Dias Toffoli tem que deixar Renan
viver e enterrar seu corrupto e irresponsável destino
HELIO FERNANDES
A
situação do país vai se agravando visivelmente. A politicalha contamina a
economia, que por sua vez, desprezada, abandonada e tratada com displicência,
imprudência e incompetência, degrada a verdadeira política. Personagens
incontáveis na Câmara e no Senado, são os responsáveis irresponsáveis por quase
tudo. Mas foram violando o Executivo na pessoa de presidentes e até de vices.
Não deixando de fora nem mesmo membros do judiciário, localizados no mais alto
tribunal do país.
Esses
representantes tinham tal prestigio, que levaram até mesmo Rui Barbosa a cometer
o equivoco, de escrever, "a palavra mais bonita da língua é
MAGISTRADO". (Apenas de passagem: a palavra mais bonita e mais
representativa é MÂE).
No dia 1
de abril, na ânsia de resolver hostilidades para satisfazer ambições, generais
(fardados) foram ao gabinete do Presidente do Senado, Auro Moura Andrade. Exigiam
que empossasse na presidência da Republica, o Presidente da Câmara, Ranieri
Mazzili. Apesar de saberem que o Presidente João Goulart estava no Brasil, no
Rio Grande do Sul.
Moura
Andrade disse que não podia fazer isso, era uma inconstitucionalidade. Os
generais se exaltaram, gritaram, "é uma ordem". Não conheciam o
Presidente do Senado, que respondeu com uma frase curta, mas brilhante e
altamente criativa: "Japona não é toga". Com isso colocou os generais
arbitrários na posição humilhante. Exaltando os magistrados com a simples
citação da vestimenta de julgamentos.
Dias Toffoli agrava a crise, protegendo Renan
Pelas
origens, não devia ser Ministro. Pelas inconseqüências, já deveriam ter tomado
uma providencia. Lógico, não é o responsável principal por tudo o que vem
acontecendo, a partir da conspiração parlamentar. E do fato do país, pela primeira
vez ter 3 presidentes em um dia. Um presidente do Senado que é REU. Um presidente da Câmara que
pretende se "reeleger, com os votos dos 332 deputados, que procuraram
liquidar a Lava-jato, para escapar da cassação obrigatória.
Como são
centenas mergulhados nessa espantosa destruição das instituições, que ameaçam a
democracia, tratemos hoje, apenas da estranha e perigosa ligação, Renan Calheiros
e Dias Toffoli. Pela importância que adquiriu.
O ainda
presidente do Senado não tem salvação. Pela ordem natural dos fatos, deve
terminar da mesma forma que o ex-presidente da Câmara. Massacrado domingo como
o alvo principal das grandiosas manifestações, não pode continuar Presidente do
Senado. E atuando como personagem que se antecipa e domina os fatos.
Dias
Toffoli pode reconquistar ou devolver ao Supremo, o prestigio que sempre teve.
Basta que entregue HOJE ou no maximo AMANHÃ, o pedido de vista do julgamento do
plenário, que decidia se um personagem pode ser colocado na lista sucessória
presidencial, sendo REU. A resposta era obvia, e já estava consagrada por 6 a
0.
Aí, de
forma inacreditável, Dias Toffoli pediu vista, Renan ficou inatingível,
continua presidente do Senado, continuará por mais 56 dias. Nesse tempo
tumultuará e dominará os acontecimentos, a partir de hoje. No dia do pedido de
vista, comentei imediatamente: "Sem constrangimento, o ministro do Supremo
protegeu o presidente do Senado".
Como
prova de que não tenho prevenção pessoal, sugerí a mudança de posição de Dias
Toffoli, Isso diminuiria a pressão e a tensão. Mas não acredito. Na quinta
feira, o plenário do Supremo decidia se transformava Renan em REU. Oito
ministros
consideraram que Renan era REU por peculato. Eram 5 acusações, diferentes e
separadas. Foram examinadas uma a uma, vários ministros aceitavam, mas não
conseguiram maioria.
