Colômbia: o povo, retumbante, implantou
a voz das ruas
HELIO FERNANDES
Ninguém acertou no resultado do plebiscito, incluindo este repórter. Identificado
por todos, como "o maior acordo de paz já acontecido na America
Latina", foi rejeitado nas ruas e nas urnas. Depois de 2 anos de conversas
e negociações (sempre em Cuba, exigência de neutralidade), o plebiscito,
fundamental como ratificação, provocou surpresa no mundo inteiro. E duvida,
incerteza, perplexidade, na própria Colômbia.
A BBC,
que transmitiu a solenidade da assinatura e a grande festa da aparente
reconciliação, ininterruptamente, por mais de 5 horas, deixou a impressão: o
referendo será o inicio de um novo tempo. Não foi. Ainda poderá ser? Os maiores
jornais de todos os países exaltaram o fim de uma guerra civil que durou mais
de 50 anos. Este repórter analisou e concluiu pela aprovação, apenas
ressalvando que a maioria não seria esmagadora. Mas jamais imaginei a vitoria
do NÃO.
Sem que
isto seja ressalva ou ratificação, considerei que "seriam necessários
alguns anos, pelo menos 5, para que os obstáculos fossem superados". Agora,
ninguém sabe o que fazer, o que vai acontecer, como recuperar o que parecia uma
conquista. E se não foi uma derrota definitiva ,pelo menos é decepção, insatisfação,
indecisão. Ocasional, mas é impossível deixar de reconhecer, que as
conversações têm que ser retomadas, com outro espírito, visão diferente, e um
modelo inteiramente novo.
È preciso
saber quem escreverá ou reescreverá o novo roteiro. Logo depois da publicação
do resultado, o líder reconhecido do NÃO, se credenciou, afirmando: "Somos
a favor da paz, mas em outras condições". Esse é o grande desafio. Retomar
as conversações, tendo que enfrentar problemas, que aparentemente dividem o
país.
Alem de
todas as concessões que precisam ser feitas, surgiu uma constatação que parecia
não existir: a repulsa aos "guerrilheiros". Alem dos números de
mortos, desaparecidos, torturados, é preciso levar em consideração: 8 milhões
que foram obrigados a trocar a vida antiga, por uma outra totalmente inconseqüente,
inesperada, sem direito a resistência.
A maioria
quer punição, considera que esses ditos guerrilheiros, "são bandidos, que
enriqueceram com o aumento indiscriminado do trafico de drogas". Duvidam
do anunciado julgamento militar para os que criaram e mantiveram essa
selvageria, durante 50 anos.
Fatos que
têm que ser ressaltados. 24 horas antes do referendo, duas pesquisas davam ao
SIM entre 62 e 65 por cento dos votos. A abstenção de 60 por cento, tem que ser
dissecada com isenção e reflexão. E concluir: se a abstenção ficasse nos
habituais 20 por cento, os outros 40 por cento favoreceriam o SIM ou o NÂO? Pelo
que se vê, dariam vitoria total para o NÃO.
Diante de
uma realidade ou reviravolta que ainda não surgiu, um medo generalizado e já
reconhecido: se os guerrilheiros (ou uma parte), decidirem voltar para a selva?
Se isso acontecer, podem se juntar ao outro grupo menor, mas muito bem
organizado e que sobrevive com extorsão?
Se isso
ocorrer, a Colômbia terá que enfrentar a situação definida exclusivamente por
uma palavra: CATÁSTROFE. Mais terrível do que antes.
A eleição municipal, que não foi
federalizada
Bem que tentaram.
Os chamados caciques,cujo interesse político eleitoral, tem como alvo e
objetivo a campanha presidencial de 2018,apoiaram prefeitaveis, para se
fortalecerem.Todos foram derrotados, principalmente em são Paulo e Rio, os dois
municípios mais importantes.Temer,Aécio,Serra,Marina,até FHC que não é
candidato, lógico, mas quer aparecer.
(Não
citei Alckmin e Lula, dedicarei aos dois a seguir, um capitulo especial. No
caso do governador de são Paulo, supostamente positivo. No do ex-presidente,
irrefutavelmente negativo).
Temer e o
PMDB naufragaram por terem embarcado numa nau furada, a de Marta Suplicy. Me
fartei de informar que ela não tinha a menor chance,por conta dela mesma, do
passado e do presente.Prefeita em 2000,em 2004 foi derrotada no cargo.Insistiu
em 2008,voltou a perder,esperou 8 anos por outra decepção anunciada.E ainda por
cima falou de mais.Se tivesse ficado em silencio, talvez escapasse da ultima
colocação.
Textual e
irrevogável: "Nunca deixei entrever que era de esquerda”. Ficou 33 anos no
PT, que o próprio Lula garantiu: "Fundei o maior partido de esquerda da
America Latina”. Se não era de esquerda,por que apenas 33 anos depois entrou no
PMDB? E disputou com apoio do PSDB, e de
Andreia Matarazzo, mais do que adversário, inimigo declarado.
Para completar
o quadro altamente medíocre, basta lembrar de Russomano segunda vez, começa
disparado na frente. E recua voluptuosamente. Só não chegou em ultimo, o lugar
era "cativo'' de Dona Marta. E finalmente o candidato mais bem municiado, o
prefeito Haddad. Derrotado pela rejeição e a queda terrível do PT. Fez esforço inútil,
chegou em segundo. Mas pela primeira vez, não haverá segundo turno, João Doria,
perdão, Alckmin, ganhou direto.
