Temer: "O Natal de 2017,
será melhor do que o de 2016". Com ele ou sem ele?
HELIO
FERNANDES
Em 3
minutos, falando em cadeia (!) de radio e televisão, usou e abusou da
mistificação. Vejamos as principais. 1- Cumprirei até 2018, a missão que me foi
dada. 2- Acabaremos com a recessão, os empresários voltarão a investir.
3-Recuperaremos os empregos. 4- Os juros continuarão a cair. 5- Como já havia
dito há 3 dias, repetiu, rindo: "Não tenho pensado em renunciar".
Apesar da
falta de credibilidade, e a impopularidade crescente, pesquisada e constatada
por Institutos, não percebe que além de indireto, é um presidente incerto e sem
rumo. Mas jornalisticamente, examinemos as afirmações, mesmo com a
impossibilidade de acreditar no mínimo que seja.
1- NÃO
EXISTE MISSÃO DADA
As
características de Michel Temer, sempre demonstraram uma divergência eleitoral
entre ele e o povo. Jamais disputou uma eleição direta em toda a carreira. A
não ser as inúmeras vezes em que se candidatou a deputado federal, quase sempre
ficando como primeiro ou segundo suplente. Nunca imaginou ascender na carreira
política se candidatando a senador ou governador. Como sua base habitacional e conseqüentemente
eleitoral era São Paulo, sendo governador ficaria pertissimo de se candidatar a
presidente da república.
Como
suplente de deputado foi presidente da câmara num dos raros momentos em que ele
e Renan Calheiros não se hostilizaram. Também foi presidente do PMDB, não era
uma eleição e sim a escolha do grupelho do qual fazia parte. Numa das eleições
para a câmara federal, o PMDB elegeu 28 deputados e ele foi o numero 29, mas
como sempre, logo assumiu o mandato efetivo.
O que ele
chama "missão dada", é um exagero do seu irrecuperável exibicionismo.
Ninguém dá missão de presidir o país, a ninguém. Só o povo delega poderes
através do voto. Fora disso, digam o que disserem, não passa de usurpação.
Apesar de se dizer um vice "decorativo", teve forças e condições para
se transformar em presidente provisório e agora em presidente indireto incerto
e indevido.
Para
isso, sua credibilidade pessoal e sua moral desencaminhada, não se sentiram atingidas
pelo fato de ter obtido essas condições através de um parceiro aventureiro e
corrupto, como foi e continua sendo, o ex presidente da câmara Eduardo Cunha.
Só que Michel Temer tem sido tão feliz em todas as mobilizações, que o amigo
que o beneficiou está preso provavelmente para o resto da vida. E ele,
presidente indireto, que de forma inédita, utiliza simultaneamente 3
palácios.
Considera
que essa "missão cumprida" irá até 2018. Correligionários,
adversários, analistas dependentes ou independentes, economistas, não se
arriscam a uma análise a respeito da duração de 2017, o ano que não quer
começar. Mas ele, sem constrangimento e até estouvadamente, considera que em
2018 terminará até tranquilamente, "a missão que lhe foi dada".
2- RECESSÃO E INVESTIMENTO
Embora o
presidente indireto não tenha a menor credibilidade, a frase poderia ter algum
sentido desde que fosse colocada de maneira inversa, pois a recessão só
terminará depois do investimento. E, apesar do presidente indireto, do ministro
da fazenda e do presidente do Banco Central, ficarem espalhando que os
empresários estão cada vez mais confiantes, isso não se transforma em realidade
agora, e muito menos num futuro, que ninguém sabe até onde irá.
3- O DESEMPREGO CRUEL
Desde o
dia 7 de maio até agora, quase 8 meses, o país perdeu 400 mil empregos. Quando
ele assumiu, eram 12 milhões de desempregados, agora estamos quase chegando aos
13 milhões. Ninguém sabe definir o limite positivo do que ele chama de reduzir
essa multidão de sem trabalho. Se pudermos transformar o seu discurso em
realidade e admitirmos que no fim de 2017 os sem trabalho serão ainda 10
milhões, a redução de quase 3 milhões, terá sido indiscutivelmente, um avanço,
mas os 10 milhões restantes, constituirão o retrocesso mais assustador, mesmo
reconhecendo a incompetência e a imprudência do presidente indireto.
