A
politicalha do Congresso não fará a reforma política indispensável e
progressista
HELIO FERNANDES
Fartamente
noticiado, que a "reforma política", estará na pauta da Câmara esta
semana. Já está ultrapassada de 20 anos, entrando e saindo da pauta. A
Constituição "cidadã", (presidente Ulisses Guimarães, relator
Bernardo Cabral, que derrotou FHC, ha 28 anos), era para ser Parlamentarista.
No meio do caminho se fundiu com o presidencialismo, permitindo esse execrável presidencialismo-pluripartidario.
Traduzindo: nem Presidencialismo, nem Parlamentarismo. Ou as duas coisas ao
mesmo tempo.
Em 1961,
numa das diversas interrupções do regime democrático, civis e militares se
juntaram para dar plenos poderes ao trêfego peralta que era Janio Quadros. Brasília
estava nascendo, ninguém se comunicava, JK definiu magistralmente a situação: "Eu
não sabia se morava no Rio, em Brasília, ou se vivia num avião". Os
generais se desentenderam, foram derrotados.
Não deram
posse a Jango como presidencialista, exigiram um Parlamentarismo capenga, com
Tancredo Neves como Primeiro Ministro. Tudo começava aí. Os generais tinham a
força, mas Jango dominava com malicia, concessão e esperteza.
Aceitou, apesar
do protesto e da resistência do cunhado Leonel Brizola.
Este,
revoltado, lançou a candidatura a Presidente. Disseram que era inelegível por
ser cunhado de Jango, respondeu com a frase irrefutável: "Cunhado não é
parente, Brizola pra Presidente". Não chegou a presidente, mas a frase
ficou indestrutível.
Pouco
mais de 1 ano depois, Jango , em 6 de janeiro de 1963, lançou o referendo: “Presidencialismo
X Parlamentarismo". O povo nem sabia o que era Parlamentarismo, votou em
massa no Presidencialismo. Que durou apenas 1 ano, substituído pelo
"generalismo", derrubando Jango, depois de dois discursos infelizes e
suicidas.
A
Constituição de 1988, (a melhor, depois da de 1946) tramitada como
Parlamentarista, e aprovada como Presidencialista, tentou conciliar as coisas.
E marcou um plebiscito para dentro de 5 anos. Realizado em 1993, retumbante
vitoria do Presidencialismo. Mas na essência, continuou sendo Parlamentarista.
Permitindo a multiplicidade e a multiplicação dos partidos.
A reforma política, e o Parlamentarismo de Renan
È impossível
confiar num Congresso presidido por Renan Calheiros. Algumas modificações são irrefutáveis
e indispensáveis. Têm que ser aprovadas, mas serão inevitavelmente deturpadas.
Como por exemplo, a clausula de barreira. Não existe possibilidade de
governabilidade, com mais de 5 ou 6 partidos. Mas politicoides como Renan, e o
bando enorme que o apóia, negociará com as siglas menores, para beneficiar as
numericamente maiores. Esse é o grande perigo.
AS
coligações proporcionais terminarão. Humilhantes e antidemocráticas, não
encontrarão muitos defensores. O fim da reeleição, com o aumento do mandato
para 5 anos, será facilmente aprovado. Quase todos os mais influentes e protagonistas,
são candidatos.
Ou querem
apoiar presidenciáveis, para manterem o prestigio. E continuarem dominando.
Nesses itens, o que pode ser camuflado, e um dos mais importantes, é a
deturpação da clausula de barreira. Que já existiu precariamente, e assim mesmo
foi eliminada.
Mas essa
reforma chamada de política, e na verdade não passa de politicalha, corre o
risco de ser infiltrada, enxertada e até emporcalhada pelo que ha de mais
degradante. Já falam e conspiram com a introdução do vergonhoso "voto de
lista".
Que significa
a exclusão total do eleitor. Os "donos" das legendas organizam as
chapas, o cidadão não pode escapar de votar num dele. Todos da mesma laia,
falta de caráter e de escrúpulos. Ou não estariam ou entrariam na lista. Já
existem adeptos do "voto distrital", do absurdo "distrital
misto", ou o que existe de mais repelente ou repugnante no sistema democrático.
