Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Presidente do BC, promete muito, confirma pouco. Presidente provisório comanda sobrevivência do corrupto Cunha

HELIO FERNANDES

Normalmente é um dos cargos mais importantes. Nas atuais circunstancias, de relevância incalculável. Convidado e nomeado sem restrições, e recebendo um dilúvio de elogios, devia ter sido mais cauteloso.  Apressado, garantiu demais, transformou a própria duvida, rigorosamente incerta, numa quase verdade só que com 1 ano de espera. Lembremos as promessas da posse: "Envidaremos esforços para trazer a inflação ao centro da meta, 4,5 por cento".

E concluiu de forma decepcionante: "Em 2017". Comentei na mesma hora: "A promessa da inflação é audaciosa, o tempo,1 ano, sinalizava para 12 meses de duvidas ou até de adivinhações. 

Ainda não completou 1 mês de existência, e já vem a publico no Brasil e na Suíça, onde está, e é obrigado a esclarecimentos, não quero nem chamar de desmentidos. Não vai atingir a meta na prometida chegada aos 4,5 tão almejados, "vamos trabalhar  para ser em 2017, ou então no inicio de 2018". Visivelmente desistiu do vago 2017, que se fosse em novembro ou dezembro, quase o mesmo que o "inicio de 2018". Que não pode ser prorrogado, a não ser com outra "solução" como a de agora, sem povo e sem eleição.

Esse senhor Ilan, como é chamado por causa do sobrenome complicado, precisa entender a extensão ou o tamanho da sua responsabilidade. A melhoria ou até a definição para o Brasil não vem da política e sim da economia. A política só complica, principalmente por causa do comprometimento empavonado, do presidente provisório. Que luta insensatamente para misturar o desarvorado com o desiquilibrado, as duas palavras quase sinônimos, na verdade conflitantes.

Isso tudo leva e eleva ao paroxismo, qualquer coisa que venha do Banco Central. Prazos precisam ter credibilidade, não podem vir seguidos do desmentido. Afirmações têm que ser confirmadas.

Lamento, mas nem os especialistas interessados estão acreditando no presidente do BC. Tentam preservá-lo, desmentindo apenas os números. Não adianta nada. A realidade tem que ser enfrentada com medidas praticas e verdadeiras, não apelando apenas para a boa vontade. Terminemos  a analise economica-financeira, mostrando a contradição do comportamento no combate á inflação e a manutenção dos juros, vergonhosamente altos.

A presidente efetiva errou elevando os juros na alta e na baixa da inflação. A inflação estava em 8 por cento, os juros em 7. Tombini aumentou os juros até 14,25, à inflação chegou a 11,30. A partir de novembro de 2015 até abril de 2016, a inflação veio para 7,4. Era uma chance de reduzir os juros, eles se mantiveram impávidos e altaneiros em 14,25.

Veio o "novo" governo, ficou a mesma coisa. Ilan assumiu o BC, trata intensamente da inflação, nenhuma palavra sobre juros.

Perdão, diz que não é hora de cuidar do assunto.Mas não é unanimidade entre economistas e especialistas, que se combate inflação com alta dos juros? E com a queda o presidente do BC fica silencioso e aparentemente satisfeito. Os juros não são importantes? 14,25 quando já deveria estar obrigatoriamente em 10 por cento, não representam crime? E quando a inflação estiver nos sonhados 4,5 em que patamar estarão os juros. Falta conhecimente, coragem e competencia.

(J.P.Morgan aposta: "Corte da Selic. virá  em outubro". O CitiBank. mais eclético, divulga: "A Selic será reduzida  entre agosto e novembro".Total insegurança. O Itaú não informa nem desinforma:"Queda de juros só em 2017". Como se vê, adivinhações para todos os gostos. Nem o proprio presidente do BC pode ficar irritado. Os  especialistas tão inseguros quanto ele).

Alemanha e França não perdoam Cameron

Anteontem, a primeira vez que Merkel e Hollande  se  encontraram pessoalmente com Cameron. Já vinham de longe, criticando duramente o Reino Unido. Injustiça, pois o Primeiro Ministro era a favor da permanencia, foi derrotado. E precisa de tempo, para consumar a saida. Alem dos problemas economicos e administrativos. completa turbulencia politica.

È impossivel desfazer uma aliança de 43 anos, em algumas semanas.  Ninguem sabe até agora, quem será o futuro Primeiro Ministro. Para complicar, pode ser Trabalhista ou Conservador. Muitos nem querem saber. Mas existem 6 deputados, 3 em cada partido, que declaram: "Serei o Primeiro Ministro". È o caos no país e no Parlamento.

O presidente provisório, se  arrisca para salvar Cunha

Nos meios politicos e setores jornalisticos, um assunto está presente diariamente: o relacionamento entre Michel Temer e Eduardo Cunha. E não ha disc ordancia, ao contrario, inesperada unanimidade: "Não pode ser apenas amizade,tem que existir alguma coisa até agora não desvendada".

Tres encontros em 10 dias, desgaste completo para o presidente provisorio, que não tem tanto capital para desperdiçar. O primeiro e o segundo, condenavel pela facilidade com que Cunha transita pelo Jaburu. Já ressaltei: ele jamais vai ao Planalto, acha a residencia não tão visivel. Acontece que isso é Brasilia: assim que  ele chega, todos sabem.

