Bateria
de reuniões palacianas num governo mais rebaixado que o Brasil
FERNANDO CAMARA
15.09.15
Desde a
semana passada, quando o Brasil foi rebaixado pela agência Standard & Poor’s,
o governo, seus adversários e até mesmo os empresários entraram em polvorosa.
No Congresso, soou como um combustível a mais para os grupos pró-impeachment.
No governo, uma corrida contra o tempo.
No fim de semana, uma bateria de
reuniões no Alvorada fez as contas para novos cortes e reforma ministerial,
sobre a qual existe inclusive a expectativa de anúncio esta semana. Logo
depois, numa reunião ampliada, com a participação dos ministros políticos,
outra reunião tratou dos números do impeachment, algo que o Planalto custou a
ver como possível, mas agora está em alerta.
Talvez
tenha acordado tarde demais. Dilma faz uma corrida contra o tempo, erra e seus
adversários aproveitam cada tropeço palaciano para dar mais um passo no sentido
de apeá-la do poder. A seguir, analisamos os principais fatos da semana.
Rebaixamento
do Brasil
Standard
& Poor's nem sempre acertou, nem sempre fez suas análises e ações pautadas
pelo compromisso exigido pelas técnicas necessárias para avaliações de risco.
Desta vez classificou o Brasil abaixo da classificação dela própria.
Classificou o Brasil como "lixo", analisando apenas a atuação do
descontrole do Governo, sob a ótica política. S&P pode ter errado
agora, mas o governo continua errando mais. E quem vai pagar pelos erros é a
sociedade.
Ninguém,
a não ser o presidente do Bradesco esperava que tal "avaliação" fosse
divulgada tão instantaneamente. Na semana passada, Trabuco se reuniu com Dilma
e pediu que ela fortalecesse Levy. Trabuco já sabia. E o fato de o Brasil perde
o seu "investment grade" mostrou que Levy estava certo ao não
recomendar ao Congresso o envio de proposta orçamentária para 2016 com déficit.
O Governo
reagiu
Fez uma
reunião de avaliação. Ah! Ah! Ah! Antes do rebaixamento, o governo constatou
que as críticas feitas pelo ministro da Fazenda à Proposta de Orçamento com
números negativos estavam erradas. Errado, entretanto, estava o governo. Com o
rebaixamento, Levy ganhou ares de “eu avisei”. Na quinta-feira, o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, sumiu e quem foi falar sobre o rebaixamento e as
medidas que devem vir por aí foi justamente o ministro da Fazenda.
O PT,
entretanto, não lhe dá lastro. Para o partido, incluída aí até bem pouco tempo
a presidente da República, senso de urgência não se traduz em ato de contenção
dos gastos nem em rearrumação. Os petistas avaliaram, contra a vontade de Levy,
que seria possível deixar para 2016. Agora, perceberam que tudo é para ontem.
Consequências
Políticas e econômicas
Ainda não
foram claramente postas à mesa as propostas de solução para a economia, mas no
campo político a sustentação do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que
está com o "prazo de validade" vencido, é frágil. Sua saída é dada
como certa, assim como é certa a debandada do que resta de Base do Governo.
Quanto maior a crise econômica, maior será a crise política. Dilma, no olho do
furacão, não consegue emitir nenhum sinal que não seja desmentido horas depois.
E pior:
chegou ao ponto de receber pessoas em seu gabinete e, delicadamente, ouvir um
não. Foi assim na semana passada, quando ela recebeu o ex-candidato a
presidente Pastor Everaldo e o líder do PSC, André Moura, fiel escudeiro de
Eduardo Cunha no Parlamento. Quem participou do encontro foi o assessor
especial Giles Azevedo, que virou uma espécie de coordenador político,
desde que o vice-presidente Michel Temer deixou a função. O PSC, para desespero
da presidente, já está no movimento pró-impeachment.
Onde está
a reforma ministerial?
Enquanto
o corte dos ministérios não chega, a especulação toma conta da Esplanada.
Cogitou-se a ida de Kátia Abreu para a Casa Civil, deixando a Agricultura para
Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho, uma forma de manter o senador
e a bancada do Pará aliada ao Planalto, mesmo tento em conta a grande
probabilidade de Jader ser denunciado na Lava Jato. Mas o PT reagiu. Quer um
ministro da Casa Civil para chamar de seu, ainda que esse ministro seja Aloizio
Mercadante.
Enquanto
isso, as contas não fecham…
Aumentar
o imposto de renda? Ah! Ah! Ah! Pedir a compreensão da Sociedade e do
Congresso? Ah! Ah! Ah! O governo ainda não entendeu que o buraco foi cavado por
ele, e por ele tem que ser tapado. Como? Com o velho conhecido efeito
demonstração, cortar na carne, tirar penduricalhos, mostrar que está disposto a
tomar o remédio que ele mesmo prescreve. Enquanto isso, o país sangra.
O aumento
da CIDE e de outros impostos que dependem apenas de publicação de
Decreto é
umas das poucas saídas para ampliar um pouquinho o caixa do Governo, e para
provocar uma grande revolta nas classes políticas, empresariais e populares.
