2016 e os
insensatos de 2018. Os juros que estrangulam o país. O livro de Cunha, não
sairá este ano
HELIO FERNANDES
Mal saídos
de uma derrota que atingiu praticamente toda a cúpula política, os chamados
lideres ou caciques, se descuidam da analise pelo menos para identificar os
erros e equívocos. E tentar resgatá-los, redimi-los, procurar recuperar a
confiança. De acordo com o que o eleitor deixou bem claro, não indo votar, ou
indo e não votando.
Exercendo
seu direito. O de anular o voto. Ou votando em branco, o sinal mais claro da
pureza. Principalmente respondendo aos candidatos e seus patrocinadores. Que
usaram e abusaram tanto do dinheiro sujo, que quase todos, assustados, respondem
perante a Lava-Jato.
Como
disse o juiz Sergio Moro numa conferencia, "não vai acabar com a
corrupção". Não acabará mesmo. Mas liquidará gerações de poderosos e até
agora inatingíveis empresários e membros da politicalha, que enriqueceram sem
limites, com o dinheiro do povo. Principalmente dos mais pobres. Que só agora
são defendidos, apesar do protesto dos mais ricos.
Em plena
crise econômica, financeira, administrativa, de confiança, de inabalável conseqüência
ou inconseqüência da politicalha, deviam providenciar a imprescindível e
autentica reforma política.
Mas
apesar do presidente indireto, pensar (?) que tem 400 deputados firmes e se
reunir com eles na residência oficial do presidente da Câmara, só conversou ou
discutiu insignificâncias. Reforma política? Segundo Temer, "isso não é
urgente ou o mais importante".
Apesar da
realidade que não podia ser mais trágica neste 2016, se voltam para o suposto e
cada vez mais hipotético 2018. Os derrotados, Temer, Lula, Marina, Aécio, Serra,
consideram que podem obter uma reabilitação. Excluí da lista o governador Alckmin,
o único que saiu vitorioso. Inventou um nome inexistente, inscreveu-o no seu
partido, carregou-o de zona em zona, só parou quando ele venceu no primeiro
turno, inédito.
Embora
seja mais do que evidente que 2016 não tem nada a ver com 2018, nem mesmo no calendário
genial do Papa Gregório, o registro é necessário.
O PSDB é o
mais ávido e açodado, na precipitada corrida para 2018. Tem toda a razão.
Perdeu as 4 ultima eleições com 3 candidatos diferentes: Serra, Alckmin, Serra
novamente, Aécio Neves. Convencidos da impossibilidade obvia de unir o PSDB,
apelarão para a formula surpreendente de lançar os 3 na mesma disputa
presidencial.
Aécio
pela própria legenda, da qual se julga donatário e destinatário. Alckmin, que
não é socialista, pelo PSB, que também não é. E Serra, aos 76 anos,
tentará
por
qualquer legenda. Será, pela idade, o ultimo lance de uma carreira altamente
movimentada. Com vitoria ou sem ela.
O
presidente indireto, sofre com a possibilidade de não disputar a primeira
eleição majoritária de sua vida. E sonha com a ideia, cultivada apenas por ele.
Ser o mais velho presidente eleito pelo voto direto. Disputaria com 78 anos. Se
não fosse essa sua intenção, bastaria enviar uma PEC, acabando com a reeleição.
Seria aprovada com entusiasmo e unanimidade.
Dona
Marina é candidata certa á terceira presidência. E á terceira derrota. Teve 2O
milhões de votos, 18 na segunda. No intervalo, desperdiça tudo, se isolando e
desaparecendo. Foi abandonada por um grupo importante de fundadores da Rede.
Altos elogios como figura humana. Todas as restrições, e total discordância,
por falta de liderança e participação política.
Sobrou
Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-presidente, não faz segredo: quer ou pretende
voltar ao Planalto em 2018. Mas entre o QUERER e o PRETENDER, existe uma
distancia enorme. E só a Justiça tem elementos para medir e liberar esse
caminho, para ser percorrido presidenciavelmente. Foi o maior líder da sua
geração. Sofreu a maior derrocada. E não foi por culpa dos outros.
