Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 14 de julho de 2015

DILMA VERSUS AÉCIO = MICHEL TEMER

FERNANDO CAMARA
14.07.15

O primeiro semestre parlamentar termina esta semana com o vice-presidente Michel Temer na posição de única autoridade a falar em necessidade de união nacional. Discreto e fechado em copas quando alguém lhe procura para falar de perspectivas de impugnar a petista Dilma Rousseff do comando do país, ele rechaça.

A reserva de Michel Temer, entretanto, não impede que ele seja visto como uma opção, em especial por causa do discurso que adota nesse momento, em que Dilma e Aécio Neves trocam acusações, subindo o tom da disputa entre governo e oposição.

Os ataques de Dilma a Aécio foram idealizados por João Santana, o marqueteiro das estrelas, que prepara uma campanha publicitária política onde o tema central é trabalhar o pedido de Impeachment como se fosse um golpe antidemocrático.

Foi nesse contexto que surgiu dentro do governo a ideia da entrevista da presidente Dilma, que é avessa a entrevistas. Santana escolheu que ela falasse à Folha de São Paulo em detrimento dos outros jornais, e em vez de levar a presidente a assumir um discurso que enfatizasse a recuperação da crise econômica, partiu para a afirmação “eu não vou cair”, tentando deslocar o foco das denúncias para um viés golpista.

Na Rússia, Dilma negou a rebelião da base do governo, negou que cairá, mas não conseguiu arrefecer o tema. Ela leva a crise de relacionamento com o Congresso para toda a parte e não consegue implementar ações que contribuam com a saída da crise econômica.
Até aqui, embora a classe política esteja fazendo suas maiores apostas na saída de Dilma, ainda não é possível fazer essa afirmação de forma categórica. Esta semana, o dono da UTC e Constran, Ricardo Pessoa, presta depoimento à Justiça Eleitoral e a expectativa é a de que não fale nada.

Em delação premiada ao Ministério Público, Pessoa apontou a utilização de dinheiro de propina para o financiamento eleitoral e envolveu nas denúncias o tesoureiro da campanha da coligação vitoriosa, Edinho Silva, atual ministro da Secretaria de Comunicação Social.

Se essa ação for adiante, a expectativa é de novas eleições, saída que conta com a torcida do PSDB, que ingressou com essa Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) em dezembro de 2014.

No caso do processo em curso no Tribunal de Contas da União, o caminho promete ser mais longo. Mas há alguns políticos  cogitando a permanência dela pelos três anos e meio de governo.

CRISE SE AGRAVA ESPERANDO A ENTRADA DE LULA

Lula também ouve João Santana e divulgou nota rechaçando o golpismo, mas não esclarece que golpe é esse. Enquanto isso, crescem as especulações de que ele estaria disposto a entregar a cabeça de Dilma.

IBOPE

Lula ainda é visto como o maior nome do PT, mas está cada vez mais desgastado. Sábado, os petistas tomaram um susto ao ver a pesquisa IBOPE, em que Aécio apareceu com 48% de intenções de votos e Lula, 33%. Alckmin  teria hoje 40%. 

Pesquisas,  nesse momento de um mar de incertezas, servem para orientar movimentos.  Alckmin aparecer com 40% anima os tucanos paulistas que desejam ver Geraldo Alckmin candidato a presidente da República.

ENQUANTO ISSO, NO BALANÇO DAS HORAS....

O PSDB se nega a uma aproximação de um possível projeto com o PMDB. PT, oposição ao Levy, se esquece de que é Governo e busca outras pautas longe da economia para manter acessa alguma chama política. E assim leva a base para uma postura mais distante do Planalto. Todos os partidos, inclusive o PT a o PMDB, aprovaram aumento de gastos.

Semana passada, o PMDB viveu um momento pendular, foi para o lado do rompimento com Eduardo Cunha e Temer, mas voltou às atitudes políticas ponderadas do vice-presidente.