Três
Ministros foram taxativos, absolutos, nenhuma duvida: absolveram Renan de todas
as acusações, perderam por 8 a 3, mas continuaram protegendo Renan. Foram
Gilmar e Lewandowski, que protagonizaram cenas de baixaria verbal, não citavam
um ao outro, votavam sempre de forma contraria e diferente. Reconciliados,
mesmo que apenas na aparência, fazem questão de votarem da mesma forma, com
citação pessoal. O terceiro, num voto longo, que ele falou que era
"fundamentado", mas não passava de "comprometido".
Obviamente, Toffoli.
Meirelles- Arminio Fraga
Com Temer
no meio para atrapalhar. A saída do Ministro da Fazenda não é boato ou rumor,
apenas presunção. O Jornalista Jorge Bastos Moreno, definiu magistralmente na
coluna de sábado: “O maior inimigo de Temer é o próprio Temer”. Com a pressão
pela falta de resultados, o presidente indireto se reúne com o economista
Arminio Fraga , diz que vai se aconselhar com ele.
Esse
mesmo Arminio Fraga, foi o primeiro convidado por Temer, ainda provisório mas
garantindo um ministério de "notáveis". Quando viu os futuros
companheiros, não aceitou. Agora reaparece. Num momento externo que devia ser favorável,
mas o governo sem sair da vertente "PEC dos gastos", e a futura e já
cansativa Reforma da Previdência. Promessa que vai completar 7 meses e não sai
do lugar.
O preço
do barril de petróleo sobe a 5 dias seguidos, a Bovespa não percebe. Quando
Temer assumiu, o barril estava a 39 dólares em Nova Iorque e 40 em Londres.
Ontem fechou a 53 em Nova Iorque e 55 em Londres. O governo não teve a menor
reação.
Mas ficou
satisfeito com o comentário da Moodys: "Boa orientação, a da
Petrobras, de vender ativos para reduzir a divida". Reduzir a divida é
mais do que obrigação, é demonstração de competência administrativa. Mas não
vendendo ativos e sim reduzindo custos operacionais.
Triste final de Fidel Castro
Arrogante,
tremendo admirador de si mesmo, muitas vezes surpreendia os mais íntimos: "Os
que me combatem, serão sempre derrotados por mim. E quando eu morrer, ficarão
estarrecidos, com o numero de estadistas que virão ao meu velório".
Como
gostava de falar horas, em discursos que nem Garcia Marques suportava, se
pudesse, usaria sua volúpia oratória, para condenar os que não foram á bela
Havana se despedir dele. Na verdade, em matéria de personalidades, vazio e ausência
total.
Na
primeira fila, Lula, Dilma e Maduro, o que não chega a ser uma consagração.
Os
brasileiros, sozinhos, tiveram que agüentar a permanência do homem que sozinho,
está destruindo um país como à Venezuela. Mas que eles ajudam e apoiaram durante
anos. Gostando ou não gostando de Chávez, ele deixou uma herança que Maduro
está desperdiçando.
Depois,
foram chegando os subservientes do segundo time da America do Sul. Que
praticamente ninguém conhece, a começar pelos presidentes da Bolívia e do
Equador. Presidentes e Primeiros Ministros da Europa. E Obama, ainda Presidente
dos Estados Unidos, ficaram longe.
Renan e Maia surpreendem Temer
O
presidente da Câmara e do Senado, estão desesperadamente ligados, num movimento
que serve aos dois: convocação do Congresso para trabalhar no recesso
parlamentar. Esse recesso começa dia 15. Se não conseguirem convencer deputados
e senadores, os mandatos de Temer e Maia como presidentes, terminam dentro de
10 dias.
Renan só
voltará no primeiro dia de fevereiro para dar posse ao opulento empresário,
Eunicio Oliveira. E Maia nem sabe ainda se aceitarão sua candidatura. Ou se
votarão nele, depois do desgaste tremendo dos últimos dias. E no recesso, com
quem irá conversar?
Os propósitos
e objetivos do presidente indireto, são inteiramente diferentes. Não admite de
jeito algum votação agora, principalmente contra a Lava-Jato. Conversou
separadamente com Renan e Maia, se manifestou contra o trabalho no recesso,
ficou perplexo. Os dois estão intransigentes. Sempre houve convocação no recesso,
por que ficariam contra?
