2016: voto desprezado, eleitor
desinteressado. Retrocesso inócuo, anacrônico, melancólico, no inserto 2018
HELIO
FERNANDES
Não ha duvida ou
surpresa: o grande vencedor foi o cidadão que não votou. A média dos que
repudiaram a politicalha, foi de 40 por cento. Tomando por base os 3 maiores municípios
(SP, Rio, Belo Horizonte) 56 milhões não se interessaram pelo voto, raríssimos
tinham convicção.Inscritos 144 milhões,apenas 88 milhões votaram no país
todo,ou seja, mais de 5 mil e 500 municípios, alguns sem a menor expressão ou
representatividade.
O cidadão
condenou taxativamente aqueles que "não nos representam". De acordo
com o grito de 2013, totalmente confirmado agora. Estão publicando com
destaque, os que não saíram de casa, ou seja, a chamada abstenção. Mas
"esqueceram"os que saíram obrigados pela legislação,mas anularam o
voto. Em SP, 39 por cento, no Rio 41, em BH, 37.
O eleitor
mandou dois recados. Quer o voto livre, repudia a obrigatoriedade. Não tinha
preferência optou por nomes em vez dos partidos. Não existe mais o voto
independente, que prevaleceu de 1890 a 1945.
(Rui
Barbosa se candidatou 3 vezes a presidente, desistiu uma, concorreu a duas. Sozinho,
teve votação excelente. Sua "Campanha Civilista" em 1910, é lembrada
até hoje. Apesar dos meios de Comunicação serem inexistentes).
Também
ficou bem claro e elucidativo, que não ha e não vai haver reciprocidade na
eleição municipal e eleitoral de agora e a de 2018. Primeiro, porque está muito
longe, e percorrendo um caminho pedregoso. E segundo,porque os nomes são os
mesmos, dominam o cenário ha 15 ou 20 anos. Isso se restringirmos a analise
apenas á sucessão presidencial.
Se
examinarmos também o importante Legislativo, aí atingiremos um numero de
personagens, quase eterno. Com essa realidade não podemos fugir da constatação
irrefutável e irrevogável: a reforma política é urgente, já para a próxima
eleição.
Se
chegarmos a 2018 com essa legislação, que garante o voto PROPORCIONAL, uma escressência.
E também o numero inacreditável de partidos, repetiremos a farsa de agora. È
preciso reduzir as legendas a 5 ou 6.Acabar com o Fundo Partidário. Liquidar o
horário eleitoral, chamado de "gratuito", mas pago pelo contribuinte.
Alckmin e
Lula, comparando 2016 e 2018
Já
afirmei a não semelhança entre as duas disputas. Mas temos que registrar que o
prefeito João Doria foi eleito pela maquina do governador. Ele se filiou ao
PSDB, porque era o partido de Alckmin. Mas não teve nem tem nada a ver com o
PSDB. Começou com 5 por cento das preferências."Carregado" quase sem saber, obteve 53 por cento, com uma
vitoria inedita no primeiro turno. O proprio governador, ha mais de 1 ano, tem
acordo com o PSB para 2018.Foi beneficiado agora, impossivel prever se essa
votação de 2016, se projetará para 2018.
O
presidente do PSDB, Aecio Neves, preocupadissimo. Esperava uma indicação facil.
Mas foi obrigado a duas afirmações. Contraditorias mas rigorosamente mostrando
seu estado de espirito.1-"O PSDB está rachado, não ha duvida". 2-"O
governador não sairá da legenda. Se deixar o PSDB,será visto como
traidor". Escolham á vontade.
Alckmin é
o mais "estadualizado" dos politicos. Desde 1994 vive e domina o
Palacio Bandeirantes. Vice de Covas, foi reeleito com ele, em 1998. Covas já
muito doente, assumiu em 1999, morreu em 2001. Alckmin assumiu, se reelegeu em
2006. No mesmo ano saiu pela primeira vez de São Paulo, tentando trocar o
Bandeirantes pelo Planalto. Não conseguiu, voltou correndo para o estado, mais
uma eleição e reeleição. Agora, haja o que houver,disputará em 2018. Ninguem é
mais peemedebista do que ele.
A
situação de Lula é completamente diferente. Começou como sindicalista,
inteiramente perdido e sem rumo.Custou a encontrar o rumo que o levaria á
presidencia da Republica. Candidato a governador, ficou em quarto lugar,
ninguem notou sua presença. A seguir, deputado constituinte sem participação,
só foi lembrado pelas manchetes estapafurdias: "A Camara tem 300
picaretas".
