A corda está (muito) bamba
FERNANDO CAMARA
Michel Temer sabia que sua passagem pelo cargo
máximo da República não seria exatamente um passeio. Mas, creio, não a
imaginava tão penosa. Temer está errando quando deixa de planejar e de agir e
no sentido de fazer a economia responder. E ele sabia que não poderia errar
tanto. Em algumas áreas, está excessivamente mal assessorado.
A presidência não é para amadores, e Temer precisa urgente se
cercar de profissionais de primeira; técnicos competentes. E, sobretudo,
ouvi-los. Ele não precisava sofrer o desgaste que sofreu por causa de sua ida
às condolências em Chapecó. Foi mal orientado e passou a ideia, primeiro, de
ter medo das vaias,depois, de ter ido sob pressão.
O risco das vaias era muito menor do que o risco de uma avaliação
tão rasteira. Qual agente de comunicação não enxergou um cenário tão óbvio?
As trapalhadas geradas pelo seu envolvimento com uma questão
pessoal de Geddel Vieira levou a população às ruas novamente. O efeito prático
é discutível, uma vez que estamos às vésperas do Natal e as músicas do carnaval
já soam em algumas praças. O que não significa que ele possa se fiar nesse
respiro, claro.
O governo continua puxando a corda, se ancorando no espírito
pacífico do povo. Mas terá essa corda tanta resiliência quanto imaginam nossos
governantes?
Uma
luz vermelha acende na Petrobras
Quem surpreendeu, e muito, na última semana, foi Pedro Parente,
presidente da Petrobras. Até aqui ele deu demonstrações inequívocas de que
estava caminhando para o reequilíbrio da companhia, mantendo o programa
tecnocrata iniciado por Bendine. Uma gestão técnica e austera, que hoje não
contribui para o desenvolvimento do Brasil, não utiliza do potencial da
Petrobras para alavancar a economia. Vejo uma enorme empresa de petróleo com 6
diretorias sendo apenas duas da atividade fim.
Surpreendentemente, ele convida para a Gerência Executiva de
Inteligência da Petrobras ninguém menos do que Regina de Luca, ou Regina Miki,
uma personagem com ligações viscerais com o petismo, tendo ocupado cargos na
secretaria nacional de Segurança Pública no governo Dilma Rousseff, presença
constante ao lado então ministro José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça.
E
justo para a gerência de inteligência? Como assim?
Regina De Luca Miki foi secretária municipal de Defesa Social em
Diadema durante a gestão do petista José de Filippi Júnior, tesoureiro das
campanhas de Lula em 2006 e Dilma em 2010. Hoje ele é investigado pela Operação
Lava Jato. Alguém entende essa contratação?
Temer chegou ao governo com muitos compromissos com aliados.
Atendê-los significa ir contra a sociedade que lhe concedeu uma chance. E o
tempo começou a rugir em sua porta.
Falta coordenação, falta um pé na realidade e falta muito
media-training aos parlamentares. É gente inexperiente com as tramas do poder,
falando muito e muita bobagem publicamente. Rodrigo Maia melhor faria se
recolhendo, se protegendo mais.
É óbvio que o judiciário comete excessos. Mas não é essa a hora de
cutucar tanta gente, com a vara tão curta. A condenação de Renan Calheiros por
uma margem inequívoca pode ser prova cabal de uma retaliação que ele poderia
ter evitado.
PL
4850/2016 - você precisa saber que foi aprovado
1) Caixa-dois eleitoral: os candidatos que receberem ou usarem
doações que não tiverem sido declaradas à Justiça Eleitoral responderão pelo
crime de caixa dois, com pena de prisão para os agentes políticos e multa para
os partidos.
2) Transparência e prevenção à corrupção: os
tribunais terão que divulgar informações sobre o tempo de tramitação de
processos com o propósito de agilizar os procedimentos.
3) Aumento das penas e inserção de tipos na
Lei de Crimes Hediondos: eleva a pena para diversos crimes, incluindo
estelionato, corrupção passiva e corrupção ativa. Esses delitos serão
considerados hediondos quando a vantagem ou prejuízo para a administração
pública for igual ou superior a dez mil salários mínimos vigentes à época do
fato.
4) Ações populares: reforça as regras para a
apresentação de ações populares, que já está prevista na legislação brasileira.
O texto especifica que, se a ação for julgada procedente, o autor da ação terá
direito a retribuição de 10% a 20% a ser paga pelo réu.
5) Recursos: estabelece regras para limitar o
uso de recursos com o fim de atrasar processos.
Destaques
que foram incluídos:
*DTQ 1- Tipificação de crime de abuso de autoridade de magistrados
e membros do MP.
DTQ 13- Emenda 3- Inclui dispostivo para punir casos de violação à
prerrogativa de advogado por magistrado, MP ou autoridade policial
*O DTQ 1 é o que se refere ao abuso de autoridade
* Juízes e promotores agirem por motivação política;
* Instaurar processo sem indicio de culpa;
* Divulgar opinião sobre julgamentos;
* Qualquer pessoa pode denunciar juízes, promotores e procuradores;
* Inocentado será indenizado por danos morais;
* Pena de 6 meses a 2 anos de prisão e multa
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