4- JUROS VERGONHOSOS E CALAMITOSOS
O
presidente indireto, junto com o presidente do Banco Central, não perdem a
oportunidade de retumbar na televisão: "Com cautela, mas com eficiência,
reduziremos os juros". Há dois anos, ainda no tempo da D. Dilma, quase
implorei que os juros fossem reduzidos para 10%. Um mês depois da posse do
indireto, voltei a insistir nesses números, agora referendado por economistas
renomados e respeitados.
Nos quase
8 meses do governo ou desgoverno Temer, só duas reduções de 0,25% cada uma. O
país estava, então, com os juros em 14,25%. Com as duas reduções, passou para
13,75%, uma tragédia econômica, financeira e política, que não leva e nem
levará ao desenvolvimento, ao crescimento, e naturalmente a quase normalização
do país.
Se o
"cauteloso" presidente do Banco Central, reduzir a taxa Celic em
0,25% mensalmente, no final de 2017 terá cortado os juros em 3%. O país ficará
então com a taxa Celic em 10,75%. Para arredondar, e não querendo hostilizar os
que tomaram o poder, admitamos que a taxa fique em 10%. O país, então, terá
atingido o patamar de 10% com atraso de 3 anos.
Contrariando
não apenas a minha análise, mas divergindo crassamente dos maiores economistas
brasileiros, Fernando Henrique Cardoso levou e elevou os juros a 40%,
"crime de leza pátria" que já deveria ter sido punido há muito tempo.
O mesmo que terá obrigatoriamente que acontecer com Temer e sua equipe ao mesmo
tempo, imprudente e incompetente. Isso se chegarem a 10%.
5- "NÃO RENUNCIAREI"
Na
primeira entrevista coletiva que concedeu num suculento café da manhã,
respondendo a uma pergunta, ele fez essa afirmação. Mas como ele muda muito de
opinião, mas não de convicção, pois não tem nenhuma, ainda tem 4 dias até o dia
31 de Dezembro para deixar o cargo e provocar uma eleição direta.
Quanto à
permanência no poder, fora da renúncia, não cabe a ele decidir. As acusações
surgem dos mais variados lados. Citado várias vezes na Lava Jato, dificilmente
escapará da delação colossal e monumental da Odebrecht.
Não
evitara de jeito algum a incriminação pelo TSE. Há 9 meses, venho acompanhando
quase que diariamente a tramitação do recurso movido por Aécio Neves, candidato
derrotado em 2014. Foi salvo primeiro, pelo Ministro Dias Toffoli. Em maio,
quando Gilmar Mendes assumiu a presidência do TSE, a proteção aumentou.
Quando
surgiram as primeiras acusações a respeito da cassação da chapa, Temer
contratou advogados que disseram: "A campanha do vice não tem nada a ver
com a campanha do presidente". Temer começou a repetir a mesma coisa.
Agora, diante da evidência e da relevância das descobertas feitas pelo TSE, o
presidente indireto mudou de pronunciamento e repete sem constrangimento:
"Se eu for cassado pelo TSE, entrarei com todos os possíveis e necessário
recursos". Como constitucionalista, título que apregoa com insistência,
deveria saber, que só cabe um recurso, para o Supremo Tribunal Federal
Renan, apavorado com o ostracismo
O presidente
indireto costuma repetir, sem perceber o tamanho da bobagem ou da tolice: "Minha
fortaleza é o tamanho e a fidelidade da base partidária que me acompanha no
Legislativo". O cidadão entre atento e estarrecido, segue de longe as
negociações. Antes e depois de cada votação. Só não pode interferir, apesar de
todos dependerem do seu voto.
Apesar de
só ter mandado para o Legislativo apenas projetos que favorecem os ricos e
prejudicam os pobres, Temer tem recolhido dissabores e derrotas. Ou então, é obrigado
a aumentar o chamado "troca-troca". E aumentar a recompensa
antecipadamente combinada. Agora, deputados e senadores sentem seus interesses
e poderes pessoais ameaçados. Temer não sabe o que fazer, joga tudo para depois
de fevereiro quando se renova (?) o comando da Câmara e do Senado.
RENAN TUMULTUA A ELEIÇÃO NO SENADO
Excluído
o candidato a presidente, que articula e negocia sua própria eleição, são mais
10 cargos na Mesa da Câmara e do Senado. Todos importantes, sem qualquer
intervenção do Planalto. Vice-presidente, Primeiro Secretario, disputadíssimo,
é tido e havido como o "prefeito" da Casa. 4 secretários e mais 4 suplentes. Muitos candidatos.