Mas na
primeira eleição direta depois da ditadura, em 1989,apareceu como candidato do
PT ao Planalto. Numa eleição cheia de estrelas, foi para o segundo turno com
Collor, na frente de Brizola por meio ponto. Foi chamado de "sapo
barbudo", não se incomodou. E fez a grande descoberta, que revolucionou
sua vida: não era apenas um frequentador de palanque sindical. E sim um
orador nacional, que entusiasmava os partidarios, e conquistava adversarios.
Foi
vitimado pelo impeachment de Collor, que favoreceu escandalosamente FHC. Perdeu
em l994 e 1998, praticou a façanha de ser eleito na quarta tentativa. Fato
inedito em qualquer país. Roosevelt foi eleito 4 vezes (1932,36,40, 44) mas não
perdeu nenhuma, morreu como presidente. A tristeza da morte de um estadista.
O primeiro
governo de Lula foi muito bom, até Obama, proclamou, "Lula é o cara".
Mas começou a reverenciar a arrogancia, a mudança de orientação, se perdeu
totalmente. O PT e Dilma "ajudaram "a derrocada, os insucessos foram
inimaginaveis. Na eleição de agora, estava no fundo do poço, a queda foi a que
todos esperavam. Tem que voltar a 2002, empreender a longa e dificilima
caminhada de volta. Trabalhosa, mas não inimagivel. De qualquer maneira, aos 71
anos de idade, já está na Historia. Preferiria estar novamente no Planalto.
Hoje, expectativa
sobre o Supremo
Nesta quarta,
admite-se que a decisão de fevereiro, possa ser ratificada. Já se passaram 7
meses, depois que os 11 Ministros votaram e aprovaram questão relevante e
aguardada. Por 7 a 4, os réus condenados em segunda instancia, seriam
imediatamente presos, embora os processos continuariam.
Nesses 7
meses tenho acompanhado os recursos,a questão entra e sai da pauta.A pressão
sobre o tribunal é impressionante. Principalmente da parte das empreiteiras
roubalheiras,
já condenadas pela primeira vez. E quase
na hora de sofrerem a segunda condenação. É uma resolução, de grande interesse
para os ricos e poderosos. Que podem pagar advogados caros.
Ontem, o
juiz Sergio Moro, num congresso de magistrados criminais, afirmou publicamente,
"espero que o Supremo mantenha sua decisão". No fim do discurso, declarou:
"A Lava-Jato não vai acabar com a corrupção". Mas sem duvida alguma
foi um avanço aplaudido pela comunidade.
A impopularidade de Temer
Assim que
acabou a eleição de domingo, falou: "O eleitorado mandou um recado claro,
que não está nada satisfeito". Mas ontem, quem enviou recado para o
presidente indireto, foi o Ibope, numa pesquisa com o CNI. 1-A popularidade de
Temer, que estava em 13 por cento, subiu para 14.
2- Mas ha
mais e muito mais grave. Ampliando a analise, o Instituto avaliou o ritmo de
credibilidade da comunidade. Resultado: 68 por cento dos entrevistados não têm
confiança no presidente indireto.
3- Mas os
dados contra não surgem apenas de pesquisas, e sim de números irrefutáveis. Apesar
das afirmações do Ministro da Fazenda, que insistiu anteontem:
"Empresários
e consumidores aumentaram a segurança sobre o crescimento".
4-O PIB
caiu 3,8 por cento em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Informam
que nos 4 últimos meses, houve alta. Mas não podem deixar de explicar
timidamente: "Essas altas dos 4 meses, foram menores do que a queda de
agosto". Em suma: depois de quase 5 meses, não ha suma.
A paz da Colômbia
A disputa
entre as Farcs e o governo, se complicou. Todos falam, "queremos retomar
as negociações, a pacificação é indispensável". Mas não existe um ponto de
conciliação e de concordância. O lider do NÃO, quer mais conversas, mas com um
roteiro inteiramente novo. Por exemplo: não admite a impunidade, querem a
condenação por um tribunal militar.
Outro
fato: não aceitam que os chamados guerrilheiros, fundem partido político. Não
aceitam
também, de jeito algum, que disputem a presidência da Republica. Já os lideres
das Farcs, dizem, "somos totalmente pela paz, sem punição ou
condenação".
O tumulto e a divergência, inaceitáveis.
Um numero
da eleição pelo plebiscito, que provoca reações: a abstenção foi de 63 por
cento. Apenas 37 por cento, compareceram e votaram. Comentaristas do mundo
inteiro, perplexos. E não chegam a uma conclusão. Essa ausência extraordinária,
favoreceu o SIM ou o NÂO?
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