(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14
PARTE -
II
Em 1945, “cobre” a Constituinte
para o Correio da Manhã
Foi quando o conheci e a
Juscelino. Lacerda escrevia na segunda página do jornal, com o título: “DA
tribuna da imprensa”. Enchia praticamente a página inteira, às vezes sobre
política internacional, era uma das suas predileções. Logo depois de promulgada
a Constituição deixou o jornal, passou a escrever no Diário Carioca. Não era a
primeira vez.
A entrevista com José Américo,
derrubou a censura e a ditadura
Em 1943 surgiu o “Manifesto dos
Mineiros”, a ditadura embalançou. Mas Vargas reforçou a censura. Em 1944, já
criada, (não oficialmente) a UDN, decidiram publicar entrevista com José
Américo, homem de grande repercussão, chamado de “vice Rei do Nordeste”. Por
que José Américo? É que em 1936, usando Benedito Valadares, Vargas abriu “sua
sucessão”, uma farsa, como sempre.
José Américo foi lançado
candidato da situação, e Armando Salles de Oliveira, genro do doutor Julio
Mesquita e interventor em São Paulo, candidato da oposição. Não houve eleição,
claro, surgia a ditadura ostensiva do Estado Novo.
A entrevista, sensacional
Lacerda estava com 30 anos
exatos, foi incumbido de fazer a entrevista, que sairia no Diário Carioca. Como
é impossível manter segredo, Vargas soube, começou pressão e perseguição
colossal contra o jornal.
Horácio de Carvalho não tinha
condições, mas Paulo Bittencourt se apresentou para publicar a entrevista. Foi
um estrondo. Vargas sentiu o golpe, mas não “sentiu” que estava no fim. Tentou
reagir mas não demorou muito.
Vargas chamou seu Chefe da Casa
Civil, Lourival Fontes, um dos homens mais cultos e mais bem preparados
intelectualmente, mas sem nenhum caráter, deu a ordem: “Tire os censores das
redações e convoque todos os donos de jornais para uma reunião aqui no Catete.
Não quero falar com eles, você mesmo, informe: não haverá mais censura, os
donos dos jornais serão responsáveis por tudo o que sair.
“Essa autocensura”,
pior do que a ação do lápis vermelho dos censores.
Começa a carreira política
fulminante
Em 1947 se candidata a vereador
pelo Distrito Federal. Eram 50. O Partido Comunista elegeu 19, o PTB 12 a UDN
11. Os outros 8 divididos entre partidos pequenos. Foi uma Câmara Municipal
extraordinária, eu ia lá todos os dias. Que debates, que divergências, nenhuma
hostilidade nem acusações, eram alguns dos melhores oradores e uma época do
Partido Comunista inteligente.
A cassação do Partidão
Em 1948 o Partido Comunista deixou
de existir oficialmente, todos perderam os mandatos. Mas ninguém foi preso. O
grande Sobral Pinto, advogado de Prestes em 1936, e depois grande amigo dele,
avisou-o com antecedência, foram para a clandestinidade, era o que faziam de
melhor.
Lacerda e Adauto Cardoso
renunciaram. E confessaram: “Sem os comunistas a Câmara Municipal não tem o
menor interesse ou atração”. Um ano depois lançava seu jornal com o título que
usava no Correio da Manhã. Começava fase diferente na sua vida.
Lançado nos últimos dias de
dezembro de 1949, Lacerda já combatia a volta de Vargas, em outubro de 1950. Um
erro total, como os fatos confirmaram. Lacerda e Golbery, grandes amigos até
64, tentaram evitar a posse de Vargas. Este chamou o general Stilac Leal, que
presidia o Clube Militar, nomeou-o Ministro da Guerra, foi empossado.
AMANHÃ PARTE - III.
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