Alguns inarredáveis.
Até á véspera
do Natal, um candidato certo e acertado: Eunicio Oliveira. Acontece que Renan
Calheiros na ânsia desesperada de ficar sem cargos e sem protagonismo, lançou a
candidatura de Romero Jucá, para enfrentar o amigo Eunicio Oliveira. A
declaração de Eunicio, "não serei presidente de confronto", agradou
Jucá.
Que
imediatamente afirmou: "Não sou candidato, apoiarei Eunicio". Renan
ficou aturdido, tenta um cargo menor. Depois de ter procurado Temer, e ouvido a
resposta: "Não intervirei na eleição do Senado ou da Câmara". A
afirmação é apenas metade verdadeira.
Curiosidade
exclusiva em relação ao Senado. No jogo de expectativas surgiu mais um nome, de
Eduardo Braga, ex-governador, ex-ministro, senador. Aceita ser vice ou Primeiro
Secretario, sem nenhuma chance. Como o presidente será do PMDB, nenhum outro
peemedebista terá cargo.
Espantoso,
assombroso e estarrecedor: nessa divisão, são negociados cargos na Mesa, para
Primeiro de Fevereiro de 2019. Renan quer voltar á presidência, Jucá, que já
foi tudo, menos presidente, pretende o cargo. Acontece que os mandatos de
Renan, Eunicio, Braga e Jucá, terminam em 2018. Precisam se reeleger. Renan foi
expulso da presidência em 2007, reeleito em 2010, novamente
presidente
em 2015. O Senado não tem memória.
NA CÂMARA, A QUESTÃO É DIFERENTE
Antes da
Lava-Jato, senador era mais importante ou prestigiado do que deputado. Agora
todos são iguais, depende do numero de indicações, ou até que seja REU, como
Renan. O presidente da Câmara tem o Poder de pedir o impeachment do Presidente
da Republica, como aconteceu com Dona Dilma, favorecendo Michel Temer.
Agora, o
presidente da Câmara, tem uma nova sedução tentação: substitui o presidente da
Republica, nos seus impedimentos circunstanciais, ou viagens ocasionais. Teoricamente,
essa substituição vale até 2018. Mas existem pelo menos três hipóteses, em que
a substituição acaba muito antes.
Rodrigo
Maia, numa emergência surpreendente, foi eleito. O cargo é tão suntuoso e
prodigo, em matéria de futuro, que Maia quer a reeleição. Três juristas, dizem
que "não ha reeleição". Outros três defendem o contrario. Rogerio
Rosso, derrotado em setembro, é novamente candidato, atacando frontalmente
Maia. E garante: "Se eu perder, a eleição será JUDICIALIZADA". O que
significa que contestará o mandato de Maia, "até o fim". Ou abrevie
"esse fim", trocando, a briga por um ministério. Nada surpreendente.
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AGRADEÇO OS SINGELOS VOTOS DE FELIZ NATAL
E ANO NOVO, ENVIADOS PELOS LEITORES AMIGOS DESTA COLUNA.
Prezado Helio,
ResponderExcluirNa Câmara a situação é exatamente esta:
Rodrigo Maia se puder concorrer,deverá ser reeleito,pois faltam concorrentes de peso
O deputado Rodrigo Maia busca apoio em bloco para sua reeleição ,embora ainda não tenha certeza se poderá concorrer em razão de uma ação no Supremo Tribunal Federal, movida pelo Solidariedade, objetivando o impedimento de sua candidatura ,por ter sido eleito para um mandato-tampão.
Até o momento, além do atual presidente, que deseja permanecer no cargo, são candidatos três deputados: Rogério Rosso do Distrito Federal, líder do PSD, Jovair Arantes de Goiás, líder do PTB, que teve destacada atuação ,na Cãmara,durante a tramitação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma e André Figueiredo do PDT do Ceará, que foi-ministro das Comunicações do governo de Dilma Rousseff.
Como se vê candidatos para lá de medíocres !
Em Brasília é unânime a opinião que o maior cabo eleitoral da candidatura de Rodrigo Maia é a ausência absoluta de candidatos de expressividade política e melhor gabaritados para tão importante função,que coloca seu ocupante na posição de primeiro,na linha sucessória do Governo do país,devido à inexistência de vice-presidente.
Realmente uma pena !
Pobre Brasil,que já viveu melhores dias,com melhores personagens.
Grande abraço e um Feliz 2017 !
Werneck