Deputados e senadores agem nos
bastidores, comandados por Renan
HELIO FERNANDES
Não
existe crise institucional. E sim pessoal, passional e de sobrevivência. Levou meses
para explodir com o estrondo de agora, por causa da demora do depoimento de
Marcelo Odebretch e 50 executivos da Odebrecht. Era do conhecimento de muita
gente: ninguém sabia tanto quanto ele. E nenhuma empresa foi tão importante e
comprometida com a coordenação.
Tudo documentado,
departamentos autônomos no Brasil para manipular a corrupção. Nenhuma empresa
foi tão cuidadosa e aparelhada.
No
exterior, organização vasta e custosa, que controlava e efetuava os pagamentos,
sempre em moeda estrangeira. Dólar e euro. E com funcionários com total
autonomia para avaliar e pagar, o que consideravam que os corruptos mereciam.
Nunca houve reclamação. Quando ha mais de 6 meses, Marcelo, assessorado pelo
pai, Emilio, resolveu contar o que sabia, satisfação geral em Curitiba.
Por que
então o acordo demorou tanto? Marcelo queria imunidade total, sabia melhor do
que ninguém, a mercadoria que tinha para entregar. A equipe da Lava jato,
dizia, "podemos até concordar, mas queremos comprovação da importância do
material que receberemos".
Essa
negociação foi naturalmente demorada. Delegados e Procuradores, queriam provas
antecipadas. Marcelo resistia, garantia que tudo o que acontecera, fora
gravado, filmado, fotografado. Mas só mostraria com o entendimento, aceito
pelos dois lados. Quando concordou em mostrar, digamos "1 por cento do que
tinha”, ganhou a confiança de todos.
E quando
o pai fez a proposta de colaboração de "50 executivos", as resistências
terminaram. Começaram as conversas e a apresentação dos documentos. À medida
que iam caminhando, o assombro da equipe ia aumentando. Ninguém fora de lá,
soube de qualquer coisa concreta.
Também não houve vazamento. Mas conhecendo a importância da Odebrecht, que pagava a todos, concluíram: "Mais de 200, entre políticos, diretores, funcionários da Petrobras, ministros, seriam denunciados".
Renan assume o da resistência
Deveria
ser do presidente da Câmara, mas Eduardo Cunha estava muito desgastado. Era
mais intimo e apaniguado de Temer, já havia vencido a batalha do impeachment de
17 de abril, resistiu. Temer convenceu-o com promessas, e com a constatação: "O
processo agora vai para o Senado, o Renan não é confiável. Mas você não será
esquecido".
O
presidente do Senado não teve a menor importância no impeachment. Mas apoiado
pelo presidente ainda provisório, foi agindo lateralmente. Conquistando a
confiança dos mais diversos acusados na lava-jato. Pois todos os movimentos e
ações de Renan significavam represália e enfrentamento da lava-jato. E cada vez
com mais audácia e arrogância.
O
primeiro movimento aberto, foi "desenterrar” o projeto, que estava no
congresso desde 2009. Desabrida e despudoramente chamou de "abuso de
autoridade". Era abertamente contra a Lava-Jato, mas tão agressivo, que
foi recusado e desautorizado pelos próprios beneficiados. Renan ficou
surpreendido, mas não abandonou o combate.
Com a
cumplicidade de Temer, (que viajava) e de Rodrigo Maia, manipulou um projeto,
"sem autoria conhecida", rotulado de projeto da “calada da
noite". De madrugada, seria aprovada a ANISTIA para os que usaram dinheiro
sujo em campanhas eleitorais. Ia ser aprovado sem discussão, dois ou três
deputados protestaram, a manobra espúria foi derrubada sem votação.
Temer e
Maia fingiram que não sabiam de nada. O Secretario Geral Beto Mansur,
assustado, passou recibo, confessou: "Não tenho nada com isso, me
deram o projeto, mandaram colocar na pauta, nem li". Era a segunda
derrota.
