A CRISE DAS CRISES
FERNANDO CAMARA
29.07.15.
Política e economia andam juntas
Para entender por que a economia está parada, é preciso entender o porquê da política estar num momento de estagnação, sem dar respostas para as questões que afligem a população de forma geral. O país vive em imenso compasso de espera em todos os setores, onde a maior crise é a de confiança, como veremos a seguir.
Vejamos primeiro a economia. Os empresários simplesmente trancaram seus cofres. Não confiam. Temem investir num país que, de uma hora para outra, pode mudar as regras do jogo, sem a menor cerimônia ou, ainda mais grave, venha uma mudança de governo. Quanto às regras de jogo, foi assim, por exemplo, no setor de petróleo quando o governo optou pelo sistema de partilha, sem consultar os interessados.
Para entender por que a economia está parada, é preciso entender o porquê da política estar num momento de estagnação, sem dar respostas para as questões que afligem a população de forma geral. O país vive em imenso compasso de espera em todos os setores, onde a maior crise é a de confiança, como veremos a seguir.
Vejamos primeiro a economia. Os empresários simplesmente trancaram seus cofres. Não confiam. Temem investir num país que, de uma hora para outra, pode mudar as regras do jogo, sem a menor cerimônia ou, ainda mais grave, venha uma mudança de governo. Quanto às regras de jogo, foi assim, por exemplo, no setor de petróleo quando o governo optou pelo sistema de partilha, sem consultar os interessados.
O mesmo
ocorreu no setor elétrico. Agora, por mais que o governo lance mil planos de
parceria, etc, os investimentos permanecem travados. Somando-se essa falta de
confiança com a crise internacional, pronto. Está criado o caldo da paralisia.
O resultado que se vê é a falta de confiança alimentando os índices de
desemprego, de inflação e de juros, que esta semana devem subir meio ponto
percentual.
Diante disso, o que faz a política? Nada de especial. A receita do governo para tentar salvar a presidente Dilma Rousseff da enrascada política em que ela se encontra é mais do mesmo. Esta semana, ela promete deflagrar um périplo pelo país: lançamentos de programas, aparições públicas, etc. Sim, mas com quê dinheiro, se não há orçamento?
E a política?
Vê-se por esses dias o Congresso num recesso ilegal (os deputados e senadores não poderiam ter saído de férias porque simplesmente não votaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias). O nervosismo de seus principais atores só cresce porque virou lugar comum dizer que a Lava Jato chegou aos políticos. Essa afirmação é otimista e imaginária, pois não conhecemos os autos dos processos, mas há sinais de que a hora deles realmente chegou, haja vista a busca e apreensão nas casas e escritórios de senadores e deputados.
Contudo, é impressionante a ligação das ações do STF com o desenvolvimento da política e a distância entre a agilidade dos magistrados de Curitiba, com destaque para o pop star Sérgio Moro e os ministros do Supremo. Ora, já há condenações de empresários e de operadores, as investigações seguem para os segundos escalões, com destaque para os funcionários da Petrobras, e o STF apenas apreendeu os carrões do Collor.
Diante disso, o que faz a política? Nada de especial. A receita do governo para tentar salvar a presidente Dilma Rousseff da enrascada política em que ela se encontra é mais do mesmo. Esta semana, ela promete deflagrar um périplo pelo país: lançamentos de programas, aparições públicas, etc. Sim, mas com quê dinheiro, se não há orçamento?
E a política?
Vê-se por esses dias o Congresso num recesso ilegal (os deputados e senadores não poderiam ter saído de férias porque simplesmente não votaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias). O nervosismo de seus principais atores só cresce porque virou lugar comum dizer que a Lava Jato chegou aos políticos. Essa afirmação é otimista e imaginária, pois não conhecemos os autos dos processos, mas há sinais de que a hora deles realmente chegou, haja vista a busca e apreensão nas casas e escritórios de senadores e deputados.
Contudo, é impressionante a ligação das ações do STF com o desenvolvimento da política e a distância entre a agilidade dos magistrados de Curitiba, com destaque para o pop star Sérgio Moro e os ministros do Supremo. Ora, já há condenações de empresários e de operadores, as investigações seguem para os segundos escalões, com destaque para os funcionários da Petrobras, e o STF apenas apreendeu os carrões do Collor.