João Doria: um tratado de palavreado
Deu
entrevista de pagina inteira, quebrando um silencio, que devia manter pelo
menos até á posse. Desconhecido no lançamento da candidatura, continuou
desconhecido mesmo depois da vitoria. Se tivesse ficado calado, talvez
mantivesse a esperança de que fosse uma revelação. Pelo menos
administrativamente, já que afirma que não é político.
Contradição
ou excrescência. Só ao assinar a ficha partidária, e se registrar como
candidato, já se define como político. É facilmente constatável, que está
mistificando o eleitor.
Quer conquistá-lo de forma confusa e enganadora.
Na algaravia
e no visível deslumbramento das manchetes e das "primeiras", apenas
uma afirmação, feita taxativamente: "Não serei candidato á reeleição".
Naturalmente o repórter perguntou, "e depois", mudou de assunto. Não
é político, acredita no futuro. Em São Paulo, quem ganha para prefeito ou
governador, pode admitir o que quiser.
O livro de Cunha atrasado
Posso
informar com exclusividade: o documentario-depoimento do ex-presidente da Câmara,
não sairá este ano. Como é do seu estilo, habito e temperamento, quis fazer
tudo sozinho. Acreditava que como era alinhar documentos, e reforçar com dados
da memória, não precisava de ninguém. Desistiu.
Agora
procura um escritor, ou um repórter que saiba escrever, para continuar a
delação, não em Curitiba, mas em edição que pretende nacional. Temer e muita gente
mais, vai abrir champanha para festejar o atraso.
Lula
cada vez mais preocupado.
Na terça, o Supremo recusou 4
pedidos do ex-presidente. Seus advogados pediam que os processos que estavam
com o juiz Moro, passassem para o mais alto tribunal do país. O relator,
Ministro Zavascki, não precisou de muito esforço, para mostrar
que o ex-presidente
não tem mais foro privilegiado. Os advogados já sabiam disso. São os chamados
recursos protelatórios.
Ontem a
Policia Federal denunciou mais uma vez o ex-presidente pelo crime de corrupção.
Com ele, um sobrinho. A situação se complica quase que irreparavelmente.
Ainda,
ontem, movimentando o judiciário, o STJ, (Superior Tribunal de Justiça) negou
Habeas Corpus ao ex-ministro Antonio Palocci. Ele não tem foro (nem reputação) privilegiado.
Ficará preso, muito mais tempo do que seus advogados imaginam.
PS-
Depois de 7 meses, o Supremo, ontem, reexaminou a decisão magistral que havia
sido consumada por 7a 4. Foi exagero de isenção, atender liminar de um suposto
Partido Ecológico, que não tinha nem representatividade nem recursos para
invocar o mais alto tribunal do país.
PS2- Mas
como movimentava interesses de poderosos já condenados em primeira instancia,
os recursos fabulosos surgiram imediatamente, e sem qualquer forma de regatear
o preço. E por isso, luminares da advocacia, estavam lá. Quem ligar estas considerações
com personagens da Lava-Jato, um gênio da observação.
PS3-
Este repórter que acompanhou tudo nos últimos tempos, estava diante da
televisão, ontem durante horas. Não queria perder um voto, assistir o tempo
desperdiçado, a contradição e a citação, transformadas em suposta sabedoria. Ou
exibição mais do que notória.
PS4- Constrangido,
envergonhado e decepcionado, constatei o resultado chegar a 5 a 5, exatamente
ás 9 horas. Faltava apenas o voto de desempate, ia ser proferido pela
presidente Carmen Lucia. Ia escrever antes dela começar a falar. Mas para
reduzir um pouco minha revolta, decidi
esperar.
PS5- Em 6
minutos, Carmem Lucia, mostrou que não tem a grandeza e a respeitabilidade, por
acaso. E sim pelo direito de conquista. Continuo decepcionado e envergonhado.
Mas pelo menos, o direito dos muito ricos, não prevaleceu sobre o dos pobres.
Como alguns tentaram impor. Dando a impressão que isso interessasse a alguns.
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