O
ministro Fux, atingiu o antro da corrupção
HELIO FERNANDES
De forma
categórica, determinou: "Emendas populares, com assinaturas recolhidas nas
ruas, têm que tramitar no Congresso, sem emendas ou alterações, principalmente
para desfigurá-las". Está na Constituição de 1988, a famosa
"Cidadã", assim identificada por Ulisses Guimarães.
O artigo
que regula a matéria, estabelece que esses projetos tenham no mínimo 1 milhão
de assinaturas. Esse, logo combatido, deturpado, rasgado, mutilado, chegou á Câmara
com 2 milhões e meio de assinaturas. Intitulado de "10 medidas contra a
corrupção", ganhou o aplauso do país todo. Mas a repulsa de deputados e
senadores, associados ás empreiteiras roubalheiras, que assaltaram o patrimônio
nacional.
Logo se
articularam para destruir o que viera do povo. Das 10 medidas, aprovaram apenas
duas, sem maior importância. E desconheceram ou desprezaram a Constituição,
colocando no projeto, exatamente o contrario do que estava sendo tramitado, e
que favorecia e protegia a corrupção. Na "emenda da meia noite”, (royalties
para Sergio Moro) festejaram os votos dos 332 deputados que deturparam a
vontade popular.
Apreciando
um mandado de segurança apresentado pelo PSC, Fux estudou o que está na
Constituição, ficou estarrecido, determinou: "O projeto que já está no
Senado, tem que voltar imediatamente á Câmara, para ser votado de acordo com a
Constituição, e não como iniciativa parlamentar".
Justificou
a medida liminar: "Existe o risco dos senadores votarem imediatamente, o
que veio da Câmara, de caráter semelhante". Assim, a Justiça e a opinião
publica ficariam frustradas. E ultrapassadas pelo fato consumado, comandado
pelo corrupto Renan, no seu ultimo ato, como presidente do senado.
Renan e Rodrigo Maia
Agindo ditatorial
e de forma arrogante, como sempre, ás 7 horas da noite, surpreendendo a todos,
colocou em votação em regime de URGENCIA, o projeto chamado de "abuso de
autoridade". Ele mesmo praticava o que fingia combater, mas foi repudiado
de todas as maneiras.
Usou de
todo seu arsenal de malabarismo espúrio, mas não conseguiu. E com isso, foi
também impedido de colocar na pauta e votar logo, o projeto de proteção á
corrupção, aprovado na Câmara, pela mobilização dele e do Presidente da Câmara,
Rodrigo Maia.
Quase
vaiado pelo plenário do Senado. E já tomando conhecimento eletrônico da liminar
notável do Ministro Fux, recuou definitivamente. Quem entrou em cena foi
Rodrigo Maia, "lamentando que o Ministro interferisse no processo normal
de votação da Câmara".
E disse
que ia entrar com recurso no plenário do Supremo, para "anular a liminar e
impedir a volta do projeto á Câmara". Tentativa - conseqüência do infeliz ACORDÃO,
que "garantiu a permanência de Renan".
Alertado
que a liminar do Ministro era irrepreensível, e que o que fora aprovado pelos
332 deputados coordenados por ele mesmo, era rigorosamente inconstitucional,
recuou. E tenta "um acordo com o Ministro, para o projeto não voltar á Câmara".
Como
comentei no mesmo dia, em que o Supremo, por 6 a 3, concordou em
"conversar" sobre um julgamento que ia realizar, o Supremo, como um
todo, ficaria e ficou exposto a todo tipo de "conversa", de
"pressão", de tentativa para aceitar "alternativa". Espero
que o Supremo reconquiste a CREDIBILIDADE, indispensável para a
democracia.
Como é
indispensável um CONGRESSO que faça política baseada no espírito publico. Em
vez de politicalha, lastreada na corrupção e no enriquecimento ilícito. E atinge
presidentes da Republica, Ministros, governadores, que não podem nem se
defender.
Como
aconteceu com o assessor Yunnes, que não conseguiu se manter no cargo. E que
acontecerá com muitos outros, inapelavelmente.