Reeleição de Renan, e de Rodrigo Maia
Sempre
nos bastidores, um movimento, que serve a muita gente. Aos dois citados, que
continuariam mais 2 anos como presidente do Senado e da Câmara. E do presidente
indireto, entusiasmado. Está tendo problemas para encontrar um substituto para
Maia. Este deu duas entrevistas de meia hora cada, (na Band News e na Globo
News), gastando todo tempo elogiando e apoiando Renan.
Enquanto
a ação de bastidores continuava, inesperadamente surgiu a questão das
ilegalissimas "varreduras". Abusou da arrogância, criou caso desnecessário.
Agora
está sem saída, em conflito com o judiciário. Sem que ninguém soubesse, como a
pauta do Supremo é organizada com muita antecedência, foi colocado um assunto atualíssimo,
que atinge em cheio o próprio Renan.
Na
primeira quarta feira de novembro, a próxima, o Supremo examinará, quer dizer,
APROVARÀ: deputado ou senador, que seja REU, não pode figurar na hierarquia sucessória.
Justo. Democrático. Republicano. Não atinge Renan, que não é nada disso,
responde no supremo a 9 processos.
Desemprego
aumenta
Em plena euforia
do governo, os que não conseguem trabalho, aumentam mês a mês. Quando o
desemprego passou a ser anunciado em números e não em percentagens,
estarrecimento geral. Muitos não acreditaram que os sem emprego, fossem 12
milhões, realmente inacreditável.
Só que
setembro fechou com 12 milhões e 400 mil. E economistas independentes, afirmam:
"Antes de começar a haver emprego, o numero chegará a 13 milhões".
Enquanto isso, o Ministro Meirelles, incurável otimista vazio, não para de
repetir: "Os empresários estão reconquistando a confiança". Então,
por que não retomam o investimento? Confiança sem investimento e emprego, é
igual a zero.
Barril de petróleo
Ha 15 dias
seguidos, está valendo 50 dólares em Nova Iorque e 51 em Londres. Ha 3 meses me
disseram de lá: "2016 fechará entre 65 e 70 dólares". Estava em 38,
não acreditei. Mas publiquei é a minha obrigação. Continuo sem acreditar. Mas
também não tenho explicação, para o fato de não cair nem subir.
PS- O caso criado ao mesmo tempo
pela arrogância e o primarismo provinciano de Renan Calheiros, não está
encerrado. E o senador não foi vitorioso, como disseram alguns apressados
comentaristas de TV.
PS2-O
Ministro Zavascki SUSPENDEU a ação, pedindo que lhe enviassem todos os dados
sobre a questão. Fará então seu relatório, que submeterá ao plenário. Haverá
então o exame coletivo. E pelo menos ficará esclarecido definitivamente, o que
a Policia Legislativa, pode ou não pode fazer.
PS3- a
decisão não está mais com o presidente do Senado. Ele vai cumprir o que o
Supremo decidir. E poderá responder ao Conselho de Ética, o que jamais
imaginou.
PS4-
Quanto á reunião de hoje, 50 ou 60 pessoas, apenas um contato. Nada fraterno ou
amistoso, mas rapidíssimo.
PS5- Agora
uma notícia em “primeira mão”, para a advocacia do Rio de janeiro. O presidente
da Ordem dos advogados do Brasil - Seccional do Rio de Janeiro, Felipe Santa
Cruz e seu tesoureiro Luciano Bandeira, revelaram para esse repórter que vão
REDUZIR o valor da ANUIDADE da instituição. A medida faz parte do Plano de
Redução de Custos, visando ajudar os devotados jurisconsultos a superar a crise que assola o
país. De acordo com o dirigente, isso só foi possível, graças o planejamento e
empenho do tesoureiro geral da OAB Luciano Bandeira, que enxugou os custos da máquina da
instituição. Bela iniciativa, merece minhas saudações.
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