A
promiscuidade política de Renan Calheiros
HELIO FERNANDES
No
primeiro dia de fevereiro, o presidente do Senado será Eunicio de Oliveira,
termina o poderio e o autoritarismo de Renan. Faltam exatamente 100 dias, quer
aproveitar para tentar preservar a liberdade futura. Respondendo a 8 processos
no Supremo, e com 1 já liberado pelo ministro Fachini, sabe que as coisas serão
inteiramente diferentes. Bom observador e carreirista notório, se movimenta
para a ultima jogada.
Ha 20
anos, políticos que podem ser respeitados, querem a reforma verdadeiramente
representativa. Três pontos são objeto quase unânime, só que não conseguem colocá-los
em pauta. 1- Eliminação das coligações proporcionais. Deturpação da vontade do
cidadão, que vota num candidato, e elege outros.
2-A
clausula de barreira, que já existiu e continua de forma degradante. Partidos
(?) praticamente sem representantes, têm direito a Fundo Partidário suntuoso, e
fazem ou servem para as mais diversas negociatas. Alem do direito a tempo de
radio e televisão, "gratuito". Se estabelecerem uma
representatividade que nem precisa ser muito dura, ficarão 5 ou 6 legendas, será
possível governar ou se opor, sem
possibilidade
de conspiração parlamentar.
3-Fim da
reeleição, que não existiu nos 100 primeiros anos da Republica. Era a devoção e
a clausula pétrea de Rui Barbosa. Que não admitia que um presidente ficasse
mais de 4 anos no governo. Essa alternância no poder foi violentada por FHC.
Que no fim do seu mandato, comprou e pagou á vista, a permanência por mais 4
anos. Tudo o que está acontecendo, conseqüência da reeleição.
Agora
esses 3 itens estão no projeto que será votado na Câmara. Apesar de ser na
outra Casa, Renan pulou na frente, e já tenta modificar a ideia renovadora.
Colocou no mesmo projeto, a aprovação do projeto assinado por mais de 2 milhões
de cidadãos. Com 10 itens relevantes contra a corrupção. Pura mistificação.
Pois
imediatamente introduziu no meio, um projeto que estava engavetado há 6 anos, e
apresentou com o titulo de "contra abuso de autoridade". Que na
verdade é uma afronta e uma violência para atingir a Lava-Jato.
A 100 dias do poder, o visível desgaste de
Renan
Assim que
tomou coragem e juntou a ação contra a lava-jato, no projeto de reforma política,
o ainda presidente do senado, tentou o ultimo protagonismo. Da sua cadeira, com
veemência, leu o projeto já alterado, e deu entrevista coletiva,
"exaltando" a oportunidade da "importante reforma". Não
contava, mas foi repudiado das formas mais diversas.
Mandou o
projeto para a Comissão presidida por Romero Jucá, com a recomendação: "Urgente,
para ser votada ainda este ano". Ficou surpreendidissimo com a reação do
amigo e parceiro. Declaração textual: "Não é hora de votar um projeto como
este. Precisa de muito debate, deveria ser votado depois que a Lava-Jato
terminasse o seu trabalho".
Na Câmara,
a repulsa foi total. O deputado Vieira Lima (irmão do Ministro Gedel),
relator do projeto de reforma política, foi violento, ríspido e agressivo: "Na
minha Comissão só questão política será votada. Se o senador quiser, que
apresente um projeto para aprovar as ideias dele".
Renan já
percebeu o rumo de sua vida, passados estes 100 dias que começaram tão
acintosos. Em 2007, deixou a presidência do senado para não perder o mandato.
Agora, continua com o mandato. Mas voltar á presidência, "nunca
mais". Como disse o corvo, de Edgard Alan Poe.
Aprovação
de Temer, caiu mais. Cunha, quase prisão perpetua
A consideração
a respeito do governo do indireto, caiu mais de 7 pontos. Estava em 38
alto,está em 31 baixo. Não existe nada que favoreça seu governo. Apostou na PEC
dos gastos, que não ajudou a comunidade, só favoreceu os ricos. E a
"queda" do preço dos combustíveis, foi tão pequena, que provocou mais
protesto do que satisfação.
Não foi
feita pesquisa sobre sua popularidade pessoal. Dizem que é para protegê-lo, não
existe fator que possa melhorar sua penetração junto á comunidade. E ontem,
longe de casa, do outro lado do mundo, total intranqüilidade. Motivo: recebeu a
noticia da prisão de Eduardo Cunha, a quem deve, inquestionavelmente, a promoção
de vice para presidente. Primeiro provisório, e agora indireto. Temer não
lamenta a prisão, teme as conseqüências.
(Quanto á
prisão de Eduardo Cunha, no momento ele está no jatinho da Policia Federal, a
caminho de Curitiba. Chegará ás 6 da tarde. Noticias de bastidores, só a partir
daí. Mas é o fato mais sensacional do dia, apesar de esperado ha muito tempo).