Velocidade na recuperação
Enquanto
o macro econômico vai se deteriorando, o PIB cai seguidamente em relação aos meses
de 2015. A confiança do cidadão caiu quase 3 por cento só em dezembro. O dólar
sobe e a Bolsa cai, assustando Temer, que se move sempre visando seu adorado
"mercado". Nem ele nem Meireles sabem o que fazer.
Sem
projeto de governo, sem programa, sem metas ou objetivos, tenta cumprir o que
declarou depois da devastadora delação do executivo da Odebrecht: "Isso
vai demorar muito tempo, combateremos essas acusações levianas, com
realizações. Junto com o Ministro da Fazenda, garantiu ontem: "Apresentaremos
um programa microeconômico, de grande repercussão".
Parecendo
mistério, mas é apenas improvisação, obriga á pergunta, para saber por que não
realizaram antes. 7 meses sem fazer nada, podiam ter anunciado. A propósito: o
governo apresentou a primeira modificação na tão proclamada Reforma da Previdência.
Fizeram
apelo para a oposição "não desfigurar o projeto", começaram a mostrar
e a reconhecer a própria fragilidade de concepção. E a modificação não é a
respeito da exigência de trabalhar 49 anos, para se aposentar com salário
integral.
Serra-Kassab
Candidato
a prefeito de São Paulo, o agora chanceler, escolheu como vice, o desconhecido
Kassab. Eleito, Serra ficou apenas 16 meses, se desincompatibilizou para
disputar o governo do estado. Enfrentou repercussão negativa, mas o então vice
"herdou" 32 meses, não parou mais.
Fundou um
partido, o PSD, afirmando: "Meu partido não é de esquerda, de centro, de
direita". Foi Ministro de Dilma, é Ministro de Temer. Agora, Serra é
acusado de ter recebido 23 milhões de "doação eleitoral".
Da mesma
fonte, a delação sobre Kassab: "Recebeu 14 milhões". O que vem provar
que ele estava certo: dinheiro de corrupção não tem ideologia. Terá punição?
Os objetivos do PSDB
O partido
tem 2, declarados, Aécio Neves tem 3. Reivindicação que já completou 4 meses: a
presidência da Câmara em fevereiro, para o líder na Câmara, Antonio Imbassahy.
Como Temer apoiava Rodrigo Maia (não apóia mais, a ordem veio de um grupo do
centrão) desconversou.
O PSDB
aceitou o ministério de Geddel, Temer concordou, mas não nomeou. O que pode
fazer a qualquer momento. Pessoalmente, Aécio quer ser reeleito para a presidência
do PSDB. Está convencido, que perdendo a presidência, perde também a indicação
para nova candidatura presidencial.
Uma
pretensão não ostensiva de Aécio, mas rigorosamente verdadeira. Se houver
necessidade de eleição indireta, um grupo lançou FHC. Não contem com o apoio de
Aécio, apesar de pertencerem ao mesmo partido. Motivo: se FHC assumir, mesmo
com a idade registrada na carteira de identidade, ele tentará a REELEIÇÃO.
Novamente. FHC tem ambição, mas não imaginação.
Gilmar voltou, sempre criando caso
Para
marcar presença no Supremo, e garantindo espaço nas televisões, chegou logo
atirando num colega. Agora Luiz Fux, que teve a coragem de se manifestar a
respeito da inconstitucionalidade da votação das "10 medidas contra a
corrupção". Na noite de terça, Renan reagiu, comedidamente.
Ontem,
depois de conversar com Gilmar e mais tarde ouvir seu pronunciamento, Renan
retomou o habitual tom desabrido, voltando a criticar um Ministro do Supremo.
Fux manteve a compostura e a decisão, apenas registrando: "Minha liminar
será apreciada pelo plenário, em fevereiro, depois do recesso".
Gilmar e
Renan, se recolheram a um silencio ruidoso, comum, quando são enfrentados.
PS- Nos últimos
anos da ditadura, um dos mais assíduos interlocutores de Dom Evaristo Arns, era
Teotônio Vilela, também extraordinária figura. Depois da ditadura, mantiveram
os contatos, em São Paulo, ou no Rio.
PS2- Teotônio,
mesmo com o câncer e a cabeça enfaixada, era sempre presença fascinante, o que
manteve até o fim. Se tivessem gravado essas conversas que duraram anos, que
reminiscências maravilhosas, teríamos agora.
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