A ENTREVISTA DE FHC, VERGONHOSA,
PECAMINOSA, VEXAMINOSA E PRINCIPALMENTE, MENTIROSA. A COMISSÃO DA VERDADE
“IDOLATRANDO” PINOCHIO.
HELIO FERNANDES
*publicada em 01.12.14
A Comissão da Verdade, com todos
os poderes, conseguiu obter algumas explicações, desvendar crimes e descobrir e
desenterrar corpos, mais nada. Está trabalhando há anos, poderia conseguir
muito mais, se não tivesse visível receio de se aproximar de alguns generais.
Chegaram perto dos quartéis, fizeram requerimentos, perguntas e indagações,
foram completamente ignorados.
É bem verdade (desculpem o uso da
palavra), essa Comissão levou tanto tempo a ser concretizada, que todos os
generais do “primeiro time”, transformados em “presidentes”, morreram muito
antes de serem acusados.
Ao contrario do que aconteceu na
Argentina, onde quase todos morreram em celas miseráveis. Ou no Chile, onde
semana passada, generais criminosos foram condenados. Estavam na cadeia, as
condenações confirmadas, ficarão lá para sempre.
A Comissão perde tempo.
Conduziram mal a investigação,
receberam respostas inteiramente desligadas da realidade. Como a confirmação
dos militares, que não quiseram ou não puderam contestar ou desmentir: “Nos
quartéis não ocorreram fatos que conflitavam com a rotina militar”.
Sem o menor constrangimento,
desmentiam a realidade, desprezavam a própria Comissão. Esta devia ter começado
por três providencias, indispensáveis.
1 – Responsabilizar os que atenderam
“decisões” dos generais culpados, que agiam em beneficio próprio. 2 – Por que
não investigaram a razão da transição da “ditadura para a democracia”, ter sido
comandada totalmente pelos militares?
3 – Esses militares culpados, que
se “inocentaram” com a anistia deles mesmos, comandaram a indireta de 1985, seis
anos depois. Ainda acreditavam na prorrogação do terror, com um novo general de
plantão, o chefe do SNI, Otavio Medeiros.
Não tendo tomado essas três
providencias, que reforçaria seus poderes não apenas de investigação mas também
de punições, vão esgotar o tempo, sem nada de muito proveitoso. Ou até de
contraproducente, com nítido caráter de desperdício, como essa inacreditável,
inimaginável e totalmente dispensável entrevista de FHC. Por que ouvi-lo? Seu
passado é mais do que conhecido, jamais combateu coisa alguma.
FHC nunca foi cassado.
Comecemos pelo fim, para
desmoralizar tudo que o ex-presidente falou: “Ele jamais foi CASSADO ou
perseguido”. Tanto não foi cassado, que disputou eleição em 1978, em plena
ditadura, muito antes da anistia ampla. Jose Serra, esse sim, CASSADO, exilado,
perseguido, voltou para o Brasil em 1978. Candidato a deputado estadual, teve o
registro recusado, com a alegação: “Ainda esta cassado”.
(Em 1977, o MDB autêntico lançou
a candidatura deste repórter a senador em 1978. Cassado por 10 anos em 1966,
acreditávamos que em 1976, estaria terminada, mas veio a resposta arrogante,
audaciosa e impossível de contestar: “A cassação não é mais por 10 anos, agora
é para sempre”).
Nesse 1978, na chapa de senador,
junto com Franco Montoro, FHC teve míseros 300 mil votos, Montoro, 3 milhões.
Mas FHC começaria a “carreira”, ficaria como suplente. Em 1982, Montoro se
elegeu governador de São Paulo na primeira eleição majoritária depois do golpe
de 64, FHC assumiu no senado. Se não tivesse sido candidato em 1978, teria que
começar em 1982, como todos os cassados de verdade, muito mais difícil.
Com o próprio FHC presidente no
primeiro mandato, e no segundo, comprado e pago com a reeleição, desafiei-o
várias vezes a provar como conseguiu ser candidato em 1978, se dizendo cassado.
Isso na Tribuna da Imprensa, assassinada pela ditadura. Mas ele jamais
respondeu, não tinha o que dizer. Ou o que dissesse seria mentira, como tudo o
que diz agora.
Não existe comparação entre
outras mentiras e as que FHC retumba agora. Esta, que jornais obrigatoriamente
publicam em manchete, é mais colossal do que qualquer outra: “Não fui
torturado, mas vi gente torturada”. Nunca foi preso, CASSADO, perseguido, é
lógico, não está mentindo quando diz que “NÃO FUI TORTURADO”.
Mas onde é que viu gente
torturada? Nesses tempos, rigorosamente livre e satisfeito, seu roteiro era o
seguinte. Patrocinado pela Fundação Ford, (que na Tribuna de papel revelei, que
arrogante, só chamava de Ford Fundacion) viajava para o Chile, onde muitos
estavam exilados.
Quando assassinaram Allende e
instalaram no Chile um dos regimes mais arbitrários, autoritários e
atrabiliarios, os exilados autênticos tiveram que se dispersar. FHC passou
então a ira para a França, e para os EUA, o9nde estava proscrito exilado mesmo,
seu amigo Sociólogo e Historiador, Luciano Martins (Brilhante, lúcido
competente). Hospedava-se na casa dele.
Nuca esteve com Golbery.
Pula de mentira em mentira, a maior
e a mais degradante: “Eu estava indo de carro para a Universidade, ouvi pelo
rádio que tinha sido CASSADO”. Ouviu o que jamais aconteceu, diz que “ouviu o
Ministro Gaminha ler o AI-5, redigido por ele”.
Que mentiroso primário. O AI-5
foi redigido por vários militares, que desprezavam o então Ministro da Justiça.
Está aí o coronel Passarinho que não deixa ninguém mentir. E foi lido na
televisão por um locutor da Rádio Nacional, precisamente ás 20,30, ninguém vai
para a Universidade a essa hora.
Conta, “fui sozinho ao gabinete
do general Golbery”, mas não mostra quando. E o general Golbery só uma vez teve
gabinete, mandava mesmo, mas da sua fazenda maravilhosa. Disse que contou ao
general as suas diversas prisões, e que “Golbery ficou revoltado, disse que
isso precisa acabar”. Desculpem: Há! Há! Há!
Depois conta as prisões, “não sei
se foi com o Chico Buarque ou o Vinicius de Moraes”. Ora, que é perseguido, ou
preso com gente como essa não pode esquecer pelo menos os nomes.
Na época Chico Buarque estava na
Itália (onde já morara com a família) Vinicius jamais foi para o DOI-CODI ou
para a Oban. (mesma coisa). Vinicius era um combatente natural, por convicção,
mas um combatente musical.
O Pinóquio FHC.
Tenho que terminar, o
ex-presidente é impagável, nos dois ou três sentidos da palavra. Os generais
ditadores tentaram popularizar aquele “ame-o ou deixe-o”. Pois FHC termina com
a frase quase igual, mas que significa a mesma coisa: “Estou aqui no Brasil
porque tenho amor pelo país”.
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