Tais medidas não darão o refresco que o governo precisa para se sustentar até
2018. E pior: Vão tirar sustentação, porque aumento da Cide, por exemplo,
fatalmente elevará o preço da gasolina. Mas, sem comando, tudo no improviso e
em absoluto descontrole, esquizofrênico, o governo não descarta elevar esses
impostos.
Dilma,
você precisa saber!
1.
Os
tecnocratas do Governo ajudam a aumentar a Crise: em uma semana da disparada do
dólar, o governo gastou três anos de Bolsa Família.
2.
O
presidente da CUT, Vagner de Freitas, que numa solenidade dentro do Palácio do
Planalto, ameaçou pegar em armas, foi carregador de caixas no CEAGESP, e caixa
do BRADESCO. Sem nenhuma experiência administrativa ou empresarial é membro do
importante Conselho de Administração do BNDES.
Congresso
concluiu a "Mini Reforma Eleitoral"
Na
Câmara, foi aprovado o que realmente interessa aos parlamentares; alguns acham
que houve conflito entre as Casas. Pode ser lido assim, pois na Câmara foi
modificado o texto que veio do Senado, mas o que foi aprovado foi muito
costurado entre a imensa maioria das Excelências.
1.
Prazo de
filiação partidária fixado em seis meses antes da data das eleições;
2.
Financiamento
de Campanha com recursos públicos e privados, permitidas doações de pessoas
físicas e jurídicas, sendo que as contribuições de pessoas jurídicas deverão
ser realizadas diretamente para o partido;
Cláusula
de barreiras e o Fim das coligações não foram considerados. Haverá veto?
Palácio do Planalto irá comprar uma briga com quem? Irá vetar o quê? Quanto às
emendas constitucionais, a guerra continua.
O PT
cuidará de tentar derrubar o financiamento empresarial para deixar que, em
breve, o Supremo Tribunal Federal dê seu veredicto sobre o financiamento
exclusivo de pessoa física. A ação da OAB voltou ao plenário essa semana,
depois que o ministro Gilmar Mendes liberou seu voto a favor do financiamento
empresarial, após prender a ação em seu gabinete por 17 meses, a fim que o
Congresso aprovasse o tipo de financiamento que deseja. Como a decisão final
não sai, Gilmar terminou devolvendo o processo ao plenário.
Delação
de Fernando Baiano
A acordo
assinado por Baiano na semana passada está tirando o sono de muitos caciques do
PMDB. Se ainda há alguma coisa a ser dita, denunciada e escancarada, a única
certeza é que pode abalar ainda mais as frágeis estruturas do governo. Há quem
diga que vem aí uma verdadeira corrida entre Dilma e Eduardo Cunha, que aposta
no impeachment como uma forma de jogar todos os holofotes sobre o Planalto. Mas
o réu já condenado a 16 anos em um processo, nesta colaboração indicou apenas o
ex-governador, Sérgio Cabral, e o atual, Pezão, do Rio de Janeiro.
PF pediu
para Lula depor
O que não
ficou claro é por que a PF foi ao STF pedir para ouvir Lula em inquérito. A
deferência ficou mal explicada. Na Argentina, Lula desdenhou da convocação e
mostrou o tom que pretende imprimir à sua campanha em 2018. Porém, tropeçou no
discurso ao dizer que o rebaixamento do Brasil era sem importância e vinha de
uma agencia que não representava nada.
Ah! Ah!
Ah! As rádios no Brasil imediatamente resgataram frases de Lula de 2008,
falando maravilhas das agências de risco, inclusive da S&P, quando o pais
adquiriu o investimento grade e da suma importância daquele fato para a
economia nacional. Ou seja, a cada dia Lula se desgasta mais, uma vez que suas
falas antigas estão catalogadas e não têm sintonia com o que ele diz hoje.
Pedidos
de impeachment
Movimentos
sociais que protocolaram pedidos de afastamento da presidenta da República,
Dilma Rousseff, unificarão seus requerimentos ao do jurista e ex-deputado Hélio
Bicudo, que protocolou no último dia 1º, na Câmara dos Deputados, um pedido de
abertura de processo de impeachment.
Com apoio
de peemedebistas, oposição lança frente pró-impeachment
Por
enquanto, o movimento mantém seus nomes sob sigilo, com o argumento de que é
preciso evitar a pressão do Palácio do Planalto sobre deputados da base aliada
que defendem a saída de Dilma. O grupo, hoje, é formado por aproximadamente 250
parlamentares. Desses, cerca de 20 são do PMDB. Por enquanto, a avaliação geral
é a de que não há os 374 votos necessários à abertura de processo.
CPI do
BNDES patina
A CPI não
tem um "juiz Moro"... Então não produz.
Em
depoimento à CPI, o ex-presidente da instituição, Carlos Lessa, que ocupou o
cargo entre janeiro de 2003 a novembro de 2004, disse que não foi pressionado
por ninguém, e minimizou possíveis tentativas de interferência. Quem iria ter
força, ou coragem, de pressioná-lo? Palocci? Não, ninguém o pressionou,
simplesmente o depuseram em menos de dois anos. Enquanto isso, a CPI da
Petrobras continua ã reboque das investigações da PF e de Sérgio Moro. O
Parlamento já foi melhor nisso…
Brasil
E o país
segue em Crise de Confiança e em Crise Falta de Liderança.
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