Cunha: em 2 anos, do Céu para o inferno
No
primeiro dia de fevereiro de 2015, derrotava o candidato do governo Dilma, chegava
ao maximo, o apogeu da carreira: presidente da Câmara. Devia ocupar o cargo por
2 anos, até fevereiro de 2017. Ontem, faltando pouco mais de 3 meses para
completar o prazo, foi preso no meio da rua, em Brasília, como se fosse um
indigente.
Na
verdade, um indigente político, isolado, sem amigos, correligionários, cassados.
Sem apoio a não ser de 4 ou 5 descuidados. Mas foram 2 anos atribulados, de
amor e ódio, de gloria e desonra.
Anteontem,
terça, ás 7 da noite, quando habitualmente deixa o juizado, Sergio Moro
determinou a prisão PREVENTIVA do ex-presidente da Câmara. E mandava bloquear
220 milhões de bens e recursos nas suas contas. Se não tivesse tantos elementos
e provas á disposição, não agiria dessa forma. È importante ressaltar a
combinação dos dois fatos, que reforçam a segurança da decisão.
Se
tivesse duvidas e precisasse mandar prendê-lo, poderia usar a prisão
PROVISORIA. Vale por 5 dias, poderia ser prorrogada por mais 5. Com a prisão
PREVENTIVA, vai facilmente bater o recorde de Marcelo Odebrecht, que completará
2 anos
longe da liberdade.
Já que
fiz a comparação dos dois, a conclusão. Marcelo tem uma delação tão preciosa,
que está negociando não cumprir pena nenhuma. Quanto a Cunha, revelei ha 2
meses com exclusividade: a equipe da Lava-Jato não tem o menor interesse numa possível
delação dele.
E
acrescentei com informação segura: estariam mais interessados numa delação da
mulher, Claudia Cruz.
No mês
passado, escrevi para satisfação de muita gente: "O livro de Eduardo
Cunha,
não sairá
este ano". E mostrei a razão: Cunha acreditava que era só "puxar'” pela
memória, e estaria acabado. Viu que não era bem assim. E começou a procurar alguém
que soubesse escrever, ele iria ditando. Não encontrou.
Agora, os
mesmos que estavam alegres pelo livro não sair, estão desesperados exatamente
por causa desse fato. Se a Lava-Jato aceitasse a delação, o ex-presidente da Câmara
poderia ir ditando por horas, dias, semanas. Ninguém duvida, e por isso, tantos
se apavoram. Mas estamos apenas numa nova fase de um episodio, que na certa,
terá muitos desdobramentos.
PS- Houve a anunciada queda de
juros. O próprio Presidente do BC. falou: "Vamos cortar 0,25 por cento na
Selic". Foi o que aconteceu, é o mesmo que não tivesse acontecido nada.
PS2- A constatação
é obvia: a equipe econômica é incompetente, mas de palavra. quem sabe não reduz
outros 0,25 logo no ano que vem?
PS3- Para
terminar por hoje, com Eduardo Cunha. Quando ele foi cassado e começaram a
divulgar, que faria delação, comentou: "Prefiro morrer a fazer
delação".
PS4- Agora,
com ele preso, e os fatos caminhando na contramão do que afirmava, não é difícil
constatar: Eduardo Cunha vai viver por muito tempo.
PS5 – No dia
17 de novembro a Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI presidida
pelo experiente colega Roberto Monteiro Pinho, que iniciou sua trajetória no
jornalismo escrevendo coluna no jornal Gil Brandão, depois na Tribuna e a edição
de jornais de bairro, completa um ano de existência. Em meses realizou mais do
que outras congêneres que patinam no ostracismo. Na lista de realizações duas
conquistas formidáveis e dignas de elogios dos mais exigentes jornalistas e mídias
sociais.
PS6-
Entre as realizações a inédita formação do Plantão das Prerrogativas dos Jornalistas,
que entre outros atendimentos, recente através do advogado Ricardo Braga França, apoiou os fotojornalistas em quatro ações. Eles foram agredidos de forma brutal na gare Uruguaiana do Metrô do Rio
de Janeiro, uma semana antes da realização das Olimpíadas Rio 2016. O assunto
ganhou fronteiras e foi notícia nas redes sociais. Diversos jornalões deram as notícia.
PS7- A
partir do dia 18 de novembro a ANI, que tem no seu Conselho Consultivo este
repórter, Bernardo Cabral, Continentino Porto, Claudia Cataldi entre outros
ícones da imprensa, estará credenciada para entrar com intervenções como amicus curiae, Nota Técnica, de Apoio e
Emendas em projetos de lei, em demandas de interesse da classe, que estejam
tramitando nos tribunais do país. Duas delas na pauta no STF, para discutir o Marco Civil da Internet e a Lei de Direito de Resposta. Seus associados possuem razões de sobra para
comemorar. Parabéns!
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