VETOS
Cresce a cada dia o número de projetos que a presidente Dilma tem para vetar. Desta vez, foi a correção das aposentadorias pelo mesmo valor do salário mínimo, que irá se somar ao reajuste do Judiciário

POR FALAR E JUDICIÁRIO...

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é esperado na próxima quarta-feira na CPI da Petrobras, especialmente para explicar por que Dilma precisou se encontrar às escondidas com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em Portugal.  

O GOVERNO CONTINUA GASTADOR

Amarrado no que se refere às contas a pagar, o governo agora vai, com perdão do trocadilho, reduzir a economia. Meta de superávit no PLN 4 reduz de 1,8% para 0,4%, e na LDO a redução será de 1,3% para 0,4%, todos partem de relatórios do senador Romero Jucá, intitulado como sendo o “Relator Geral da União”. Esse PLN precisa ser aprovado para facilitar a liberação das emendas parlamentares inscritas em restos a pagar. Se esse projeto não passar, os deputados e senadores arriscam não votar a LDO, e, sem LDO não há recesso regulamentar.

Isso mostra que o governo fracassou em economizar e, para completar, o desemprego sobe e a Inflação chegou a 6%;  BC otimista acha que não termina o ano com mais de 9% nesse quadro. Joaquim Levy está sumido desde o retorno dos EUA. Pesquisas enterram a Dilma séria e honesta e escancara a péssima administradora. E o PT permanece identificado com a corrupção.

PORTUGAL: JOSÉ SÓCRATES CONTINUA PRESO

Não é de ágora que os Investigadores portugueses da Operação Marquês procuram ligações com o Brasil. Eles seguem a pista da Odebrecht, pela sua presença ao lado do grupo Lena numa série de consórcios vencedores de obras públicas durante os governos de José Sócrates. Os três conglomerados brasileiros que operam em Portugal (Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez) sempre estiveram na primeira linha de investigação entre as dez Construtoras envolvidas na Operação Lava Jato.

GOVERNO DEFENDE "PEDALADAS" JUNTO A BASE ALIADA

Representantes do governo estão estendendo ao Congresso o trabalho de convencimento sobre a regularidade dos artifícios fiscais colocados em prática no exercício de 2014 e que estão sendo questionadas no Tribunal de Contas da União (TCU).

A justificativa do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, é que, como o parecer do TCU será analisado pelo Congresso, a argumentação do governo também deve ser apresentada aos parlamentares.

A rigor, a ameaça de o TCU rejeitar as contas de Dilma em 2014 trouxe insegurança à base de sustentação e exigiu que o governo desse mais atenção aos representantes dos partidos aliados.

SENADO RETARDA REDUÇÃO DAS DESONERAÇÕES

O Senado vai adiar o desfecho do projeto do Executivo que reduz as desonerações da folha de pagamento das empresas. O presidente da Casa, senador Renan Calheiros, dá todas as indicações de que o texto a ser votado não será o que saiu da Câmara.

As prováveis mudanças levarão o projeto a uma nova rodada de discussão pelos deputados, provavelmente em agosto, transferindo para dezembro a expectativa para o início da cobrança das novas contribuições previdenciárias.

A Câmara gastou suficientemente o tempo de tramitação do projeto, proposto pelo governo em regime de urgência constitucional, para que chegasse ao plenário de ambas as Casas depois de 45 dias de tramitação. O projeto foi apresentado em 20 de março e teve a votação concluída em 25 de junho, vale dizer, mais de 90 dias depois.

Na Câmara, a última semana de funcionamento do Congresso no período regulamentar será dedicada à reforma política.


É que Eduardo Cunha, que segue enfrentando o governo, não pretende arriscar a redução da maioridade penal, com medo da falta de quórum. Dilma retoma as reuniões da coordenação política depois de uma semana fora do país. É a crise, em alta e na pauta.

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