve ser preso imediatamente, embora os
recursos continuem”. Visível avanço,fim das ações protelatórias.Os
interessados alegaram: "Prejudica a presunção de inocência". Falsidade
e mistificação. O objetivo dos recursos é a prescrição. Só os ricos e poderosos
se beneficiam. Sentindo que poderiam ser prejudicados, coordenaram ação dupla
para derrubar a ação do Supremo.
Souberam
que Sergio Machado faria delação, dando como prova-base, gravações, providenciaram entendimento. Como
ele terá que devolver entre 75 e 100 milhões, a proposta. Provocaria os
interlocutores a falar contra a decisão do Supremo, pagariam a indenização. Acrescentaram:
"Do Supremo nós tratamos". Essa segunda parte está sendo tratada pelo
causídico famoso, caro e dono de restaurantes em Brasília. Está marcada
sessão do Supremo para amanhã, quarta feira.
O Supremo
não pode anular a própria decisão. Nem acredito que isso seja cogitado. Se
voltasse a valer a "prisão depois da sentença transitada em julgado",
vitoria completa das empreiteiras roubalheiras. Não haveria mais delação de
ninguém. Até mesmo as da Odebrecht e Andrade Gutierrez, que já começaram,
seriam interrompidas. E fariam tudo para recomeçar depois da prescrição. No
final do dia, circulou: a questão saiu da pauta. Não consegui apurar. Se for
verdade, pode ser apenas um adiamento.
De
qualquer maneira, haja o que houver, ACREDITO
NO SUPREMO.
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