Nada de
oitivas, nada de questionamentos, tudo represado. Talvez algumas das respostas
tenham sido fornecidas a Dilma na cidade do Porto, no encontro que a presidente
teve com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, numa escala “não
programada”,( vejam só!)da viagem à Rússia.
Um delator acusou o Eduardo...
Em meio à afirmação “chegou aos políticos”, foi para a defensiva o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O deputado tem informações seguras de que o vídeo, com a acusação, partiu de aliados orientados pelo Planalto para a TV Globo. Num Petrolão com dezenas de parlamentares enrolados, no vídeo constava um único nome, o do presidente da Câmara.
A reação de Cunha surpreendeu o mundo político. O gelado Pingüim destemperou. E mostrou a face de um personagem ainda não revelado até então. Deixou de lado o irônico, o metódico, o frio, o calculista. Mostrou um ser raivoso e destemperado. As frases ficaram guardadas na memória: “Desafio a prová-las”, “Rompimento pessoal”
Quem perde mais?
Ninguém ganha com o destempero, mas o governo Dilma é quem perde mais... Tinha dentro da sua base um líder que, embora nem sempre apoiasse as ações governamentais, segurava algumas propostas. Agora não tem mais; pode até ser que alguns dos seus liderados não o acompanhe em tempo integral, mas muitos irão acompanhá-lo e todos irão tentar tirar vantagens dos seus movimentos.
Um delator acusou o Eduardo...
Em meio à afirmação “chegou aos políticos”, foi para a defensiva o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O deputado tem informações seguras de que o vídeo, com a acusação, partiu de aliados orientados pelo Planalto para a TV Globo. Num Petrolão com dezenas de parlamentares enrolados, no vídeo constava um único nome, o do presidente da Câmara.
A reação de Cunha surpreendeu o mundo político. O gelado Pingüim destemperou. E mostrou a face de um personagem ainda não revelado até então. Deixou de lado o irônico, o metódico, o frio, o calculista. Mostrou um ser raivoso e destemperado. As frases ficaram guardadas na memória: “Desafio a prová-las”, “Rompimento pessoal”
Quem perde mais?
Ninguém ganha com o destempero, mas o governo Dilma é quem perde mais... Tinha dentro da sua base um líder que, embora nem sempre apoiasse as ações governamentais, segurava algumas propostas. Agora não tem mais; pode até ser que alguns dos seus liderados não o acompanhe em tempo integral, mas muitos irão acompanhá-lo e todos irão tentar tirar vantagens dos seus movimentos.
Não há como
contestar se Eduardo Cunha passar a integrar as fileiras da oposição, mesmo não
aceito por elas. O fato é que as dificuldades da vida do governo no Congresso,
que já não são poucas, irão aumentar.
Rompimento fajuto?
Dentro do PMDB, o partido trata de colocar Eduardo num “reservado”, ou seja, não é hora de partir para o ataque final para cima do PT. Daí, o fato de alguns afirmarem que o rompimento é fajuto. Mas o relacionamento que era mantido à base de acordos, terminou. Agora restam aos bombeiros o trabalho de rescaldo e também um compasso de espera.
Cunha terá apoios à medida que consiga contornar as denúncias Será ou não réu? O que consta nos autos que se encontram nas gavetas do STF? A imprensa especula a saída de Eduardo Cunha, alguns pedem seu afastamento. Ele, porém, não vai se mover nessa direção. Não tem a personalidade de quem vai mergulhar até a tempestade passar, como tem feito, por exemplo, Renan Calheiros e o senador Edison Lobão.
Enchendo o paiol
Na abertura dos trabalhos, na próxima semana, o governo tem que estar preparado para responder à primeira dúvida: qual será o real tamanho da base? Essa é a pergunta mais urgente. Afinal, o presidente da Câmara se dedicou nos últimos dias a lotar o seu arsenal de combate para o segundo semestre.
Rompimento fajuto?
Dentro do PMDB, o partido trata de colocar Eduardo num “reservado”, ou seja, não é hora de partir para o ataque final para cima do PT. Daí, o fato de alguns afirmarem que o rompimento é fajuto. Mas o relacionamento que era mantido à base de acordos, terminou. Agora restam aos bombeiros o trabalho de rescaldo e também um compasso de espera.
Cunha terá apoios à medida que consiga contornar as denúncias Será ou não réu? O que consta nos autos que se encontram nas gavetas do STF? A imprensa especula a saída de Eduardo Cunha, alguns pedem seu afastamento. Ele, porém, não vai se mover nessa direção. Não tem a personalidade de quem vai mergulhar até a tempestade passar, como tem feito, por exemplo, Renan Calheiros e o senador Edison Lobão.