Que terá que ser vetado no Congresso. Ou dinamitado pela comunidade.
E surgiu
pela terceira vez, a idéia do Parlamentarismo. Depois de constatar a derrota do
seu projeto contra a Lava-Jato, publicamente o presidente do Senado, veio com o
discurso: "O Parlamentarismo é a tranqüilidade e a salvação do país".
Mesmo que fosse, já estaria conspurcado, vindo por intermédio de Renan.
Que
deveria ter sido cassado em 2007. Pois até agora, 9 anos depois, continua
influindo e protagonizando. Muito antes do Petrolão, Renan já era patrocinado
por empreiteiras. O que permanece até hoje. Que Republica.
12
milhões de desempregados, juízes recebendo de forma ilegítima
È uma das
maiores aberrações. O Globo, num excelente trabalho de jornalismo
investigativo, constatou: de cada 4 juízes, 3 recebem acima do teto. São mais
de 6 mil juízes, façam a conta, vejam o que se gasta, melhor, desperdiça, com
fatos públicos e notórios. Não acontecerá nada, é evidente.
Basta
lembrar o inacreditável que aconteceu no Paraná. Jornalistas da Gazeta do Povo,
num trabalho admirável, revelaram que 600 juízes, recebiam bastante acima do
teto. A repercussão foi tremenda, principalmente contra eles. Foram
processados por todos os juízes, que agiram coletiva e impiedosamente. Os
jornalistas foram processados por todos os juízes, com uma agravante.
Os processos
foram movidos, a dezenas e até centenas de quilômetros de onde moravam ou trabalhavam.
Eram obrigados a comparecer a todas as audiências, ou seriam condenados á
revelia. Como não podia deixar de acontecer, foi um escândalo nacional e
internacional. Uma ordem de "cima", determinou a anulação de todos os
processos.
A ordem
foi cumprida, os jornalistas liberados e ganharam prêmios. Aos juízes não
aconteceu nada, nenhuma punição, e continuam recebendo acima do que chamam de
"teto". Juízes que merecem esse nome, protestaram, pediram a
intervenção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Órgão que foi criado,
precisamente para intervir e coibir abusos como esse. A comunidade está
esperando a providencia indispensável.
Os 12
milhões de desempregados, continuam sem trabalho, e naturalmente sem recursos
para manter a família. Ninguém se interessa com esses 12 milhões. Em todos os
sentidos, estão abaixo do teto.
A PEC do desgaste
Ia ser
votada ontem, estava marcada ha 12 dias. Apesar de toda a confiança e a
garantia na base, passaram de ontem para hoje. Sem explicação. Mas com a mesma
providencia, antes da primeira decisão da Câmara. O próprio Temer deu um jantar
no Alvorada. Convidou 414 deputados, os que achava que aprovariam a matéria.
Compareceram 200, votaram a favor 366.
O
problema de ontem, era de Rodrigo Maia. Acreditando que poderia ter menos
votos, em vez de votação, um jantar para 300 deputados. E a decisão, hoje.
Esperam passar dos 400 votos. E a despesa com a farra dos jantares, por conta
do cidadão. Em vez de PEC dos GASTOS, PEC do DESGASTE.
PS-
Apesar dos rumores e boatarias, nenhuma alteração na relação Eduardo
Cunha-Lava- Jato. Prevalece a informação divulgada aqui, 24 horas depois da
prisão dele.
PS2- A
tentativa de entendimento teria que partir dele. E precisava ir conversar
Muito bem
municiado. É possível que ele tenha munição. Mas suficiente para convencer a
Policia Federal e o Ministério Publico?
PS3-
Renan Calheiros, que vem acumulando derrotas, precisa de uma vitoria. E não
pode demorar. Já escolheu o adversário para derrubar. È o Ministro da Justiça.
PS4- Assim
que o Chefe da Policia Legislativa foi preso (e continua), o Ministro da
Justiça, foi para a TV, elogiar e parabenizar a Policia Federal. Renan anotou
no caderninho, espera a oportunidade.
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