Curioso: Datafolha
e Ibope fizeram exaustivas pesquisas. Nem chegaram perto da vitoria no primeiro
turno.Nas simulações para o segundo turno, com todos os candidatos,Doria
seria o vitorioso.Repetindo:no segundo turno. Mas ele ganhou no primeiro,
insuspeitado para os pesquisadores. Para terminar São Paulo,números anti democráticos:41
por cento de abstenção, brancos e nulos.
A eleição manteve o quadro atual,
medíocre e irreal
Todos os órgãos
de comunicação, sem exceção, declararam: "A eleição de ontem, mudou
completamente o quadro eleitoral do país”. Já vimos São Paulo, analisemos o
Rio, o segundo mais importante.Apesar da repercussão, nenhum nome do primeiro
time,disputando ou patrocinando candidato.Daí o resultado questionadissimo, e a
dificuldade, quase impossibilidade, projetar o segundo turno.Ou admitir que
exista ou surja alguém para 2018.
Crivela, tinha
a "fama" de ser o Russomano do Rio. Novamente disparou no inicio, e
começou a retroceder. Mas como não aparecia ninguém para superá-lo, terminou em
primeiro.Terá um segundo turno complicado, da mesma forma que Freixo.Este fez
esforço grande para ir ao segundo turno.Vai.Mas com que aliados?A dificuldade:
tirando Jandira Feghali, que já declarou apoio a ele, todos os outros são de
direita ou centro direita. Como apoiar um candidato nitidamente de esquerda?
O que
pode favorecer o Freixo, é que Crivela não é de esquerda, centro ou direita. Também
não tem credibilidade, situação forjada por ele mesmo.Nega que seja
"bispo", e declarou publicamente,"preciso me livrar da ligação
com a Igreja Universal". Também não tem carisma, coisa bastante comum em
quem fica "sempre em cima do muro", como é o seu habito.
Por
enquanto, Freixo já declarou taxativamente: "Não admito de maneira alguma
o apoio do PMDB”. Talvez Índio da Costa possa apoiar Freixo, na impossibilidade
de aparecer publicamente com Crivela.
O
candidato do prefeito, Pedro Paulo, alem de toda a rejeição do primeiro turno, tem
outra, surpreendente, no segundo turno: encontrar quem queira o seu apoio. A
abstenção, brancos e nulos, bateu em 39 por cento, quase igual á de São Paulo. Não
houve a menor diferença entre a política existente no sábado, e a que surgiu a
partir do fim do domingo.
Paes, vitima de si mesmo
Foi o
grande derrotado, menos como prefeito e mais como personagem. È impossível
negar que fez boa administração, aproveitou a Olimpíada para fazer grandes obras.
Apesar da escandalosa "proteção"ás construtoras, que construíram pelo
menos 31 edifícios de 18 andares, em áreas com gabarito de 12.E já se fala
abertamente, que as próximas construções. Terão esse novo gabarito. Lucros fantásticos
e fabulosos.
Eduardo Paes,
foi sacrificado por não ter ficado em silencio. Era sem duvida alguma, o único
nome de realce, citado até para presidente em 2018.Devaneio de Eduardo Cunha, assim
que se elegeu Presidente da Câmara.Como o segundo ponto do "seu roteiro presidenciável"
era conquistar o governo do Estado do Rio,e não queria enfrentá-lo,lançou o
prefeito como presidenciável do PMDB.Paes aceitou logo,inacreditável.
Quando
"acordou" para a realidade, começou a falar desabridamente. Não
percebeu que homenageava o cadáver político dele mesmo.Ainda insepulto, o que
acontecerá quando tentar ser candidato a governador em 2018.No Rio, o único que
poderia chegar a cargos de primeiro time.
O PSDB, se julga vitorioso, mas
só ganha de Michel Temer
Perdeu em
São Paulo e no Rio. E em Minas, o goleiro João Leite, é mais Atlético do que PSDB.
Faltam os importantes resultados de 18 capitais. Mas não disputa em Recife, Fortaleza,
Curitiba. Alem das 3 que citei.Acredita que terá mais força para pressionar o
presidente indireto e impopular.
Tem
conversado sobre isso com FHC, hoje parceiro inconsolável, por
causa da idade. O próprio FHC declarou ha tempos:"Se eu
tivesse menos 10 anos, não sobraria para ninguém".Acontece que a carteira
de identidade é inviolável.Aécio considera que agora está mais garantida
a exigência que fez:"O PSDB quer a presidência da Câmara em 2017, para o líder
do partido, Antonio Imbassahy".Como revelei semana passada.
Cri7vellas da Lavanderia Universal pode acabar ganhando mesmo do Fresco.
ResponderExcluirQuanto à guerra colombiana, semelhante à nossa, ideologia-religião só de narcotráfico-corrupção, submissão.
Além da abstenção, a disputa eleitoral em muitos municípios também é disputa de mafiosos, típica de milicianos, ou pela boquinha de recursos pùblicos de fumo (enquanto o cidadão-contribuinte-eleitor toma fumo).