Revelação
exclusiva e explosiva.
HELIO FERNANDES
Logo
depois do que chamam de "vitoria estrondosa" contra a Lava-Jato, na
Câmara, surgiu um movimento perigosíssimo, mas que vai ganhando amplitude.
Começou entre os 332 deputados, que derrotaram o governo. Mas já empolga um
numero bastante razoável de senadores. Objetivo único: nenhum parlamentar seria
atingido pela delação Odebrecht.
Justificativa
dos articuladores: como Procuradores e juízes da Lava-Jato, perderam os poderes
discricionários, e a Câmara decidiu que praticam abuso de autoridade, essa tão
falada delação é ilegal. Assim, não pode atingir deputados e senadores, eleitos
pelo povo.
Esse movimento
tem o nome de "resistência contra a prepotência". E seria auto-aplicável
a partir da decisão da Câmara. Alguns senadores consideram que o Senado não
precisa referendar o que foi esgotado na Câmara. E argumentam: "O projeto
foi aprovado por unanimidade. O que foi vencedor, um simples destaque, não
precisa de referendo do Senado".
Como se
vê, estudaram a questão, fizeram o dever de casa. Arrolaram até o comportamento
a seguir, diante de uma alternativa. Se exigirem votação no Senado, e forem
obrigados, "votamos e ganhamos, como aconteceu na Câmara". Concluem
audaciosamente: "Empreiteiros corruptos e corruptores, não podem servir de
base para punir e até cassar representantes do povo".
Deputados
e senadores, que passaram meses em pânico, desesperados pela possibilidade de
serem atingidos pelo depoimento, agora recuperaram a tranqüilidade. E até se
divertem: "Essa delação Odebrecht vai atingir apenas juízes e
Procuradores, que abusaram da autoridade".
Os 332 deputados Aprovariam o quisessem
Mas só
estavam interessados em destruir a Lava-Jato, e por extensão, desmoralizar
coletivamente o Judiciário. Carmen Lucia e Laurita Vaz, presidentes do STF e
STJ, protestaram. Todas as Associações de Magistrados se manifestaram. Faltou a
OAB, silenciosa, os advogados foram estranhamente beneficiados.
Só
queriam votar contra a Lava-Jato e contra o judiciário. E com o maior prazer:
acabar com o poder de Promotores, Procuradores, Juízes, utilizando o Projeto
Popular com mais de 2 milhões e 500 mil assinaturas, que eles mesmos enviaram
para o Congresso, com o titulo, "10 medidas contra a corrupção". Esse
projeto foi todo mutilado, ficaram apenas 2 medidas, as menos importantes.
Decidiram
durante o dia todo, que se concentrariam em aprovar apenas o que estava no
projeto desenterrado por Renan, identificado como sendo contra o "abuso de
autoridade". Também concordaram, falaria apenas 1 deputado, representando
o "pensamento" de todos.
Foi
designado o deputado Weverton Rocha, que responde pelos crimes de peculato e
corrupção. Não é o maior "ficha suja” do grupo, mas o mais audacioso.
Falou durante quase 40 minutos, exibindo enorme satisfação, e aplaudido do
principio ao fim. Era o grande vitorioso da madrugada tenebrosa, da qual surgiu
esse movimento da consagração e da concretização da impunidade para todos os
deputados e senadores. Sem exceção da IMUNIDADE, ampla, geral e irrestrita
beneficiando a todos.
Renan e Maia, nem dormiram
Como foi
amplamente noticiado, a sessão vergonhosa da Câmara terminou ás 4,20 da manhã.
Às 5, Rodrigo Maia deixava a casa. Mas voltava ás 9, precisava verificar a
melhor maneira de "faturar” o resultado, e garantir esses 332 votos para
continuar presidindo a Câmara. Encontrou logo a chave, e declarou: "Sou
totalmente a favor do projeto contra o abuso da autoridade".
Renan,
outro que praticamente não dormiu. Na quinta feira, ontem, responderia no
Supremo por um dos 8 processos. Apesar de considerar que 1 Ministro pediria
vista, o julgamento poderia acontecer e ele se transformar em REU. Uma tragédia,
praticamente irrevogável, irrefutável, irrecuperável.
ÀS 6 da
tarde da mesma quarta da votação na Câmara, apenas 13 horas decorridas, não perdeu
tempo: comunicou ao plenário lotado, que estava colocando em votação
RATIFICANDO o que a Câmara votara. Foi um escândalo, estardalhaço, protestos
demorados. Todos condenando Renan, que pretendia votar em regime de URGENCIA.
Repelido amplamente, mas convencido de que tem poder para aprovar qualquer
coisa, colocou em votação, a URGENCIA para aprovar o que a Câmara votara, mas
ninguém sabia o que era.
