Temer: entre a renúncia, a cassação,
o impeachment, ou a permanência como PERICLITANTE
até 2018
HELIO FERNANDES
Os áulicos e acólitos,
amealhados e acusados de torpes atos de corrupção, uma tormentosa preocupação:
defender o chefe amado, idolatrado, acumpliciado. Como Temer, voluntariamente,
pavimentou a estrada que percorreu, para se transformar de vice a presidente
indireto, absolvê-lo e mantê-lo, cada vez mais difícil, praticamente impossível.
Ministros,
governadores, deputados, senadores, assessores que se julgam poderosos e
insubstituíveis, usam intensa e insensatamente o lugar comum criado por Temer,
"é a herança que recebeu de Dilma". Perfeitamente compreensível e até
aceito sem protesto, em outras circunstâncias.
Se Temer
tivesse disputado uma eleição presidencial pelo voto direto, contra Dilma ou
até Aécio, que logo o contestou no TSE, mas não resistiu nem desistiu de apoiá-lo
em troca de cargos não muito garantidos, tinha todo o direito e até obrigação
de vir a publico, revelar e denunciar a massa falida que recebeu.
È assim
que funciona a democracia. Mesmo que tenham sobrevivido poucos democratas ou
republicanos. Não existe convicção, programa de governo, ninguém é de esquerda,
de centro ou de direita. Se defendessem qualquer das posições ideológicas,
poderiam ser respeitados.
Como
é o caso de Marie Le Pen, na França, que defende com entusiasmo, sua convicção
de extrema direita. Não vai ganhar apesar de acreditar que a vitoria de Trump,
reforça sua campanha. Nada a ver, Trump vive num outro planeta eleitoral, habitado
por seres como ele. Terroristas da própria sobrevivência, que depois de vencer,
não sabem o que fazer com a vitória. Que numa analise mais profunda e isenta, é
apenas "vitoria". E ninguém governa entre aspas.
È o caso
de Temer. Conspirou deslavadamente contra a presidente eleita e reeleita. Ele e
os que o seguiram, tinham como bandeira que acenavam do local privilegiado, o
gabinete do vice: "Não podemos conviver com um governo, que desempregou 12
milhões de pessoas". E alinhavam outros itens comprometedores que
reforçavam a campanha do impeachment.
Sabiam da
situação calamitosa, agravavam com outros dados, repetiam na Câmara e no
Senado, sob o silencio dos partidos numericamente mais fortes: "A situação
do país é IRRECUPERAVEL". Caminhando e cumprindo o roteiro
vergonhoso,retumbam, estremecendo as ruas e revoltando a todos: "Não
podemos governar com essa herança maldita".
Pode ser maldita, mas Temer e seus cúmplices não são herdeiros de coisa alguma, se apropriaram do que pertencia ao povo Ontem, assim que foi aprovada a PEC da "austeridade", como vigora na Europa, temer discursou, de forma arrogante.
Textual,
até mesmo torcendo a boca com uivos desprezíveis, proclamou: "Eu tenho
coragem. Se não tivesse, ficaria parado, deixaria tudo para quem viesse em
2018, não me arriscaria".
No mesmo
momento, Renan, Jucá, Eunicio, se abraçavam felizes, a liberdade é agradável.
Mesmo fugaz e momentânea. Aloizio Nunes, sempre adversário de Temer e agora seu
líder, não escondia: "Começamos a atender os 12 milhões de
desempregados".
Das
quatro possibilidades que coloquei no titulo principal, duas podem ser afastadas
por falta de credibilidade dos personagens. RENUNCIA é um ato de vontade
unilateral, a de Temer é de ficar e não de sair.
O
impeachment é impensável, embora com muitíssimos motivos. Mas com vários
deputados "brigando" pela presidência da Câmara, nenhum dos eleitos
tentaria atingir, Temer. A possibilidade com mais fortes razões para se
transformar em realidade.
O
TSE, presidido por Gilmar Mendes, desesperança, descrença, decepção. Sobra
apenas a manutenção de Temer como periclitante, até 2018. Ninguém acredita
nisso mas o que fazer, embora alguma coisa tenha que ser feita.
Renan continua praticando abuso de autoridade. Cai
o alto assessor
Depois da
aprovação do projeto da "austeridade" da UE, (União Européia) que
destrói a economia dos mais diversos países, o presidente indireto, está
manobrando e prometendo um projeto que ele considera de "bondades”. Que
favorece os ricos e já privilegiados. E beneficia principalmente os que sonegam
a vida inteira, e são sempre protegidos.
Como
aconteceu com o Proer, produção de FHC, para salvar os bancos, que se diziam em
dificuldades. Querem implantar um novo refis, para os que não pagam os impostos
devidos, no tempo certo. Aí ganham mais prazos, menos juros. A Receita Federal
protesta: "Isso cria uma espécie de cultura da sonegação, o empresário
sabe que o governo é compreensível".
O governo
quer fazer media com grupos que podem hostilizá-lo. Principalmente depois do
massacre da Odebrecht. Promessas ou tentativas de mostrar trabalho e vontade de
ser aplaudido. O que o indireto considera mais importante. Colocar em nível de
melhor relacionamento, patrões e empregados, ou o que chama de Reforma
Trabalhista. Acontece que isso já foi conversado e vetado pelos trabalhadores,
só favorece empresários.
DOM EVARISTO ARNS: O CARDEAL DA HUMANIDADE
Dos
maiores personagens com quem convivi. Fomos muito amigos, ele tinha
precisamente a minha idade. Resistiu á ditadura, de uma forma pessoal e
intransigente, não cedendo em nada aos generais de plantão. O Evaristo Arns,
memorável, homérico, inesquecível, representando o que alguém pode ter de mais grandeza,
coragem, convicção, está no assassinato e na Missa de Sétimo Dia, do jornalista
Vladimir Herzog.
Em
relação ao assassinato, nada podia ser feito. Foi um ato de covardia, rotineiro
no comportamento deles. E mais desprezível, a tentativa de transformar em suicídio,
um assassinato vil e premeditado. Com apoio da família, Dom Evaristo quis fazer
da Missa um acontecimento nacional e internacional. Programou para a sua
adorada Catedral da Sé.
Os
generais vetaram, ordenaram: "Tem que ser numa igreja pequena e distante,
pode ser em São Paulo". Sem arrogância, mas também sem concessão,
respondeu: "Já programei tudo na minha Catedral, eu mesmo rezarei a
missa". Ficaram 2 ou 3 dias insistindo. Não conseguiram nada. Para demover
um homem como Dom Arns, só cometendo outro assassinato. Os generais podiam tudo,
mas não podiam assassinar Dom Evaristo.
A missa
se realizou na Catedral, espetáculo emocionante e indescritível, nas ruas e lá
dentro. Nas ruas e do lado, milhares de pessoas, metade militares. Os chamados
"atiradores de escol" ocuparam edifícios e residências, mirando a
Catedral e a multidão. Inacreditável, mas histórico.
PS- Renan
está inteiramente mobilizado para colocar em pauta, o projeto do "abuso de
autoridade". Garante que consegue aprová-lo. Como fez na Câmara com apoio
de 332 deputados. Outros dizem: "Consegue puta, mas sem votação".
PS2- O
alto assessor José Yunnes, acumula a segunda derrota em pouco mais de 1 ano. No
final de 2015, foi derrotado para presidente do São Paulo. Ontem perdeu o cargo
de conselheiro de Temer.
PS3- mas
saiu "acariciado". Temer falou: "Não demora, você estará de
volta". Foi levado até o carro, por Temer, Eliseu e Moreira Franco.
Preferia ter ficado, não dava.
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