OS PERSONAGENS MAIS IMPORTANTES DO GOLPE DE
64, FORAM JOÃO GOULART E OS GENERAIS. JANGO QUERIA FICAR NO PODER, OS GENERAIS
QUERIAM TOMAR O PODER.
27.09.15
HELIO FERNANDES
PARTE
- I
A
História do Brasil é inundada e conspurcada por golpes e mais golpes. O
primeiro aconteceu em 1889 quando República foi dizimada por dois marechais
cavalarianos, que mal podiam subir num cavalo. Essa República que não é a dos
nossos sonhos se dissipou nos 41 anos do partido Republicano, até 1930.
Aí
veio outro golpe a longo prazo, que se transformou numa ditadura de 15 anos,
que chamaram de Revolução. Os primeiros sete anos, poder de apenas um homem
(Vargas), pelo menos não havia violência, tortura, prisão, perseguição. Era
apenas preparação para o que surgiria em 1937, o assombroso e cruel
"Estado Novo", com o mesmo Vargas, apoiado e garantido pelos
generais.
Como
explico sempre não existe ditadura civil ou ditadura militar, e sim a
conjugação de civis e militares. Uns não podem manter o poder sem os outros,
são aliados sem o menor constrangimento. Pulemos logo para 1960, quando foi
dado o inicio ao golpe de 64.
Nesse
ano, pela primeira e única vez, os vice-presidentes eram eleitos pelo voto
direto, junto com os presidentes. Era registrada uma chapa, dois nomes, o
cidadão-contribuinte-eleitor votava duas vezes, no presidente e no vice.
Jânio
Quadros, franco favorito, apoiadissimo pela UDN, teve que aceitar um candidato
da UDN, o responssabilissimo Milton Campos. Queria como vice, João Goulart,
sabia que este faria tudo o que ele mandasse. Coisa que não aconteceria com um
homem como Milton Campos.
Sem
caráter, escrúpulos ou convicções, Jânio corrigindo as coisas, criando o
Comitê, Jan-Jan, mandando que votassem em Jango para vice-presidente, o que
aconteceu.
Jânio: posse, véspera da renúncia.
Jânio
chegou ao poder em janeiro de 61, começou logo a articulação com os generais
que o apoiavam, para que "conquistasse" o poder sem tempo sem
limitação. Meses depois mandou o vice João Goulart para Cingapura, o outro lado
do mundo, sem nenhum projeto, nenhuma negociação ou acordo com outros países.
Jango
que não era brilhante, mas não tinha nada de tolo, desconfiou da viagem, mas
foi. Quando estava lá, recebeu duas notícias. 1 - Jânio renunciara, não se
sabia onde estava. 2 - Os generais não dariam posse a ele, apesar de ser vice e
o substituto natural, não assumiria. Confusão terrível, os generais tinham
armas mas não tinham popularidade. Tiveram que negociar.
Jango
voltou, mas não veio direto para o Brasil, parou em Montevidéu. Tancredo Neves,
que fora Ministro da Justiça de Vargas em 1951, e tinha ficado intimissimo de
Jango, Ministro do Trabalho, negociou. E os generais para não perderem tudo,
sugeriram o "parlamentarismo com Tancredo de Primeiro Ministro", o
que aconteceu.
(De
passagem, esclarecimento para mostrar o péssimo relacionamento de Jango com os
militares, exatamente o contrário do seu mestre e protetor, Getúlio Vargas.
Ministro do Trabalho, em 1952 Jango dobrou o salário mínimo, os militares não
gostaram. Publicaram então o que se chamou de "Manifesto dos
coronéis". 69 deles exigiam a demissão de Jango, este aceitou
cordatamente. Tancredo aconselhou-o a ficar, Jango não aceitou).
Brizola não queria que Jango aceitasse o
Parlamentarismo, obteve do cunhado, a resposta: "Já aceitei. Tancredo é
nosso amigo, estamos no poder". Todo o ano de 1962, foi de preparação para
o referendo.
Conseguiu marcar a escolha para o dia 6 de janeiro
de 1963. Vitória facílima, 8 milhões para o presidencialismo, apenas 2 milhões
parlamentarias, Jango tomou posse logo, era outro Jango inteiramente diferente.
A eleição estava marcada para outubro de 1965, tinha muito tempo pela frente,
começou a agir.
AMANHÃ PARTE - .......................................................................................................................................
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