Neste incerto 2016, trama-se o
destino de 2018.
HELIO FERNANDES
Entre 2016 e 18,
naturalmente 2017, e outra importantíssima eleição. A de presidente da Câmara,
acumulando com a vice presidência da republica. Se a presidência da Câmara,
isolada, já é sedutora, imaginem com esse apêndice não só de poder, mas também
com reflexo na biografia.
Ha 15
dias publiquei com rigorosa exclusividade: Aécio Neves pediu audiência ao
presidente indireto, não como senador e sim como presidente do PSDB. Foi
recebido imediatamente, não perdeu tempo: "Presidente, vim dizer ao
senhor, que disputaremos a presidência da Câmara em fevereiro". Temer
ficou surpreendido, perguntou apenas, "falta muito tempo, podemos
conversar".
E Aécio
já levantando para ir embora: "Essa é uma decisão unânime do partido, o
candidato já foi escolhido, é o líder na Câmara, Antonio Imbassahy". Temer
nem imaginava isso, acreditava que a sucessão de Rodrigo Maia fosse tranqüila e
sem controvérsia. Só um personagem que em plena democracia chegou à presidente
sem voto e sem eleição, seria capaz dessa conclusão.
Diante da
realidade projetada pelo presidente do PSDB, resolveu responder com o que chama
de ''estratégia". E é apenas falta de convicção, a tentativa de jogar
muitos contra muitos, armar tremendo tumulto e confusão para sair vencedor. Ou
pelo menos não ser derrotado abertamente.
Podia
articular com os diversos partidos da base. E afinal, Imbassahy não é pior do
que ninguém. Três qualidades. 1- Pertence a um grande partido. 2-Tem
representatividade. 3-Nunca foi citado na lava-Jato.
Mas Temer
tem certeza: esse presidente da Câmara, eleito em 1 de fevereiro de 2017, será
peça importante em 2018, se é que chegaremos lá. E assim como Aécio é
candidatissimo (legitimo) em 2018. Temer também é. Só que (ilegítimo) de varias
formas. Verbalmente, se não foi eleito, não tem o mínimo de condições de tentar
a reeleição.
Alem do
mais tendo chegado ao poder através de uma conspiração parlamentar, não tem a
mais remota credencial para repetir o fato. E ainda existem pelo menos duas
excludencias irremovíveis. 1- A idade. Com 78 anos, ninguém disputou eleição
presidencial. Nem no Brasil ou outro país qualquer. 2-Nessa idade, se conseguisse
registrar seu nome para disputar pela primeira vez na vida, uma eleição
presidencial direta, o ridículo seria total. Mas garantiria uma citação no
"Livro dos Recordes".
O
candidato de Temer á presidência, se chama Rogerio Rosso. Disputou com Rodrigo
Maia, se julgava favorito e vencedor. Perdeu, botou a culpa direta no próprio
Temer. Este sentiu o tranco, dias depois da visita de Aécio, foi almoçar no
apartamento funcional de Rosso. Não sei o que conversaram, mas conhecendo os
personagens, nenhuma dificuldade. Só que Rosso que andava de cabeça baixa,
readquiriu a alegria antiga.
O contraditório Meirelles
Declaração
feita em Washington, terça feira: "Não estamos ansiosos pela votação da
repatriação. Nossa prioridade total é a PEC dos gastos”. Repercussão péssima.
Ontem, quinta, veio com esta, rigorosamente contraria: "O projeto da
repatriação está bem atual, pode ser votado a qualquer momento". Os
governadores, que esperavam receber uma parte desse dinheiro, protestaram e se
movimentaram.
Rodrigo
Maia, que na terça, havia retirado o projeto da pauta, não deixou por menos. E
usou dos seus poderes: "Não ha espaço para recolocar o projeto na pauta. A
não ser que haja um amplo acordo". O Ministro da Fazenda, foi demitido do
Banco Central pelo ex-presidente Lula. Só não corre o mesmo risco, porque Temer
não tem poderes para isso
E
já que falei em Banco Central. Corrida nos bastidores, movimentação fora do
comum. Motivo: na próxima quarta, 19, deverá ser anunciado, ás 7 da noite, uma
redução na Selic. Dos 14,25 por cento, que vigoram há 16 meses, haverá a
redução para 14. Barbaridade. Insensibilidade. Irresponsabilidade
Delação da Odebrecht chega ao fim
Foi a
mais demorada de todas, e a que exigiu mais negociações. Foram meses de
gravações, tranqüilidade do depoente, perplexidade dos interrogadores. À medida
em que ia falando, crescia também a convicção da equipe da Lava-Jato: "Este
pode ser o ultimo depoimento ou delação".
E ele
falava sem qualquer alteração, nem olhava para os lados. Dava a impressão de
que lia um roteiro de teatro ou novela. Nenhum tropeço ou descaminho, nada
acertado em matéria de recompensa, pelo serviço que estava prestando.
Nos
intervalos, conversas sobre a corroboração de tudo pelo Supremo. A equipe da
Lava-Jato sabia o material que estava recebendo. Odebrecht o que estava
fornecendo. Quase 200 parlamentares, em Brasília, apavorados, e tentando
descobrir qual o acordo feito.
Quando
constataram que qualquer que fosse a condenação, Marcelo não ficaria preso de
maneira alguma, compreenderam: "O proprietário da Odebrecht não ESCONDEU
nada". Isso é rigorosamente verdadeiro. De tal
maneira, que ontem, o ex-senador Gim Argollo, foi condenado a 19 anos de
prisão, Odebrecht vai continuar depondo.
PS- A
Academia de Artes da Suécia, inovou de forma admirável, ao conceder o Nobel de
Literatura a Bob Dylan. Aplausos e reconhecimento. Compreenderam que alem de
musico e compositor, Dylan é um escritor notável.
PS2-
Poeta dos maiores, suas rimas são admiráveis, provoca encantamento e sublimação
geral. È um desses momentos em que as palavras se encontram, seja em livros, ou
na poesia musicada.
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