Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Neste incerto 2016, trama-se o destino de 2018.

HELIO FERNANDES

Entre 2016 e 18, naturalmente 2017, e outra importantíssima eleição. A de presidente da Câmara, acumulando com a vice presidência da republica. Se a presidência da Câmara, isolada, já é sedutora, imaginem com esse apêndice não só de poder, mas também com reflexo na biografia.

Ha 15 dias publiquei com rigorosa exclusividade: Aécio Neves pediu audiência ao presidente indireto, não como senador e sim como presidente do PSDB. Foi recebido imediatamente, não perdeu tempo: "Presidente, vim dizer ao senhor, que disputaremos a presidência da Câmara em fevereiro". Temer ficou surpreendido, perguntou apenas, "falta muito tempo, podemos conversar".

E Aécio já levantando para ir embora: "Essa é uma decisão unânime do partido, o candidato já foi escolhido, é o líder na Câmara, Antonio Imbassahy". Temer nem imaginava isso, acreditava que a sucessão de Rodrigo Maia fosse tranqüila e sem controvérsia. Só um personagem que em plena democracia chegou à presidente sem voto e sem eleição, seria capaz dessa conclusão.

Diante da realidade projetada pelo presidente do PSDB, resolveu responder com o que chama de ''estratégia". E é apenas falta de convicção, a tentativa de jogar muitos contra muitos, armar tremendo tumulto e confusão para sair vencedor. Ou pelo menos não ser derrotado abertamente.

Podia articular com os diversos partidos da base. E afinal, Imbassahy não é pior do que ninguém. Três qualidades. 1- Pertence a um grande partido. 2-Tem representatividade. 3-Nunca foi citado na lava-Jato.

Mas Temer tem certeza: esse presidente da Câmara, eleito em 1 de fevereiro de 2017, será peça importante em 2018, se é que chegaremos lá. E assim como Aécio é candidatissimo (legitimo) em 2018. Temer também é. Só que (ilegítimo) de varias formas. Verbalmente, se não foi eleito, não tem o mínimo de condições de tentar a reeleição.

Alem do mais tendo chegado ao poder através de uma conspiração parlamentar, não tem a mais remota credencial para repetir o fato. E ainda existem pelo menos duas excludencias irremovíveis. 1- A idade. Com 78 anos, ninguém disputou eleição presidencial. Nem no Brasil ou outro país qualquer. 2-Nessa idade, se conseguisse registrar seu nome para disputar pela primeira vez na vida, uma eleição presidencial direta, o ridículo seria total. Mas garantiria uma citação no "Livro dos Recordes".

O candidato de Temer á presidência, se chama Rogerio Rosso. Disputou com Rodrigo Maia, se julgava favorito e vencedor. Perdeu, botou a culpa direta no próprio Temer. Este sentiu o tranco, dias depois da visita de Aécio, foi almoçar no apartamento funcional de Rosso. Não sei o que conversaram, mas conhecendo os personagens, nenhuma dificuldade. Só que Rosso que andava de cabeça baixa, readquiriu a alegria antiga.

O contraditório Meirelles

Declaração feita em Washington, terça feira: "Não estamos ansiosos pela votação da repatriação. Nossa prioridade total é a PEC dos gastos”. Repercussão péssima. Ontem, quinta, veio com esta, rigorosamente contraria: "O projeto da repatriação está bem atual, pode ser votado a qualquer momento". Os governadores, que esperavam receber uma parte desse dinheiro, protestaram e se movimentaram. 

Rodrigo Maia, que na terça, havia retirado o projeto da pauta, não deixou por menos. E usou dos seus poderes: "Não ha espaço para recolocar o projeto na pauta. A não ser que haja um amplo acordo". O Ministro da Fazenda, foi demitido do Banco Central pelo ex-presidente Lula. Só não corre o mesmo risco, porque Temer não tem poderes para isso

 E já que falei em Banco Central. Corrida nos bastidores, movimentação fora do comum. Motivo: na próxima quarta, 19, deverá ser anunciado, ás 7 da noite, uma redução na Selic. Dos 14,25 por cento, que vigoram há 16 meses, haverá a redução para 14. Barbaridade. Insensibilidade. Irresponsabilidade

Delação da Odebrecht chega ao fim

Foi a mais demorada de todas, e a que exigiu mais negociações. Foram meses de gravações, tranqüilidade do depoente, perplexidade dos interrogadores. À medida em que ia falando, crescia também a convicção da equipe da Lava-Jato: "Este pode ser o ultimo depoimento ou delação". 

E ele falava sem qualquer alteração, nem olhava para os lados. Dava a impressão de que lia um roteiro de teatro ou novela. Nenhum tropeço ou descaminho, nada acertado em matéria de recompensa, pelo serviço que estava prestando.

Nos intervalos, conversas sobre a corroboração de tudo pelo Supremo. A equipe da Lava-Jato sabia o material que estava recebendo. Odebrecht o que estava fornecendo. Quase 200 parlamentares, em Brasília, apavorados, e tentando descobrir qual o acordo feito. 

Quando constataram que qualquer que fosse a condenação, Marcelo não ficaria preso de maneira alguma, compreenderam: "O proprietário da Odebrecht não ESCONDEU nada". Isso é rigorosamente verdadeiro. De tal maneira, que ontem, o ex-senador Gim Argollo, foi condenado a 19 anos de prisão, Odebrecht vai continuar depondo. 

PS- A Academia de Artes da Suécia, inovou de forma admirável, ao conceder o Nobel de Literatura a Bob Dylan. Aplausos e reconhecimento. Compreenderam que alem de musico e compositor, Dylan é um escritor notável.


PS2- Poeta dos maiores, suas rimas são admiráveis, provoca encantamento e sublimação geral. È um desses momentos em que as palavras se encontram, seja em livros, ou na poesia musicada.

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