Mas Temer
não acredita que será derrotado. E tem chamado deputados e senadores, pedindo
que convençam a "base" a não se renderem á convocação. Segundo
assessores, está convencido que não haverá convocação. Isso se reflete na sua
posição em relação ao projeto mais acariciado e mais retardado: a reforma da Previdência.
Suas
considerações a respeito da votação da Previdência: primeiro semestre de 2017.
Portanto, confiante que derrotará Renan e Maia, e não haverá nenhuma votação
até fevereiro. Incluindo, portanto, a ratificação pelo Senado, da derrota imposta
pelos 332 deputados, que tentavam continuar parlamentares.
Mas como
confiar num presidente sem votos? E que demitiu na hora errada, um
Ministro que considerava insubstituível. E que agora não consegue preencher o
cargo. Tem medo que o escolhido esteja na lista da Odebrecht, e da leniência - delação,
de pai e filho. Por causa disso, desperdiçaram toda a segunda feira, sem saber
o que acontecerá na terça.
PS-
Deputados estaduais do Rio, estiveram reunidos por horas, com empresários de
transportes. Motivo: preços das passagens intermunicipais. Todas as propostas
foram recusadas pela Fetranspor, a maior potencia do setor.
PS2- O
ultimo depoimento de Ferreira Gular, ocorreu no dia 4 de novembro. Participação
num documentário que o diretor Moacyr Goes, está fazendo sobre Fernando
Gabeira. Depois dele já gravaram: Afonso Romano, Cora Ronai, Arminio Fraga. Falta Ali Kamel, que já desmarcou duas vezes. E outros
2.
No
domingo, enquanto as ruas trovejavam o novo "fora Renan", este se
escondia, se refugiava, não fazia o que ele mais gosta, conversar com
jornalistas. Sua assessoria explicava: "O presidente está numa fazenda no
interior de Alagoas, tão longe que não pega nem celular".
Ontem,
segunda, pela manhã, reaparecia, se movimentava. E ainda em casa, recebia a
noticia: dois novos personagens eram atingidos pela Lava-Jato. Marco Maia,
ex-presidente da Câmara, o cargo parece amaldiçoado. (A voz das ruas atingiu
Rodrigo Maia, que traiu a si mesmo). O outro é ex-senador, Vital do Rego, agora
Ministro do Tribunal de Contas. O poderoso Tribunal, cujos membros (não todos, mas
com poucas exceções) se julgam intocáveis. E que fatos e fatos desmentem
fartamente.
Esta
semana começou angustiada, hoje, terça poderá ser tumultuada. Dependendo das
ameaças e das resistências.
PS- De forma fulminante e
magistral, Marco Aurelio Mello, atendendo pedido da Rede de Marina Silva,
concedeu liminar afastando Renan Calheiros da presidência do Senado. Nem
extravagância, nem inconstitucionalidade. Apenas a coragem da decisão correta,
que já foi pedida pelo povo nas ruas do Brasil todo.
PS1- Existem
duas interpretações. Que a decisão do Ministro só vale depois de ratificada
pelo plenário. Ou que começa a valer imediatamente. A segunda hipótese é a
verdadeira, Renan já não pode presidir o Senado. Mas o plenário tem que
examinar o MERITO da liminar, se REU pode estar na linha de sucessão
presidencial.
PS2-Acontece
que o plenário já estava julgando essa questão, e a impossibilidade do REU
ocupar a presidência, perdia por 6 a 0. Quando chegou sua hora de votar, Dias
Toffoli, SEM CONSTRANGIMENTO, pediu vista. Como eu comentei no mesmo dia,
"não devolverá o processo antes de fevereiro.” Agora, quando o plenário
retomar a votação, Renan ficará impossibilitado, no mínimo por 8 a 0
PS6- É
inacreditável, mas as coisas hoje no Brasil, mudam de instante a instante. O
governo está em pânico, o substituto, imediato e automático, é o vice Jorge
Viana, do PT. È bem possível que não haja reunião e votação, hoje, terça. O
vice Jorge Viana, já assumiu. Tem a noite e a madrugada, para decidir. O
governo tem a mesma noite e madrugada para se preocupar.
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