O terceiro encontro, execravel. Inadmissivel. Inacreditavel. Foi o proprio Temer que chamou ao Jaburu o ex-presidente. Pediu isso mesmo, pediu a Cunha que fizesse exame da situação politica do país, "e como deverei agir para manter o controle da Camara". Já revelei com exclusividade os "conselhos" de Cunha. Mas não terminou por aí. Cunha falou sobre a presidencia da Camara, e disse textualmente: "Você pode me ajudar a voltar á presidencia da Camara". Nem protesto ou discordancia de Temer, Cunha deu toda a receita, cumprida á risca, até agora.

Como o problema de Cunha está na Comissão de Constituição e Justiça, (CCJ) Temer cumpriu todo o roteiro determinado por Cunha. Mandou um assessor convidar o presidente da CCJ, Osmar Serraglio, para ir ao Planalto. Chegou logo, o presidente provisorio recitou: "Quero que você trate pessoalmente da questão do Eduardo Cunha. Indique como relator o deputado (disse um nome desconhecido) se possivel ainda hoje". Não havia mais nada a  tratar, voltou para a Camara.

Chamou o deputado, disse, "você será o relator do processo do Eduardo Cunha". Acreditou que ia surpreender o deputado, tipico baixo clero. Surpreendido foi ele com a resposta: "Já estou trabalhando no parecer". Falou pelo telefone com Cunha,voltou para o gabinete de Osmar,"pediu prorrogação do prazo". Concedido na hora.

Um escandalo, Osmar foi criticadissimo pelos colegas, mas procurado por reporteres  de televisão. Falou: "A CCJ tem 65 membros, o relator é só 1" Olhando para câmera de TV,apontou o dedo na "cara do telespectador", e rindo, gritou, "só 1". “Indecencia e indignidade".

Mas a coordenação presidencial não termina aí. Cunha diz que "não renuncia, quero voltar á presidencia ". O apaniguado de Cunha na CCJ, pede mais prazo para processo de Cunha. O acolito dele na liderança do governo, afirma publicamente: "O processo de Cunha tem que terminar no maximo em 15 dias". Não é só indignidade. È preciso inventar outra palavra, mais elucidativa.

O perdão e a prisão de Dirceu

Muita gente no mundo politico e juridico ficou surpreendido e levou um  susto. O Procurador Geral pediu ao Supremo, perdão para o ex-Ministro Chefe da Casa Civil.Ele estava condenado pelo processo do mensalão. Cumpriu uma parte preso, estava em prisão domiciliar, quando foi novamente preso e enquadrado na Lava-Jato. Continua na prisão, e não existe a menor duvida de que será condenado novamente.

Existem duas versões a respeito da questão. 1-Janot sabe ou soube que José Dirceu será condenado, novamente, e não demora muito. Como seria a segunda condenação, teria que ir para uma penitenciaria imediatamente. Considera que a reação seria desfavoravel. E como  falta pouco tempo, não seria  absolvição e sim  perdão-anulação.

2- Voltaria a não ter prisão. Se fosse condenado pela Lava-Jato, não iria para uma penitenciaria. E caberia recurso para o STJ e STF. De qualquer maneira, o Supremo daria a ultima palavra em tudo. Por enquanto, tem que decidir, contra  ou a favor do pedido de perdão. Enquanto escrevo, vem  a noticia: Dirceu se torna réu pela segunda vez na Lava-Jato. As coisas se complicaram.

A propósito de Supremo

o Ministro Dias Toffoli, mandou libertar o ex-Ministro  Paulo Bernardo.A libertação de alguem, geralmente é uma boa noticia.No caso é preocupante, pois sozinho,Toffoli reformou a Constituição.Até agora, só algumas pessoas tinham foro privilegiado.
A partir de hoje,com a jurisprudencia Toffoli, até imoveis têm esse  privilegio. E pensar que Lula lutou e insistiu tanto para ser considerado Ministro o e não ir para Curiiba. Bastava morar num apartamento"funcional", e estaria tudo resolvido.

PS- Personagens importantes do Brasil, já foram mais cautelosos e respeitosos, consigo mesmo e com a opinião publica. Ontem, num jantar em homenagem ao
presidente provisório ,estavam presentes Gilmar Mendes  e Otavio Noronha.

PS2- Os três não poderiam estar juntos. O presidente provisório, como homenageado, teria que estar presente. Os outros dois não poderiam comparecer. 

 PS3- Motivo: Gilmar Mendes é presidente do TSE. Otavio Noronha é Ministro desse TSE. Ha meses estão com o processo para julgar e obviamente cassar a chapa Dilma-Temer. Estão descumprindo o dever, algum dia terão que realizar o julgamento. Votando contra, a favor, ou arquivando.

PS4- Otavio Noronha é a favor da cassação da chapa. Gilmar é uma incógnita. Maria Tereza Moura, a relatora, ha 5 meses com o processo, contra a cassação. Se tivessem realizado o julgamento no tempo certo, não teria acontecido tudo o que aconteceu.

PS5- No momento o placar está 3 a 3. São 7 Ministros, existe tendência forte de arquivamento. Um acordo. Dona Dilma não será mais atingida. Haveria a possibilidade de eleição indireta.


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