Votaram,
apareceu logo no painel eletrônico: 44 contra a urgência. 14 a favor. Um
massacre completo, para o até agora invencível o presidente Renan. Obrigado por
todos, remeteu o projeto para a Comissão de Constituição e Justiça. Muitos que
acompanhariam a decisão da Câmara, se manifestaram contra Renan. Não por
dignidade ou credibilidade mas pela IMPUNIDADE geral a todos os
parlamentares.Que é o que está pairando nos nesses céus parlamentares.
O julgamento de Renan, no Supremo
Era
esperado com ansiedade. È um dos 8 processos denuncias contra o presidente do
Senado. Começou em 2007, portanto está completando 9 anos. Vem da primeira vez
em que presidia o Senado. E por causa das complicações de um filho espúrio, se
envolveu com uma empreiteira roubalheira.
Alem
desse fato, para mostrar que tinha recursos para manter esse filho fora de
casa, falseou documentos. Por causa disso responde a muitas acusações. Na época
perdeu a presidência para não perder o mandato. Como o Brasil é um país sem
memória, é novamente presidente do Senado.
Como o
senador Renan é um malabarista dos fatos, registremos: oficialmente comunicado
que seria julgado no Supremo no dia 1 dezembro, não perdeu tempo. E imediatamente
marcou um debate para o Senado, precisamente no mesmo dia 1, ontem.
Convidou
para o debate, com o plenário cheio de adversários dele, o juiz Moro. E também
o Ministro Gilmar Mendes que deveria estar no Supremo, votando no julgamento
que pode transformar Renan em REU. E que seria voto certo
contra Renan. E mais representativo do oportunismo do ainda presidente do
Senado: os dois eventos, na mesma hora.
Lógico
as televisões transmitiram um que tinha um nome nacional como Sergio Moro. Um
personagem polemico (nem sempre no sentido positivo) como Gilmar Mendes. E
ignoraram o julgamento do presidente do Senado.
Presidência da Câmara
Quando
Eduardo Cunha renunciou, foram lançados dois candidatos: Rogerio Rosso e
Rodrigo Maia. Favorito, Rosso perdeu facilmente. Durante meses vem trabalhando
para a eleição de fevereiro. Ontem, oficialmente anunciou sua candidatura. Mas
estranha e indelicadamente, conclui: "Rodrigo Maia não será Candidato".
Como o
atual Presidente da Câmara já lançou sua candidatura, até com apoio (não ostensivo,
por enquanto) do Planalto, Rosso devia informar sua fonte de informação. Outro
pretenso candidato, Jovair Arantes, aceitaria ser Ministro da Integração. Mais
problemas para o presidente indireto. Ainda falta a definição do PSDB. O
primeiro a lançar candidato
A TRAGEDIA DE MEDELIN
Hoje á
noite, sexta ou no sábado, os corpos das vitimas da tragédia do Chapecoense,
estarão sendo veladas na Arena Condá. 51 urnas, veladas coletiva, solidaria e emocionalmente.
Foi à maior tragédia esportiva já acontecida em qualquer época. Mas também do
mundo inteiro, surgiram às maiores demonstrações de solidariedade, de grandeza,
de fraternidade, de respeito humano.
De países
que nunca haviam ouvido falar em Chapecó e no seu clube de futebol, seus
familiares receberam as maiores provas de carinho. Um exemplo indispensável vai
para o Atlético de Medellín, adversário na final. Pois imediatamente comunicou
a Conmebol, que não haveria outro jogo, o titulo pertencia á Chapecoense, de
forma legitima. Maravilhoso.
Mas
sempre ha uma exceção. Esta veio da parte do suposto presidente da CBF, Del Nero.
Corrupto confesso, sem caráter, sem escrúpulos, "sugeriu", que a Chapecoense
disputasse o ultimo jogo, com o time de base. Dirigentes do seu adversário, o
Atlético de Minas, comunicaram imediatamente: "Não compareceremos,
perderemos pela ausência. Mas respeitaremos a dor de todos. Incluindo a
nossa".
PS- O
Supremo Tribunal, depois de um julgamento que durou exatamente 5 horas,
transformou Renan Calheiros em REU. Por 8 votos a 3, responderá pelo crime de
peculato. As outras inúmeras irregularidades, foram abandonadas.
PS2- Mas
nada lhe acontecerá. Não precisa nem deixar a presidência do Senado. Quanto a
isso, deve agradecer ao seu grande admirador, Dias Toffoli. Quando o Supremo
decidia, se um REU pode figurar na hierarquia da sucessão presidencial, o
citado ministro pediu vista.
PS3-
Escrevi então. Como por 6 a 0, o Supremo considerava a impossibilidade de um
REU entrar na lista de sucessão, pedir vista, é uma impropriedade. E concluí: o
ministro que pediu vista, devolverá o processo em fevereiro, quando acaba o
mandato de Renan. É o que está acontecendo.
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