(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14
PARTE -
III
Os tempos tumultuados
Vargas tomou posse mas não teve
um minuto de trégua ou de descanso, e aí não foi por causa de Lacerda. Um ano
depois da posse, seu Ministro do Trabalho, João Goulart, dobrou o salário
mínimo, foi derrubado por um Manifesto de 69 coronéis. A primeira assinatura
era do coronel Amaury Kruel, que teve grande importância.
O suicídio de Vargas
Fato mais importante da
República, que nunca foi a dos nossos sonhos, mudou tudo. Mas atingiu até mesmo
Lacerda. Assustado, e a conselho de Afonso Arinos se asilou na embaixada de
Cuba, cinco anos antes da chegada de Fidel.
A embaixada ficava numa casa
pequena na esquina da Avenida Copacabana com Miguel Lemos. Constrangimento
rigoroso. O embaixador, paixão por Lacerda, a mulher tinha ódio. Foi para a
Europa, ficou um ano, voltou, com a mesma agressividade, agora contra
Juscelino.
JK “ajuda” Lacerda
Apesar dos dois golpes de 11 de
novembro de 1955, Juscelino consegue se empossar e governar os cinco anos
seguidos. Muda a capital em 1960, cria o Estado da Guanabara, marca eleição
para 5 de novembro. Lacerda se candidata a governador, se não fosse isso não
passaria de mandatos parlamentares. Faz um grande governo, se projeta acima de
simples parlamentar.
O golpe de 64
Como já disse exaustivamente, em
1963 com o desfecho no ano seguinte, todos conspiravam: generais, governadores,
o próprio ou principalmente Jango. O ano de 63 a partir do referendo de 6 de
janeiro, que devolveu todos os poderes a Jango, foi inacreditável. Ninguém
sabia o que aconteceria no dia seguinte. Só se soube mesmo a partir de 31 de
março, 1º de abril.
Os generais comandaram tudo, eram
invencíveis e golpistas, desde que se “apoderaram” e “contaminaram” a
República. É possível que os seis governadores mais importantes, todos
candidatos a presidente em 1965, tenham dado a impressão de apoiar ou estimular
o golpe.
Mas ninguém tinha condições de
resistir à ambição e a obsessão pelo poder, publicamente exibida pelos
generais.
A Frente Ampla
No início de 1965, Lacerda me
disse com ar de lamentação: “O presidente Castelo Branco me chamou e me
convidou para embaixador na ONU. Compreendi que não era um convite e sim um
veto antecipado a qualquer pretendida candidatura minha a presidente. Recusei
na hora”.
Artigo deste repórter, de grande
repercussão: “1965, a eleição que não vai haver”. Lacerda disse que era
adivinhação
Logo percebi que os golpistas
fardados não dariam vez a nenhum civil, principalmente Lacerda. Quando realizei
na minha casa (onde moro até hoje) as duas primeiras reuniões, comuniquei e
convidei Lacerda. Perguntou: “Quem vai?”.
Falei, o coronel-Ministro da
Saúde de Jango, Wilson Fadul, torturadíssimo, o Brigadeiro Teixeira, grande
líder da Aeronáutica, o editor Ênio Silveira, tão comunista que seu primeiro
filho se chama Miguel Arraes da Silveira, Flávio Rangel, notável jovem que
acabara de fazer com Millôr, o maior espetáculo depois do golpe, “Liberdade.
Liberdade”, ele me interrompeu, “Eu vou”.
Foi, nenhum deles jamais falara
com Lacerda, nem ele conhecia nenhum dos outros. Mas foram quatro horas de
conversa que depois se desdobram com Jango e JK, Brizola se recusou.
Sumarizando
O golpe e a tomada do Poder, em
1º de abril de 64, já em 1965 Lacerda recusava ser embaixador na ONU,
participava de reencontros com adversários. Todos perseguidos pela ditadura,
como podem dar tanta ênfase e importância à sua participação no golpe?
TERÇA-FEIRA (08) ÚLTIMA PARTE
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