Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

TSE: retardamento e constrangimento


HELIO FERNANDES

Naturalmente, em primeiro lugar, por direito de conquista, a Lava-Jato. Depois, dominando o noticiário, a suposta e não tão imaginaria, sucessão de Temer, o presidente surrealista e cada vez mais PERICLITANTE. Palavra que conferi no Aurelio e no Houaiss, e é a mais significativa para definir um governante que não governa, e nem pode definir até quando irá durar a sua insignificância.

Provada e comprovada nas duas faces do mesmo episodio. Levou mais de uma semana para demitir o Ministro Gedel, de indiscutível irresponsabilidade. Ha mais de 1 mês, não consegue preencher o cargo. Finalmente decidiu nomear o substituto, anunciou: "Amanhã o deputado Imbassahy será nomeado Ministro da Integração". Vetado em horas, fez o que mais gosta,recuou.

Agora, anunciou: o preenchimento do ministério, ficará para depois da eleição do presidente da Câmara, em fevereiro. Em vez de exercer o poder diário e ir resolvendo ou tentando resolver problemas, assim que surgem, vai acumulando-os, e aumentando a impossibilidade de solução.

O deputado Rogério Rosso, de indiscutível participação na conspiração parlamentar do impeachment, cobra a recompensa pelo serviço prestado na ascensão do vice. Eduardo Cunha afirmou na noite da cassação: "Sem a minha participação, não teria havido impeachment, Dilma ainda seria presidentA". Rosso tem dito e pelo menos isso é verdade: "Sem a minha participação como presidente da Comissão Especial que preparou o impeachment, ele não teria existido, Temer não seria presidente".

Vaga a presidência da Câmara, Rosso se lançou candidato. Acreditava que fosse apenas uma escolha simbólica e protocolar, teve a ingenuidade de confiar em Temer. Na hora da votação, abraçou "generosamente" Maia, adversário de ultima hora, era o cumprimento do vencedor antecipado, que tinha pena do colega que não sabia, iria perder.

Derrotado amplamente, Rosso não esqueceu, reuniu seus acólitos e apaniguados, decidiram: "Nas questões políticas teremos a ultima palavra, inapelavelmente". E o próprio Rosso, abriu a discussão sobre a eleição da presidência da Câmara, com uma declaração polemica mas oficial do "centrão" como esse grupo se intitula:"Estou lançando minha candidatura à presidente da Câmara". E sabendo que Temer apoiava Maia, desafiou: “Rodrigo Maia não será candidato".

O presidente indireto, não reagiu e não podia mesmo. Seu poder se esvaiu pela forma como foi obtido. E se diluiu pela arrogância e pela incompetência com foi agindo. Agora, vive a incerteza do 2017, o ano que não começou. E acredita quendo mesmo em milagre. Que seria a permanência até 2018. O ano cuja chagada política ou até como está no calendário gregoriano, ninguém consegue admitir.
E como admitir, se no congresso existe um projeto, do deputado Miro Teixeira, marcando eleição direta para 2017, que começará com Temer no Poder, nem ele sabe por quanto tempo. Alguns dizem que esse projeto não tem a menor chance de ser aprovado.

Mas esse congresso começará 2017 com 594 personagens, que se julgam poderosos e inatingíveis. Quantos resistirão depois da Lava Jato, que foi recebida ontem, pelo Ministro Zavascki. E é tal a documentação que será examinada, que a presidente Carmem Lucia tomou duas providencias fundamentais.

1- Formou uma força-tarefa de juízes -auxiliares, para trabalhar com o Ministro. 2- Destinou um espaço especial para o Ministro e os juízes devassarem o que foi delatado. Esse espaço é á prova de tudo, protegido por qualquer tentativa de "vazamento". 
È preciso lembrar: Putin influiu na eleição dos Estados Unidos, utilizando recursos inimagináveis. Mas acreditemos que as delações servirão exclusivamente á condenação de corruptos e corruptores. Sejam empreiteiras roubalheiras. Ou políticos nos mais altos cargos da Republica.

2018: pesquisas audaciosas, antecipadamente desmoralizadas

O Datafolha e o Ibope, tiveram a coragem de mostrar á comunidade, o que acontecerá na sucessão presidencial de 2018. Com 2 anos de antecedência, num quadro de personagens o mais desprestigiado possível, admitem indicar os favoritos e os que irão para o segundo turno.

Não levaram nem em consideração os erros colossais de centenas (centenas mesmo) de pesquisas feitas nos Estados Unidos, na eleição entre Hillary e Trump. Lá, alem dos mais variados Institutos, jornais, revistas e televisões têm departamentos especializados, que fazem levantamentos diários.

Pois todos, unânimes, sem a menor exceção, apresentavam a candidata Democrata como vitoriosa. Sem qualquer duvida, 48 horas antes da eleição, o New York Times, considerado o jornal mais importante do mundo, dava na primeira impressa, e no site e outros instrumentos tecnológicos: "Hillary tem 90 por cento de ser eleita, será a primeira mulher a presidir o país”.

O adversário ganhou até com certa facilidade. Esqueceram que pouco antes, as pesquisas na Colômbia, davam como vitorioso, o referendo sobre o acordo governo-Farcs, para acabar uma guerra civil de 50 anos. Erraram completamente.

O Datafolha e o Ibope, "encontraram” na pesquisa, Lula em primeiro lugar. E no segundo turno, Marina Silva ganharia de qualquer candidato. È impossível sequer saber quais serão os candidatos. No PT, Lula é absoluto, mas é REU em 4 processos. NO PMDB, todos os possíveis ou supostos estão enquadrados na Lava-Jato. 

No PSDB, alem da Lava-Jato, existe também a divisão entre os três candidatos, derrotados em 2002, 2006, 2010, 2014. Aécio, o ultimo a perder, com medo de não ser indicado, inesperadamente, prorrogou o próprio mandato, indicará seu nome para esse enigmático 2018.

O TSE, PODE SE REDIMIR

Praticamente há 1 ano, o mais alto tribunal eleitoral, examina o pedido de cassação da chapa Dilma - Temer. Ainda em 2015, o processo não andou, porque o derrotado Aécio Neves, queria uma extravagância: que o mandato fosse concedido a ele. Já aconteceu com prefeitos,mas com Presidente da Republica, seria a primeira vez.

“Ha 9 meses o processo começou a andar fui dando cobertura total, considerava e disse varias vezes: ”A cassação dupla é a melhor solução, haverá eleição direta, que é melhor do que qualquer coisa". Eu sabia que o presidente do TSE era Dias Toffoli, capaz de qualquer absurdo. E foi.

Indicou como relator, a Ministra Maria Tereza Moura, que ele conhecia muito bem, como detalhista e rigorosa em qualquer analise. O fato dela ser CONTRA a cassação, nenhuma contradição, era 1 voto a favor de Dilma, mesmo sem ser relatora.

O que interessava a Toffoli era não votar. E isso facilmente previsível, pois o mandato da Ministra terminaria antes, e não poderia ser reconduzida. E foi o que aconteceu. Paralisação, novo Ministro, outro relator. O tempo se esgotando, o repórter, continuou apoiando a "solução pelo TSE", não desisti.

Em maio mais desilusão, a decepção avançando. Termina o mandato de Toffoli, a presidência do TSE, passa a ser exercida por Gilmar Mendes. Que sem o menor constrangimento, exerce o poder de presidente da Corte, para favorecer a permanência e Temer no cargo. 

Fiz três denuncias sobre o comportamento inadequado do presidente do TSE. 1-Foi recebido pelo próprio Temer, numa audiência. Devia ser assunto privado, o presidente do TSE, não tem nada a tratar com o presidente da Republica.

2- Comparece a um jantar em homenagem a Temer. Como Ministro do Supremo, tem lugar destaque, surpresa geral. 3- È recebido novamente por Temer, com a agravante: o novo relator, Hermann Benjamin, tem o relatório da Policia Federal, com indícios veementes contra Temer. E Dilma, lógico, mas ela não é mais o objetivo.

Agora, a situação ficou mais tumultuada no TSE, e mais favorável á absolvição de Temer. O tempo vai fugindo de controle, duas esperanças para Temer. Em abril, um Ministro termina o mandato, tem que ser substituído. Quem nomeia o substituto? O presidente Temer.

Em maio, nova substituição, Temer outra vez mobilizado para a substituição. Dessa forma, até mesmo o julgamento se transforma de esperança, em certeza de vitoria. Que Republica.

