Delação e leniência da o Odebrecht. Parlamentares
em pânico
HELIO FERNANDES
Ha 9 meses,nas
manchetes e bastidores, nessa profusão de fatos ligados á corrupção, a
prioridade absoluta é sempre da maior empreiteira. A maior como distribuidora
das mais colossais propinas. A maior como corrupta- corruptora. E conseqüentemente
a mais assustadora, quando se convenceu, que só se salvaria contando
minuciosamente, como se corrompeu e como corrompeu todo o mercado. Até se
transformar na mais importante e poderosa empreiteira roubalheira do mundo.
Para
começar a historia: no ultimo ano antes de aparecer a Lava-Jato, a Odebrecht
faturou 132 BILHÕES. Apenas no Brasil e inteiramente "limpinhos". Mas
ela já
havia
espalhado seus tentáculos pelo mundo, pagava em diversas moedas, nada diminuía
o faturamento de 132 BILHÕES. E depois de 1 ano e meio da Lava-Jato, fechou o
ano, em junho de 2016, com faturamento de 126 BILHÕES, quase a mesma coisa.
E já
havia crescido tanto em termos de corrupção, que só se soube mais tarde: criou
o que se chamou internamente de "departamento de propina". E
sofisticadamente e para não comprometer a empresa "mãe, todos os
pagamentos eram feitos no exterior e em moedas nobres.
Preso em
junho de 2015, Marcelo Odebrecht exibiu uma arrogância sem precedentes. Com
muitos diretores de empreiteiras roubalheiras, indiciados, denunciados, e até
condenados, se manteve altivo e altaneiro. Não parecia nem sentir a mudança de
palacetes vários e vida altamente luxuosa, para uma cela mínima com desconforto
total. E sem qualquer privacidade.
Bem ao
contrario, aumentou o descaso e o desprezo pela nova situação. Criticou
duramente os que fizeram delação, usando o jargão popular, identificando-os
como "dedo duro". E acrescentou: "De mim não ouvirão acusação a
ninguém, nem confissão sobre meu próprio comportamento. Condenado há 19 anos e
4 meses, não reclamou, parecia de ferro e inatingível.
DOIS FATOS QUE MUDARAM TUDO
1-Em
novembro de 2015, Emilio Odebrecht, fundador e único dono da empresa,
considerou, que chegara o momento de entrar no circuito. Acompanhava as coisas
de longe, decidiu se aproximar. Fez contato com a equipe da lava-Jato, surpresa
total: "Vou comandar todo o processo de recuperação, e isso com a
CONFISSÃO de tudo o que foi feito de errado".
Resumiu o
que a empresa poderia CONFESSAR satisfação geral de Promotores e Procuradores.
Pediu para ter algumas conversas reservadas com o filho, que se
mostrava
intransigente. Concordaram claro, o pai convenceu o filho, que mudou
inteiramente de convicção.
(Emilio e
Marcelo fizeram exigências, que contarei no final da matéria de hoje. E
continuarei cobrindo diariamente, até a delação leniência ser revelada ao
publico, dentro de alguns meses, seguramente não em 2016).
2- Em
fevereiro de 2016, o Supremo Tribunal Federal colocou em pauta e aprovou por 7
a 4, medida admirável, aplaudida pela comunidade. A partir desse julgamento,
qualquer acusado ou réu condenado pela segunda vez, seria imediatamente preso.
Embora com direito de continuar recorrendo. A decisão do Supremo explodiu em
Curitiba, contei tudo com exclusividade.
As riquíssimas
empreiteiras roubalheiras, montaram esquema financeiro soberbo, o Supremo
sofreu espantosa pressão de todos os lados. Tudo comandado por altas
personalidades, representadas por advogados famosos e caros. Novo julgamento, o
supremo manteve a decisão anterior. As revelações de pai e filho, mudaram
tudo.
Aceleraram
as CONFISSÕES, mas também as reivindicações. Marcelo, pessoalmente: condenado há
19 anos e 4 meses, foi tão contundente nas revelações, que logo passou para 12 anos.
Não demorou muito a pena foi reduzida para 6 anos. Que serão divididos. Já está
preso há 1 ano e meio, deve continuar na prisão até completar 2 anos. Ficarão faltando
4, que cumprirá com varias denominações. nenhum tempo longe de casa.
EMILIO ODEBRECHT, O GRANDE VITORIOSO
No
capitulo das indenizações financeiras, que foi chamado de a maior de todos os
tempos, a Odebrecht, fez o que antigamente se identificava como "negocio
da China". Olhando os números, descuidadamente parece que a empresa foi
penalizada duramente: vai devolver 6 Bilhões e 800 milhões. Decodificando, a
realidade é inteiramente diferente. Essa devolução será feita em 20 anos, sem
juros ou correção.