Enchendo o paiol
Na abertura dos trabalhos, na próxima semana, o governo tem que estar preparado para responder à primeira dúvida: qual será o real tamanho da base? Essa é a pergunta mais urgente. Afinal, o presidente da Câmara se dedicou nos últimos dias a lotar o seu arsenal de combate para o segundo semestre.
Ele vai
instalar duas novas CPIs – Fundos e BNDES. Certamente, trarão desgastes ao
governo e podem complicar o quadro, levando a uma situação de reforçar um
possível pedido de impeachment, mas não acredito que tenha o mesmo efeito do
Petrolão, pois não têm por trás o aparato do MP e da DPF que atendem ao juiz
Moro, um magistrado com tamanha aptidão.
Da parte do Executivo, a luta política continua…
Vimos no anúncio de medidas econômicas o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, cercado pelos ministros da Defesa, Jaques Wagner, e o da Aviação Civil, Eliseu Padilha. Barbosa ganhou uma “ajudinha”. Foi um sinal da busca de novos interlocutores pelo Governo ou Mercadante e Edinho Silva estavam afônicos?
No mesmo momento Michel deu o troco em Mercadante, quando disse que o PMDB pode, sim, deixar o governo, e todos fingiram não ouvir. O PT hoje simplesmente não tem como prescindir dos peemedebistas e já está passando da hora de Dilma promover uma reforma administrativa que demonstre que o governo está fazendo a sua parte no ajuste fiscal.
E no círculo das empreiteiras…
Com os empresários condenados, faltam os políticos e os petroleiros, gerentes da Petrobras, tremem. A entrevista dos procuradores na última sexta-feira foi considerada devastadora para o setor que se enroscou na Lava Jato. Primeiro, tudo o que Marcelo Odebrecht dizia, que não fazia nada ilegal, caiu por terra. Lá estavam, num organograma, todas as offshores que a empresa usava, desvendadas com a ajuda da polícia suíça.
Causou estranheza ainda o súbito afastamento da advogada Beatriz Catta Preta. Ela deixou o país e até agora não se sabe ao certo se foi pressionada, ameaçada, ou coisa que o valha. O que a amedrontou?
Da parte do Executivo, a luta política continua…
Vimos no anúncio de medidas econômicas o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, cercado pelos ministros da Defesa, Jaques Wagner, e o da Aviação Civil, Eliseu Padilha. Barbosa ganhou uma “ajudinha”. Foi um sinal da busca de novos interlocutores pelo Governo ou Mercadante e Edinho Silva estavam afônicos?
No mesmo momento Michel deu o troco em Mercadante, quando disse que o PMDB pode, sim, deixar o governo, e todos fingiram não ouvir. O PT hoje simplesmente não tem como prescindir dos peemedebistas e já está passando da hora de Dilma promover uma reforma administrativa que demonstre que o governo está fazendo a sua parte no ajuste fiscal.
E no círculo das empreiteiras…
Com os empresários condenados, faltam os políticos e os petroleiros, gerentes da Petrobras, tremem. A entrevista dos procuradores na última sexta-feira foi considerada devastadora para o setor que se enroscou na Lava Jato. Primeiro, tudo o que Marcelo Odebrecht dizia, que não fazia nada ilegal, caiu por terra. Lá estavam, num organograma, todas as offshores que a empresa usava, desvendadas com a ajuda da polícia suíça.
Causou estranheza ainda o súbito afastamento da advogada Beatriz Catta Preta. Ela deixou o país e até agora não se sabe ao certo se foi pressionada, ameaçada, ou coisa que o valha. O que a amedrontou?
O fato de um grupo ter sido transferido para a penitenciária colocou o mundo da política e do segundo escalão das empresas em estado de alerta. Todas as vezes que isso acontece, uma nova leva termina na carceragem da PF em, Curitiba.
E o TCU?
Com a defesa do governo finalmente apresentada, começou a caça aos votos e aos ministros. A reportagem da Folha, na qual Vital do Rego é acusado de ter recebido dinheiro desviado da prefeitura de Campina Grande, em 2010, é um ingrediente que ajuda a desgastar o corte de contas. A semana, embora estivesse programada para ser de calmaria, será pra lá de agitada. Se julho termina assim, pode se preparar porque agosto será pior.
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