Se o TSE tivesse cumprido seu dever, o julgamento da chapa Dilma-Temer, poderia ter acontecido no maximo em maio. Teria havido uma eleição DIRETA, muito melhor, em qualquer circunstancia, do que um presidente INDIRETO.

E o país não estaria na situação trágica em que está. Temer e seus acólitos na Câmara e no Senado, só falam nos "12 milhões de desempregados". Mas não tomam providencia para acabar com essa crueldade.

"Delação" de Sergio Cabral

Quando ele estava em Curitiba, começaram a falar num possível depoimento á Lava-Jato. Como quase imediatamente, surgiu uma decisão para que o ex-governador voltasse ao Rio (Bangu), muitos juntaram as duas coisas. E concluíram: a transferência impediria a delação.

Absurdo completo. Sergio Cabral não tem o QUE ou a QUEM delatar. Ele pagava, recebia, lavava o dinheiro, liderava a quadrilha. Só pode fazer delação em frente a um espelho, Sergio Cabral acusando e Sergio Cabral se defendendo. Na família, 
A advogada Adriana Ancelmo, pode fazer delação. Mas não fará de jeito algum.

PS- O Ministro Dias Toffoli, jurídica e moralmente cego, ontem devolveu a vista. Amanhã conto porque fez isso, 47 dias depois do 3 de novembro.

PS2- O arbitro prejudicou o Kashima, facilitando o titulo para o Real Madri. O time do Japão que já foi comandado pelo Zico, vencia por 2 a 1. Faltavam 17 minutos para o jogo acabar, os japoneses festejavam no seu estádio.

PS3- Inesperadamente numa jogada típica do futebol, 2 jogadores caíram dentro da área, o arbitro, erradamente, marcou pênalti. 2 a 2, prorrogação. O Real, com mais experiência e melhores jogadores, venceu.

PS4- O Kashima merecia a vitoria. Seria homenagem ao técnico Caio Junior que dirigiu o time por 2 anos. E morreu na tragédia da Chapecoense.








Um comentário:

  1. Helio,lhe mando ,abaixo, o artigo que o Limongi escreveu sobre você,no Diário do Poder.
    Grande abraço,
    Werneck


    VICENTE LIMONGI NETTO
    ÍCONE É HÉLIO FERNANDES

    Evidente que Villas-Bôas Corrêa merece ser exaltado e homenageado. Contudo, Villas, que morreu aos 93 anos de idade, não é o "analista político mais antigo em atividade no Brasil". Na verdade, o mais antigo é o jornalista Hélio Fernandes. Com 96 anos, Hélio continua escrevendo diariamente. Com a lucidez e coragem habituais, no blog que leva o seu nome. Durante 50 anos, sem faltar um dia sequer, Hélio manteve coluna política no jornal "Tribuna da Imprensa". Por mérito e justiça, Hélio Fernandes pertence a galeria dos notáveis e respeitados jornalistas políticos do Brasil. Ontem, hoje e sempre. O obituário do Globo sobre Villas-Bôas tem diversos equívocos. Incrível, é o primeiro obituário da imprensa mundial cheio de informações erradas. O atento Cláudio Humberto salientou no Diário do Poder, com todas as letras: "o decano do jornalismo político é Hélio Fernandes". O Globo e a Globonews erraram feio. É de pasmar. A arrogante e covarde patrulha finge que não errou. Não admite que deu informação completamente errada. Se julgam gênios e sábios. O mais grave, melancólico e patético: o saudoso Rodolfo Fernandes chegou a exercer a direção de redação do Globo. No céu, Rodolfo ficou triste e decepcionado com a colossal barriga. Logo injustamente contra o pai dele. Preso dezenas de vezes, confinado em Fernando de Noronha, Hélio lutou a vida toda pela democracia e pela liberdade de expressão. Viu o prédio da Tribuna da Imprensa ser destruído por bombas, mas jamais se intimidou diante da prepotência dos poderosos de plantão. Hélio começou a trabalhar, cobrindo política, aos 21 anos de idade. Bem antes de Villas-Bôas e Castelinho. É repugnante, covarde e hipócrita a omissão ao nome de Hélio Fernandes.

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