Portanto,
entre 50 e 60 milhões por ano, insignificante. Alem do mais, o Brasil só
receberá
70 por cento, o que reduz a DEVOLUÇÃO a um total de no máximo 40 milhões por
ano. Estados Unidos e Suíça ficarão com esses 30 por cento. EXIGIRAM receber á
vista, serão atendidos.
Também a
leniência será excelente para a Odebrecht. Vai recuperar o mercado, pediu
desculpas, e garante que a partir de agora, não repetirá a imoralidade e não
usará da CORRUPÇÃO para ganhar licitações.
Se isso
servir de base para expulsar da vida publica, pelo menos 150 deputados e
senadores, a comunidade ficará satisfeita.
A emoção da maior tragédia esportiva jornalística.
Temer e o medo das vaias
Nunca vi
tanta gente chorando ao mesmo tempo. E como não parou de chover, um instante
que fosse, a impressão ou até certeza, é que os céus queriam chorar por toda a
população. As 19 mil pessoas nas arquibancadas, não se moveram, é um dia muito
triste, como repetiam todos.
Os
oradores, e foram dezenas, não discursavam, mostravam toda a emoção, sofriam, e
não escondiam. Alguns mal podiam ler o que escreveram. Outros nem conseguiam improvisar,
apesar de serem profissionais. Quando o bispo de Chapecó leu a mensagem do
Papa Francisco, silencio impressionante. Quebrado apenas pelo choro dos que não
podiam se conter. Realmente emocionante.
O
"toque de silencio", um dos mais bonitos e sensíveis do mundo, nem
tinha sentido, a emoção geral era manifestada das formas mais diversas, mas sem
palavras.
Aplaudiam,
se abraçavam,gritavam em coro sem regência. Pois era multidão dentro e fora do
estádio, "força Chape". E essa despedida na Arena Condá, (até o nome
é emocionante) vinha depois de uma semana de reverencia pelos países mais
variados.
Começando
pela Colômbia, do Presidente da Republica a toda a população. Não podemos
deixar de lembrar este fato singular e que se repetiu por vários dias e noites.
44 mil
pessoas enchiam o estádio sem jogo, para se solidarizar com os mortos e
parentes, que jamais haviam visto. Essa autenticidade será reconhecida, "somos
todos colombianos".
Nos jogos
que se realizavam nos muitos países, homenagens iguais. Alguns times colocavam
a camisa da Chape por cima da sua. O obrigatório minuto de silencio, era
vibrante, e muitos choravam mesmo. Não podia haver outra reação. Jogadores do
Barcelona e Real Madri, adversários históricos, se enfrentaram no sábado, se
abraçaram sem hostilidade .
Temer, rara discordância
O
presidente indireto, depois de muita hesitação, resolveu ir a Chapecó. Mas
deixou claro que ficaria no aeroporto. 4 jornais do Rio, São Paulo e Brasília
juntaram na primeira pagina, o nome Temer, com a palavra vaia. E as televisões
do país inteiro, fizeram o mesmo.
Insensível
e insensato, mandou comunicar ás famílias e amigos, que iria recebê-los no aeroporto.
Era uma ofensa, reagiram com protestos, ninguém foi. Alguém lhe disse,
"não haverá vaia, principalmente neste momento". Mudou de ideia, foi
á Arena Condá, ficou refugiado, longe da multidão. Temer só tem uma explicação:
as pesquisas que recebe, registrando a alta vertiginosa da sua impopularidade.
Temer já
foi presidente provisório, agora é indireto e PERICLITANTE. Essa a palavra que
se aplica a ele. Ha 9 meses acompanho a tramitação pelo TSE, do pedido de
cassação da chapa Dilma - Temer. Ele agora é presidente prisioneiro no país
inteiro. E pelo que se fala, pela delação-leniência da Odebrecht, a denominação
não seria mais simbólica.
PS- Renan
quer votar amanhã, terça, o projeto contra a Lava-Jato e a favor da corrupção.
Será na Comissão de Constituição e Justiça, em substituição á sua inacreditável
tentativa de urgência.
PS2-Apesar
de ser REU, sem constrangimento, conversa com senadores, para imediatamente
haver a votação no plenário. A aprovação na CCJ é mais do que certa e
garantida.
PS3-
Ontem, no país todo, protestos, precisamente contra as manobras de Renan, Maia
e a FAVOR da corrupção. As ruas, naturalmente, exaltando a Lava-Jato, e
exigindo o fim do movimento de auto-impunidade, de deputados e senadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário